JARDIM DO ÉDEN
Capítulo 17
“Segredos Revelados”
Último Capítulo
Uma WebNovela de: Nathan Freitas
Cena 1. Delegacia/Sala do Delegado.
Int/Noite.
Ruth sentada, mais afastada. O delegado
conversa com a pessoa que está de costas para a CAM. Não identificamos, pois
está de capuz.
Delegado: Então, quer dizer, que você
não tem nada a ver com as mortes de Alice Cardoso e do camareiro Heitor?
(nessa hora a pessoa tira o capuz e
revelamos sua identidade... Paulo.)
Paulo: Claro que não. E só falo agora
com a presença do meu advogado.
Delegado: E porque você marcou encontro
com a senhorita Ruth aquela hora, naquele lugar?
Paulo: Na verdade... o encontro não
seria comigo.
Delegado: Existe outra pessoa
envolvida?
Ruth: Ele tá acobertando o verdadeiro
culpado, delegado.
Delegado(p/Ruth) Então, você sabia? Ou
melhor, você sabe quem é o assassino?
Ruth: Não. Eu não sei.
Delegado: Como não? Se acaba de falar
que ele tá acobertando o criminoso?
Ruth: Bem... é que eu tô grávida,
delegado. E o dr. Daniel, meu ex-patrão é o pai dessa criança. Ele me deu um
bom dinheiro pra eu sumir de vez. Eu achei uma merreca! Foi aí que eu
chantageei o Paulo... já havia desconfiado dele... marcamos um encontro.
Delegado: (p/Ruth) Marcou encontro com
quem, na verdade?
(nessa hora o telefone toca. O delegado
atende.)
Delegado: Alô? Sim, é ele... sequestro?
Aonde? No Jardim do Éden?... a filha do Ricardo Almeida, a Giovanna? Sei...
sei... tudo bem, tou indo praí. (desliga)
Ruth: O que foi delegado?
Delegado: Sequestraram a filha do
advogado Ricardo Almeida. Voces ficam aqui. (p/policial) de olho neles. (sai.)
Corta para...
Cena 2. Hall Do Hotel. Int/Noite.
Ricardo, Fausto e Evaldo por ali,
ansiosos. Aparece o delegado e dois policiais.
Delegado: Então, alguma novidade?
Ricardo: Não. Nada.
Delegado: Como foi isso?
Evaldo: Eu não sei. Estava com ela no
restaurante, enquanto fui pegar um refri... quando voltei, ela já tinha sumido.
Achei muito estranho.
(Aparece um segurança do hotel)
Segurança: Seu Fausto... achamos a
garota. Tá no terraço.
Corta para...
Cena 3. Terraço Do Hotel. Ext/Noite.
É um local espaçoso, amplo. Vemos toda
a cidade. a CAM passeia pelo local, até chegar chegar em Giovanna sentada
numa cadeira, amarrada, e com a boca tapada com um pedaço de pano. Aparece
Ricardo, Fausto, Evaldo, Joyce, Saulo, o delegado e os policiais. Todos se
assustam quando ver Joana ali, apontando uma arma para Giovanna.
Ricardo(desesperado) Minha filha!
Fausto: Joana? O que você tá fazendo?
Ricardo: Não faça nada com minha filha.
Faça comigo! Mas deixa ela viver. Eu imploro!
Joana: Não é nada disso! Voces estão
confundindo as coisas.
Saulo: Era essa a mulher com quem você
queria se casar?
Ricardo: Não é o momento, Saulo, por
favor!
Delegado: Se entregue senhorita Joana!
A farsa acabou.
Joana: Vocês estão me crucificando
antes de saber a verdade.
Joyce: Já estamos vendo a verdade. Todo
mundo já sabe que é você que está por trás de todos os crimes. Se entrgue!
(Nessa hora Antônio aparece, ver Joana
com a arma para Giovanna.)
Antonio: Minha filha?! Se você fizer
alguma coisa com minha filha, eu mato você! Sua desgraçada! Solta ela!
Joyce: Eu acho que já vi este filme
antes, Antônio. E o final não foi muito agradável. Exerça seu papel de pai.
Evaldo: Joana... por favor, largue esta
arma. Não vá cometer uma loucura. Eu vou até aí.
Delegado: Não, rapaz. É muito
arriscado.
Joyce: Não, meu filho! A gente não sabe
o que ela pode fazer.
Evaldo: Deixa eu tentar? Vai dar certo.
Delegado: Cuidado. Estamos aqui na
retaguarda.
