Mulher de Verdade - S01XE10: "Os Inocentes - Parte Final"





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Mulher de Verdade

Os Inocentes                      Episódio 9: Parte II
Escrito por: Augusto de Valmont
O elenco principal:

Débora Bloch como: Dandara Serqueira Montenegro Leão (Dara)

Caroline Abras como: Alexia Pretto

Part. Mart’nália como:
Alzira

João Vicente de Castro como: Bruno Garcia D’Ávila

Arlete Salles como: Maria Eduarda Constance Garcia D’Ávila

Delegado Fausto Rangel como: Cássio Gabus Mendes

 Flávia Alessandra como: Maria Angélica Ferraz

Thiago Lacerda como: José Augusto Guerra de Assis

Eduardo Moscovis como: Enrique Amaral


Participações:


Sergio Fonta como: Delegado Carlos Eduardo


Felipe Titto como: Bira


Luís Melo como: Natanael Stewart

Marcos Junqueira como: Tião

Ernani Moraes como: Gustavo Ferrari

João Camargo como: Stefano

Marcos Pasquim: Romero

Camila Márdila
como: Lívia

Continuação imediata da cena anterior.
Dara e Alexia correm velozes. Elas são seguidas pelo cão policial, há duas direções para seguir. Elas se olham e, novamente dão sinal uma para a outra. Vão para lados opostos.
O cachorro segue Dara, latindo.
Ela corre olhando para trás. Carrega sua arma e atira no chão enquanto corre.
O cão para, se assusta com o tiro. Recua, latindo para mulher.
Dara continua a correr, há um paredão. Ela coloca a arma em um dos bolsos da calça e escala o muro apoiando os pés em buracos nos tijolos.
O cachorro retorna para o policial ferido.
Corta:
Angélica (Ainda com a arma apontada para o traficante): Calma!... Calma, rapaz. Se você fizer qualquer coisa vai ficar ruim pra você mais tarde!
Traficante: Abaixa a arma, dona, abaixa a arma aí!
Angélica (Tensa, controla a situação): Calma, eu vou colocar minha arma no chão e você solta ele, pode ser?
Traficante: Não tem nada de pode ser não, dona! Quem dá as ordem aqui sou eu! Coloca a porra da arma no chão e quem fala o que faz aqui sou eu!
Angélica (Nervosa, se abaixa lentamente): Calma, eu vou colocar ela no chão... Fica tranquilo! (Angélica vai se abaixando devagar, ela se entreolha com Guerra, fazendo comunicação).
Rapidamente Guerra dá o bote no traficante e o golpeia com um ‘mata leão’. Ele pega sua arma e coloca na cabeça do traficante.
Angélica (Se levanta rapidamente e aponta sua arma): Perdeu, perdeu! Coloca a arma no chão, coloca a arma no chão!
O traficante joga sua munição no solo e levanta as mãos.
Rex retorna aos policiais, correndo.
Angélica: Ei, voltou bem na hora, garoto!... Leva o rapaz, Guerra!... Eu vou atrás das duas!... Vem, Rex! (Ela sai).
Corta para:
Alexia (Entra em um barraco abandonado. Se esconde entre os cantos, liga para Dara): Dara? Onde você tá? A gente não pode ficar longe assim.
Dara (Sentada nos aglutinados telhados que formam a visão aérea da periferia; respiração acelerada): Eu tô descansando um pouco, eu não sei como a gente vai se encontrar nesse lugar imenso, Alexia. A única coisa que a gente precisa fazer é não ser pega! (Desliga). Deita no telhado, fecha os olhos.
Corta:
Parte inferior do morro, onde estão as viaturas policiais.
Os policiais colocam alguns traficantes nos carros; Outros são colocados em ambulâncias, junto a um dos policiais feridos.
Fausto: E a Angélica?
Guerra: Ela ainda não desistiu. Está procurando elas.
Fausto: Eu acho que elas já não estão mais aqui, Guerra. Não seriam tão tolas de estarem na região!... Ao menos que tenham motivos convincentes pra estarem aqui.
Dois policiais vêm com outro policial entre os braços, ferido.
Fausto: Mais um?... Já são dois!... Cabo Lima, o que houve?
Lima: As duas!... Atiraram em mim e fugiram!
Fausto: Atiraram?... Então elas estão aqui! E mais próximas do que se imagina!
Guerra: Se a operação continuar, elas não vão embora!
Fausto: Reforços!... Eu vou pedir reforços!
Guerra: Eu vou encontrar a Angélica! (Pega sua arma e chama um cachorro, sai).
Corta:
Tião está andando pelo morro, acompanhado de outro homem, ambos armados, atentos.
Tião (É comunicado em seu rádio): Quem tá falando aí?
Isaias: Tião, eles não vão liberar o morro não. Ainda não desistiram.
Tião: Nem nóis, parceiro!... Nem nóis!... A gente perdeu soldados, eles perderam também... E vão perder mais!... Atira em qualquer policial que tu vê!... Atira, parceiro! Ninguém aqui sai fazendo estrago de graça não! (Desliga).
Corta:
Dara anda pelas ruelas da favela, exausta, ainda sem fôlego.
Ela ouve um barulho um pouco adiante. Encosta-se a um muro para espiar: é Angélica e Rex. O cachorro está farejando. Angélica acompanha os passos do animal.
Dara (Coloca a cabeça contra a parede, resmunga em silêncio): Droga!
Ela dá meia volta e continua a andar. Acelera os passos, sem chamar a atenção.
Angélica (Da ponta da ruela, com a arma apontada): Parada aí! (Num instante Dara fica imóvel). É isso aí!... Sem se mexer! (Vai andando lentamente até a mulher) Coloca a arma no chão devagar, sem nenhum movimento em falso!
Dara agacha-se lentamente, colocando a arma no chão. De repente, vira-se e em um piscar atira contra Angélica, que passa longe.
Dara corre em disparada. O cão vai atrás.
Angélica atira, mas não acerta. Começa a correr.
Corta rapidamente para:
Dara corre com agilidade, entra em uma ruela cercada por barracos aos pedaços, aparentemente abandonados. Entra em qualquer um deles.
Angélica e Rex chegam.
Do outro lado da ruela aparece Guerra. Ele corre até Angélica.
Guerra: E aí?
Angélica (Cochichando): Ela tá por aqui!... Abre o olho!
Corta: Barraco/Int.
Dara expressa uma cara de quem está ferrada. Vai andando lentamente por entre as divisões da construção.
Há um buraco em uma parede que dá acesso à parte externa traseira da construção. Ela tenta atravessar o estreito buraco na parede. Passa seu corpo devagar, rastejando-se. Seus pés, porém, batem em um tijolo solto, que cai e quebra.
Corta: Ext.
Rex ouve o barulho corre direto para dentro do barraco, latindo. Guerra e Angélica se entreolham e seguem o animal.
Corta:
Dara (Termina de passar seu corpo): Merda!
Há uma pequena distância do barraco para a laje de outro. Ela analisa a possibilidade de pular.
Em seguida o cachorro chega. Atravessa o buraco. Dara se desespera, pega distância e salta.
Cai na laje da outra construção. O cachorro atravessa o buraco e late.
Guerra (Eles analisam o buraco): Dá licença! (Guerra dá um tiro em um tijolo e chuta a parede, que tem parte uma porção destruída).
Angélica (Apontando a arma para Dara): Chega de joguinho de pega ladrão! (Dara também aponta sua arma) Mãos pra cima! Nós estamos em dois e você é só uma! É melhor largar essa arma e ninguém se machuca!
Em uma laje superior à da construção em que está Dara, Isaias aparece.
Isaias (Com sua arma mirada nos policiais): Perdeu, perdeu! (Dara e Guerra perdem seu foco).
Isaias atira três vezes em Guerra, acertando seu peito.
Angélica (Grita em prantos): Desgraçado! (Atira três vezes seguidas em Isaias, que cai).
Dara se espanta, perde seu foco. Angélica larga tudo para socorrer Guerra. Durante alguns segundos as duas se olham fixamente, Angélica em lágrimas e Dara espantada, que volta a correr pelos telhados dos barracos.
Angélica: Guerra?... Guerra?... Fala comigo!... Você tá bem? (Pega seu comunicador) Policial ferido! Temos um ferido!... Rápido, por favor!(Angélica volta toda sua atenção a Guerra, passando a mão em seu rosto, preocupada) Calma, vai ficar tudo bem!
Guerra mal consegue falar, apenas mantém seu olhar em Angélica.
Corta rapidamente para:
Dara corre com rapidez pelas telhas, ainda nervosa. Vê Alexia correndo pelas ruelas do morro.
Dara pega sua arma, atira na ruela. Alexia olha, para e espera Dara.
Dara (Desce o telhado dos barracos. Pula no chão. Sem fôlego): A gente precisa achar um lugar pra se esconder!... Rápido, depois eu te explico!
As duas correm.
Corta:
Tião: Isaias?... Baleado?... Como assim? Como é que me deixaram isso acontecer, maluco?
Iraque: Eu não sei não chefe, parece que “as polícia” pegaram ele e levaram.
Tião: A gente tá perdendo homem, tá perdendo gente!... Isso não pode acontecer não! (Carrega sua arma) Eu vou resolver essa parada sozinho, irmão... Vai ser olho no olho com aquele delegado de merda!
Iraque: Tu não pode fazer isso não, chefe! Parece que os cara tão mandando mais reforço.
Tião: Então vai ser mata - mata, irmão, é mata - mata!
Corta: Barraco em que estão Angélica e Guerra.
Angélica (Falando em seu rádio): Vamos, vamos!... Polícia?... Agente Angélica aqui.
É respondida: “Aguenta mais um pouco, a gente já tá chegando!”.
Angélica (Alisando o rosto de Guerra): Vai ficar tudo bem tá?
Rex lambe o rosto do policial carinhosamente, tentando agradar.
Guerra pega na nuca de Angélica, a aproxima de sua face, os dois se olham fixamente. Ele, fraco. Os dois se beijam.
Rex parece preocupado, inquieto. Sai correndo.
Corta:
Rex sai da construção, correndo pelas ruelas do morro, latindo.
Há alguns policiais e enfermeiros andando em busca de Guerra, veem o cão. Ele late e volta para onde estava.
Corta:
Rex entra na construção, ultrapassa o buraco, lambe Guerra. Em seguida os policiais e enfermeiros chegam.
Angélica: Chegaram! Eles chegaram!... Você vai precisar passar pro outro lado! O buraco não é grande o suficiente pra eles passarem com os equipamentos.
Guerra se movimenta, com dores. Vai se rastejando lentamente ao buraco, com o apoio de Angélica.
Rapidamente é colocado na maca de socorro e é levado.
Angélica (Passa a mão em Rex): Vai dar tudo certo!... Tudo certo, garoto!
Corta:
Fausto: Cancelem os reforços!... Cancelem os recursos! A operação foi terminada!
Guerra é trazido pela equipe.
Corta:
Cena 02/Hospital/Corredor/Int./Tarde
Os policiais e são levados rapidamente para a emergência.
Angélica (Vai acompanhando a maca com Guerra): Vai ficar tudo bem!... Por mim!... Tô te esperando aqui!
Ele é levado para dentro da sala.
Angélica espera pelo lado de fora, respira fundo.
Cena 03/Estrada de terra/Carro/Int./Tarde
Dara lidera no volante do carro, as duas estão disfarçadas.
O carro segue em uma estradinha de terra, com canaviais ao horizonte.
Dara (Acelera o carro, ri. Buzina): A gente se livrou outra vez!... Livres! (Gargalha debochadamente).
Alexia (Pega a mochila, abre-a e tira o champanhe): Olha aqui!... Acha que eu esqueci?
Alexia tira sua máscara, coloca a garrafa para fora do carro, abre-a.
Dara, debochada, buzina novamente, aos risos. Tira sua máscara também.
Alexia (Toma um gole da bebida): Hum, tá quente!... Toma aí!
Dara (Pega a garrafa): Tá quente, mas o sabor é de vitória, bebê! (Também toma a bebida).
