Cena 1/ Mansão/ Sala de jantar/ Externo/ Noite
Pedro João sai correndo de dentro da mansão, Paloma o segura
pelos braços.
Pedro João – O que tá fazendo aqui? Já não cansou de me causar
tanto sofrimento, Paloma? Olha. Tudo bem. O que uma mulher rica, e de família
de porte iria querer com um homem assim? Que trabalha na biblioteca e ganha
meros trocados durante o mês. Que nem ainda saiu da casa dos pais, e nem tem
dinheiro pra isso. O que seria de nós dois? Nada! Uma mera ilusão, que eu
custei a acreditar que no mínimo seria verdade!
Paloma – Pedro... Por favor, você precisa me escutar. As coisas
não são como você anda pensando! São diferente. Por favor, me entende! Me
escuta, Pedro!
Pedro João – Eu não tenho mais nada a fazer aqui. Aceita o
casamento e vai viver com o homem lá! É! Vai viver com ele. Deve ser rico, dono
de terras.
Paloma – Você está tendo uma outra visão de mim! Eu não caso por
dinheiro, eu não sou como os sanguessugas dos meus irmãos. Eu sou diferente, e
você precisa acreditar em mim.
Pedro João – Então o que tanto quer que eu saiba? Fala! Porque
eu não suporto mais passar mais nenhum minuto nessa mansão.
Paloma – Eu estou sendo obrigada a casar com ele... a minha irmã...
a Maria Fernanda, ela...
Maria Fernanda abre a porta e caminha lentamente até os dois.
Maria Fernanda – Paloma! Ainda não deu tchauzinho para o profeta?
Não pode o segurar para sempre. Trate de se despedir para sempre desse... bem,
desse pobre. E que ele jamais volta aqui.
Pedro João – Melhor ser um pobre, como enche a boca pra dizer,
do que uma dondoca miserável e sem amor.
Maria Fernanda – Agora o profetazinho vai querer me dar lição de
moral? Vai embora da minha casa, e não volta nunca mais!
Cena 3/ Externo/ Noite
Pedro João caminha até sua casa.
Cena 4/ Mansão/ Sala de jantar/ Interno/ Noite
Maria Fernanda e Paloma entram novamente dentro de casa.
Maria Fernanda – Desculpe-me, convidados, mas como puderam ver, houveram
tantos imprevistos. Perdão! Perdão! Então pudemos continuar de onde paramos?
Sim? Maravilha!
Paloma – Eu não tenho mais paciência pra ficar aqui.
Maria Fernanda – Não importa, Paloma! Aceite o pedido do tão
generoso Adamastor. Aceita, Paloma! Aceita o pedido!
Paloma – Eu...
Maria Fernanda – (Sussurrando) Aceita, se não eu serei obrigada
a ligar para aquele número que você tão bem conhece. E eu posso apostar que não
irá gosta nada, não é? Nada! Então trata de dizer sim para esse púlia. E acaba
de uma vez por todas com isso. Porque eu não aguento mais olhar pra tua cara!
Anda, faz o que eu estou mandando.
Adamastor – E então, Paloma? Aceita se casar comigo?
Paloma – Aceito!
Cena 5/ Casa dos Oliveiras/ Sala principal/ interno/ Noite
Pedro João entra transtornado dentro de casa, mas em silêncio
sobe as escadas.
Fernanda sai da cozinha.
Fernanda – Filho? Oh, eu tive a impressão de que alguém havia
chegado.
O telefone toca. Ela atende.
Fernanda – Alô? Quem é?
Cristina – Eu sou a irmã da Madalena, a que morreu, a que era a mãe verdadeira da
criança que tu cuida e cria. Mas o assunto não é esse não. O assassino da minha
irmã, anda até hoje desaparecido. E eu preciso da tua ajuda pra encontrar ele!
Fernanda apoiou o telefone no colo.
As cortinas voltaram a balançar de um lado a outro, e as janelas
se abriram. Ela se levanta preocupada e caminha até o centro da sala.
Madalena surge na sua frente.
Fernanda – Virgem santíssima! O que Diabo é isso?
Madalena – Não é diabo não! Sou eu, Madalena! A gente tem muito
a conversar, mas hoje, e agora, tu vai aceitar o que elas disseram, e a partir
de hoje, eu te deixo em paz. Ou aceita o que pediram, ou tu vai preferir ter
morrido!
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