JARDIM DO ÉDEN
Capítulo 1
“A Volta da Mãe Pródiga”
Primeira Fase
Uma WebNovela de: Nathan Freitas
Cena 1. Clip. Takes Da Cidade De Porto
Feliz. Ext/Dia.
Takes da cidade. Música marcando.
Começamos ruas, avenidas, bares, campinhos de futebol com seus peladeiros...
Efeito: Raios e trovões. Começa a chover... Ao fundo uma musica fúnebre...
Corta rápido para...
Cena 2. Cemitério. Ext/Dia.
Umas 15 ou 20 pessoas, de preto, com
guarda-chuvas, ao redor de um caixão, com flores etc... Destacamos Ester, na
faixa dos 40 a 45 anos e Juliano nos seus 30 e poucos anos. Ambos não demostra
choro ou tristeza. Um padre faz a oração de praxe. O prefeito, um homem de
meia-idade, começa a falar.
Prefeito: Aqui, senhores! Neste
caixão... Não está sendo sepultada uma pessoa qualquer. Estamos sepultando
aqui... Uma pessoa impoluta... Uma pessoa inigualável. Um homem de uma conduta
honrada. Um homem que até os últmos dias de vida, lutou pela melhoria desse
povo tão sofrido desta cidade. Sim, senhores! Dr. Benedito Sabatini, foi um
desbravador! Foi ele quem trouxe o progresso a esta cidade. A empresa Paraíso,
de sua propriedade, é hoje considerada a melhor do país, porque não dizer, do
mundo?! E foi graças a essa bravura indômita desse homem, que hoje, Porto Feliz
é conhecido nacionalmente como a capital da maçã. A garra, a coragem, e a
determinação do homem que aqui jaz! Senhoras e senhores! Aqui, diante deste esquife,
que deu seu sangue... Deu sua vida por esta cidade. E pra finalizar... Como
prefeito desta humilde cidade, que perde o ilustre filho da cidade que tanto
fez pelos seus conpatrícios. E que Deus, na sua plenitude, o receba para a
eternidade. Muito obrigado.
Todos aplaudem.
Juliano: (P/Ester) O
prefeito tá pensando que isso aqui é um palanque!
Ester: Deixa-o pensar. Nas próximas
eleições não terá o papai para financiar suas campanhas!
O caixão vai descendo à cova. Flores
são jogadas. Tempo nesta cena.
Corta para...
Cena 4. Casa De Benedito. Sala.
Int/Dia.
Vão entrando, Ester e Juliano como se
estivessem vindo de um lugar qualquer. Ester joga sua bolsa no sofá.
Ester: (Fingida) Coitado
de papai. Tão novo pra morrer.
Juliano: (Indo pegar um uísque)
Papai cumpriu o seu destino aqui na terra, Ester. Devemos nos conformar.
Ester: - Pois eu não me conformo. Papai
morreu por causa daquela maldita.
Juliano: - Não fala assim!
Ester: (Alterada) – Falo!
Quero que todos saibam que aquela infeliz era uma devassa!
Juliano: - A garota não tem nada a ver
com as atitudes da mãe.
Ester: - Você defende aquela ordinária?
Juliano: - Não é isso. Esquece essa
história. Nada vai dar errado.
Ester: (Histérica) – Uma
pessoa que abandona a filha pra se aventurar no mundo, não tem o direito de ser
mãe.
Juliano
noutro tom, animado.
Juliano: - Dr. Quelônio me falou que
amanhã vem abrir o testamento de papai. Não vejo a hora!
Ester: (Horrorizada) – Eu
não acredito que estou ouvindo isto, Juliano. Acabamos de enterrar papai e,
você aí, preocupado com testamento. Tenha um pouco de sensibilidade.
Juliano: (Cínico) – Eu
estou apenas pensando no meu futuro. No nosso futuro nada mais justo pensar no
que iremos fazer com a herança.
Ester percebe
que Juliano está certo.
Ester: - Tem razão. Não havia pensado
nisto. (ambiciosa) com certeza terei a melhor parte. Sendo eu a
filha mais velha, tenho direito na melhor parte.
Toda orgulhosa.
Juliano: - Está totalmente enganada.
Sou o filho homem, e como tal, tenho direito a 90% da herança. Era de mim que
papai sentia orgulho. Um filho homem na família, pra dar continuidade nos
negócios.
Ester
ri irônica.
Ester: - Você está maluco. Papai não
confiava em você. Por várias vezes ele me falou isso. Eu seria sua substituta.
Os
dois começam a discutir, surge Valdir, o mordomo, tem 50 anos.
Valdir: - Senhores!
Ester: - O que foi Valdir? O que quer?
Valdir: - Chegou esta carta, senhora.
Ester: (Curiosa) – Carta?
De quem?
Juliano: - Deve ser do advogado.