As duas vão revezando aos goles a garrafa.
Dara entra em uma trilha mais escondida da estrada. Para o carro.
Alexia: Que cê tá fazendo?
Dara: Sabe que eu gostei da noite de ontem?... Foi melhor do que com muito homem que eu já transei nessa vida!
Dara tira sua blusa.
Alexia: É?... Mas você ainda não viu nada do que eu sei fazer!
Dara: Então me mostra!... Me mostra, porque agora eu tô louca de curiosidade!
Corta:
Capô do carro.
Alexia está esparramada no capô do veículo, apenas com a parte de cima (da cintura) nua.
Dara vem em direção a ela, também com a parte de cima nua, com a garrafa de champanhe na mão. Ela tome mais um gole. Começa a se esfregar com Alexia.
Enquanto se beijam, ela vira a garrafa com a bebida, que começa a cair e escorrer pelo corpo das duas.
Vista aérea da cidade de Curitiba, noite.
Cena 04/Mansão de Constance/Int./Noite
Constance está saindo de casa, elegante, muito bem vestida.
Bruno (Está entrando): Mãe?
Constance (Pega sua bolsa no sofá): Bruno, querido, antes de mais perguntas, eu estou saindo pra me encontrar com a Marina e a Stella. Vamos ao shopping... Beijinhos!
Bruno: Tá... Bom passeio.
Constance (Saindo): Obrigada, amor.
Corta: Carro de Constance.
A perua arruma os óculos, se olha no espelho, repara o batom.
Constance (Olha para trás, a maleta está lá): Bom, tudo certo. (Romero liga, ela atende. Faz uma voz sedutora). Boa noite, garanhão.
Romero (Está em um restaurante): Hum, boa noite!... Preparada?
Constance: Eu é quem te pergunto, querido... Vai mesmo querer ver o circo pegar fogo?
Romero: Eu já não lhe disse que adoro fogo?... Se quiser pode até me chamar de capeta.
Constance (Ri): Não seja tolo!... Estou saindo, te espero lá!
Romero: Vou terminar de tomar meu bom e velho vinho e depois eu vou. (Desliga).
Cena 05/Fazenda/Galpão/Banheiro/Int./Noite
Alexia ainda está no chuveiro. Dara termina de se secar, se enrola na toalha.
Alexia: Eu ainda tô grudando champanhe!
Dara: E eu pensando que depois que saísse daquela cadeia nunca mais ia te ver, hein!
Alexia: Sabe que eu vou pensar na possibilidade de continuar com você?
Dara (Ri): Quem é que não gosta do perigo, né?
Alexia (Desliga o chuveiro, pega a toalha): Quem diria... Acabamos em sexo duas vezes em menos de 24 horas! (Ri).
Dara: Pra bater um recorde de três não é difícil pra mim!
Alexia: Mas e aí, como será que tá o policial?
Dara: Policial?... Qual deles?
Alexia: Quer saber?!... Sei lá!... Quem foi que mandou se meter com a gente!
Dara (Bate na bunda da mulher): Vai logo se vestir!
Cena 06/Hospital/Corredor/Sala de espera/Int./Noite
O médico sai da sala.
Angélica (Sentada na cadeira, esperando; levanta-se): E aí, Doutor?
Médico: A senhora pode ficar tranquila, não foi nada muito grave! Ele apenas levou ferimentos na região atingida, mas nada que cause algum dano maligno. O colete ajudou muito com isso.
Angélica: Ah, que bom saber!
Médico: Bem, as balas já foram retiradas, ele está sendo cuidado e vai precisar de repouso! Aqui no hospital por enquanto, e, mais tarde, vai poder ir pra casa descansar.
Angélica (Preocupada): Certo! Que bom, que bom!... Mas e os outros policiais?
Médico: As balas que atingiram o corpo deles também já foram retiradas, será o mesmo processo que o Tenente Guerra... Apenas precisarão de repouso! Apenas repouso!
Angélica: Que bom!... Muito obrigada, doutor... Será que eu poderia ver ele?
Médico: Sim, a senhora pode fazer uma rápida visita.
Corta: Sala de internação.
Médico (Abre a porta): Tenho visita pra você!
Angélica entra.
Médico: Vou deixa-los a sós.
Angélica: Obrigada!... Ei, e aí, como você tá? (Vai até a maca) Passa a mão na cabeça de Guerra.
Guerra: Eu tô bem. Só um pouco fraco... Obrigado!
Angélica: De quê?... Eu só fiz o que faria pra qualquer um... Quer dizer, você não é qualquer um.
Guerra apenas sorri.
Angélica (Aproxima seu rosto ao de Guerra): A gente vai concluir essa operação! Você vai ter que repousar, mas eu vou terminar por você!... Eu e o Rex!
Guerra sorri novamente. Os dois se olham fixamente, devagar Angélica começa a aproximar seus lábios aos de Guerra, os dois se beijam novamente.
Cena 07/Casa de praia de Constance/Garagem/Ext./Noite
Constance manobra seu carro, estaciona.
Pega sua bolsa e a maleta, sai do veículo.
Corta: Casa de praia/Suíte/Int./Noite
Constance (Guarda a maleta no guarda roupas): Você vai ficar aqui escondidinha pra mamãe! (Fecha a porta).
Constance senta na cama, tira os sapatos e a roupa, está de lingerie. Pega sua maquiagem, vai até o banheiro. Se embeleza, retoca o batom e o rosto.
Vai à sala de jantar. Escolhe a dedo um vinho, tira-o da adega. Pega uma taça. Abre a garrafa, se serve. Coloca algumas pedras de gelo. Saboreia a bebida.
Corta:
Constance relaxa na banheira, cheia de espumas. Saboreia aos poucos o seu vinho.
Alguém bate na porta do quarto. Ela se levanta da banheira, tira o excesso de espuma do corpo, veste seu robe.
Vai atender à porta, destranca e abre-a. É Romero.
Constance: Sentiu saudades?
Romero: Você nem imagina como! (Agarra-a por trás, beija o pescoço da megera).
Constance: Até que não demorou!... Precisava de uma companhia para o vinho.
Romero (Fecha a porta): Eu estava louco de saudades! (Eles vão indo em direção à cama) E nem faz tanto tempo que nós vimos! (Joga Constance na cama, sobe em cima dela, beijando-a).  
Constance (Ri): Pra que tanta pressa? (Afasta-o de si)... Se temos a noite toda ainda?!... Antes precisamos resolver nossas pequenas pendências.
Ela levanta-se, pega sua taça e a de Romero e serve ao homem.
Romero (Tira sua camisa): Então, conseguiu a grana?
Constance: Eu não gosto nem um pouco dessa palavra quando está na mesma frase que a minha pessoa!... Sabe que ainda estou chateada? Dinheiro sempre foi uma das coisas mais preciosas pra mim.
Romero: Então você não precisa mais de empréstimos?
Constance (Ri): Me diga qual é o rico que não meche com qualquer tipo de dinheiro?... Aliás, não vai pegar a maleta?
Romero: Claro!... (Ele pega a maleta encostada no canto da parede, abre-a).
Constance (Sorri enigmaticamente): Ah, esse cheiro é incomparável! Você também não sente esse aroma? (Ela pega sua maleta no guarda roupa, coloca na cama, fechada).
Romero: Aroma? (Ri) Do que você tá falando?
Constance (Toma um gole do vinho): Hum, um brinde a nós! Um brinde à minha vitória! (Os dois brindam). Sabe que eu nunca gostei de ser desafiada? Odeio quando as pessoas se intrometem demais em assuntos que não os convém!
Romero: Aonde exatamente você quer chegar, Constance? Que tipo de assunto é esse?
Constance (Se aproxima de Romero, passa a mão na barriga dele e sobe-a, indo para os lábios): Não precisa entender sempre tudo o que eu digo. Eu nunca fui um livro aberto! Sempre tive camadas, mistérios, verdades secretas! (Empurra Romero para a cama, joga-o e sobe em cima dele) Mas já que você faz tanta questão de entender, tudo bem... Romero, querido, eu nunca gostei de ser chantageada, ou que as pessoas me fizessem cobranças, ou então tentassem passar por cima de mim e tirar proveito disso!... Você acha que eu sou idiota?... Acha que eu não desconfiei desde os últimos meses que você andava me fazendo cobranças? Não cobranças diretas como a última... Descobriu que eu estava jogando e tendo dívidas, né?... Gastando além do que podia e comprometendo o nome do meu filho... Mas tudo isso pra quê?... Pra me fazer qualquer chantagem barata pra você se dar bem em cima da minha desgraça?
Romero (Fica tenso): Eu não sei do que você tá falando.
Constance (Gargalha, deboche): Sabe!... Sabe sim!... Você me testou Romero!... Queria apenas ter certeza da minha situação, ter certeza de que hoje eu não traria dinheiro algum e me chantagear com isso! (Sai de cima do homem, levanta-se) Olha que eu não imaginava que fosse tão esperto assim, meu querido!... Mas é só por um pequeno detalhezinho que você não vai chegar aonde quer!
Romero (Não gosta nem um pouco da conversa): Que detalhe?
Constance: Você só não é mais esperto que eu! (Abre a maleta, tira alguns papéis sulfite) E sim, não trouxe dinheiro algum!... Mas pra não ficar tão feio assim, digamos que eu tenha cumprido cinquenta por cento do que prometi!... Você disse que gosta de brincar com fogo! Que gosta do perigo!... E eu, te prometi uma noite quente e calorosa! (Termina de tomar o vinho, coloca a taça na mesa, pega a arma da maleta, aponta para Romero, que está na cama, se desespera) E você vai ter essa noite!... Se quis brincar com o fogo, eu lhe dou a passagem para o inferno! (Atira em Romero, acerta o peito do homem, geme de dor, começa a jorrar sangue). Eu vou sentir falta de você! O nosso sexo era quase perfeito!... Só não ao ponto máximo porque eu precisava contratar um michê pra satisfazer o pouquinho que você não conseguia! (Solta outro tiro)... Me desculpe querido, mas a minha lei é que se alguém tenta me derrubar, eu caio, mas eu caio por cima!... E caio pra matar! (Aperta o gatilho e lança o terceiro tiro).
Romero morre. Jogado na cama, com o sangue escorrendo sobre seu corpo.
Constance coloca a arma na maleta, fecha-a. Abre o guarda-roupa, pega um lençol, estende no chão, pega o corpo de Romero e deita no piso, arrastando-o para o lençol e enrolando o recém-defunto. Embrulha todo o corpo.
Corta para:
Constance arrasta o corpo de Romero para fora, puxando-o pelos pés.
Pega as chaves do carro no bolso do robe, abre o porta malas. Ela aproxima o corpo ao carro.
Corta:
Constance se olha no espelho, terminando de se arrumar. Bem vestida, maquiada, com os lábios bem vermelhos, mexe o cabelo.
Ela pega todos os forros da cama, enrola e joga no chão. O colchão está todo ensanguentado. Vira-o do lado contrário. O restante do quarto está bem organizado.
Ela pega os forros de cama e sai com eles.
Corta:
Coloca os panos no porta malas, junto ao corpo do homem. Joga a bolsa e a maleta no banco de trás.
Entra no carro, liga-o e vai embora da casa.
Cena 08/Fazenda/Galpão/Int./Madrugada
Alexia e Dara estão dormindo, deitadas nos colchões no chão.
Luzes começam a iluminar todo o interior do galpão. Dara abre os olhos aos poucos, com a iluminação batendo em sua cara. Ela acorda, se assusta.
Dara (Acorda Alexia): Alexia!... Alexia! Tem alguém aqui!... Acorda!
Alexia (Acorda sonolenta): Quê?... Alguém?
Dara: Olha as luzes lá fora! É um carro!
Alexia (Olha para Dara espantada): As armas!
Corta:
Cena 09/Fazenda/Ext./Madrugada
Dara e Alexia espiam escondidas as estranhas movimentações na fazenda.
O carro é desligado, os faróis estão ligados, próximo ao milharal.
