Reveja Web Mundi: Castelo Baellys - Capítulo 4




Diot e Dye estavam impossibilitadas de se verem no Castelo Baellys. O tempo distante uma da outra era tão pouco. Mas elas queriam se ver, queriam se beijar. Mas isso não era mais possível no Castelo Baellys.
A Fé na Mãe estava dominando Baellys e mudando o pensamento da população. A Fé era temida por todos, pois, quem fosse pego pecando seria obrigado a passar por um ritual de beatificação cheio de carnificina que já causou a morte de muitos.  
Era noite, a cidade estava em silêncio e quase ninguém caminhava por ela. Foi neste silêncio e nesse deserto que Dye e Diot resolveram se encontrar distantes do Castelo Baellys. Decidiram se encontrar no mesmo lugar em que Onfroi conheceu Nikola, na Feira dos Vassalos, no canto escuro. Sem dúvidas era o melhor canto para os crimes da cidade. Elas estavam querendo se relacionarem. Dye falou:
- Que bom que veio, meu amor.
Dye beijou Diot suavemente.
- Ainda não acho isso certo. Poderíamos estar bem longe daqui agora. – disse Diot
Dye sorriu, colocou suas mãos no rosto de Diot e começou a beijá-la. Não era apenas um momento quente, era um momento de amor compartilhado por dois seres humanos que se amavam. Elas estavam felizes com aquilo e era o que achavam certo. Quem poderia julgá-las? Hyarah?
 A armadura dos Agentes da Mãe começava a ecoar por aquele local. Pareciam sincronizados. Eram os Agentes da Mãe fazendo a vigia na cidade. O clima estava tão bom, elas estavam tão felizes em poderem se relacionar sem perturbação que as amadas não ouviam. Os Agentes chegavam cada vez mais perto... E mais perto... Eles passaram direto sem vê-las no canto. Os Agentes passaram mais adiante, mas, uma delas começou a gemer e chamou a atenção de um agente. O agente parou e começou a analisar o som. Ele ouvia os gemidos ofegantes, mas não tinha certeza de onde vinham. Ele foi girando a cabeça para trás pois o som vinha de lá. Os outros agentes também tomaram consciência da situação. Todos os agentes foram juntos até o local e se depararam com duas mulheres nuas. Dye e Diot olharam surpresas. Os Agentes se aprontaram. Elas sabiam que tudo estava acabado!
Acordaram cada uma em uma cela diferente. A cela era escura, fedia a fezes e vômito. Elas estavam nuas, da mesma forma que foram pegas, porém, suas roupas não estavam a disposição. Eis que na cela de Dye entrou a Primeira Mestra Kadosh Nianny. Ela entrou na cela e se chocou ao ver a irmã do rei.
- Dye Baellys? A irmã do Rei Henry?
Dye virou o rosto cobrindo seu corpo.
- Não precisa ter vergonha... – disse a Primeira Mestra se aproximando de Dye e agachando ao lado dela. - A Mãe tem piedade de nós, ela perdoa quem procura seu julgo com o coração. Seja o que for que você tenha cometido, se pedir perdão a Mãe ela lhe perdoará.
Na cela de Diot entrou o Primeiro Mestre Kadosh Amé. Ele se sentou diante de Diot.
- Diot Broggon. Acusada de blasfêmia, fornicação e libertinagem por ter sido pega se deitando com outra mulher...
Diot virou o rosto com vergonha.
- A Mãe quer que todos nós caminhemos para a Luz. A Luz é a vida eterna ao lado da Mãe, um lugar nas profundezas do Universo onde não existe o mal, a inveja, a ganância, o egoísmo, o adultério, dentre outras blasfêmias dos homens... Quando morremos nos livramos da carne e nos tornamos apenas espírito. E em espírito nossa inteligência é superior, pois não temos as fraquezas da carne. E então a maldade some por completo. Mas há aqueles que possuem a maldade na alma e na carne. E esses são condenados ao Segundo Inferno.
Na cela de Dye, Mestra Nianny continuava:
- Hyarah vendo o declínio dos homens decidiu punir os homens maus e os que não se converteram em sua fé. 