(Evaldo se aproxima devagar, até chegar
a ela. Os dois se abraçam. Num descuido de Joana, Evaldo consegue tirar a arma
da mão dela.Antônio já soltou Giovanna. O delegado pega Joana. Giovanna corre
pra Ricardo, chorando)
Ricardo: Como você tá, meu amor?
Giovanna: Toubem papai. Pensei que
nunca mais fosse ver o senhor.
(Mas derrepente, surge uma pessoa,
saindo por trás da caixa d’água, com uma arma e de capuz.)
Pessoa: Só que essa história, não acaba
aqui!
(Todos se voltam pra ver. Antonio que
já vinha voltando pros demais, volta-se pra olhar, e num rompante, a pessoa
atira nele. Antonio já cai sem vida. Muita tensão. Joyce corre desesperada para
o irmão.)
Joyce: Antonio!
(O delegado e os demais policiais
rendem o atirador.)
Delegado: É melhor largar essa arma.
Fim de linha pra você!
(O atirador larga a arma. O delegado
algema-o.)
Joyce (p/ atirador) Desgraçado! Você
matou meu irmão!
Delegado: Agora, vamos ver quem está
por trás desta máscara.
(aos pucos o delegado vai tirando o
capuz do atirador. Muito supense. Até que a CAM faz um zoom revelando o
rosto do assassino... Sônia. Close na reação dos demais.)
Sônia: (irônica) Podem me chamar de
Sônia! Pros íntimos... boneca Suzy.
(todos surpresos com a revelação.)
Delegado: Acabou a farsa, boneca Suzy!
Corta para...
Cena 4. Delegacia/Sala do Delegado.
Int/Noite.
Abre em Sônia, sentada de frente para o
delegado.
Delegado: A senhora vai me contar com
riquezas de detalhes, todos seus crimes.
Sônia: Com o maior prazer.
Delegado: (p/escrivão) Anote tudo. Não
deixe faltar nada. (p/Sônia) pode começar.
Sônia: Bem, o ano era 1988. Eu etava em
casa... quando ouvi no rádio, que uma agencia de modelos estava recrutando
garotos e garotas de 13 a 23 anos, para participarem de uma campanha
publicitária na tv. Então, eu de imediato, fiz minha inscrição. Dias depois,
fui chamada pela a agência... fiz alguns ensaios, enfim... e de cara fui
aprovada. Daí em diante, foi só alegria na minha vida. Mas houve um dia, que
fomos mandados pela agência pra uma cidade do interior de São Paulo,
Araraquara. Íamos participar de um evento.
Delegado: Você e quem?
Sônia:E u e mais três garotos. A Alice,
o Heitor e o Viriato. Eles talvez, tivesse seus 14 anos, não sei. Eu era a mais
velha... fui para acompanhá-los. Como eram de menores, precisava de alguem
responsável. Ficamos em uma pousada. Mas de pousada aquilo não tinha nada.
Delegado: O que era, então?
Sônia: Um bordel. A verdade é que a
agência tinham nos recrutado para serem garotos de programa. Eu resisti até
onde pude. E fomos obrigados a nos prostitiuir, e levar o sustento pra tal
“pousada”. O bordel era frequentado por muita gente rica, famosa. Um deles era
dr. Benedito Sabattini. Um homem influente, poderoso, dono de uma empresa de
vinhos da região. Logo descobri que ele negociava com a agência, e pagava caro
para a transferência de garotos e garotas de todo país. Ele se encantou por
mim. E chamava cada um de nós pelo apelido. Eu era conhecida como Suzy, fazendo
referência a tal boneca. A Alice ele chamava de Barbie, por se parecer muito
com a famosa boneca. O Heitor era o porco-espinho, por ter o cabeolo muito
espetadinho. O Viriato era o Pepito. (começa a chora) então, houve um dia, já
cansado das violências que sofria, das humilhações... eu tentei fugir. Um
rapaz, me socorreu, e me deu abrigo. Logo depois descobri que este rapaz era
sobrinho do velho Benedito.
Delegado: Que hoje é seu Marido, não?
Sônia: Sim. O Daniel.
Delegado: Continue.
Sônia: Bom, eu não tive escolha. Eu
matei o Dr. Benedito. Eu não suportava mais aquele sofrimento. Foi melhor
assim.
Delegado: E onde entra o Heitor e Alice
nessa história?
Sônia: Alice e Heitor viu na hora que
coloquei veneno na bebeida do velho. Sendo que quando isso aconteceu, eu já
estava noiva do Daniel.
Delegado: Se você já estava noiva do
Daniel, porque matou o velho? De toda forma seu sofrimento já havia acabado.
Sônia: Ainda não, delegado. Eu mantive
relaçoes com ele, mesmo estando noiva do Daniel ele me obrigava, me forçava.