Dara e Alexia percebem que alguém vai sair, fazem um sinal com a cabeça. Correm em direção ao veículo com as armas apontadas. A porta é aberta, Constance sai.
Dara: Parado aí! Mão pra cima!... Quieto!
Constance se assusta, grita, levanta as mãos.
Dara (Se espanta): Constance?
Constance (Surpresa): Dara?
Dara (Vai baixando a arma lentamente, ainda surpresa): Constance... O que você tá fazendo aqui essa hora?
Constance: Eu é quem te pergunto o que você tá fazendo aqui!... Eu imaginei que não fosse te ver por um bom tempo!
Dara: Não me diga que você não sabia que eu fugi da cadeia?
Constance: E o que o Bruno teria com isso?
Dara: Entra! Eu te explico no galpão!
Corta:
Cena 10/Fazenda/Galpão/Int./Madrugada
As três estão sentadas, conversando.
Constance: Sabe que faz tanto tempo que eu não tenho esse tipo de conversa com o Bruno que nunca pensei em tocar no assunto!
Dara: Pois é!... Mas é por pouco tempo que a gente vai ficar aqui. É o tempo de a gente fazer a poeira baixar e despistar a polícia.
Constance: As fazendas!... O Bruno não pode envolvê-las assim!
Dara (Ri): Constance, não seja ridícula! O Bruno se envolve com coisas tão piores pra bancar todos os seus gastos!
Constance: O Bruno sequer nunca precisou me dar uma moeda, Dara!... O meu dinheiro é todo/
Dara (Corta-a, deboche): Do seu viúvo!... É isso que você sempre foi, Constance, uma parasita!... Mas enfim, o que VOCÊ tá fazendo aqui essa hora da noite?... Boa coisa aposto que não é.
Constance: Bom, já que vocês me viram e estão aqui, vão ter que me ajudar!
Alexia: Ajudar com que, Dona?
Constance: ...É um corpo!
Dara: Corpo?
Corta:
Cena 11/Fazenda/Plantação/Milharal/Ext./Madrugada
Dara e Constance seguem arrastando o corpo do homem até o interior do milharal.
Dara: Eu não acredito!... Não acredito que tô fazendo isso!... É impressionante como eu não consigo ficar longe de nada que não seja nenhum crime!
Constance: Eu pensei que você já tivesse assumido essa vida, Dara!... Nós nascemos pra isso, meu bem!
As duas chegam com o homem até Alexia, que está apoiada em uma pá, cansada, com uma cova raso-intermediária feita.
Alexia: E aí, assim tá bom?
Constance (Examina a cova): É o suficiente!... Vamos!... Me ajudem a colocar o corpo aí dentro!
Elas empurram o homem para o buraco, que cai dentro da terra, feito uma fruta podre, enrolado no lençol.
Alexia da uma pá para cada uma das duas.
Constance: Enterrem! (As três começam a tapar o buraco)... Eu terei o mesmo destino que você, Romero!... A diferença é que você foi primeiro, e eu, eu venci!... Mais uma vez! E é esse o sabor que a vida me dá enquanto eu a aproveito: vitória! (Gargalha debochadamente e cospe no corpo).
Corta:
Cena 12/Mansão de Constance/Suíte/Int./Madrugada
Constance chega exausta em seu quarto, tranca a porta, tira os sapatos e joga a bolsa na cama.
Constance (Suspira): Eu nunca achei que matar alguém fosse tão cansativo!... Morta estou eu!
Tira suas roupas, jogando-as no chão.
Ela abre seu guarda roupas, puxa uma gaveta e a coloca na cama. Pega um pano e tira a arma da bolsa, enrola-a.
Constance: Você vai ficar bem guardadinha aqui até que eu possa me livrar de uma vez por todas de você! (Ela guarda a arma e coloca um tampão sobre a gaveta, forra peças de roupa em cima para disfarçar).
Constance: Ótimo! (Vai para o banheiro, tirando suas roupas íntimas, se olha no espelho) Agora eu irei tomar um bom banho de espumas e descansar!... (Conversando com si mesma, se olhando por eu reflexo) Que noite calorosa!... Deve ser o inferno torrando você, Romero! (Gargalha).
Vista da cidade de Curitiba, transição da noite para o dia.
Cena 13/Delegacia/Sala de Fausto/Int./Manhã
Fausto e Angélica discutem operações com um mapa estendido na mesa.
Policial (Abre a porta): Com licença, Delegado... O Delegado Carlos está aqui.
Fausto: Claro, mande-o entrar!
Carlos (Entra): Com licença!
Angélica (Cumprimenta-o).
Fausto: Pois não! Como vai, delegado? (Cumprimenta-o).
Carlos: Eu vim pessoalmente aqui, Fausto, porque nós temos algumas suspeitas de agentes do presídio que contribuíram na fuga!... Mas não é isso!... O advogado de Dandara Leão, o Dr. Enrique Amaral fez algumas visitações a ela nos últimos dias.
Fausto: Claro!... E depois disso não houve mais contato entre presídio e ele?
Carlos: Não!... Nenhum!
Angélica: Convoque-o para depoimentos! Ele com certeza tem qualquer relação, qualquer suspeita de envolvimento!... Delegado, essas investigações no presídio estão muito lentas! Nós precisamos de mais dados, de mais coletas! Não temos quase nada que possa nos dar algum recurso!
Carlos: Eu entendo a pressa, mas também é difícil pra nós!... Se há envolvimento de alguma agente isso é muito bem elaborado! É tudo feito aos detalhes! Temos que tomar cuidado! Eles são tão cautelosos como nós!... Principalmente estando transitando no nosso meio!
Angélica (Abaixa a cabeça): Compreendo!
Policial (Interrompe novamente): Delegado Fausto, nós temos uma denúncia!
Fausto: Denúncia? Há relações com a operação?
Policial: Aparentemente não, senhor!
Fausto se entreolha com Angélica.
Cena 14/Sala de denúncias/Int./Manhã
Fausto: Por favor, sente-se senhorita... (Tenta lembrar o nome da moça).
Lívia: É Lívia, delegado!... Lívia Batista.
Delegado: Senhorita Lívia, por favor, fique à vontade!
Lívia (Engole a seco, nervosa): Bom, delegado, eu vim aqui pra fazer uma denúncia na área da saúde!... Eu sou enfermeira no hospital municipal aqui da cidade, e eu quero denunciar o diretor do hospital! (Fica trêmula, com medo) Bruno Garcia D’Ávila.
Fausto: Sim, isso é muito importante pra nós!... Continue, por favor! O hospital já estava sendo investigado! Isso enriquecerá as investigações!
Lívia: Eu sei de esquemas de corrupção daquele hospital, Delegado!... O Dr. Bruno é envolvido por lavagem de dinheiro público do hospital!... (Engasgando, fala aos poucos) E eu sei disso porque eu já fui cúmplice pra me manter calada!
Fausto se entreolha com outro funcionário, sério.
Corta:
Cena 15/Hosp. Munic. Curitiba/Int./Dia
A polícia chega ao hospital. Eles vão até a diretoria.
Secretária: Posso ajuda-los?
Fausto: Dr. Bruno Garcia!
Secretária (Estranha a presença): O Dr. Bruno ainda não chegou, Delegado. O senhor quer que eu/
Fausto (Corta-a): Dr. Gustavo Ferrari!
Secretária: É a primeira sala no corredor, Delegado!
Fausto e os policiais viram as costas e vão até a sala, abrem a porta.
Gustavo é pego de surpresa, está em seu computador.
Fausto: Dr. Gustavo Ferrari, o senhor está sendo acusado de envolvimento à corrupção!... Lavagem de dinheiro!... Por favor, venha com a gente!
Gustavo (Se levanta, surpreso): Mas o que é isso? Que absurdo é esse?... O que está acontecendo aqui?
Fausto: Isso quem deve explicar é o senhor!... Vamos!
(Os policiais o pegam pelos braços, ele é levado).
Nos corredores Gustavo é vaiado pelas pessoas.
A secretária de Bruno vê de longe toda a movimentação. Pega o telefone. Liga para Bruno.
Bruno (Do outro lado da linha, atende. Está pronto para sair): Oi, Tânia.
Tânia: Dr. Bruno, a polícia acabou de sair daqui do hospital!... Levou o Dr. Gustavo.
Bruno (Se desespera): O quê?... Você falou alguma coisa sobre mim?
Tânia: Apenas disse que o senhor não havia chegado.
Bruno: Fez bem!... Se voltarem não diga absolutamente nada! Eu estou inativo! Não conseguiu nenhuma comunicação comigo hoje!
Tânia: Certo!
Corta: Mansão de Constance
Bruno (Desliga): Droga!... Lívia!... Vagabunda!
Bruno (Sobe as escadas, depressa, bate na porta do quarto de Constance): Mãe, mãe, abre essa porta!... Abre a porta!
Constance (Está acabada, metade do corpo no chão, metade na cama, com uma garrafa de uísque ao lado; resmunga): Oi.
Bruno (Nervoso): Abre essa porta, mãe! Abre logo!
Constance se levanta zonza, desnorteada. Pega a garrafa e esconde. Vai abrir a porta.
Cena 16/Delegacia/Int./Dia
Fausto: Essa acusação é séria!... Muito séria!... Nós precisamos investigar isso!... Sidnei, ache qualquer coisa que tenha relevância pra investigações práticas! Qualquer imóvel, carro, qualquer coisa!
Angélica: Fausto, as investigações da fuga não podem parar!
Fausto: E quem disse que vão?... Meu trabalho agora será dobrado, mas eu não posso tomar conta de tudo sozinho!... Angélica, você é a responsável pelo caso da fuga! Nós temos profissionais eficazes o suficiente nessa operação para dar conta dela!
Angélica: Entendido, Delegado!
Cena 17/Mansão de Enrique/Int./Dia
Enrique (Falando ao telefone): Delegacia?... Entendido, estou indo! (Ele desliga o aparelho) Droga!... Com certeza é sobre a Dara! Se não quiseram falar o que é com certeza é isso! (Junta suas coisas)... Dara, Dara... A casa vai cair, e eu não vou estar dentro quando ela desabar! Se o mundo é para os espertos, eu o usarei a meu favor!
Ele sai.
Cena 18/Mansão de Constance/Suíte/Int./Dia
Constance (Espantada): Bruno, descobrindo? Como assim?... Você precisa fazer alguma coisa! Vai ter que fugir, meu filho! Eles não podem te pegar! Não podem descobrir nada!
Bruno: Eu sei, mãe! Eu vou fugir, mas não ainda! Eu tenho alguns assuntos pra tratar... Eu só preciso me manter distante da polícia!...
Constance: Como é que isso pode acontecer, Bruno?... Alguém deve ter te entregado! É isso!... Só pode!
Bruno: Eu tenho certeza de quem foi! E quem foi vai me pagar muito caro!... E você, evite sair de casa por enquanto!... Essa casa precisa se manter silenciosa, sem nenhum movimento!... Nós vamos ficar aqui!
Constance: Trancados? Não, não!... Eu não posso! Bruno, eu não/
Bruno (Corta-a, em desespero): Mãe, se eu cair, você cai! Essa casa cai, sua vida cai, a nossa vida, as suas e as minhas mordomias!... Esse jogo não é só meu!
Constance coloca a mão no rosto, pensativa, suspira.
Cena 19/Casa de Lívia/Quarto/Int./Dia
Lívia anda de um lado para o outro, atordoada, nervosa.
Seu celular toca. Ela vê quem é: Bruno. Deixa tocar, tensa.
A moça tranca a janela do quarto e sai pela casa, fechando tudo.
Lívia: Nem se atreva a vir até mim, seu cafajeste! Eu acabo com você!
Cena 20/Delegacia/Ext./Dia
Enrique estaciona o carro, pega sua maleta e sai.
Corta:
Enrique (Entra na delegacia): Bom dia, me ligaram daqui... Enrique Amaral!
Secretária: Só um momento, por favor! (Ela pega o telefone, disca um número) Dona Angélica?... Ele chegou... Certo!... O senhor pode ir!... É a terceira sala à esquerda.
Enrique: Obrigado! (Enrique respira fundo, engole a seco, se dirige à sala).
Corta:
Angélica está sentada à mesa, relaxada.
Enrique (Entra, a porta está aberta): Com licença.
Angélica: Fique à vontade. Sente-se, por favor!
Enrique: Pois não.
Angélica: Bom, vamos começar abrindo o jogo!... Eu imagino que o senhor saiba o motivo de estar aqui... Ou pelo menos desconfia.
