Paraíso Perdido | Capítulo 18 #ParaísoPerdidoNoWebMundi




uma webnovela de JAIR VARGAS
produção de LABIRINTO RADICAL

Brasil, 2017
CENA 1: TEMEDO | AVENIDA PRINCIPAL | CARRO DE CARLOS | INTERIOR | DIA
Manuela continua a olhar para Carlos e não consegue acreditar no que acabou de acontecer, assim como ele que ainda não conseguiu acreditar que a mulher que sempre amou e que chrgou a pensar que jamais veria novamente, agora está em seu carro lhe encarando. Luís olha para a mãe e percebe que ela se encontra um tanto paralisada, mas com um pequeno toque despretensioso a faz despertar para a realidade. Manuela pisca os olhos e volta o olhar para Talles, que por sua vez não entende nada do que se passa, pois não reconhece Carlos de imediato. Manuela constata que os tiros pararam, assim como alguns gritos de desespero que podiam ser ouvidos.
MANUELA: – Vamos! – Ela diz olhando para Talles.
Talles concorda e é o primeiro a sair, logo Manuela sai. Luís antes de também sair, sorri para o homem no carro que para ele não passa de um estranho que deu abrigo em uma hora aparentemente turbulenta. Carlos sorri de volta para o menino, então pisca os olhos, acreditando ter visto algo semelhante à ele. Luís deixa o carro, seguindo a mãe e Talles. Carlos de dentro do carro, oberva a família pelo retrovisor. Devagar, o trânsito parece voltar a fluir e Carlos segue em seu carro. Manuela olha rapidamente para trás e relembra tudo que lhe aconteceu há quase dez anos.




CENA 2: PARAÍSO AZUL | HOTEL PARAÍSO | INTERIOR | DIA
Mirela segue empurrando um carrinho pelo penúltimo andar, pensando no que aconteceu em frente ao hotel e na sala reservada. Ela chega no local em que sempre limpa e entra após passar um cartão no local indicado. Mirela entra no quarto com o carrinho e se aproxima de uma poltrona que está virada para a janela.
MIRELA: – Senhora Valentina. – Ela toca o ombro de uma velha senhora que está lendo um livro. – Como a senhora está hoje? – Indaga em um misto de preocupação e curiosidade.
A senhora esboça um leve sorriso enquanto leva uma das mãos até a mão de Mirela que toca o ombro dela.
VALENTINA: – Melhor agora que você chegou, minha querida. – Olhando diretamente para Mirela. – As horas sem sua companhia não é a mesma coisa quando você está aqui. – Continua em meio a sorrisos sinceros que se desenham em seus lábios. – Quando você não vem, fico pensando em tudo que me aconteceu, no que eu perdi nessa vida e me dá vontade de pegar o primeiro avião e seguir para aquela cidade (T) Fazer todos pagarem pelo que me fizeram, pelo que fizeram à minha família. – Conclui, fazendo com que o sorriso desapareça e dê lugar à uma expressão taciturna.
Mirela segura na mão da senhora, demostrando já ter bastante intimidade com ela.
MIRELA: – Você não pode fazer isso de maneira tão repentina, senhora Valentina. Tenho certeza que haverá um tempo certo e esse tempo será logo. – Diz tentando deixar a senhora um pouco mais calma. – Você vai ter sua vingança e eu prometo ajudá-la no que for preciso. – Finaliza, sorrindo.
Valentina também volta a esboçar um breve sorriso. Ela se sente bem na presença da jovem Mirela, que também tenta deixar a senhora um pouco mais à vontade, como faz todos os dias desde que começou a trabalhar no hotel e conheceu Valentina.