Enquanto isso, na cela de Diot, Amé dizia:
- O Livro Santo atual é dividido em duas partes. As Primeiras Leis e as Segundas Leis. As Primeiras Leis foram escritas nos Últimos Dias da Criação – o segundo e o terceiro, onde Hyarah criou os Primeiros Homens da Terra e deu leis para que soubessem conviver uns com os outros. 
Na cela de Dye, Nianny dizia:
- Olhe para mim.
Dye a olhou
- Vamos estudar o Livro Santo para que possamos compreende-lo. Hyarah criou o Universo e os Primeiros Homens da Terra em 1 dia, nos Últimos Dias da Criação, o segundo e o terceiro, ela ensinou uma língua para os Primeiros Homens e escreveu suas Primeiras Leis para que mantivessem a serenidade na Terra.

Na cela de Diot, Amé dizia para ela:
- Você, pelos seus pecados de blasfêmia diante de Hyarah está condenada ao Segundo Inferno para sofrer eternamente. Mas a Mãe não quer ver seus filhos sofrendo. Nos deu a chance de nos purificar. E é isso que você passará. Por uma purificação da carne. Para saber viver como espírito ainda que esteja na carne.
As duas foram mandadas para o Balcão da Tortura para que confessassem seus pecados a força. Dye em uma sala e Diot em outra. Estavam somente elas e os sacerdotes que as acompanhavam: Nianny e Amé. Estavam amarradas, os dois braços e as duas pernas presos com uma corda em uma parte móvel que puxava seus membros até que quebrassem quando as roldanas eram giradas. Estavam em total desespero enquanto os sacerdotes estavam calmos para começarem a tortura. Nianny estava com as mãos em um pedaço de madeira para girar a roldana e começar a puxar os membros de Dye. Ela disse:
- A carne, na tortura, a obrigará a confessar os pecados. Enquanto sente dor ela se enfraquece. E isso dá espaço para o espírito se engrandecer. Enquanto confessa seus pecados seus membros serão puxados, talvez, até arrancados. E isso será um sinal da glória divina em você.
Nianny colocou a madeira na roldana e girou com tudo e o corpo de Dye se esticou de uma forma surpreendente que a fez gritar. Dye começou a cuspir sangue.
- Confesse seus pecados diante de Hyarah!
Dye apenas gritava de dor, seu rosto estava coberto de lágrimas e sangue. Não havia forças para confessar.
Eis que Nianny girou ainda mais. E esta foi pior, uma das pernas de Dye deslocou e a fez gritar jorrando sangue da boca.
- Age nos seus filhos, Mãe. – gritou a sacerdotisa
Nianny foi girando mais, dessa vez mais calmamente. Dye foi hesitando chorar e gritou:
- E-Eu confesso!
Nianny parou de girar
- Confesso os crimes de blasfêmia e promiscuidade!
- Diga tudo a Mãe. Diga sobre esses pecados.
Nianny começou a girar e Dye gritou de dor desesperadamente. Estava para chorar sangue. Seus gritos eram agoniantes e desesperadores.
- Confesso ter ironizado a Fé na Mãe e condenar suas práticas!
Dye perdeu o fôlego e chorou rapidamente. Mas logo continuou:
- Confesso ter me deitado com outra mulher às escondidas... Irei me curvar diante de vós ó Mãe! E me tornar tua serva até o dia de minha morte!
Dye gritou e chorou em seguida. Nianny folgou a corda e Dye gritou de alívio. Estava suada, cheia de sangue vindo da boca.
O processo na sala onde Diot estava mal havia começado. Ela já havia confessado seus pecados com a emoção que fez Amé acreditar na sua conversão. Amé estava sentado conversando com ela, disse:
- Completamos o Primeiro Passo sem ter sido necessário sua execução. Você foi abençoada pela Mãe. Nunca alguém havia se confessado antes de fazer a pressão na carne. Isso quer dizer que você é forte, você é uma boa pessoa. Mas ainda não acabou, ainda temos o segundo e terceiro passo do Ritual de Purificação da Carne. Após esse ritual você será beatificada e isso abrirá portas para você entrar para os Sacerdotes da Mãe. Isso será obrigatório. Ou se torna uma Mestra ou é mandada para a prisão para passar por purificações ainda mais dolorosas.
A segunda e terceira etapa da beatificação do Ritual de Purificação da Carne que há nas Segundas Leis do Livro Santo. O Primeiro Passo foi feito, sobram o Segundo e o Terceiro.