Enrique: Eu acredito que saiba do que se trate.
Angélica: Ótimo!... Agente Angélica, muito prazer!... Bom, sendo mais direta, o que o senhor tem pra me dizer sobre a fuga de Dandara Leão?
Enrique: Eu confesso que fiquei surpreso, espantado.
Angélica: Surpreso?... O senhor admite que esteve no presídio dias antes da fuga acontecer?
Enrique: Sim, claro... A minha cliente havia me ligado nos últimos dias, me pediu informações sobre sua situação na cadeia.
Angélica: E que tipo de informações são essas?
Enrique: Ela estava interessada em saber quando seria seu julgamento, possibilidades de redução de pena, coisas que interessasse em sua liberdade.
Angélica: E o senhor acha que esse tipo de informação possa ter alguma relação com a fuga dela?
Enrique: Acredito que não!... Na verdade isso pode passar apenas de uma coincidência!... É absolutamente normal que os clientes façam esses tipos de questionamentos!
Angélica: O senhor deve imaginar que é um suspeito de envolvimento e cumplicidade na fuga de Dandara Leão e Alexia Pretto... Juntamos algumas informações que poderiam ser úteis, como as visitações que o senhor/
Enrique (Corta-a): Eu reafirmo que sejam coincidências!... As informações que ela me questionava talvez possam sim ter alguma concordância e relação coma fuga dela, mas não o meu envolvimento!
Angélica: E como o senhor pode me provar isso?... Sequer deu qualquer notícia à polícia após a fuga de sua cliente!... Eu tenho informações de que o senhor estava bem ativo no caso da pena de Dandara Leão!... E agora/
Enrique (Corta-a novamente): Ora, não nos coloque nesse tipo de situação, minha cara!... É claro que eu estava ativo, eu fui pago pra isso! (Debocha) É isso que um advogado faz!
Angélica: Não fuja do que eu estou falando!... Até porque pra quem se mostrou tão profissional no caso e de repente desaparece é um tanto suspeito, não acha?... (Ironiza) Ou seria mais uma coincidência?
Enrique: A senhora tenta agilizar seu serviço com relações de coincidências e hipóteses que não se fortalecem, ideias e suposições sem nenhum amadurecimento.
Angélica (Aumenta seu tom): Ficaria muito mais fácil se o senhor contribuísse conosco!... Me dê provas de que não são apenas coincidências!
Enrique (Se altera também): Bem, eu sinto em lamentar, mas tenho que lhe dizer que esse serviço é seu, da polícia!
Angélica (Abaixa a cabeça, sem esperanças): Bom, eu já vi que não poderemos fluir muito, não é?... De qualquer forma, sabe de mais alguma coisa?
Enrique: Nada mais a declarar!... Estou liberado?
Angélica: Claro... (Enrique vai se levantando) Eu espero que o senhor saiba que eu não caí nesse jogo!... Que nós ainda vamos nos trombar! E o senhor ainda terá que voltar aqui!
Enrique (Ironiza): Pra mim será um prazer... Quem sabe na próxima vez seus pressupostos já não estejam mais maduros e profundos? (Ele sai).
Angélica apenas segue-o com o olhar, pensativa.
Corta para: outra sala de depoimentos da delegacia.
Fausto (Interroga Gustavo): Então, o que o senhor tem pra me dizer com base nessas denúncias envolvendo o senhor?
Gustavo: Doutor, não há prova alguma sobre o caso (Da uma risada nervosa), podem não passar de injúrias!
Fausto: Injúrias... Bom, mas tal denunciador envolve o próprio nome, e diz que teve relações!... Mesmo assim o senhor continua a negar?
Gustavo (Olha para os lados, inquieto, nervoso, tenso): Eu não admito nada, delegado! Não há nenhuma prova contra mim! E exijo provas sólidas contra essas denúncias!
Fausto: Isso o senhor não tenha dúvidas de que vamos fazer, mas esse trabalho deixe pra nós que a gente resolve!... A única coisa que o senhor vai contribuir nos ajudando é abrir o jogo!
Rivera (Interrompe Fausto): Com licença, delegado... Nós obtivemos algumas informações sobre algumas terras que envolvem o nome do denunciado. Em uma delas o nome de Bruno Garcia é envolvido também! (Entrega alguns papéis para Fausto). Não há nome deles em nenhuma das propriedades que foram encontradas, mas há relações de negócios entre eles e os donos.
Fausto: Obrigado, Rivera!... Bom, se o senhor não fala, algo vem até a gente! (Folheia os papéis)... Vamos ver... (Lê um trecho da folha) Hum, fazendas no sul do estado e na divisa com Santa Catarina... O senhor tem conhecimento dessas fazendas?
Gustavo: Sim, elas pertencem a colegas.
Fausto:... “Colegas”... Bom, e sobre relações de negócios nas fazendas? Que tipos de negócios seriam esses?
Gustavo: São apenas alguns investimentos nas fazendas, delegado!... Tudo pela produtividade dessas fazendas.
Fausto: Bom, então deve ser um dinheiro alto!... Nós vamos levar um pequeno tempo pra investigar melhor esses locais, estão longe daqui... O senhor tem conhecimento de mais alguma outra terra que envolva seu nome?
Gustavo (Engasgando): Eu tinha uma pequena propriedade, delegado, que vendi para o pai do Dr. Bruno quando era vivo...
Fausto: E onde ela se localiza?
Gustavo: É na estrada saindo de Curitiba, delegado.
Fausto: Ótimo, o senhor vai me passar a localização exata!
Cena 21/Fazenda/Galpão/Int./Dia
Dara e Alexia comem, sentadas no chão.
Dara (De boca cheia): Hum, o Bruno nunca mais ligou, nem mandou notícia!... Tu tá ligada que ele ainda precisa me dar o dinheiro da encomenda que eu deixei lá, né!... Inclusive eu deveria era cobrar mais!... Aquilo me saiu bem mais caro!
Alexia (Ri): Mó perrengue que a gente tá passando, hein! Na cola da polícia!... Se não pegou, também não pega mais!
O celular de Dara toca.
Dara (Pega o aparelho): É o Enrique! (Atende). Fala Enrique.
Enrique: Dara, o assunto é sério! A casca tá engrossando! Eu acabei de sair da delegacia! Eu fui intimado pra depor lá!
Dara: Intimado?!... E aí?
Enrique: Eu enrolei como eu pude, se eu não desse um basta naquele assunto ela ia conseguir tirar alguma coisa!... Eu me preveni pra não deixar vazar qualquer coisa.
Dara: Enrique, não dê nenhuma informação!... Nenhuma! Uma hora eles vão colocar você contra a parede!
Enrique: Isso já tá acontecendo, Dara!... O Bruno acabou de me ligar e disse que foi denunciado! A polícia foi no hospital! Levaram o vice-diretor!
Dara: Enrique, o que a gente vai fazer? A gente não pode mais ficar aqui!
Enrique: Eu te liguei pra isso, vocês precisam sair daí agora! A polícia está indo investigar a fazenda! As propriedades do Bruno estão sendo investigadas!
Dara (Desesperada): Enrique, pra onde a gente vai?
Enrique: Juntem tudo e venham pra cá!... Vocês não podem ficar aqui, mas eu já sei pra onde vocês irão!
Ele desliga.
Dara, em desespero, se levanta, sai correndo para juntar suas coisas.
Alexia: Dara, o que foi?... Descobriram da gente?
Dara: Não! Mas está por um triz!... O Bruno tá sendo investigado!... O Enrique foi depor!
Alexia (Arregala os olhos): A casa vai cair, Dara!... Vai cair!
Dara: Ei, escuta aqui, a casa não vai cair!... A gente se manda pra cidade, se entoca em algum lugar e esse vai ser o tempo pro Enrique achar alguma coisa pra gente se mandar daqui!... Junta suas coisas, anda!
Alexia começa a colocar suas coisas na mochila.
Dara: Não esquece a máscara! Coloca o disfarce!
As duas começam a colocar seus disfarces, põem as perucas e as máscaras.
Elas juntam as mochilas e o resto das coisas. Saem depressa.
Sem perceber, voa uma pequena fotografia do bolso de Alexia, com sua roupa de prisão.
Corta: Fazenda/Ext.
As duas colocam as coisas no porta-malas do carro, entram no veículo e saem depressa.
Dara dirige. Ela corta por um atalho, uma pequena estrada de terra entre um canavial.
Cena 22/Delegacia/Ext./Dia
Os veículos policiais vão saindo da delegacia em alta velocidade.
Corta:
Fausto (Anda apressado nos corredores da delegacia): Angélica, eu estou indo investigar o caso do hospital! Tome conta da fuga!
Angélica: Às ordens, delegado! Tenham uma excelente missão!
Cena 23/Hospital/Sala de recuperação/Int./Dia
Angélica (Entra na sala, Guerra está assistindo): Oi!
Guerra: Ei!... Que surpresa!
Os dois se abraçam, Angélica vai beijá-lo no rosto, eles se entreolham, riem e beijam-se na boca.
Guerra: E aí, como estão as coisas lá na delegacia?
Angélica: Um turbilhão!... Agora o Fausto tem um novo caso...
Guerra: Caso? Que caso?
Angélica: Houve uma denúncia de lavagem de dinheiro no hospital aqui da cidade, eles apreenderam um dos médicos, agora estão investigando algumas coisas...
Guerra: E a fuga? Como ficou?
Angélica (Se anima): Adivinha quem foi que ficou responsável pelo caso?!
Guerra: Humm... Deixa eu pensar... É claro que você!
Angélica (Ri, empolgada): Você sabe que se estivesse lá esse título seria seu, né?
Guerra: Mas é claro que eu sei!... E não tenho nenhuma preocupação com isso! Sabe por quê?
Angélica (Sorriso de canto de boca): Por quê?
Guerra: Porque simplesmente a pessoa que ocupou meu lugar é perfeita pra isso!... Eu te dou de olhos fechados!
Angélica (Ri, beija-o): E sabe que eu vou fazer isso por você, né? A gente vai vencer isso!
Guerra: Com você no comando agora?... Eu não tenho dúvidas!
Angélica sorri e os dois se beijam novamente.
Cena 24/Pista/Curitiba/Carro/Int./Dia
Dara vai dirigindo o veículo aumentando a velocidade. A pista está vazia.
Alexia: A gente vai pra casa do Enrique?... Mas e o carro?
Dara: Mudança de planos!... A gente vai direto pra Santa Cruz! (Ri).
Corta: Fazenda/Ext.
As viaturas chegam à fazenda, estacionam. Os policiais descem rapidamente.
Fausto: Vasculhando, vasculhando! Vamos, vamos!
Os policiais soltam dois cães que fazem o acompanhamento e os animais correm pela fazenda, junto aos policiais.
Eles investigam tudo o que podem da fazenda. O galpão chama a atenção.
Saulo: Fausto vem ver aqui!
Fausto (Examina o galpão): Abra! Vamos ver o que tem dentro.
Saulo: Estoura o cadeado?
Fausto: Vai ser o único jeito de entrar!
Saulo atira no objeto, que quebra.
Eles abrem o portão do galpão. É imenso. Há vários materiais lá dentro. Os dois examinam o espaço e vasculham as repartições dele.
Corta: ext.
Um dos cães corre pela fazenda, cheirando diversos lugares. Ele para em frente ao milharal. Late por alguns instantes. Entra na plantação. Farejando o solo, o cachorro para aonde foi enterrado o corpo de Romero. Cava um pouco a terra. O animal volta para os policiais correndo.
Corta: Galpão/int.
Fausto: Eu acho que aqui não vai ter nada, Saulo!
Saulo investiga uma repartição do local, examina. Não há nada.  Ele sai e se depara com algo no chão: a fotografia que Alexia deixara cair.
O policial pega o papel, se surpreende.
Saulo: Fausto vem ver só o que eu achei.
Fausto: Então nós dois achamos! Porque eu acabei de encontrar algo incomum!