Valdir: - Não é não, senhor. (passa
a carta para Ester.)
Ester: (Abre a carta. Ler.
Incrédula) – O quê? Eu não acredito.
Juliano: - O que foi? (pega a
carta e lê. Se espanta) Que história é essa?
Ester: - Quando foi que esta carta
chegou Valdir?
Valdir: - Agora a pouco, senhora.
Ester: (Furiosa) – E só
agora você me diz isso, seu ignorante.
Valdir: - Desculpe senhora.
Ester: - Vá. Saia daqui! Deixe-nos a
sós. Vá. (Valdir sai)
Juliano: - E agora, Ester? O que vamos
fazer?
Ester: (Indignada) –
Aquela ordinária vai acabar com os nossos planos. Joana! Sempre ela pra nos
infernizar.
Juliano: - Calma Ester. Temos que
arranjar um meio para conseguir alguma coisa com a chegada da mãe prodiga. Eu
tenho um plano.
Ester: - Eu não confio em você.
Juliano: - Pois eu acho melhor confiar.
Se esta carta diz que ela chega amanhã, teremos que mostrar que não temos nada
contra ela. Com certeza soube da morte de papai, e virá buscar a metade do que
é seu por direito. Neste caso, devemos ser amigáveis.
Ester: - Aquela vadia sem vergonha não
tem direito a nada. Nós, somos os únicos herdeiros. Ela que se atreva a querer
ter proveito da nossa herança.
Juliano: - E você sabe do carinho que o
papai sentia pela garota, não sabe? E como ela é menor de idade, cabe à mãe
ficar com a parte dele até completar a maioridade. (T) E quem me
garante que papai não tenha deixado alguma coisa pra ela?
Ester: (Sardônica) –
Papai não seria capaz de uma atitude tão leviana desse jeito.
Juliano: - Papai tinha aquele jeito
grosseirão, mas no fundo um coração enorme.
Ester: (De contra gosto)
– Se de fato isto acontecer, teremos que impedir. Não podemos aceitar que
aquela vagabunda usufrua de nossos direitos.
Juliano: - Bom, eu tenho que dormir.
Amanhã será um longo dia.
Os dois saem. Valdir que ouvia
escondido, surge, ri irônico.
Valdir: Tenha certeza que sim. Amanhã a
vida de vocês irá mudar... Pra pior. Sanguessugas!
Corta para...
Cena 6. Casa De Daniel E Sônia. Sala.
Int/Noite.
Daniel, é um jovem na faixa dos 25
anos, vem entrando em casa, quando se depara com Joana, 20 anos.
Daniel: Cadê Sônia?!
Joana: Dona Sonia saiu.
Daniel: O que faz aqui?
Joana: Como assim? Eu trabalho aqui.
Daniel: Isso eu sei. Você não ia
visitar uns parentes no interior?
Joana: Sim, vou. Porque o interesse?
Daniel: Era tudo que eu queria.
Joana: Queria o quê? (direta,
enigmática) Que Dona Sonia descobrisse que você é um canalha?
Daniel: (Estranha, surpreso.)
Eu ainda vou descobrir porque você tem esse ódio de mim. Porque quer me
envenenar contra minha mulher?
Joana: Mulher?!
Daniel: Sim. Não sabia? Eu e Sônia
vamos nos casar. (em tom de ameaça) E ai de quem tentar
interferir na nossa felicidade.
Joana: A carapuça não serve pra mim.
Não tenho porque me meter na vida dos meus patrões. Agora, só acho bom alguémficar sabendo.
Daniel: Alguém? Quem?
Joana: (Direta) Sua
amante.
Daniel: (Pego de surpresa)
O que disse?
Joana: Não se faça de desentendido.
Você sabe muito bem de quem falo. Ou vai negar?
Daniel fica ali, sem reação.
Daniel: Você deve está delirando.
Joana: Era tudo que voce queria. Que eu
estivesse doida. Mas seu tiro saiu pela culatra.
Daniel: O que voce tá querendo com
isso? É dinheiro que você quer?
Joana: Não adianta bancar o espertinho
pra cima de mim. Dona Sonia vai saber quem é o homem que ela escolheu pra
casar, hoje!
Daniel: (ameaçador) Se
voce abrir sua boca pra falar algo pra Sonia, eu... (Faz uma pausa,
nervoso.)
Joana: Vai fazer o quê? Vai me matar?
Não é isso o que você faz, quando se sente ameaçado?
Daniel: Eu não sei o que voce tá
falando. Eu não conheço essa (se entrega) atriz.
Joana: Ah... Confessa? Atriz! Eu não
falei quem era. E você, se condenou.
Daniel se ver num beco sem saída, e
resolve se entregar.
Daniel: (Faz uma pausa
estratégica) Marion foi um caso que eu tive no passado. Não era coisa
séria até eu descobrir que ela era uma mulher casada.