Com a morte dele seria minha única solução. Consegui um veneno que fosse
impossível de identificar... mas mesmo assim, tempos depois, o laudo deu a
causa morte por envenenamento.
Delegado: E como você matou Alice
Cardoso?
Sônia: A Alice ligou pra mim, dizendo
está disposta a contar pra policia tudo que sabia sobre mim... inclusive sobre
a filha da Joana.
Delegado: Então, foi uma queima de
arquivo?
Sônia: Mais ou menos isso.
Delegado: E o camareiro Heitor?
Sônia: O heitor era muito
bisbilhoteiro... vivia ouvindo a conversa alheia por trás das portas. Mas levei
vantagem nisso... ele me disse que tinha visto o Antonio horas antes
conversando com Alice, parece que estava discutindo. Foi aí qu eu pedi a ele, pra
acusar Antônio, e que com isso, ficase visado. Mas o Heitor de bobo não tinha
nada... e passou a me chantagear... e por pura coincidência, eu o matei, no dia
que eles discutiram. Eu soube disso, depois.
Delegado: E porque o sequestro da filha
de Ricardo, a Giovanna?
Sônia: Porque eu queria que a Joana
dividisse em partes iguais a herança que o pai dela havia deixado pra sua
filha... partilhasse pra minha filha, Analu.
Delegado: E o que tem haver?
Sônia: (revela) É que Analu... não é
filha de Daniel. Ela é fruto de uma violência(sexual) que sofri do dr. Benedito
Sabattini. E de todo modo é filha dele.
Delegado: Minha nossa senhora! E seu
marido sabe disso?
Sônia: Nunca desconfiou. Quando casei
com Daniel, eu já estava com 2 meses de gravidez.
Delegado: Muito bem. Isso é tudo?
Sônia: Sim, delegado.
Delegado: A senhora vai agora pra uma
pentenciária. Vai aguarda a decisão do juíz, e provavelmente irá a juri
popular.
Sônia: Mas antes eu queria falar com
minha filha. Posso?
Delegado: Claro.
Corta para...
Cena 5. Hotel Jardim Do Éden. Quarto De
Ricardo. Int/Dia.
Ricardo por ali, inquieto. Batem na
porta. vai abrir. É Joana.
Joana: Oi? Vim assim que ligou. O que é
que você quer?
Ricardo: Eu chamei você aqui... porque
quero ser justo. Quando lhe fiz a proposta de casar com você... lhe garanti uma
bela quantia. Lembra?
Joana: Sim. Porque?
Ricardo: (pega uma maleta. Entrega a
Joana.) Tome.
Joana: O dinheiro que te prometi.
(Joana abre a maleta. Ver várias notas
de cem reais.)
Joana: Nunca vi tanto dinheiro na minha
vida.
Ricardo: Isso vai dar pra você viver
muito bem por um bom tempo.
(Joana fecha a maleta. E entrega a
Ricardo)
Joana: Eu nunca quis o seu dinheiro.
Nem muito menos ter sua filha como prêmio, como disse outra vez.
Ricardo: Ah,não?
Joana: Não. Será que você ainda não
percebeu?
Ricardo: O quê?
Joana: Nunca quis seu dinheiro... (se
aproxima de Ricardo) eu sempre quis o... seu amor.
(Ricardo é pega de surpresa, e os dois
acabam se beijando.)
Joana: Eu te amo. Desde que te conheci
naquele dia, no banheiro.
Ricardo: Você não sabe da alegria que
dar dizendo isso.
Joana: O dinheiro nunca foi um problema
pra mim. Agora o seu amor, é muito precioso.
Ricardo: Eu te amo. (se beijam).
(Giovanna e Evaldo entram, e
surpreendem eles aos beijos.)
Giovanna: Opa. Desculpe gente!
Ricardo: Não filha! fica. Eu tenho uma
notícia pra você.
Giovanna: Vocês vão se casar, é isso?
Joana: É. É isso mesmo. Como sabe?
Giovanna: Não precisa ninguem dizer. Eu
vejo nos olhos de vocês.
Os quatro se abraçam, carinhosos.
Giovanna: (emocionada) Agora além de
pai... vou ter uma mãe.
(Todos riem, felizes, emocionados.)
Corta para...
Cena 6. Takes Da Cidade. Ext/Dia.
Ruas, avenidas, praias, parques,
comércios abertos, restaurantes lotados, etc...
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Corta para...
Cena 7. Penitenciária. Sala Do Delegado
Int/Dia.
Analu entra em cena. O delegado
sentado.
Analu: Boa tarde?
Delegado: Pois não?