Saulo vai até o delegado.
Fausto examina dois colchões escondidos atrás de um trator.
Saulo: Olha isso aqui! (Mostra o retrato da fugitiva).
Fausto (Surpreso): É isso!... Xeque! Elas estavam aqui!... Estavam aqui!... Bruno Garcia é envolvido com a fuga das presas!
Policial (Chama do portão): Delegado, achamos uma coisa!... E é sério!
Fausto e Saulo se olham tensos. Saem.
Corta: ext.
Fausto (Corre, acompanhando o policial): O que é dessa vez?
Eles param em frente o milharal.
Fausto: Por que tá todo mundo aqui?
Policial: Entra!
Os três entram na plantação. Fausto na frente.
Um dos cachorros late para o chão, e à medida que Fausto se aproxima, vê um buraco no solo, e então um corpo enterrado.
Fausto (Espantado): Mas que absurdo é esse?
Policial: Um dos cachorros encontrou isso! O corpo é recente!
Fausto (Se entreolha com Saulo): Foram elas!... Chamem o IML!... Tirem esse corpo daqui!
Cena 25/Avenida de acesso ao morro de Santa Cruz/Carro/Int./Dia
Dara manobra o carro e entra no morro, sobe com o veículo à comunidade.
Alexia: Cê não acha arriscado mesmo fazer isso?
Dara: Eu não sei o que você quer dizer com arriscado!... A gente não tem opção pra nada não! (Dara estaciona o veículo, sai).
Bira (Vem descendo as escadas com mais dois traficantes, de encontro às mulheres): E aí parceiro, olha só aqui o que a gente tem pra hoje!
Dara: Fala aí!
Alexia: A gente precisa de ajuda!... ‘Tão’ na cola da gente!... A gente vai precisar se esconder aqui!
Bira: Se esconder aqui, princesa?... Tu já deu um bom gasto pra gente quando ficou aqui, né não?
Alexia: Eu sei, eu sei... Bira é uma emergência! Eu pago, se precisar!... Ou então a gente vai pra outro morro.
Bira: Não tem nada de outro morro não!... Se um dia eu falei que ia te ajudar é que eu cumpro com o que eu falo! Aqui é homem de honra!... ‘Nóis’ ajuda sim e aqui ninguém que não seja bem vindo não vai entrar não!
Alexia (Se alivia): Ah, valeu de novo, Bira! A gente não tem pra onde correr mais, não! Precisamos arrumar um jeito de sair desse país logo.
Bira: Fica tranquila que aqui tu é nossa, tá com a gente, tá na proteção, gata!... E a madame aí?
Dara: Prazer, Dandara!
Bira: O prazer é todo meu! Se tu não conhecia aqui seja muito bem vinda! Tu vai ser muito bem tratada, parceira!
Dara: Valeu aí, mas não precisa de tudo isso não! Eu só preciso de um buraco pra entrar e ficar!
Bira: Fica tranquila, madame! Aqui é garantia de serviço... Iraque mostra um ‘cafofo’ aí pra elas!... E tu guarda bem o carro, Mariano.
Dara entrega as chaves do veículo, elas saem com Iraque.
Cena 26/Delegacia/Int./Dia
Fausto anda pelos corredores da delegacia depressa, alvoroçado. Ele entra na sala de Angélica.
Angélica: Fausto?... E aí?
Fausto: Angélica, nós encontramos isso na fazenda! (Mostra a fotografia de Alexia). Elas estavam lá! Se esconderam lá! Bruno Garcia é cúmplice delas!
Angélica (Pasma): A gente precisa ir atrás dele! Urgente!
Cena 27/Mansão de Constance/Sala/Int./Dia
Bruno ajeita suas coisas, vai saindo.
Constance: Bruno, aonde você vai? Disse que não sairia hoje.
Bruno: Mas pra isso eu preciso! Vou acertar as contas com quem me denunciou!
Constance: Não, não você não pode sair!... E se te pegarem?!
Bruno: Não vão!... Eu volto logo!... Mas você não, nem pense em sair daqui!
Constance: Onde eles devem estar? Vão vir atrás de você!
Bruno: A fazenda, mãe!... A fazenda!
Constance (Se espanta): O que tem a fazenda?
Bruno: Estão investigando a fazenda!
Constance: A fazenda daqui?... Eles foram lá?
Bruno: Sim... A situação é séria!
Constance (Em desespero): Bruno, não, não, não!... Eles não deviam ter ido lá!... Não podiam!
Bruno: Por que todo esse espanto?
Constance (Se altera): Bruno, você vai mentir pra mim até quando com a gente nessa situação?... A Dara e outra mulher estavam lá! Eu as vi!
Bruno: Como?... Você foi à fazenda?
Constance (Começa a chorar): Eu matei o Romero ontem à noite Bruno, e enterrei o corpo lá!... Nós nos vimos lá e elas me ajudaram com o serviço!... A gente não tem mais chance! Nossa família está em declínio!
Bruno (Chocado): Você matou o Romero?... Eles devem ter descoberto do corpo! A essa altura já estão vindo atrás de mim!
Constance: Bruno, vão pensar que foi você! Eu não posso deixar isso acontecer!... Não posso!
Bruno: Fuja, mãe!... Você precisa fugir urgente! Compre qualquer passagem, arrume suas coisas e vá embora!... Eu assumo o crime! Já não tem mais jeito, eles vão conseguir me pegar a qualquer hora! A qualquer momento!... Você precisa ficar imune!... Pra me ajudar a sair da prisão, tá legal?
Constance (Em prantos, chorando): Não, não, não!
Bruno: A arma? Com que você matou ele?
Constance: Eu a guardei no guarda roupas. Escondi lá.
Bruno: Eu vou dar um jeito de sumir com isso!... Você precisa ir embora!... E eu vou resolver o que eu preciso!
Ele sai.
Constance se joga no chão, chorando em desespero.
Cena 28/Mansão de Enrique/Sala/Int./Dia
Enrique (Ao telefone): Dara, onde você tá?
Dara: Enrique, eu mudei de planos de última hora. Seria perigoso demais ir pra sua casa! Eu tô aqui em Santa Cruz.
Enrique: Santa Cruz?... Dara, o Bruno está aqui, ele deixou o dinheiro que te deve, você precisa arrumar um jeito de vir pra cá! Nós precisamos conversar!
Dara: Tá... Tá legal. Deixa a grana aí na sua casa, eu vou ver se consigo ir pra aí durante a noite!... Eu te ligo! A gente se fala!
Enrique: Tá certo. Tchau, beijo. (Ele desliga o celular).
Enrique (Debocha de Dara, ri sozinho): Imbecil! Você vai cair certinho na minha armadilha, Dara!... O jogo tá fechando, e eu não vou afundar com você! (Gargalha) Me desculpe, mas eu vou pegar tudo o que me pertence e fugir! (Sorri, maquiavélico).
Cena 29/Condomínio/Mansão de Constance/Rua/Ext.
Fausto sai da viatura, está acompanhado de Angélica. Vai até a porta da casa, toca a campainha.
Corta: int.
Constance tira suas roupas do guarda roupas, arrumando as malas. Ouve a campainha, atenta.
Constance: A polícia!... (Se desespera, coloca novamente suas roupas no guarda roupa, fecha-o; joga as malas em cima do móvel).
Vai até a sala atender a porta.
Constance (Abre-a): Pois não?
Fausto: Bruno Garcia se encontra, por favor?
Constance (Finge surpresa): Meu filho? Ele saiu hoje cedo e ainda não voltou. Aconteceu alguma coisa?
Fausto: A senhora sabe para onde ele foi?
Constance: Ele foi trabalhar... Mas por que o senhor quer saber? Está havendo algo?
Fausto: Nós temos um mandato para entrar na casa! (Pega o papel). Nós vamos entrar!
Constance: Tudo bem... Entrem.
Fausto e Angélica se dividem para direções opostas, vasculham a mansão.
Fausto: Onde ficam os quartos?
Constance: No andar de cima, por favor! (Acompanha-os). É o último quarto o dele.
Angélica abre a porta, não há ninguém. Vai ao banheiro, sem nada.
Fausto vasculha os outros quartos.
Constance apenas observa o movimento, apreensiva.
Cena 30/Casa de Lívia/Ext./Dia
Bruno estaciona seu carro. Pega sua maleta. Sai do veículo apressado.
O portão está trancado. Ele pula o muro, que é de baixa altura.
Puxa a maçaneta da porta, que está trancada.
De seu quarto, Lívia ouve o barulho. Vai até a sala, em silêncio, espia.
Bruno (Bate na porta): Lívia abre essa porta! Abre essa porta!
Lívia vai à cozinha, puxa uma gaveta, tira uma faca e coloca no bolso da calça. Volta até alguns metros da porta.
Lívia: Vai embora!... Ou eu chamo a polícia!
Bruno: Abre essa porta ou eu arrombo! (Batendo agressivamente).
Lívia: Vai devagar até a porta, destranca e se afasta.
Bruno entra, fecha-a.
Lívia: Fica longe de mim!...Eu não tô brincando! Eu chamo a polícia!
Bruno (Furioso): É claro que eu sei que você não está brincando! E não vai adiantar chamar a polícia, porque o estrago você já causou, sua vagabunda! (Ele vai em direção dela em pequenos passos, ela, vai se afastando).
Lívia: Eu disse que não ia mais me calar, Bruno! Agora eu já não te pertenço mais!
Bruno: Você é idiota! Estava tão envolvida quanto!
Lívia: Eu não ligo!... Eu já assumi meu envolvimento! Eu pago pelo que fiz!... Eu não podia mais deixar isso acontecer!... Você tem noção de quantas pessoas já matou na droga daquele corredor? Pessoas que já matou por falta de assistência?
Bruno: Ah, agora você se comove?... Agora você tem peninha?
Lívia: Você me chantageou desde o dia que eu coloquei meus pés naquele hospital, seu ordinário!
Bruno: Não se faça de vítima! Você sempre fez pelo dinheiro! Porque recebia caixinha! Desgraçada!
À medida que os dois andam, Lívia vai entrando no quarto, até que fica contra a parede, sem saída.
Bruno (Cara a cara com a moça): Você se acha perigosa, né? Achou que ia se livrar... Que eu não cumpriria com as minhas ameaças se você me denunciasse?!... Parece que você não quis me ouvir! Foi longe demais!... E agora, vai pagar o preço por isso! (Ele pega-a pelo pescoço e a enforca, agressivo). Que se dane se você morrer! O estrago já foi feito, isso não vai fazer ficar pior! (Lívia tenta se soltar, é sufocada) Mas a sensação de saber que você vai estar morta, fedendo, apodrecendo embaixo da terra já vai ser o suficiente pra mim! Vai morrer aqui, nos meus pés, pelas minhas próprias mãos!... E agora, só no final da vida é que você deve estar pensando em tudo, né?... É agora que o arrependimento vem, não é?... Poderia ter pensado antes! Você sabia que mexeria com o perigo! (A moça consegue colocar a mão no bolso da calça e pegar a faca. Não pensa duas vezes e a enfia no abdômen do homem).
Lívia tira a faca de dentro de Bruno, ensanguentada, ele vai caindo de joelhos no chão. Coloca o objeto mais uma vez dentro do homem, que geme pela dor. Ele cai no chão, com a faca fincada em seu peito, enquanto o sangue escorre e vê a morte chegar.
Lívia sai do quarto em desespero, vai à sala, pega o telefone. Liga para a polícia.
Cena 31/Mansão de Constance/Int./Dia
Angélica e Fausto terminam de vasculhar a casa, não há nada.
Fausto (Recebe uma ligação, atende): Oi?... O encontraram?... Ótimo, nós terminamos aqui. Me passa o endereço, estamos indo... Certo. (Desliga)... É, parece que achamos o filho da senhora!... Lamento que não saiba do que está havendo... Aguarde e a senhora saberá. Obrigado.
Fausto e Angélica vão embora. Constance os acompanha até a porta, tranca-a.
Constance (Debocha do policial para si): Imbecil!... Acha que eu não sei!... Quando descobrir de toda a história será tarde!
Ela corre para o quarto, voltando a arrumar suas malas.
Cena 32/Morro de Santa Cruz/Beco/Ext./Dia
Alexia está sentada em uma pequena tora de madeira, fumando.
Alzira chega.
Alexia: Demorou, hein!
Alzira: Desculpa aí.
Alexia se levanta, ela lasca um beijo de Alzira.