Joana: Corta essa!
Daniel: Eu juro! Eu não sabia que
Marion era casada. (pausa) Bom, o marido dela descobriru tudo e,
me procurou.
Joana: Te Procurou?!
Daniel: Sim. E me ofereceu 200 mil pra
me afastar da Marion. Jean era um homem influente, poderoso. Não queria ver seu
nome envolvido em escândalos. A verdade é que eu nunca senti nada por ela,
entende? Apenas uma atração física. Sexo! Nada mais.
Joana não acredita.
Joana: Mas parece que sua atração por
ela ainda continua.
Daniel: Como assim?
Joana: (Solta à bomba)
Ontem, eu vi vocês aos beijos.
Daniel: (Surpreso) O que
disse? Que maluquice é essa? Eu nunca mais vi Marion.
Joana: Deixe de conversa! E se pensa
que engoli essa conversa fiada, de que o marido dela te pagou essa quantia em
dinheiro... Pode esqueçer. Eu não acredito. Assim, como eu não acredito, com
certeza, Dona Sonia também não há de perdoar.
Daniel: (Violento, pega Joana
pelo braço) O que voce quer, afinal? Destruir-me? Acabar comigo e
Sônia, é isso?
Sônia entra, e flagra os dois. Estranha
o clima.
Sonia: O que está havendo aqui?
Daniel solta Joana. Os dois ficam sem
reação.
Daniel: (Tentando disfarçar)
Oi meu amor.
Sônia desconfiada.
Joana: Dona Sonia, eu conversava com
seu Daniel. A senhora já sabe, eu pretendo visitar uns parentes que tenho no
interior. E tava comunicando ao seu Daniel.
Sônia: (Desconfiada)
Sei... E voce vai quando?
Joana: Ao amanhecer do dia.
Sônia: Tudo bem. Boa viagem.
Joana: Obrigada. Eu vou me deitar. Com
licença. Boa noite. (sai.)
Sônia: Boa noite. (P/ Daniel)
O que vocês dois conversavam?
Daniel: Ué! Você não ouviu o que ela
disse?
Daniel vai dar um beijinho nela, mas
Sonia sai para o lado, ignorando.
Sônia: Ouvi. Mas não acreditei.
Daniel: O quê? Voce tá desconfiando de
quê?
Sônia: Eu notei um clima diferente
entre voces, quando entrei. O que era?
Daniel: Pára de coisa, meu bem. O que
poderia haver entre Joana e eu?
Sonia: (sem jeito) Você
está tendo um caso com Joana?
Daniel solta uma sonora gargalhada.
Daniel: Você tá achando que eu e a
Joana temos um caso? Voce só pode tá de brincadeira.
Sônia: Brincadeira, por quê?
Daniel: Porque não tem cabimento. (Puxa
Sônia pra si) É você que eu amo sua boba. Você acha mesmo que te
trocaria por essa... Enfim. (se beijam).
Sônia: Eu te amo. Eu tenho muito medo
de te perder.
Daniel: Não tenha medo, não.
Os dois se beijam.
Corta para...
Cena 07. Casa De Benedito. Cozinha.
Int/Dia
Ester sentada à mesa no café. Logo
entra Juliano, que senta à mesa.
Juliano: - Bom dia!
Ester: (De cara amarrada)
– Só se for pra você.
Juliano: - Ih... Tá com uma cara. O que
houve?
Ester: - E você ainda pergunta? Eu
estou com os nervos à flor da pele. O advogado vem hoje abrir o testamento.
Aquela infeliz vai dar o ar de sua graça. Tudo desmoronando sobre nossa cabeça,
e você perguntam: “O que houve?”.
Juliano pega uma fruta, levanta da mesa
e vai para o sofá, pega um jornal.
Juliano: - Ah... Deixa de ser
dramática, Ester. Eu já te falei qual é o plano. Confie em mim. Aquela lá não
vai ver nem a cor do nosso dinheiro.
Ester: (Incrédula) – Eu
não sei se devo confiar em você.
Juliano: - Claro que deve, fica
tranquila.
Ester: - Se este for mais de um dos
seus planos frustrados, pode desistir. Eu não estou a fim de dar vexame na
frente do advogado.
Juliano: - Você sabe que eu sou
experiente no assunto.
Ester: - Só espero que aquela infeliz
chegue somente após a leitura, pra ter-nos o prazer de despachá-la pra bem
longe daqui. Da onde ela nunca deveria ter saído.
Juliano: - Calma Ester. O meu plano
requer um pouco de postura e categoria.
Ester: - Se papai de fato deixou alguma
coisa para a menina, estamos ferrados. Ela vai se instalar de vez.
Juliano: - Eu duvido muito. Quando ela
souber que papai deixou uns caraminguás para a neta, se e que esta criança
ainda existe, né? Ela vai dar meia volta e vai embora.
