Ano de 2009
DIAS DEPOIS
Nos dias que se passaram, Estela conseguiu reagir bem, e com os tratamentos sendo feitos à risca, ela logo ganhou alta do tio e médico, Jorge, que ainda se mantinha calado a pedido da sobrinha, porém remoía esse dilema.
Maurício não acredita nem um pouco que Estela tenha morrido, acredita que tudo seja um engano fatal e que ele vai ver ela novamente. Bianca aproveita a situação para tentar tirar proveito de Maurício, que não vê as más intenções da irmã de Estela.
Carmen volta para casa depois de passar alguns dias no hospital, ela ainda sente a ‘perda’ da filha, por isso sempre chora quando se lembra dela.
CENA 1: PEDRA FINA | CASA DE JORGE | SALA | INTERIOR | MANHÃ
Jorge está sentado no sofá, é dia de sua folga, ele lê um livro, mas algo o faz fechar. Jorge pensa em sua irmã, Carmen, no sofrimento que ela deve estar passando. Ele se levanta rapidamente para pegar o celular na estante, logo retorna para o sofá. Jorge olha para a escada, averigua se a sobrinha está por perto.
JORGE: -Não, eu não posso deixar alguém sofrendo dessa maneira. Minha irmã precisa saber que a Estela está viva. – Diz enquanto procura o número da casa da irmã. Assim que acha, ele faz a ligação.
A ligação dura os minutos suficientes para que Jorge conte da sobrinha. Assim que ele encerra a ligação, Estela aparece na frente dele.
ESTELA: – Eu te pedi para não contar, tio.
JORGE: – Entenda, Estela… sua mãe acabou de me dizer que quase morreu pensando que você estava morta. O que eu contei foi um tremendo alívio para o coração dela.
Estela se espanta ao saber que a mãe passou mal.
ESTELA: – Ela está bem, agora tio? – Pergunta, preocupada. – Meu Deus, isso foi culpa minha. – Afirma, chorosa.
JORGE: – Não se culpe, o que importa é que ela está bem, e disse que está vindo para cá o mais rápido possível.
Estela se senta no sofá, chorando.
ESTELA: – Eu não queria ter feito isso com minha mãe, ela é tudo pra mim, tio.
Jorge abraça Estela.
JORGE: – Eu sei que você não queria, Estela, eu sei disso. Se acalme, pois agora tudo vai se resolver, acredite. – Diz na tentativa de confortar e consolar a sobrinha.
CENA 2: ONDAS DO PARAÍSO | MANHÃ
O movimento dos veículos começam a aumentar nas ruas e avenidas de Ondas do Paraíso. Algumas pessoas fazem caminhada na praça central. Veículos passam na rua em frente a casa dos Belmonte.
CENA 3: ONDAS DO PARAÍSO | BAIRRO COSTEIRO | CASA DOS BELMONTE | SALA | INTERIOR | MANHÃ
Carmen segura o telefone nas mãos, ela tem um sorriso sincero, seu coração se enche de alegria por acabar de descobrir que a filha mais nova não morreu.
CARMEN: – Muito obrigado, meu Deus! – Ela agradece chorando de felicidade.
Bianca vem da cozinha e ao ver a mãe chorando, ela se preocupa.
BIANCA: – O que aconteceu, mãe? A senhora está chorando. – Pergunta ao se aproximar.
CARMEN: – Estou chorando sim, filha, mas de felicidade. Eu acabei de descobrir que sua irmã não morreu, que tudo não passou de engano.
BIANCA: – Como assim, mãe? – Pergunta um tanto espantada. – Não estão passando trote pra senhora? Aquele policial veio aqui dizer que encontrou o que restou do documento dela, mãe.
CARMEN: – É verdade, filha, ninguém me passou trote, foi seu tio Jorge quem me ligou, ela está na casa dele. – Afirma, sorrindo. – Eu não consigo me conter por tanta felicidade, sua irmã não morreu, ela não morreu. – Diz com euforia.
Carmen abraça Bianca, que por sua vez olha para o nada com uma cara de poucos amigos. Carmen sai do abraço.
CARMEN: – Diga ao Maurício quando ele vir aqui hoje que a Estela não morreu. – Diz encarando a filha mais velha.
BIANCA: – Eu direi sim, mãe, pode deixar. – Afirma antes da mãe sair de sua frente. Fora do alcance da visão de Carmen, ela sorri de forma maquiavélica. – Eu vou dizer tudinho. – Pensa.
CENA 4: ONDAS DO PARAÍSO | MANHÃ
Já é possível observar alguns pescadores jogando suas redes ao mar. As ondas quebram no mar. Os surfistas chegam com suas pranchas, alguns mais afoitos já entram no mar. Pessoas passam na rua da casa dos Ferreira.
CENA 5: ONDAS DO PARAÍSO | BAIRRO ROMANO | CASA DOS FERREIRA | SALA | INTERIOR | MANHÃ
Maurício está parado próximo da janela, ele segura em suas mãos, uma caneca com um pouco de café, seus olhos fitam o jardim bem florido da casa. Clodoaldo sai da cozinha e ao ver o filho um tanto cabisbaixo, se aproxima.