Alzira: E aí, qual foi?
Alexia: A coisa tá feia!... Vão me pegar se eu não sair daqui logo!... Eu tô planejando um esquema.
Alzira: Esquema?... Que esquema?
Alexia: A Dara tem uma boa grana que ela recebeu, e ainda vai receber mais um pouco... Esse dinheiro tá com ela, e é dinheiro vivo!
Alzira: Tu tá pensando em...
Alexia: É, roubar a grana e a gente vazar! Eu e você!... Fugir!... A casa tá caindo muito mais rápido pra ela do que pra mim! ‘Tão’ descobrindo os podres dos comparsas dela... Eu não posso ficar nesse barco!... Eu vou afundar junto!
Alzira: Tá, e como é que tu consegue essa grana?
Alexia: Talvez hoje à noite ela vai pra casa do advogado receber mais um pouco... Antes de ela ir eu pego um pouco da grana, a gente não precisa de tudo, é só uma boa quantia pra gente conseguir sair daqui e se virar no começo.
Alzira: Tô dentro!... E quando a gente vai?
Alexia: Depois que eu pegar o dinheiro eu termino o resto do plano e aí a gente foge.
Alzira (Ri): Tu é esperta mesmo, hein! Esse tempo todo enganando a madame pra se dar bem no fim!
Alexia (Ri): Nessa selva só sobrevive quem sabe caçar!
Alzira (Coloca Alexia contra a parede, seduz a mulher): E tu, vai me enganar, vai?
Alexia (Passa a mão no rosto de Alzira, indo para o pescoço e juntando o lábio da mulher com o seu; debocha): Sabe que eu ainda não pensei na ideia!... Quem sabe?
Alzira (Debochando): Cuidado pra não tomar do próprio veneno! (As duas se beijam e se esfregam).
Cena 33/Casa de Lívia/Ext./Dia
Há uma ambulância e alguns carros policiais na casa da mulher. Lívia chora, é consolada por policiais.
O corpo de Bruno é terminado de ser colocado na ambulância, que vai embora.
Angélica (Vai até Lívia, que está em prantos): A senhorita, me acompanhe até a viatura, por favor, na delegacia você se acalma e nós conversamos melhor.
Lívia (Lamenta-se): Ele tentou me enforcar, queria me matar, eu só me defendi!
Angélica: Por favor, acompanhem ela!
Os policiais levam a mulher até a viatura, que entra no carro.
Fausto (Sai de dentro da casa, conversa com Angélica): É muito sangue... O pescoço dela também está vermelho e com marcas... Acho que ela não é culpada. Poderá alegar legítima defesa.
Angélica apenas olha para Fausto, suspira.
Cena 34/Mansão de Constance/Suíte/Int./Dia
Constance (Organiza suas malas no canto do quarto, encostadas no guarda roupas; abre a gaveta em que está a arma): Você vai ficar aí, o Bruno vai dar um jeito em você, a mamãe vai sair livre dessa, eu vou tirar o Bruno da cadeia e no final vai dar tudo certo!
Ela abre seu notebook, liga-o.
Pesquisa passagens aéreas com destino para Portugal. Faz o procedimento da compra, pega o cartão de crédito, termina a operação. Confirma a compra.
Constance: Ótimo!... Finalmente vou sair desse lugar que está desabando em minha cabeça!... Lisboa que me aguarde! (Ela ri).
Constance (Pega seu celular, liga para Bruno, espera atender; sem resposta): Anda Bruno!... Vem logo! Você está demorando muito!
Cidade de Curitiba, vista aérea. Noite
Cena 35/Morro de Santa Cruz/Barraco/Int./Noite
Alexia mexe na bolsa de Dara enquanto ela toma banho, se mantém atenta e arisca. É uma bolsa cheia de dinheiro, com algumas coisas sobre os maços para acobertar. Alexia fuça, pega um maço do dinheiro. Conta as notas que estão enroladas.
Alexia: Isso já é uma ótima grana! (Pega mais um maço). (Ela coloca em sua mochila; organiza tudo, sai do quarto, disfarça).
Dara sai do banho.
Alexia: E aí, vai lá pra casa do advogado mesmo?
Dara: Vou... Tu vai ficar?
Alexia: É, tô de boa. Vou descansar um pouco. Preciso relaxar.
Dara: Tá. (Vai para o quarto, fecha a porta).
Alexia tira um maço de cigarros do bolso, pega um, acende.
Corta:
Cena 36/Delegacia de Polícia/Sala de Fausto/Int./Noite
Fausto conversa com Angélica, sentados à mesa.
Fausto (Examina o celular de Bruno, vê ligações perdidas de Constance): Você acha que devemos ir avisá-la sobre a morte do filho agora?
Angélica: É a melhor forma, delegado. Ela aparenta não saber de nada, o filho não vai voltar pra casa, ela vai esperar até quando?
Fausto (Suspira): Bom, então vamos até a residência.
Cena 37/Condomínio/Mansão de Constance/Rua/Ext./Noite
Fausto estaciona o carro.
Corta: Int.
Constance (Está com as malas todas na sala, pronta para sair. Ela está bem arrumada, elegante. Termina de trazer suas últimas coisas para a sala; escuta um veículo estacionar): Finalmente!... Deve ser o Bruno, achei que não fosse vê-lo!
Os policiais batem na porta.
Constance (Altera o tom, falando de longe): Esqueceu a chave, querido?... A porta está destrancada. Entre!
A porta é aberta.
Constance (De costas, ajeitando as coisas): Que bom que você chegou Bruno! Já estava de saída! Achei que não fosse dar tempo de se despedir! (Ela se vira, dá de cara com Angélica e Fausto, surpresa).
Angélica: De saída?... A senhora vai pra onde?
Constance arregala os olhos, engole a seco.
Cena 38/Morro da Boa Vista/Barraco/Int./Noite
Dara termina de se arrumar, bem disfarçada. Pega sua bolsa.
Alexia: Vai ir com o carro?
Dara: Não, eu pego um taxi.
Alexia: Vai voltar amanhã?
Dara: Espero não chegar a tudo isso. Pela madrugada é o suficiente... Bom, estou saindo. Beijinhos.
Alexia: Tchau, tchau.
Dara sai.
Alexia (Pega seu celular, liga para Alzira): Alzira? O barraco tá liberado, pode subir aqui.
Corta: ext.
Dara (Falando ao celular): Enrique? Acabei de sair, tô descendo o morro. Vou pegar um taxi e chego aí em uma meia hora. Beijos.
Cena 39/Mansão de Constance/Int./Noite
Constance (Vem com dois copos d’água): Aqui está! (Entrega aos policiais).
Angélica: E então, pra onde a senhora ia?
Constance: Bom, eu estava de saída, eu já havia planejado uma viagem para o Rio há alguns meses e estava esperando o Bruno chegar... Estava preocupada, não consegui falar com ele o dia todo.
Angélica se entreolha com Fausto, fazem um sinal com a cabeça.
Fausto: Dona Constance, eu imagino que a senhora ainda não saiba que a polícia estava atrás do seu filho.
Constance: Depois que vocês vieram aqui mais cedo eu fiquei surpresa... Mas por que “estavam” atrás?
Fausto: Dona Constance eu acho que o lugar mais apropriado para conversarmos em detalhes é a delegacia... Nós viemos trazer uma notícia pra senhora e levá-la conosco para podermos explicar tudo.
Constance: Notícia?... Que notícia é essa?
Fausto e Angélica se entreolham de novo, ele suspira.
Constance (Começa a se preocupar): Vamos!... Falem logo!
Fausto: Dona Constance, a senhora precisa ter calma e controle se quiser saber de toda a história.
Constance: Eu não quero saber de história nenhuma!... Quero saber do que vocês têm pra me falar agora!... Andem logo!
Fausto: Dona Constance, nós lamentamos muito, mas o filho da senhora, Bruno Garcia, está morto.
Constance (Choca-se, em desespero): Morto?... Como assim?... Isso não é verdade! (Começa a chorar)... Meu filho não pode estar morto! (Joga-se no chão, lamentando-se).
Angélica: A senhora precisa manter a calma, por favor!
Constance (Se altera): Calma? Que calma? Eu quero ver o meu filho!... Onde ele está?... Onde vocês o levaram?
Fausto: Seu filho foi morto com facadas no peito, Dona Constance... Ele tentou enforcar a mulher que o matou!
Constance (Em prantos): Esfaqueado?... Não, não! Isso não é verdade! Eu quero meu filho!... Bruno, filho! (Ela se rasteja até a porta, os policiais se olham sem saberem o que fazer).
Fausto: Dona Constance o seu filho foi denunciado por suspeita de corrupção e foi supostamente cumplice ou pivô de um assassinato de um homem!
Constance: Não, não, não!... Não foi meu filho!... Não foi ele!... Fui eu! (Desaba em lágrimas) Eu matei o Romero!... Eu escondi o corpo dele!... Eu, eu, eu!
Fausto e Angélica se olham surpresos.
Angélica: Como disse?
Constance (Totalmente desamparada): Dandara estava escondida na fazenda. Ela me ajudou. Ela e a outra mulher!
Angélica (Se espanta): Dona Constance eu acho que a senhora está fora de si. Tem certeza do que está dizendo?
Constance: Eu sei de tudo, de tudo! Eu sou uma covarde!... Eu ia fugir do país e deixar o meu filho! Ele disse pra mim fazer isso, mas é uma mãe que faz por um filho!... Eu nunca fui uma mãe de verdade! Eu sou um lixo e agora o meu filho está morto!... Morto!
Fausto: É muito sério isso que a senhora está afirmando!... A senhora deve ir conosco para a delegacia e nos esclarecer toda essa história, por favor!
Constance (Se levanta do chão): Eu só preciso pegar uma coisa no quarto, é a arma que eu matei o Romero!... O Bruno ia escondê-la pra mim.
Angélica: Bom, eu acompanho a senhora!
Constance: Não!... Por favor, não!... Me deixe sozinha alguns minutos!... Eu preciso ficar só!
Fausto: Deixe-a ir!
Constance vai para o quarto.
Corta: Suíte.
Ela tranca a porta do quarto, pega a arma na gaveta. Está em prantos, acabada.
Ela vai até o guarda roupas, pega a arma da gaveta. Senta-se na cama. Pega um retrato seu com Bruno.
Constance (Se acaba em lágrimas): Me desculpe, filho!... Me desculpe!... Eu espero que um dia você possa me perdoar por tudo! Tudo o que eu deixei de fazer por você! Pela mãe ausente que eu fui! Que se acabou com jogos, sexo comprado e bebidas!... Eu nunca fui um exemplo pra ninguém, meu filho!... Nunca pude servir de exemplo pro meu próprio filho!... E só agora eu percebo o imenso vazio dentro de mim! O vazio no meu coração! É um aperto sem fim!... Eu tive que esperar a pessoa que eu mais amei nesse mundo pra saber o que seja amor!... E eu nunca soube amar!
Ela se levanta, aponta a arma para sua cabeça. Continua.
Constance: Eu acabei de morrer, filho!... Eu prefiro a morte do meu corpo, que viver com a alma morta!... Eu nunca fui mulher o suficiente! Nunca fui uma mulher de verdade!... E agora já é tarde pra isso! Sou covarde pra me assumir e entregar à vida real! Sair dessa mentira que eu sempre vivi!... Eu prefiro me entregar à morte de uma vez por todas! (Ela puxa o gatilho).
Corta: Sala.
Angélica e Fausto ouvem o barulho de um tiro. Espantam-se, correm para cima.
Angélica (Tenta abrir a porta): Tá trancada!
Fausto: Se afasta! (Fausto arromba a porta).
Os dois entram no quarto. Constance está morta, ensanguentada, um lago de sangue em volta de seu corpo.
Fausto e Angélica ficam pasmos.
Cena 40/Mansão de Enrique/Suíte/Int./Noite
Dara está na cama, seminua, bebendo seu uísque.
Enrique coloca mais uma dose em seu copo.
Dara: Bom, mas e aí?... Já conversamos, já deu tempo da gente transar um pouco, conversar de novo e você ainda não tocou nos assuntos que me interessam!... Está misterioso por que, Enrique?