CENA 3: TEMEDO | CASA DOS ASSUNÇÃO | INTERIOR | NOITE
A campainha da casa toca, logo a empregada segue para abrir, passando por Diógenes, Sílvia e Raul que estão sentados no sofá, conversando sobre diversos assuntos. A empregada abre a porta e logo se afasta para o lado. Diógenes é o primeiro a se levantar ao ver a filha entrar, acompanhada de Luís, seu neto e Talles, seu genro. Ele caminha até a filha e a abraça, deixando transparecer toda saudade que senge por ter ficado tanto tempo longe de Manuela.
DIÓGENES: – Tanta saudades que eu tenho de você, minha filha. – Ele diz em meio ao abraço. Diógenes olha para Luís e sorri. Ele sai do abraço que deu na filha. – Olha o tamanho desse moleque! – Comenta, admirado por ver que o neto cresceu tanto desde a última vez que o viu pessoalmente.
Diógenes pega Luís nos braços e o abraça bem apertado, não demora muito e logo desce a criança no chão. Luís demonstra estar muito feliz por ver o avô novamente. Enquanto Diógenes segue para cumprimentar Talles, Manuela segue para cumprimentar Sílvia e Raul, sendo recebida por mais abraços aconchegantes que a faz realmente se sentir em casa. Todos se comodam no sofá, dando início a uma longa conversa que se estende noite adentro.

CENA 4: TEMEDO | EDIFÍCIO MONTAL | APARTAMENTO DE CARLOS | SALA | INTERIOR | NOITE 
Carlos vem da cozinha com dois copos de vidro cheios com whisky, assim que se aproxima do sofá, ele estende a mão e a imagem foca em Mateus pegando um dos copos. Mateus agradece com um rápido balançar de cabeça. Carlos se acomoda ao lado do amigo.
MATEUS: – Como você estava me dizendo, reencontrou aquele seu antigo amor, não foi? – Indaga, em seguida bebe um pouco do whisky.
Carlos olha para o copo e volta seu olhar para o amigo.
CARLOS: – Eu a reencontrei de um jeito tão estranho, Mateus… o que deu para perceber é que ela está casada e tem um filho, mas não sei (T) Eu enti tudo o que nunca deixei de sentir de um jeito mais vivo, mais intenso, mas o fato dela ter casado me surpreendeu um pouco. – Ele comenta alternando entre olhar para o copo e para seu amigo.
MATEUS: – Surpreendeu por qual motivo, meu amigo? Por acaso não pensou que ela ficaria pensando em você para sempre, pensou? – Indaga visivelmente intrigado.
CARLOS: – Não, não pensei isso… só achei que…bom, não achei nada. – Ele responde, demonstrando uma certa tristeza. – Eu realmente estraguei tudo. – Afirma, bebendo um pouco mais de whisky logo em seguida.
Mateus chacoalha a cabeça de forma negativa.
MATEUS: – E contínua estragando por continuar em um casamento que qualquer um vê que está te destruindo pouco a pouco. Saia dessa, meu amigo enquanto tem tempo, e fique sabendo que filho nenhum segura a gente. – Afirma, encarando Carlos.
Carlos esboça um sorriso meio sem graça.
CARLOS: – Você diz isso por não ter filho, Mateus. Se você e a Larissa tivessem um filho talvez seria mais fácil de me entender. – Rebate mesmo sabendo que o amigo diz a verdade.
Mateus se levanta, seguindo até a janela, ficando por poucos minutos calado enquanto observa o amigo olhar para ele.
MATEUS: – A Larissa se tivesse um filho meu, com certeza não usaria isso para me prender à ela (T) Pois é isso que a Bárbara faz com você, Carlos. – Afirma antes de tomar o que resta de whisky no copo.
Mateus encara Carlos, que por sua vez não diz nada, apenas se cala, sabendo que o seu melhor amigo lhe conhece muito bem, portanto diz nada mais do que a verdade.

