Paraíso Perdido | Capítulo 15 #ParaísoPerdidoNoWebMundi

uma webnovela de JAIR VARGAS

produção de LABIRINTO RADICAL

2008, Brasil
CENA 1: PARAÍSO AZUL | EXTERIOR | MANHà
Mirela continua a encarar Rodrigo que parece não se intimidar com o enfrentamento da jovem. Ela se aproxima um pouco mais dele e o oberva, parecendo não temer nada e nem ninguém. Rodrigo tenta seguir seu caminho, mas Mirela o impede, segurando no braço dele de forma firme. Os olhares de raiva se cruzam.
MIRELA: – Você e sua família destruíram a vida de muita gente aqui, e essa mesma gente está cheia de raiva. – Comenta, olhando nos olhos dele. – Acho melhor você sair daqui enquanto tem tempo. – Aconselha.
Rodrigo começa a rir, não acreditando na petulância da moça à sua frente.
RODRIGO: – Você acha que eu vou ter medo de uma garota como você? Acho que é você quem precisa tomar cuidado, muito cuidado aliás. – Ele diz, conseguindo soltar o braço.
Mirela ainda encara Rodrigo que parece não ter nada mais a dizer, então sai andando.
MIRELA: – Não é de mim que você tem que ter medo (pausa) é do povo, é da verdade do destino. – Ela completa esboçando um pequeno sorriso.
Rodrigo para, um estranho calafrio acontece o deixando em um alerta. Mirela dá meia volta e segue para a casa se Soraia. Um tanto desconfiado, Rodrigo olha para todos os lados e vê pessoas observando ele com olhares indecifráveis. Ele decide por sair do local o mais depressa possível. Mirela agora o oberva de longe.

CENA 2: TEMEDO | CASA DOS ASSUNÇÃO | SALA | INTERIOR | MANHÃ
Raul está parado diante da janela que tem a cortina aberta. Ele observa o lado de fora e tem nas mãos uma xícara com café que beberica às vezes, se encontra bem pensativo.
Diógenes vem pela escada após uma turbulenta noite de sono, pensando em Manuela que se encontra na mesma casa que ele. Ele tenta não fazer barulho, mas acaba despertando a atenção de Raul, que por sua vez olha para trás e vê o padrasto, logo o que Manuela lhe contou na noite anterior vem à mente, uma lembrança rápida. Raul encara Diógenes, que percebe o olhar intimidador do enteado.
DIÓGENES: – O que houve? – Ele indaga, olhando rapidamente para o corredor.
RAUL: – Quem deveria perguntar isso sou eu, Diógenes. A Manuela, essa pobre moça que eu trouxe ontem para cá estava sem memória, mas a amnésia regrediu com o choque que ela levou e eu acabo sabendo que ela veio de Paraíso Azul. – Ele responde se aproximando de Diógenes.
Diógenes fica paralisado diante da informação que seu enteado lhe dá. Ele se apoia no sofá.
DIÓGENES: – Eu não fiz por querer, Raul. O que aconteceu em Paraíso Azul foi uma fatalidade, eu estava com receio e fiz o que fiz. – Ele afirma, cabisbaixo. – Eu na ocasião fiz o que estava ao meu alcance para ajudá-la, mas meu capataz não a encontrou e fiquei com medo dela me denunciar. – Conclui com a voz um pouco trêmula.
RAUL: – Por isso é que o senhor voltou tão cedo dessa temporada na fazenda, não é mesmo? Agora eu entendo. – Diz se virando e seguindo para perto da janela. – O senhor deveria conversar com ela, pois agora ela está aqui e na condição que se encontra, não vou deixar que saía tão cedo. – Comenta, movendo um pouco a cabeça para o lado e observando de soslaio Diógenes se sentar no sofá.
Diógenes fica intrigado com o que Raul disse sobre Manuela e não tarda a perguntar.
DIÓGENES: – Que condição você está falando? – Questiona demostrando preocupação.
RAUL: – Ela está grávida. – Afirma com um tom de voz meio triste. – Ela me contou que se envolveu com um rapaz daqui da capital e esse parece mandou incendiar a casa do avô dela, e depois foi embora sem nem mesmo se explicar. – Completa se virando para Diógenes.
Diógenes fica pensando em Joel, era conhecido por todos em Paraíso Azul e no que Manuela deve ter sofrido até chegar ali. Ele se levanta devagar, passando a olhar para o corredor que leva até o quarto de hóspede. Raul o acompanha com os olhos até ele desaparecer corredor adentro.