Enrique (Senta-se em uma poltrona): Pressa por que, Dara?... A noite é longa! Ela é toda nossa! Só pra nós!... Ao menos que você tenha algo mais importante pra fazer!
Dara: Não, não que eu saiba. Eu só quero adiantar meu serviço. É uma questão de ponto de vista, Enrique! Adiantamos tudo e ficamos livres a noite toda!
Enrique (Ri): Tudo bem, Dara... Tudo bem... Se o dinheiro te fizer ter mais prazer... Então tudo pelo dinheiro!                         
Enrique (Puxa uma gaveta de sua mesa, tira um envelope): Bom, aqui está a grana que o Bruno tinha combinado com você.
Enrique (Se levanta da cama, vai para pegar o envelope; é barrada por Enrique): Calma!... Pra que tanta pressa?
Dara (Seduz Enrique): Sabe que eu já estou até mais excitada?... Anda, vamos terminar logo esse assunto! (Morde levemente os lábios de Enrique; ele afasta-a).
Enrique (Pega o envelope, o segura consigo): Antes você não quer saber de como foi lá na delegacia?... Achei que te interessasse!
Dara: É claro que estou!... Mas a grana primeiro!
Enrique empurra-a para a cama novamente.
Dara: Enrique, o que é isso?... Aonde você quer chegar?
Enrique: E se eu tivesse dito toda a verdade?... Te entregado, hein?... Já pensou que eu poderia ter armado todo um plano e a polícia estivesse aqui na hora que você chegasse?
Dara (Muda sua expressão, começa a desconfiar do comportamento de Enrique): Que palhaçada é essa?... Anda! Me diz logo o que você quer!... Não tô gostando disso!
Enrique: Bom, se você insiste, então vamos ao ponto máximo!... Você acha que eu estou como com essa situação?... Me chamaram pra depor! E isso é só o começo! Eles vão ficar na minha cola, Dara! Vão tentar tirar de mim o máximo que conseguirem!.... Se a casa cair, você cai, o Bruno que já está no fundo do poço despenca e eu caio... Vai todo mundo perder!
Dara: E é por isso que nós devemos continuar como estamos!... Juntos!... Eu só não entendi porque essa merda de conversa voltou de novo, Enrique!... Qual é, hein?
Enrique: Eu vou afundar!... E se me pegarem, eu te entrego também!
Dara (Peita-o, altera seu tom): Você vai ficar de boca fechada como está!... Você tá assim por causa do dinheiro? Quer a droga do dinheiro?
Enrique (Empurra-a para a cama; abre outra gaveta de sua mesa, pega uma arma. Ele aponta para Dara, que gela): Eu quero muito mais do que você me prometeu!... Aquilo é uma miséria!... Não é nada perto do que mereço, sua vagabunda!... E você não vai tentar me enganar!... Vai pegar a grana e me dar ela toda!... Aqui, agora!
Dara (Com as mãos pra cima): Qual é, hein Enrique? Larga a merda da arma! Esse circo que você tá armando é ridículo!
Enrique: Cala a sua boca!... Faz o que eu tô mandando... Anda logo!
Dara se levanta, com as mãos pra cima, vai até a sua bolsa. Abre-a. Ela tira uma arma do fundo, embaixo dos maços de dinheiro.
Enrique: Vamos logo com isso!
Dara (Lentamente pega a arma, se vira e aponta para Enrique. Ele se assusta): Você achou mesmo que eu ia sair sem uma arma na minha mão, seu canalha?... Você acha que eu já não suspeitava da sua estratégia, Enrique?... Desse seu joguinho?
Enrique (Ri): Você é esperta, Dara!... Esperta demais!... Porém eu não vou ficar pra trás!... E eu acho bom você se controlar e ficar bem quietinha e mansa!... Ou esqueceu que você depende de mim pra tudo?!... Eu posso denunciar você, chantagear você, comandar você!
Os dois se mantêm com as armas apontadas.
Dara: Me denuncie!... A casa cai pra nós dois!
Enrique: Que se foda!... Ninguém vai me tirar o gosto de rir da sua cara de idiota!... Presa! Se bancando a esperta e manipuladora o tempo todo, mas cair junto comigo!... Ah, vai ser um prazer imenso te ver por baixo!
Dara: Desgraçado!... Cretino!... Tentando me passar a perna esse tempo todo, Enrique!... Como pôde?
Enrique: “Juntos” (Ri). Você acha mesmo que alguém está do lado de alguém? Que tem alguém te apoiando? O teu dinheiro é o que importa pros outros!... É cada um por si, Dara!
Dara: Cretino!... Como pode Enrique?... Você foi baixo esse tempo todo!... Eu confiei em você pra ter que passar por isso?!
Enrique (Ri): A confiança é algo tão lastimável, não é Dara?... Eu só não imaginava que você, ao longo de toda essa sua vida banal e infeliz ainda não tivesse aprendido que confiança não existe!... É uma pena que a vida não te ensinou isso!... Mas veja, está ensinando agora! Só não é como você gostaria que fosse, né?... Aliás, nada do que você planejou até hoje foi do jeito que você queria, não é?
Dara (Algumas lágrimas começam a descer pelo seu rosto): Eu deveria ter acabado contigo desde o primeiro dia que resolvi transar com você, seu miserável!
Enrique (Sorri, frio): Escolhas!... Agora você paga por elas!
Dara: Vai pro inferno, seu desgraçado!(Dara aperta o gatilho rapidamente e dá três tiros em Enrique).
A arma cai da mão do homem, que aos poucos vai caindo no chão, sangrando.
Dara (Vai até ele, deita-o no piso, sobe em cima de Enrique, cochicha): Parece que você não quis ouvir minhas ameaças, não é, Enrique?... Me subestimou, inflou o seu ego de se achar superior a mim!... Mas você se esqueceu de que eu nunca fico por baixo!... Eu espero que você seja muito bem vindo ao inferno!... E quando eu chegar aí, você já tenha queimado o suficiente!
Cena 41/Morro da Boa Vista/Barraco/Int./Noite
Alexia e Alzira arrumam suas coisas para fugirem, apressadas. Alexia está disfarçada.
Alzira: Cadê a grana, cadê a grana?
Alexia: Tá na mochila... (Ri, debochando de Dara) Eu peguei mais dinheiro do que disse que ia pegar... Ela que se dane! Peguei dois maços, não aguentei e peguei mais alguns.
Alzira ri. Elas terminam de arrumar as coisas.
Alzira: Tudo pronto!... Bora!
Alexia: Calma, calma, calma!... O plano ainda mal começou!... Você não vai querer ver o circo pegar fogo?
Cena 42/Mansão de Enrique/Garagem/Ext./Noite
Dara arrasta Enrique pelo chão até chegar ao carro. O porta malas do veículo é aberto.
Dara pega o pesado corpo do homem com dificuldade, coloca-o no porta malas. Fecha.
Dara: Apodreça pra sempre, seu verme!... Quando te descobrirem, você já vai estar aí fedendo!... Uma pena acabar assim, Enrique! Infelizmente quem escolheu ir por esse caminho foi você! (Seu celular toca, é Alexia).
Dara: Fala!
Alexia: Tu vai demorar?... Já tá vindo?
Dara: Acredito que não vou demorar mais que quarenta minutos aqui! Tô terminando de resolver umas coisas com o Enrique... Por quê?
Alexia: Só pra saber mesmo... Falou.
Corta: Suíte.
Dara revira todo o guarda roupa de Enrique. Fuça em tudo que pode.
Ela pega algumas pastas guardadas. Há alguns envelopes guardados.
Dara (Abre os envelopes, há dinheiro guardado): Aqui!... Finalmente achei, seu canalha!... Achou que ia passar a perna em mim e me roubar, mas quem pegou de volta o que me pertence fui eu!
Cena 43/Morro da Boa Vista/Barraco/Int./Noite
Alexia (Pega seu celular, faz uma denúncia anônima à polícia): Oi, boa noite. Eu tenho uma denúncia pra fazer... Eu sei onde está Dandara Leão!
Apurador da denúncia (Do outro lado da linha, se levanta de sua mesa no mesmo instante que ouve a afirmação): A senhora gostaria de se identificar?
Alexia: Não, obrigada!
Apurador: Por favor, o endereço do local!
Alexia: O endereço é Condomínio Áustria, Av. John Kennedy, n. 2876. A casa é de Enrique Amaral.
Apurador: Muito obrigado, senhora. Tenha uma boa noite. A senhora acaba de contribuir para as investigações da polícia!
Alexia (Desliga o telefone, gargalha): Pronto!... Bora!
Alzira e Alexia vão embora do barraco.
Corta para: Alto do Morro/Comando do tráfico/Ext.
Alexia: Aí, tu pode me passar a chave do carro?
Tião: E ai, princesa!... Tu pediu, “tá às ordem!”... Aí Iraque, pega as chave do carro pra mina, parceiro!
Iraque se levanta, obedece às ordens.
Tião: E a Dara? Não tá com tu não?
Alexia: Não... A Dara saiu pra resolver algumas coisinhas... Acho que ela não volta mais! (Enigmática).
Tião: Não volta mais?... Que tu tá dizendo, princesa?
Alexia: Ela foi pro Enrique... Tô dizendo que hoje não volta mais aqui.
Iraque (Retorna, entrega as chaves): Tá na mão, parceira.
Tião: Se tu tá dizendo, então fechou.
Alexia: Valeu aí, tchau, tchau!
As duas saem.
Cena 44/Mansão de Enrique/Suíte/Int./Noite
Dara (Se olha no espelho, retoca a maquiagem. Está toda arrumada, pega sua bolsa): Ótimo, agora é só conferir a grana e ir embora daqui. (Ela vai tirando os maços de dinheiro da bolsa e conta-os; percebe que há algo errado) Calma aí... Não têm só isso de grana, não! (Reconta o dinheiro, a conta dá igual. Fica pensativa, muda sua expressão). Fui roubada!... Mas se ninguém sabe desse dinheiro/ (Rapidamente para o que está falando e reflete)... Alexia!... É a única que sabe dessa grana e é a única que teve o maior contato com esse dinheiro! (Saca todo o jogo)... Vagabunda! Fui roubada! (Nervosa, soca a parede) Ordinária!... Você quis me passar a perna esse tempo todo, cretina! (Ela pega alguns objetos, arremessa-os com força na parede, nervosa; liga para Alexia; ela atende): Alexia?... Sua cretina, vagabunda! (Descontrolada).
Alexia (Ri, debochando de Dara): Só agora foi o suficiente pra você perceber, Dara?
Dara (Se descontrola): Você jogou sujo esse tempo todo! Sua cretina!... Vadia!... Se eu te pegar eu acabo com a sua raça, miserável!
Alexia (Sarcástica): Dara, infelizmente você não vai poder fazer nada, porque dessa vez eu fui bem mais ágil que você!... Inclusive já estou na pista! Pronta pra ir embora do país... E se você ainda estiver na casa do Enrique, acho melhor você se apressar em sair daí! (Gargalha)... Beijinhos!... Adorei te conhecer! (Ela desliga).
Dara grita, taca o celular na parede. Anda de um lado para o outro, furiosa como uma onça.
Dara (Pega suas coisas, vai saindo): Eu pego você, cretina!... Vou te matar!... Eu acabo com a sua raça! (Ela pega sua arma, carrega, coloca no bolso de sua calça).
Corta para: Condomínio Áustria/Rua/Ext.
Dara sai da mansão, vai caminhando pela rua.
De repente ela ouve sirenes de polícia, olha para trás. Vê algumas viaturas atrás dela.
Desespera-se, começa a correr.
Os carros a alcançam, a cercam e os policias descem dos veículos com as armas apontadas, ágeis.
Dara pega sua arma, mira-a, tensa.
Fausto (Com a sua arma apontada): A senhora perdeu, dona Dandara!... Abaixe sua arma! Você é a minoria aqui! Abaixe a arma e ninguém se machuca! (Os policiais começam a se aproximar dela; Dara vê que fica cada vez mais cercada).
Ela coloca lentamente a arma no chão, vai se levantando devagar com os braços pra cima.
