As Estrelas Brilham Lá No Céu | Episódio 02: "A Falsa Morte" #AsEstrelasBrilhamNoWebMundi


          




          EPISÓDIO 02: A FALSA MORTE

CENA 01: APARTAMENTO DE EURIDES / COZINHA/ INT./DIA

Telma prepara o café da manhã na cozinha, eis que Eurides se aproxima de repente. 
EURIDES – Bom dia Telma. 
TELMA – Que susto, dona Eurides! Bom dia!
EURIDES – Hum... (RINDO)
TELMA – Pelo menos vejo que está mais feliz hoje minha amiga.
EURIDES – Estou sim, Telma. Hoje é véspera de natal.
TELMA – Eu pensei que a senhora estivesse triste ainda por ontem! 
EURIDES – Não estou! Arrumei uma forma para que minhas filhas, genros e netos passem o natal comigo! 
TELMA – O que a senhora está falando, dona Eurides?
EURIDES – Eu irei morrer, minha amiga. Quer dizer, fingirei que vou morrer. Minhas filhas não se preocupam tanto comigo? Pois então, virão para o meu falso velório, não é mesmo. 
Eurides ri, Telma fica boquiaberta e sem palavras, não acreditara no que acabara de ouvir. 
Retorno imediato.
TELMA – Dona Eurides, que brincadeira mais fajuta essa, quase morri do coração! (ASSUSTADA)
EURIDES – Não tem brincadeira alguma minha amiga, falo a verdade, irei morrer falsamente. O que achou? 
TELMA – Dona Eurides, acho que esse não seja o caminho para que suas filhas visitem a senhora, imagina só o susto que elas teriam? Isso não se faz. 
EURIDES – Minha amiga, acho que o susto é merecido não acha? Depois de tanto tempo sem vê-las. Se elas apenas preocupam-se se ainda estou viva, não há susto melhor. 
TELMA – Acho arriscado, dona Eurides. 
EURIDES – Minha amiga, eu preciso de sua ajuda com minha falsa morte. 
TELMA – Ah, dona Eurides, a senhora sabe que não nego nada para senhora, mas não concordo com tudo isso. Não acho que isso seja justo com suas filhas, netos e genros. 
EURIDES – Minha amiga, eu preciso dá uma lição nessas meninas e quero sua ajuda. 
TELMA – Aí, dona Eurides, não faz isso comigo, por favor!
EURIDES – Eu só preciso que você me ajude com uma coisa.
TELMA – Dona Eurides, não me mete nessa. 
EURIDES – Escute, depois que você me ajudar poderá viajar com suas amigas, eu apenas preciso que você converse com seu amigo, Florentino, o nome dele, né isso?
TELMA – O Florentino? Ele não. 
EURIDES – Ele sim. 
Eurides se aproxima ainda mais de Telma. 
EURIDES – Ele é louquinho por você, e vai fazer tudo o que você pedir. Apenas quero que você consiga uma certidão de óbito falsa. Ele é malandro, tenho certeza que conseguirá. 
TELMA – Dona Eurides, eu não entendo a lei direito, mas sei que isso é crime, podemos ser presas em pleno natal! Imagina só o desastre!
EURIDES - Ninguém vai descobrir, minha amiga. Arranjaremos a certidão de óbito falsa, depois ligaremos para minhas filhas anunciando minha morte, elas virão, não tenho dúvidas! E quando chegarem...
TELMA – E quando chegarem? 
EURIDES – Teremos uma recheada ceia natalina esperando por todos. 
TELMA – Meu Deus, sinto que estamos entrando em uma enrascada.
EURIDES – Você é a única pessoa que posso contar minha amiga, por isso peço sua ajuda. Tenho certeza que tudo o que estou fazendo é por uma boa causa. 
Telma fica em transe, em seguida reage.
TELMA – Quer saber, eu vou ajudar a senhora sim! As filhas da senhora bem que merecem essa lição. Acho até que isso vai ser bom para reuni-las e minha querida amiga matar toda saudade das filhas.
EURIDES – Você topa então?
TELMA – Embora ache que estamos atrasadas com tantos preparativos para uma única noite? Claro que topo. 
EURIDES – Sabia que poderia contar com você. 
As duas riem e se abraçam.