CLODOALDO: – Ainda pensando naquilo, filho? – Pergunta assim que para ao lado de Maurício.
Maurício olha para o pai, está visivelmente cansado.
MAURÍCIO: – Não há como esquecer, pai. Eu não aceito que ela tenha morrido, pois para mim ela está viva, eu consigo sentir.
CLODOALDO: – Você vai ter que superar isso, filho, não sei como, mas terá.
MAURÍCIO: – Eu não tenho coisa alguma para superar, pai. O amor da minha vida está vivo, eu não vou desistir de encontrar ela. Eu sei que a mãe dela e a irmã acreditam que ela morreu, mas elas podem estar enganadas. – Diz com certa revolta. – Eu não posso e nem quero acreditar que ela tenha me deixado para sempre.
Maurício deixa o pai na sala, ele sobe até o quarto, abatido com tudo que aconteceu. Rosa se aproxima do marido.
ROSA: – O amor deles era muito grande e vai ser difícil para ele aceitar isso. – Diz com certa tristeza por ver o filho entristecido.
CLODOALDO: – Eu sei, meu amor e a gente vai estar aqui para o que der e vier. Que Deus conforte o coração do nosso filho. – Diz ao abraçar Rosa.
CENA 6: ONDAS DO PARAÍSO | TARDE
As ondas do mar estão fortes, elas batem no paredão de pedra, as pessoas observam. Pescadores jogam suas redes no mar um pouco longe da praia, próximo deles, uma embarcação já surrada pelo tempo. Pessoas passam em frente a casa dos Belmonte, elas conversam enquanto seguem adiante. Carmen sai de dentro da casa, logo é possível ver um táxi parando em frente. Bianca está na porta, ela observa a mãe entrar no táxi e partir para Pedra Fina. Assim que o táxi se vai, Maurício estaciona seu veículo.
CENA 7: ONDAS DO PARAÍSO | BAIRRO COSTEIRO | CASA DOS BELMONTE | INTERIOR | TARDE
Maurício sai do carro, está abatido, ele se encaminha até a porta da casa e toca a campainha. Logo a porta se abre encosta e Bianca se encosta no portal.
MAURÍCIO: – Sua mãe está, Bianca? – Pergunta, com certo receio.
BIANCA: – Acabou de sair, Maurício.
MAURÍCIO: – Não sabe quando ela volta? Eu precisava muito falar com ela.
BIANCA: – Ela foi pra casa do meu tio, ela ainda está muito abalada com tudo que houve.
MAURÍCIO: – Eu sei, eu também não me conformei com isso, e talvez eu não me conforme nunca.
Bianca olha para Maurício, seus pensamentos vão longe.
BIANCA: – Minha irmã deixou algo pra você antes de… antes de… você sabe. – Ela gagueja falsamente fingindo emoção.
MAURÍCIO: – Ela deixou? – Pergunta, espantado.
BIANCA: – Espera, eu vou pegar. – Diz antes de entrar na casa, rapidamente. Logo ela volta com um envelope nas mãos e entrega para Maurício.
Maurício abre o envelope branco com uma grande ansiedade, vê que é uma carta. Ele começa a ler. Bianca o observa, fora do campo de visão dele, ela sorri ao ver a cara de espanto de Maurício. Maurício levanta o olhar.
MAURÍCIO: – Não! O que é isso? – Pergunta olhando para Bianca. Ela não podia ser assim, não a minha Estela. – Diz parecendo estar chocado.
CENA 8: CASA DOS BELMONTE | SALA | INTERIOR | NOITE
Maurício ainda está com a carta em mãos, só a deixa de lado quando Bianca aparece com um copo d’água. Maurício bebe a água com uma gana incrível, Bianca o observa.
BIANCA: – Desculpa, Maurício. Eu nunca soube desse lado da minha irmã… Se eu soubesse, teria dito. Minha irmã sempre foi muito discreta.
MAURÍCIO: – Eu estou completamente abismado, Bianca. – Diz olhando para o copo. – Ela me enganou, eu fui enganado. – Diz com raiva e sem pensar, ele arremessa o copo contra a parede. – Eu fui feito de idiota. – Afirma antes de pegar a carta e se levantar. Maurício segue até a porta com certa pressa, enxuga algumas lágrimas e sai da casa sob o olhar eufórico de Bianca, assim que ela vê o carro partindo, sorri.
Bianca dá algumas gargalhadas.
BIANCA: – Ele realmente caiu, é um tolo. – Diz enquanto olha o copo quebrado. – Agora tudo vai ficar mais fácil pra mim, afinal esse contratempo com a Estela veio a calhar. – Afirma com seu sorriso nada amigável.
Bianca continua a olhar para os cacos de vidro que conseguem refletir seu rosto com seu sorriso diabólico em cada pedaço.
|||SEGUNDA|||
Estela se reencontra com a mãe e fica sabendo que tudo que viu na festa não passou de um tremendo engano, mas envergonhada por ter desconfiado de Maurício, ela fica irredutível em voltar para Ondas do Paraíso. Maurício começa a remoer a falsa carta e se vê com raiva de Estela.
CONTINUA
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