Analu: Eu vim visitar minha mãe, Sônia
Amorim.
Delegado: Sônia Amorim? A senhora Sônia
Amorim fugiu esta manhã da penitenciária.
Analu: O quê?
Corta para...
Cena 8. Estrada Carroçal. Ext/Dia.
Abrimos nos pés de uma mulher correndo
pela estrada. A CAM vai subindo até identificar Sônia, toda suja, suada. Pára
num local ermo. Surge um carro ao longe e se aproxima. Pára. Ela entra no
carro.
Sônia: Trouxe o que pedi?
(A CAM mostra o motorista, é Viriato.
Ele pega uma maleta no banco detrás, e passa pra ela.)
Sônia: (Abrindo a maleta) Maravilha!
(retira umas notas, e entrega a Viriato)
Viriato: O que é isso? Você acha que
vou me contentar só com essa esmola?
Sônia: E se pode se dar por satisfeito.
É isso, e pronto!
(Sônia desce do carro e sai correndo.
Viriato se vendo lesado, pega uma arma no porta-luvas.)
Viriato: Se ela pensa que vai sair por
cima, vai cair do cavalo. (Grita) Sôniaaaa!
(Sônia volta-se pra ele. Viriato atira.
Sônia com a maleta contra o peito é atingida duas vezes. Vai caindo aos poucos
ao chão. Viriato se aproxima.)
Viriato: Vai pro inferno, filha duma
égua! (abaixa e pega a maleta. Entra no carro e sai.)
(A CAM faz vários closes alternados do
cadáver de Sônia ao chão. Musica marcando).
Corta para...
Cena 9. Hotel Jardim Do Éden.
Escritório De Fausto. Int/Dia.
Fausto de costas pra porta que está
entreaberta. Entra Ruth.
Ruth: Oi? Eu vim pelo anúncio no
jornal. Vocês ainda tá precisando de secretária?
Fausto: (sem olhar pra ela) Não. Não
estamos mais não.
Ruth: Que pena! Então, tá! (vai saindo,
quando Fausto vira-se, e fica boquiaberto.)
Fausto: Não. Eu tava brincando. É claro
que eu tô. Entre. Fique a vontade.
(Ruth senta, cruza as pernas, Fausto
fica sem jeito.)
Fausto: Como é seu nome?
Ruth: Ruth. Mas pode me chamar de
Rutinha.
Fausto: Rutinha?! Gostei. Tá
contratada.
Ruth: Jura? Que bom! O senhor não vai
se arrepender.
Fausto: Tenho certeza que não.
Cota para...
Cena 10. Casa De Daniel. Sala. Int/Dia.
Daniel com uma taça de vinho na mão, na
outra a garrafa com o nome: Paraíso. Senta no sofá. Põe a garrafa
sobre a mesinha de centro. Pega o telefone. Disca.
Daniel: Alô? É a Wládia Barbosa? Olá?
Como vai a nossa ilustre mestre das letras?... eu vou indo né?... na medida do
possível, vou levando a vida... eu liguei pra te dizer o nome do título da
minha biografia... É... sei... o nome vai ser: A solidão da Promiscuidade!(ri) É...
é um nome bem sugestivo pra ser de minha biografia. A senhora não acha?... tudo
bem... depois te passo por e-mail mais detalhes, ok? Um abraço! (desliga) (se
levanta) É... tanto que fiz na vida... pra acabar triste e só. Desamparado pelo
amigos... pela familia...
(a CAM vai se afastando dele. Musica
triste marcando)
Corta para...
Cena 11. Restaurante Do Hotel. Int/Dia.
Joyce cantando Close To You.
Casais dançam à parte. Garçons servindo mesas. Destacamos os casais: Joana e
Ricardo... Giovanna e Evaldo... Fausto e Ruth e Saulo mandando beijos para
Joyce. Tempo na música. Depois corte descontínuo para Joana e Ricardo.
Ricardo: Eu te amo.
Joana: Eu também te amo. (se beijam)
Corta para...
Cena 12. Corredores Do Hotel. Int/Dia.
Uma CAM subjetiva vai caminhando pelos
corredores até parar próxima a porta do quarto de Viriato, que se abre e vemos
Um homem sentado de costas, com uma maleta na mão. A CAM se aproxima, e
identificamos: Antônio. Sorri pra CAM.
Antônio: Sabia que você vinha. Foi um
belo golpe de mestre.
Ele se levanta e sai de quadro. A CAM
vai saindo em direção a janela, até encontrar o céu... e surge uma legenda:
“Há mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe a vossa vã filosofia...”
E quem quiser que conte outra...
FIM
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