CENA 02: SÚBURBIO DE SÃO PAULO/ FEIRA/ EXT./ DIA 

Telma procura o pilantra Florentino por todas as partes em meio a uma tremenda algaravia na feira do subúrbio de São Paulo. Eis que ele a surpreende.
FLORENTINO- Você por aqui, minha flor? Aposto que veio me desejar um feliz natal, né isso?
TELMA – Para com isso Florentino, sabes muito bem que odeio essa tua cara!
FLORENTINO – Preconceito agora? Ouvi bem?
TELMA – Não é isso. Só não gosto do que você faz, esses seus trambiques e jogos falsos, sempre tentando subir nas costas dos outros, você pode mais, homem. 
FLORENTINO – Escuta aqui, se veio lá do bairro dos grã-finos pra me dar lição de moral pode ir voltando, entendeu? Não enche o saco. 
Florentino dá de ombros e ameaça ir embora. Telma agarra seu braço.
TELMA – Preciso de sua ajuda. 
FLORENTINO- Não me fale que meus serviços agora te servem?
TELMA – Não me servem mesmo, minha patroa que precisa de um serviço seu. 
FLORENTINO – E o que a velha deseja?
TELMA – Olha o respeito com os mais velhos, tá bom! Uma falsa certidão de óbito. Acha que consegue para ainda hoje?
FLORENTINO – Se consigo? Isso vai depender do Money, se é que me entende. E como o serviço exige pressa, o preço também aumenta. 
TELMA – Não importa o preço, o importante é que consiga essa certidão ainda hoje. 
FLORENTINO – Pode deixar com o papai aqui, ele sempre resolve. Mas que mal lhe pergunte: Para que a velha vai querer uma certidão de óbito falsa?
TELMA – Não te interessa, ok?  Apenas faça o que te mando. 
FLORENTINO- Não tá mais aqui quem falou. Preciso dos dados dela. 
TELMA – Claro.
Telma e Florentino continuam conversando e preparando os dados da falsa morte de Eurides.
A cena vai escurecendo até fechar completamente. 

CENA 03: APARTAMENTO DE EURIDES/ SALA DE ESTAR /INT./DIA 

Eurides se aproxima de Telma. 
EURIDES – Então?
TELMA – Consegui. Ele vai fazer a falsa certidão. 
EURIDES – Que Bom! Está tudo dando certo, minha amiga. 
TELMA – Sei não Dona Eurides, estou preocupada com tudo isso.
EURIDES – Não há motivos pra se preocupar, minha amiga. 
TELMA – Falando nisso, minhas amigas ligaram hoje cedo para irmos a tal viajem, porém resolvi ficar por aqui mesmo. 
EURIDES – Por que você fez isso minha amiga? Você deveria viajar sim. 
TELMA – Eu não conseguiria viajar em paz só de imaginar tudo o que estaria acontecendo nesse apartamento. Além do mais, quero conhecer suas filhas. (RINDO)
EURIDES – Ah, minha amiga! Como eu a amo. 
Eurides e Telma se abraçam. 
TELMA – A senhora está certa que suas filhas virão mesmo? 
EURIDES – Sim, pressentimento de mãe não falha, elas virão. Falando nisso, acho que já está na hora de você ligar para elas, anunciando minha morte. 
TELMA – É, pretendo fazer isso agora.
Telma pega o telefone sob o criado-mudo.

ESTADOS UNIDOS...

CENA 04: ESTADOS UNIDOS/NOVA IORQUE/ CASA DE EVA /INT./DIA

Por telefone Eva parece não acreditar no que acabara de ouvir do telefonema de Telma, ela senta no sofá e desliga o telefone.
EVA – Oh, My Good! 
Mary, filha de Eva se aproxima, tentando acalmar a mãe que parece tonta. 
MARY – O que aconteceu, mamãe?
EVA – O pior, minha filha. Sua vó Eurides, ela faleceu. 
MARY – Assim de repente? Como? (NERVOSA)
EVA – Eu não sei! Ajude sua mãe, traga-me um copo de água, por favor. 
MARY – Claro. 
Mary sai correndo.
Eva chora e grita alto, ela cai no chão, aflita e sem chão, tonta e ao mesmo tempo sem entender o que acabara de acontecer com Eurides no Brasil.