Ester: - Aquela ali não dá ponto sem
nó. É muito bom tomar cuidado com ela. Qualquer instante ela dá o bote na gente
e tira tudo.
Juliano: - Vira essa boca pra lá. A
grana é nossa, Ester. Nós, fomos os únicos que ficamos com o papai. Nós somos
uma família. Papai não contou com Joana pra nada. A criança a gente deixou no
orfanato, com pessoas que sabia muito bem cuidar. Além do mais, ela não vai
sentir falta nenhuma do dinheiro.
Ester: - Por esse lado você tem razão.
As ações da empresa, pelo menos 30% já me são garantido.
Juliano: - Vamos ver Ester. Você só
terá certeza disso quando o advogado chegar com o testamento.
Ester: - Não vejo a hora de isso
acontecer.
A campainha toca. Juliano
vai abrir a porta. É surpreedido ao abri-la. É Joana, que vai logo entrando.
Tempo na cena em SLOW MOTION.
Joana: - Olá!
Ester: - Então você veio realmente? O
que quer?
Joana: (Irônica) Que
recepção mixuruca. Não vão me desejar boas vindas?
Juliano: O que você veio fazer aqui,
Joana?
Joana: - Se não sabe, eu tenho uma
filha que mora aqui.
Ester: – Então errou de endereço.
A única criança que existe aqui, a mãe dele já morreu há muitos e muitos anos.
Joana: - Cadê ela, Ester? Cadê minha
filha?
Ester: - Que interesse é esse na
menina? Nunca deu importância pra ela. Agora esse interesse?
Joana: - Eu não vim discutir com você
sobre isso. E não pense vocês que eu vim por causa desse tal testamento. Eu vim
pela minha filha.
Juliano: Como sabe que o testamento de
papai seria aberto hoje? Quem te contou?
Joana: Eu deduzi.
Ester: (ri, irônica) -
Você acha que eu vou acreditar nesta tua historia? Eu sei muito bem qual é o
teu jogo garota. Mas vai cair do cavalo quando o testamento for aberto.
Joana: - Não estou nem um pouco
interessada nisso. Se eu quisesse mixaria eu ia pra debaixo de um viaduto pedir
esmolas.
Ester: - Você acabou com a nossa
família. Você nos desmoralizou. Agora depois de tudo que fez vem com a maior
cara de pau como se nada tivesse acontecido. Descarada.
Joana: - Cadê minha filha?
Juliano: (Se faz de desentendido)
– Que filha? Que eu saiba não existe filha nenhuma sua aqui.
Joana: (Esgotada) – Já
chega. Deixem de ironia. Eu quero minha filha.
Ester: - O que é isso? Baixa a tua
bola, viu! Aonde você pensa que tá? Você não tem o direito de chegar aqui e
querer saber de nada. Não devemos satisfações a você. Por favor, saia já desta
casa. Você não é bem vinda aqui.
Joana: - Eu vou perguntar pela ultima
vez: cadê minha filha?
Juliano: - Você não ouviu garota? Você
não é bem vinda aqui. Ou será preciso desenhar pra você entender?
Joana: - Eu não sou idiota assim. Eu
tenho os meus direitos.
Ester: - Que direitos? Vê se te
enxerga! Você não passa de uma miserável. Pensa que nós iríamos te receber de
braços abertos, depois de tudo que aprontou com a nossa família? Você destruiu
o nosso pai. A nossa empresa. Ele morreu de desgosto por ter uma filha tão
vagabunda.
Joana: (Chorosa) – O
papai havia me perdoado. Eu não fiz por mal. Ele aceitou ficar com minha filha,
como forma de perdão.
Juliano: - Você não nos comove com essa
historinha pra boi dormir. Papai tinha horror de você. Nem seu nome ele pronunciava.
Você arruinou nossa família. Você não percebe o erro que cometeu, Joana? Você
acha que pra nós é fácil ter que suportar os comentários das pessoas, os
fuxicos, o povo rindo da nossa cara ou até mesmo nos discriminando por um erro
que você mesmo cometeu?
Ester: - Nunca vou te perdoar.
Papai morreu por tua causa. Você vai pagar caro pelo que nos fez sofrer.
Joana: (Acuada) - Eu
estou arrependida. Eu só quero ver minha filha. Ela precisa saber que eu
existo.
Juliano: - Nunca! Ela nunca soube da
tua existência. E vai continuar sem saber de você. Nenhum juiz vai lhe dar
direitos sobre a garota, depois que souber do belo exemplo de mãe que você foi.
Desista.
Joana: - Eu não vou embora sem antes
ver minha filha. Vocês não podem me proibir de falar com ela.
No clima tenso... Congela no rosto de
Joana...
Corta Para...
Fim Do Primeiro Capítulo
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