Fausto (Aproxima-se, pega suas algemas): A brincadeira acabou Dandara!... Chega de brincar de esconde-esconde! (É algemada)... Você não imagina o prazer que é poder te prender novamente!... Estamos repetindo a mesma cena de um ano atrás, não é?
Dara apenas se mantém de cabeça baixa. Ela é levada para a viatura. Os carros policiais partem.
Cena 45/Rodovia/Carro/Int./Noite
Alexia dirige o veículo, Alzira está no banco ao lado. As duas riem enquanto conversam.
Alzira (Muda sua expressão): Alexia, o que é aquilo lá na frente?
Alexia (As duas se entreolham assustadas): Estão fazendo blitz!
Alzira (Se preocupa): A gente tem que dar um jeito de sair! E se pararem a gente?... Estamos com drogas, armas e muita grana!
Alexia (Tensa): Calma, relaxa!... Eu vou dar um jeito de sair.
O carro vai chegando à blitz. A polícia sinaliza para redução de velocidade. Examina o carro de longe, sinaliza para elas pararem.
Alexia e Alzira se olham tensas, engolem a seco.
Cena 46/Delegacia/Int./Noite
Os policiais trazem Dara, a colocam em uma cadeira, algemada. Ela se mantém cabisbaixa.
Angélica (Chega à delegacia, apressada): Cadê o Fausto?... Onde está a/
Antes de terminar de falar fica frente a frente com Dara. As duas se encaram, tensas. Durante alguns segundos o silêncio domina o ambiente.
Dara: E aí, conseguiu o que queria?
Angélica: Consegui sim!... E estou muito feliz!... Não pela tua desgraça, mas pela justiça! (Angélica se abaixa à cadeira sentada por Dara, olho a olho com a criminosa) E eu espero que você saiba que uma hora a justiça é feita!... Independente do tempo que eu precise, uma hora eu consigo!... E eu não desisto fácil!... Se você achou que seria esperta o suficiente de fugir... Eu lamento por você!... Mas agora vai apodrecer na cadeia!
Dara apenas olha para Angélica com ódio e raiva.
Dara: Sabe que eu um dia sempre quis ser como você?... Alguém bem resolvida, decidida, que quisesse dar orgulho, servir de exemplo pra alguém... Você deve sentir nojo de mim, pelo tipo de mulher que eu sou, pela diferença entre nós, por dois tipos de mulheres! A cretina e a heroína de uma sociedade, aquela que é considerada mulher de verdade!... Frente a frente uma da outra!... Eu até gostaria, mas então percebi que isso jamais seria pra mim, a vida me ensinou de outro jeito!
Angélica (Sem jeito, suspira): Eu não tô aqui pra ouvir a sua história de vida, o que você gostaria de ser ou o que você pensa sobre mim. (Se levanta, vai saindo) Podem levar ela, por favor! (Os policiais pegam Dara).
Cena 47/Rodovia/Blitz/Noite
Os policiais dão sinalização para Alexia encostar o carro, por alguns segundos ela fica imóvel.
Alzira: Anda!... Você vai fazer o quê?
Alexia acelera o carro, escapa da blitz. O policial apita, dá sinal para outros policiais.
Corta: Rodovia/Carro/Int.
Alexia corre com o carro em alta velocidade, foge da polícia, que vem atrás, em turbilhão.
Alzira pega sua arma, tira o cinto, coloca parte do corpo para fora da janela, começa a atirar.
Outro policial também começa a atirar. Inicia-se uma troca de tiros na rodovia.
(A cena exige adrenalina).
Alexia aumenta ainda mais a velocidade do carro, corre a milhão, a polícia não fica atrás e tenta alcançar as criminosas. Alzira continua trocando tiros com os policiais.
Alexia dirige tensa, olhando a distância à polícia. Desconcentrada, ela não vê uma curva na rodovia e desvia em cima da hora, perdendo o controle do veículo. Capota.
O carro rola várias vezes, saindo da rodovia.
As viaturas brecam rapidamente, os policiais vão ao socorro das mulheres.
Close nos rostos de Alexia e Alzira, desacordadas, sangrando.
Corta:
O local do acidente está interditado, há movimentação da polícia e do SAMU.
Alexia e Alzira estão em macas, são levadas para dentro de ambulâncias.
Alexia abre os olhos lentamente, com a visão embaraçada. Vê apenas vultos, sem entender. Vê a imagem de Alzira na maca, alguns enfermeiros cobrem o corpo da mulher. Volta a fechar os olhos, frágil.
Curitiba, manhã.
Cena 48/Hospital/Sala de repouso/Int./Dia
Angélica está na sala de recuperação com Guerra, que recebe alta. Os dois comemoram contentes.
Angélica (Beijando-o): Que felicidade!... Conseguimos!... Conseguimos! A operação finalmente terminou e agora você recebendo alta!
Médico: Bom, eu vou deixa-los à vontade, então! Melhoras para o senhor!
Guerra: Valeu! (O médico sai).
Angélica ri com um riso apaixonado, os dois se beijam.
Guerra: Eu pedi pra comprarem uma coisa pra mim que eu queria te mostrar.
Angélica: E o que seria?
Guerra (Tira uma caixinha de veludo do bolso. Angélica ri surpresa): São alianças de compromisso!... Aceita se eu te pedir em namoro?
Angélica (Sorri): Mas é claro que sim!... Sim, sim, sim! (Os dois novamente juntam seus lábios, se beijam).
Corta para:
...Dias depois...
Cena 49/Penitenciária/Cela/Int./Dia
Dara está sentada no canto da cela, fuma silenciosamente, solitária.
Agente (Vem à cela): Banho de sol!
As presas se levantam. O portão é aberto, as mulheres vão saindo.
A expressão de Dara é de ódio, raiva e frieza. Um olhar negro e frio, como uma nuvem cinzenta que a rodeia.
Corta: Pátio/Ext.
As presas vão saindo.
Dara senta-se em um baixo muro, isolada. Observa todo o movimento de longe. De repente, avista a figura de Alexia, distante, que conversa com outras presidiárias. Os olhos de Dara se enchem de ódio, seu sangue ferve e sobe à cabeça, olhar maligno e psicopata.
Corta:
Rio de Janeiro
Vista aérea da cidade maravilhosa. Do Corcovado à grande selva de pedra carioca, que divide a paisagem com o azul do mar e os belos morros da capital fluminense.
Cena 50/Arpoador/Ext./Dia
Angélica e Guerra apreciam o horizonte, da pedra do Arpoador, abraçados, trocando carinho.
Angélica: Ah, sabe que eu já estava com saudades daqui?
Guerra: Fazia tanto tempo que eu não vinha ao Rio... E acho que essa viagem vai ser maravilhosa, sabia?... Só que dessa vez você roubou o charme da cidade!... A maravilha é você!
Os dois beijam-se.
Corta: Atenção aos vários cortes de momentos do casal na viagem.
/Os dois correm pela areia da praia, se divertem na água, romance.
/Alto do Corcovado, Cristo Redentor.
/Os dois passeiam de veleiro. Enquanto o barco navega pelas águas os dois se beijam, sentindo a brisa que sopra do oceano bater em seus rostos no horizonte azul dividido entre céu e mar.
Corta:
Cena 51/Penitenciária/Pátio/Ext./Dia
Dara (Vai até uma presidiária sentada em outro extremo do pátio): Aí, tu tem uma faca, um estilete, qualquer coisa pra me arranjar aí?
Sandra: E pra que tu quer?
Dara: Não te interessa!... Se for o caso depois eu pago.
Sandra (Encara Dara por alguns segundos): Tá certo. Se a patroa pediu... (Fala com outra presa) Aí, Maresias... Passa pra cá!
A presa vem até a outra.
Sandra: Aí, me passa teu estilete.
Maresias tira o objeto do bolso e dá para Dara.
Dara coloca-o no bolso. Ela vai até Alexia, que está do outro lado do pátio, de costas. Dara fecha os punhos, sua expressão é de ira. Ela chega até Alexia, que não percebe a companhia.
Dara (Ri sarcástica): Olha aí quem tá aqui!... Achou que me roubando ia terminar bem e caiu no mesmo buraco que eu!
Alexia (Se vira surpresa): Dara?
Dara (Bate palmas, irônica): Parabéns pela tentativa, Alexia!... Sabe que era um ótimo plano?! (Alexia engole a seco, Dara continua). Você achou que ia conseguir escapar de mim, né?... Sabe que se você conseguisse fugir, eu iria até o inferno te buscar!... É uma pena ter que acabar assim, não é? (Alexia vai falar algo, mas é cortada por Dara) Cala a boca!... Quem fala sou eu!... Sabe que eu olho pra essa sua cara e só tenho vontade de rir!... Idiota!... Imbecil!... Quem sabe se você não tivesse seguido o plano comigo, agora nós estaríamos longe daqui?!... Eu caí, Alexia... Mas eu te puxei junto também!... E sempre disse: ninguém sai por cima de mim!
Dara rapidamente dá uma punhalada no rosto de Alexia. Essa rapidamente se recupera e revida o soco. Um fluxo de presidiárias cerca as duas.
Corte rápido:
Cena 52/Shopping Tijuca/Int./Noite
Guerra e Angélica caminham pelo shopping romantizando o ambiente.
Angélica (Em frente ao espaço de divulgação, empolga-se ao falar do lançamento do livro): Ai, finalmente a divulgação de Mediévico Fascínio!... Naara Reis é incrível!... Estava ansiosa pra isso!... Sabe que eu nunca tinha vindo em nenhum lançamento de nenhum livro da Naara?... Aliás, acho que você deveria ler algum. Se quiser eu te indico!... São todos maravilhosos!... A cada parágrafo é uma paixão!
Guerra (Ri): Olha, se você tá falando tão bem assim, então vale a pena ler! (Os dois dão um selinho e entram no local).
Corta imediatamente para:
Cena 53/Penitenciária/Pátio/Ext./Dia
A cena exige adrenalina e tensão.
Dara (Pega Alexia pelo pescoço e a coloca contra a parede): Eu vou acabar com isso de uma vez, porque essa vai ser minha única chance de fazer isso!... Adorei te conhecer, Alexia!... O nosso acerto de contas termina por aqui!
Dara tira o estilete do bolso e perfura o abdômen de Alexia. Faz isso mais algumas vezes. Alexia começa a cair lentamente de joelhos no chão, jorrando sangue do corpo.
Dara coloca o objeto no bolso e sai dali apressada, cortando todas as presidiárias que barram a passagem. Ela corre para um quartinho na área interna. Entra no cômodo, encosta na porta fazendo barrando qualquer entrada.
Corta:
Cena 54/Shopping Tijuca/Lançamento do livro/Fila de autógrafos
Angélica e Guerra aguardam na fila para os autógrafos de Naara. Angélica está ansiosa. A fila vai diminuindo e eles vão se aproximando.
Finalmente chega a vez de Angélica.
Naara (Sorri demonstrando simpatia): Olá, boa noite!... Como estão?
Angélica: Ótima, e você?
Naara: Muito bem, obrigada!... O livro!
Angélica: Claro! (Dá o livro para a escritora)... Ai, eu sou sua fã!... Adorei todos os livros que você escreveu!... Estou muito ansiosa pra Mediévico!... Será que a gente pode tirar uma foto juntas?
Naara (Autografa o livro, sorri com simpatia): Mas é claro!
Angélica (Pega o celular, dá para um segurança): Será que você pode bater a foto pra gente?
Naara, Angélica e Guerra se posicionam para a foto. O segurança bate-a, devolve o celular.
Angélica abraça a escritora mais uma vez e sai.
Cena 55/Penitenciária/Quarto de limpeza/Int./Dia
Dara tira o estilete do bolso, aproxima-o ao seu pescoço, pronta para suicidar-se. Engole a seco, tensa e nervosa, com as mãos trêmulas.
Fim.
E no próximo domingo, às 21h: Parágrafos de uma Paixão. Conheça a história de Naara Reis!
 Não perca as emoções do último episódio de Mulher de Verdade!
Agradecimentos: Web Mundi Produções
Web Mundi
  “Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade"


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