

Ricardo em choque num
primeiro momento fica tonto, mas logo volta ao normal.
Ricardo:
Deve haver um engano aqui.
Manoel:
Veja, meu senhor, não estamos falando que isso é real, mas sim que pode ser
verdade. Uma enfermeira confessou que participou da troca de bebês antes de
morrer, mas não soube me dizer onde está a nossa filha. Se for verdade, a sua
filha nasceu com síndrome de down e logo após morreu e a nossa filha foi criada
por você e sua esposa.
Ricardo:
Olha, eu entendo a preocupação de vocês, mas isso é impossível.
Manoel:
Como assim?
Ricardo:
Há alguns anos atrás a Mariana precisou de uma transfusão de sangue por conta
de um grave acidente de carro que sofremos. Descobrimos que ela é sangue A
positivo. Nunca soube o meu tipo sanguíneo, mas na ocasião eu também precisei e
descobri que eu e minha esposa éramos B positivo.
Iná:
Mas sendo assim fica evidente que ela não é filha de vocês.
Ricardo:
Ela não é minha filha, mas é filha da minha esposa.
Manoel:
Como vocês podem ter certeza?
Ricardo:
Eu achei estranho demais e pedi um exame de DNA para sabermos se a Mari era ou
não nossa filha. E o resultado foi que ela era filha da minha esposa, mas não a
minha filha.
Iná:
Isso que dizer...
Ricardo:
Isso quer dizer que eu fui traído.
Manoel:
Desculpa. Não queríamos tocar nesta história. E pelo jeito o senhor assumiu a
paternidade dela até hoje.
Ricardo:
Claro, a menina já tinha 15 anos e durante toda a minha vida ela sempre foi e
sempre será a minha filha. Mas da mãe dela eu quero distância. Ela sabe de toda
a verdade, inclusive conheceu o pai biológico, pois tem mais irmãos por parte
dele, mas nunca perdemos esse vínculo de pai e filha, muito pelo contrário.
Manoel:
Olha, eu não sei nem o que dizer. Peço apenas desculpas pelo inconveniente.
Ricardo:
Tudo bem e eu espero que vocês encontrem a filha de vocês.
Manoel e Iná se despedem de
Ricardo e saem frustrados da sala dele.
Manoel:
E agora, Iná?
Iná:
Não sei. Será que aquele Mateus nos passou o nome de todos?
Manoel:
Pode ser que sim. Mas, pode ser que a menina nem tenha sido registrada como
nascida naquele hospital. Quem, não garante que a minha mãe deu um jeito nisso
também? Vou procurar outras maneiras de encontrar a nossa filha, mas não vou
desistir.
Manoel deixa Iná em casa e
vai ao encontro de Vera, com quem não conversava a algum tempo.
Manoel:
Olá, Vera. Tudo bem?
Vera:
Olá, Manoel. Na medida do possível. E você?
Manoel:
Não muito bem. Eu tinha esperanças de que um desejo aí se realizasse e fui frustrado.
Vera:
Puxa, você quer falar sobre isso?
Manoel:
Quando eu estiver melhor, sim. E você? Como passou estes últimos dias?
Vera:
Me estressei muito. Filho só dá dor de cabeça as vezes.
Manoel:
É. Minha filha é tranquila, o problema vem da mãe dela.
Vera:
Sua esposa...
Manoel:
Na prática, não. Já falamos sobre isso.
Vera:
Tudo bem. Bom, eu fiz uma sobremesa de morango. Você quer?
Manoel:
Claro.
Vera vai buscar a sobremesa
e um rapaz passa por Manoel e adentra a cozinha. Manoel acha familiar o rapaz e
estica o pescoço para ver quem é.
Manoel:
Não pode ser! Será?
Tiago percebe que se trata
de Manoel, sai da área da cozinha e começa a falar.
Tiago:
Senhor Manoel? Olha, se o senhor veio tocar naquele assunto da dona Bárbara,
tudo bem, eu já entendi que não foi culpa de vocês. Ela é louca mesmo.
Vera:
Desculpa, do que vocês estão falando?
Manoel:
Você é mãe do Tiago?
Vera:
Sim. Você conhece o meu filho?
Tiago:
Mãe, como você conhece o pai da Ellen?
Vera:
Pai da Ellen?
Manoel:
Então, foi você que foi tirar satisfação com a Bárbara aquele dia?
Vera:
Você é o pai da Ellen, então você é o marido daquela mulher. Espera... a sua
esposa, de quem você fala tão mal é a mesma que tratou meu filho feito cachorro
naquele jantar?
Manoel:
Eu não acredito.
Tiago:
Alguém quer me explicar o que está acontecendo? O que o senhor faz aqui?
Manoel:
Bom, eu e sua mãe estamos nos conhecendo e...
Vera:
Somos apenas amigos, mas agora que eu fiquei sabendo disso eu prefiro que você
se retire, Manoel.
Manoel:
Mas, como assim? Eu não tive culpa, eu ainda tentei ajudar.
Tiago:
É verdade, mãe. O Manoel é gente boa, não é que nem a Bárbara.
Vera:
Tudo bem, filho, mas entenda que eu não quero contato com ninguém ligado aquela
mulher. Manoel, por favor, me entenda.
Manoel:
Tudo bem. Desculpa por qualquer coisa. Depois nos falamos.
Manoel sai do restaurante
com a cabeça baixa e olhos lacrimejando.
Tiago:
Mãe, você não pegou muito pesado com o Manoel?
Vera:
Tiago, quem decide isso sou eu. Eu não quero nada que me ligue aquela mulher.
Se o Manoel quiser continuar falando comigo ele que se separe dela.
Tiago:
Vocês estavam namorando?
Vera:
Claro que não, se não vocês saberiam.
Tiago:
Bom, seja lá o que for, não era uma simples amizade. Cuidado, mãe. A dona
Bárbara é especialista em tentar destruir a moral das pessoas. Não deixe que
ela acabe com algo legal que esteja surgindo entre você e o Manoel.
Tiago dá um beijo em Vera e
vai para o quarto, enquanto ela fica refletindo se o que fez foi coerente ou se
foi muito radical.
Tiago
conversa com Terezinha sobre Vera.
Tiago: Tia, depois
converse um pouco com a imha mãe, acho que ela está sendo muito radical em
relação ao Manoel.
Terezinha: Eu também
acho, mas entenda que a sua mãe é uma mulher muito sofrida na vida. Eu também a
entendo.
Tiago: É, a senhora tem
razão, mas ela não pode desistir de ser feliz.
Terezinha: Sim. De
qualquer maneira depois eu converso com ela. Bom, me empresta seu tablet?
Tiago: Claro. Aliás, já
está aberto na página do Web Mundi.
Terezinha: Esse meu
sobrinho já sabe que eu vou colocar em dia os capítulos de Os Anos da Dor, não
é?
Tiago: Claro, a senhora
só fala desta webnovela agora.
Os
dois dão risada.
Enquanto isso, Manoel
dirigia em direção à sua casa com ódio de Bárbara por conta do que ela fez ao
filho de Vera.
Quando chega em casa ele
toma uma decisão drástica.
Manoel:
Bárbara, você está em casa?
Bárbara:
Estou descendo, Manoel... pronto, o que você quer.
Manoel:
Precisamos conversar.
Bárbara:
Sobre?
Manoel:
Sobre a entrada no processo de divórcio e a minha saída desta casa.
Bárbara:
O que?
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