CENA 05: ESTADOS UNIDOS /FLORIDA/ CASA DE JOANA/ INT./DIA

Rafael, marido de Joana desliga o telefone, sem saber ao menos como notificar a esposa sobre a notícia ruim que a daria, porém, seus olhos já demonstravam tamanha aflição. Joana lia um livro.
JOANA – O que está acontecendo, Rafael? Que cara é essa?
RAFAEL– Sua mãe... Dona Eurides... ela...
JOANA – Minha mãe? (AFLITA
RAFAEL - Ela faleceu hoje pela manhã no Brasil meu amor. 
Joana desmaia, no entanto, Rafael agarra-lhe antes que caia no chão.

CENA 06: ESTADOS UNIDOS/ ALASCA/ CASA DE VILMA/ INT./DIA

Vilma organiza os preparativos para o natal de sua residência, com carinho, ela enfeita a árvore de natal e posiciona os presentes embaixo da mesma, caminhando de um lado ao outro, cantarolando e feliz. De repente o telefone toca. Ela atende. 
VILMA – Residência dos Girbsons, bom dia. 
Vilma escuta a voz de Telma ao telefone.
Ela deixa o telefone cair no chão juntamente com uma bandeja que segurara. 
A cena escurece. 

CENA 07: BRASIL/ APARTAMENTO DE EURIDES/ INT./DIA 

Eurides espera Telma desligar o telefone, ansiosa.
EURIDES – Então?
TELMA- Todas já sabem de sua falsa morte, dona Eurides.
EURIDES- isso! (ALEGRE). Elas disseram se viriam para o velório?
TELMA – Não, não falaram nada. Mas todos ficaram em choque com a notícia. A senhora tem certeza que quer seguir com isso?
EURIDES – Claro que quero. Minhas filhas virão para o natal. 
TELMA – Estou nervosa com tudo isso. 
EURIDES – Calma, irá dá tudo certo. O segundo passo agora é esperar a ligação delas. 
TELMA – Sim, claro. Existe um único problema, Dona Eurides.
EURIDES – E qual seria? 
TELMA – Dona Vânia, sua irmã do Rio de janeiro.
EURIDES – O que tem ela?
TELMA – Ela precisa saber de toda essa armação.
EURIDES – Vânia não! Língua frouxa como ela é. Ela não! 
TELMA – Temos que fazer isso, e se suas filhas quiserem confirmar tudo com ela, tenho certeza que certidão de óbito nenhuma vai desfazer o estrago. 
EURIDES – Você tem razão. Passaremos na casa de Vânia no Rio agora mesmo.
Eurides e Telma se olham fixamente.

CENA 08: ESTADOS UNIDOS/ NOVA IORQUE/ CASA DE EVA/ INT./DIA

Eva e Joana se abraçam emocionadas. 
Vilma chega com o marido Rafael e seus filhos. 
VILMA– Minhas irmãs! 
As três se abraçam.
JOANA – Quem diria que apenas em um momento como esse poderia fazer com que nos uníssemos novamente.
EVA – Agora não dá mais pra reparar o erro. Mamãe está morta. 
RAFAEL – Dona Eurides era uma mulher fantástica, a única pena que sinto é de não ter tido muito convívio com ela. 
MARY – Lembro da vovó. Ela era sim muito bacana, brincamos e nos divertimos tanto naquelas férias quando eu tinha 8 anos. 
EVA – E de lá pra cá já se passaram 15 anos!
Pequena pausa seguida de um profundo silêncio.
JOANA – O que fazemos agora?
VILMA – Iremos ao Brasil para o velório, sim? 
EVA – Sim. Temos que comprar passagens urgentemente, isso não vai ser fácil, logo na véspera de natal.
Rafael se aproxima.
RAFAEL – Quanto a isso não precisam se preocupar, acabo de comprar as passagens pela internet. Chegamos ainda hoje no Brasil. 
JOANA – Ótimo. Temos que ligar para Tia Vânia. 
EVA – Isso mesmo! Alguém tem que cuidar dos preparativos do velório. Telma não conseguirá cuidar de tudo sozinha, ela deve estar muito abalada também.
VILMA – Eu ligarei agora mesmo. 
Vilma pega o telefone.
A cena congela e torna-se uma estrela no céu.

                                                                                  CONTINUA...


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