CENA 5: TEMEDO | CASA DOS VILA | SALA | INTERIOR | NOITE
Catarina, a mãe de Bárbara vem da cozinha com uma xícara contendo chá. Bárbara está caminhando de um lado para o outro na sala da casa da mãe. Assim que ela vê a mãe se aproximar, se adianta e pega a xicara das mãos de Catarina, tomando um bom gole de chá.
CATARINA: – Você precisa se acalmar, filha ou vai acabar enlouquecendo com essa preocupação tola. – Ela diz, encarando a filha.
Bárbara deixa de tomar um pouco do chá e passa a olhar diretamente para a mãe.
BÁRBARA: – Tola, tola, mãe? Não é uma preocupação tola, não é. – Ela devolve, aparentando um grande nervosismo. – O Carlos só está comigo por causa da Vitória, isso é claro, então a senhora imagina se ele descobre que a menina… – Catarina a interrompe.
CATARINA (interrompendo Bárbara): – Ele não vai descobrir, Bárbara, não vai. – Afirma, parecendo segura. – Esse segredo está muito bem guardado e ninguém jamais o descobrirá, jamais. – Finaliza ainda mais segura.
Bárbara para e fica olhando para a mãe, desejando ter a certeza que sua mãe carrega. Ela pensa no que foi preciso fazer para ter Carlos ao seu lado e seus olhos se enchem de lágrimas.

CENA 6: TEMEDO | MANSÃO DOS TERRAFORTE | EXTERIOR | NOITE
João caminha por entre o Jardim que só fez crescer durante todos os anos que já se passaram. O Jardim é iluminado com luzes brancas qoe deixam tudo com um aspecto mais luxuoso. Ele segue parecendo ter um objetivo, e não demora para parar ao lado da fonte. João fica atento ao ouvir passos vindo em sua direção e não se assusta ou fica surpreso ao ver o motorista.
VALMIR: – Mandou me chamar, patrão? – Ele pergunta, curioso.
JOÃO: – Mandei sim (T) Eu preciso de um serviço seu, o mesmo de senpre que você realiza desde que chegou aqui. – Responde, pensativo. – E como sempre, seja o mais discreto possível. – Prossegue, retirando um envelope branco cheio do bolso da calça.
João entrega o envelope para Valmir, que dá meia volta e retorna por onde veio. João tem uma certa preocupação no olhar.
JOÃO: – Eu espero que meu filho me perdoe por isso que estou fazendo. Espero… – Ele diz com os olhos cheios de lágrimas.
João faz o mesmo caminho por entre as flores do jardim até chegar na frente da casa, parando e se pondo a pensar no que esconde de todos e que tenta ocultar até dele mesmo.

CENA 7: TEMEDO| CASA DOS ASSUNÇÃO | ESCRITÓRIO | INTERIOR | NOITE
Manuela se encontra olhando para fora pela janela do escritório. Uma chuva fina cai fora, alguns clarões iluminam o frondoso jardim. Ela se vira lentamente de modo que fica de costas para a janela, olhando para o pai que já observava ela há uns bons minutos.
DiÓGENES: – Posso ver em seus olhos o quanto você mudou, filha. – Ele afirma se aproximando de Manuela. – Não é mais nem de longe, aquela moça ingênua que chegou aqui sem memória. Você cresceu, mais do que isso, amadureceu. – Continua, tocando na mão da filha. – E tenho certeza de que você está aqui hoje com um objetivo muito maior, vejo isso estampado em seus olhos, e seja o que for, minha filha, peço somente que não deixe isso paralisar sua vida. – Ele finda, abraçando Manuela fortemente.
Enquanto é abraçada, Manuela pensa em tudo o que deve fazer para ter sua justiça pelo que a fizeram no passado.
MANUELA (a pensar): – Os Terraforte vão pagar, vão pagar com juros tudo o que fizeram à mim, ao meu avô, ao meu pai e à todos que eles destruíram.
Manuela faz com que o abraço em seu pai fique mais apertado, deixando assim algumas lágrimas caírem de seus olhos, cheia de emoção por conta do momento e por relembrar tudo o que sofreu.