Dye estava amarrada em um tronco de madeira ao lado do Templo da Mãe em Baellys. Sua amada Diot estava ao seu lado em outro tronco. Havia muita gente ao redor esperando a “apresentação”. Os Agentes da Mãe estavam fazendo a corrente para que ninguém ouse tocar nas criminosas. Era um círculo duplo. Os Agentes da Mãe impediam o povo de adentrar onde as criminosas estavam e o segundo círculo se formava a frente do círculo dos Agentes, era o círculo dos sacerdotes e sacerdotisas. Os Mestres faziam um círculo diante das criminosas, estavam ajoelhados e cobertos com capuzes negros enormes.
Eis que Amé e Nianny chegam com cordas grossas e açoites de ferro e prego. Logo em seguida chega um agente da Mãe com ferro em brasa, pronto para queimar a carne das criminosas.
O povo se animou e começou a gritar. O ritual estava para começar, seria um açoitamento de três horas.
Mestra Nianny e Mestre Amé prepararam os açoites: um de prego e um de ferro respectivamente. Nianny iria açoitar Dye com pregos e Amé iria açoitar Diot com ferro pesado.
Nianny deu a primeira açoitada na costa de Dye que a fez gritar alto. O povo começou a xingá-la e a chamá-la de pecadora e criminosa. Amé açoitou a costa de Diot e esta ficou calada, sem dar um grito. Nianny açoitou mais forte a costa de Dye e esta cuspiu sangue. Amé açoitou duas vezes seguidas a costa de Diot, que continuou parada olhando para o chão sem dar um grito de dor. Nianny largou a piedade e começou a açoitar em sequência sem parar a carne de Dye que saia para fora. Ela gritava desesperadamente em agonia.
- Alguém me ajuda! – gritou ela desesperadamente olhando para o povo, estava chorando
Por coincidência a carroça do rei e da rainha de Baellys passava pelo lado do ritual. Aldith olhou pela janela e viu a irmã do rei sendo açoitada. Aldith inesperadamente gritou para o Rei Henry que estava ao seu lado agarrando sua veste:
- Henry, veja aquilo! É Dye!
Henry se espantou e sua curiosidade foi desperta. Ele olhou pela janela e viu sua irmã pedindo ajuda enquanto era açoitada. Henry no mesmo instante abrira a porta da carroça e saira para fora com ela ainda em movimento. Aldith veio atrás.
A carroça parou, Henry se enfiou no meio do povo que abriu espaço para ele. Ele entrou até o limite do círculo dos Agentes e gritou em choro:
- Dye!
Dye o olhou chorando e gritou novamente:
- Henry, socorro!
Henry já estava com os olhos cheios de lágrimas. Virou para trás e gritou:
- Guardas venham pegá-la!
Os guardas que acompanhavam a carroça pelo lado entraram no meio empurrando todos. Mas ao chegar no limite do círculo dos Agentes foram impedidos. Os guardas do Rei tiraram suas espadas e uma luta se iniciou entre os Agentes da Mãe e a Guarda Real. Isso não impediu que Nianny e Amé continuassem açoitando as duas. Henry ultrapassou o círculo dos Agentes que estavam lutando e ultrapassou o círculo dos Mestres. Os Mestres ousam entrar na luta. Neste momento o povo tinha se afastado e acompanhava a luta de longe. Henry chegou empurrando a Primeira Mestra Kadosh Nianny para longe e começou a desamarrar sua irmã que estava completamente desfigurada no corpo, estava só sangue. Não se podia ver a verdadeira cor do chão, estava só sangue. Nianny não ousou açoitar o rei enquanto desamarrava a irmã. Ela apenas dizia:
- Não a tire dai! A Mãe foi boa com ela! Seu caminho para a Luz será brilhante. Não tire isso dela!

Henry desamarrou a irmã e começou a levá-la. A luta causou a morte de alguns mestres, agentes e guardas reais. Mas ainda continuavam a lutar. Diot continuava a ser chicoteada, estava com muita dor, mas não expressava isso. Ao tentar sair do círculo de luta, Henry foi puxado com força por Nianny. Henry caiu no chão com a irmã nos braços. Logo depois uma espada de um guarda real atravessou Nianny que caiu sangrando no chão. Aldith se chocou ao ver a amiga morrendo. Henry finalmente saiu do círculo de luta sem nenhum arranhão. Aldith o esperava e o ajudou a colocar Dye dentro da carroça. Eles entraram e foram embora de lá enquanto Diot se conformava em se converter na Fé na Mãe. 

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