CENA 8: TEMEDO | BOATE PRAZER NOTURNO | INTERIOR | NOITE
Muitas mulheres passam para lá e para cá dentro do estabelecimento. Algumas levam homens até uma porta aos fundos e desaparecem. Outras se sentam na companhia de vários homens em um canto reservado para bate papo. No balcão, um homem e duas mulheres atendem os clientes desejosos por bebidas. Dentre uma dessas mulheres se encontra Larissa, ela prepara uma bebida rápida enquanto a outra mulher, Vanessa se aproxima dela.
VANESSA: – Daqui à pouco é a sua vez, Larissa. – Ela diz em um tom mais alto, olhando para um palco que fica praticamente no centro do local.
LARISSA: – Fazer o que né? Eu preciso ganhar esse dinheiro, Vanessa. A vida de meu pai depende dessas coisas que eu faço. – Ela afirma no mesmo tom da colega.
VANESSA: – Você não tem medo que seu namorado descubra? – Indaga, observando em volta.
LARISSA: – O meu maior medo é esse, Vanessa. O Mateus é tão bom pra mim que eu não suportaria perder ele de nenhuma maneira. Eu espero mesmo que ele não descubra e que nem mesmo imagine o que ando a fazer. – Ela responde, ficando pensativa enquanto olha para uma de suas colegas que se apresenta no palco, recebendo assobios, palmas e até mesmo dinheiro. – Eu ainda vou conseguir todo dinheiro que preciso e vou deixar essa vida. – Ela pensa antes de voltar ao que estava fazendo.

CENA 9: PARAÍSO AZUL | DIA
O dia amanhece de forma esplêndida em Paraíso Azul. O nascer do sol dá um tom mais enigmático às águas já belíssimas do mar imenso. O movimento de veículos na cidade que cresceu bastante em nove anos, se intensifica aos poucos. A imagem corre por uma das ruas, acompanhando do alto, um carro preto que só para assim que chega ao Hotel Paraíso. De dentro sai um homem elegante pelo jeito de se vestir, seu rosto não é revelado. Ele entra no hotel.

CENA 10: PARAÍSO AZUL | HOTEL PARAÍSO | INTERIOR | DIA
O mesmo homem da cena anterior está agora no penúltimo andar e se aproxima da porta de um dos quartos que mais parecem apartamentos inteiros. Ele bate na porta e não demora, a porta logo se abre. Dentro está Valentina que apresenta um sorriso misterioso ao ver tal homem em sua porta. A imagem sobe, revelando o homem que é Leopoldo.
VALENTINA: – Eu não esperava por você tão cedo, meu querido. – Ela afirma, mantendo o sorriso.
LEOPOLDO: – Achei mais do que necessário vir nesse momento, dona Valentina (T) A senhora ficará feliz de saber tudo mais que descobri sobre aquela família. – Ele diz, esboçando um sorriso rápido.
Valentina deixa que Leopoldo entre e logo fecha a porta em seguida.

CENA 11: TEMEDO | MANSÃO DOS TERRAFORTE | QUARTO DE JOÃO E AURA | INTERIOR | DIA
Aura se levanta da cama, parecendo agoniada com alguma coisa. Ela segue para frente do espelho e mexe um pouco nos cabelos. João desperta e fica observando a mulher. Aura volta seu olhar para a cama e encara o marido.
AURA: – Hoje eu acordei com uma sensação esquisita, João. Uma sensação que me parece muito familiar com a de quando eu descobri que você estava planejando me dar um golpe… por acaso você não está planejando tudo novamente, está? – Ela indaga, olhando de forma direta para João.
João se levanta da cama, seguindo até a esposa.
JOÃO: – Você está apenas com medo de não ter mais nada, pois afinal tudo isso que você diz ser seu, é da minha família, ou seja meu. Você não tinha absolutamente nada quando nos conhecemos naquele bairro pobre, melhor, tinha apenas o dia e a noite, nada mais (T) Deixei você pensar por muito tempo que era você quem mandava, mas não, agora acabou. – Ele diz de forma autoritária. – Tudo isso aqui é meu e agora será do meu jeito, do meu jeito, ouviu bem?! – Finaliza olhando de forma dura para Aura.
João segue para o banheiro, deixando Aura pensativa e tentando não demonstrar sua revolta. Ela sorri enquanto vê o marido entrar no banheiro.
A imagem se congela em Aura sorrindo de um jeito misterioso.
CONTINUA…




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