CENA 3: TEMEDO | EDIFÍCIO MONTAL | APARTAMENTO DE CARLOS | QUARTO | INTERIOR | MANHÃ
É possível ouvir a água do chuveiro cair lentamente, e logo o barulho cessa. A porta do banheiro se abre e Carlos sai enrolado em uma toalha branca e outra entorno do pescoço, se secando lentamente. Ele caminha até a cama e se senta aos pés dela, pensando em Manuela. Próximo de onde coloca a mão tem um papel com algo anotado.
CARLOS: – Hoje eu vou rever você de novo, Manuela e farei o que for preciso para estar com você novamente e nunca mais sair do seu lado, nunca mais (pausa) não vou deixar que nos separem outra vez, não vou permitir que isso aconteça novamente. – Afirma enquanto as lembranças dos beijos dados em Manuela aparecem.
Carlos se levanta, mantendo um leve sorriso, segue até o guarda-roupa, abrindo, pegando a roupa que irá usar, e fechando novamente.

CENA 4: TEMEDO | MANSÃO DOS TERRAFORTE | SALA | INTERIOR | MANHÃ
João e Aura tomam café na sala de jantar sem dizer uma palavra sequer um ao outro, apenas olhares que parecem querer dizer tudo. Aura se serve com um pouco de suco, momento em que a campainha toca de maneira insistente, a empregada passa por trás dela e apressa o passo afim de atender a porta. Aura estica um pouco o pescoço para ver quem é e fica espantada ao ver Rodrigo. João olha e também fica sem acreditar no que vê. Os dois saem da mesa e se dirigem até a sala de estar.
Rodrigo se encontra com alguns curativos pelo corpo e assim que alcança o sofá, se senta, aparentando estar todo dolorido. Aura se aproxima levando a mão à boca.
AURA: – O que aconteceu com você, meu filho? – Ela questiona enquanto se senta ao lado de Rodrigo.
Aura oberva os curativos de Rodrigo e fica ainda mais preocupada.
RODRIGO (Respirando com certa dificuldade): – Eu nunca mais volto aquela cidadezinha, mãe… nunca mais, está me ouvindo bem?! Eu quase não saio vivo daquela cidade. – Responde, voltando o olhar para o pai.
João está incrédulo com o que aconteceu à Rodrigo. Ele volta o olhar para Aura.
JOÃO: – Viu o que deu a sua ambição, Aura? Nosso filho quase foi assassinado, e digamos que seria com certa razão, pois o povo que perdeu suas terras, agora com certeza devem estar sofrendo muito mais que ele. – Ele diz sendo taxativo. – Não conte comigo para ajudar você nesse seu empreendimento caprichoso, não quero ser responsável pela morte de quem quer que seja. – Afirma voltando o olhar para Rodrigo. – E você, abra o olho, filho. Você não quer perder sua vida por tão pouco, quer? – Indaga antes de sair de perto dele e de Aura.
Aura olha com certa raiva para João, que por sua vez sobe para o quarto. Ela volta o olhar para o filho.
AURA: – Seu pai está ficando louco, caduco! – Diz baixando o olhar.
Rodrigo balança devagar a cabeça de forma negativa e parece recear o que tem pra dizer.
RODRIGO: – O pai tem razão, mãe, toda razão. – Ele afirma, tirando a mão de Aura de seu ombro e se levantando.
Rodrigo segue com certa dificuldade para a cozinha enquanto Aura tenta conter a raiva que a invadiu após ser duplamente contrariada.

CENA 5: TEMEDO | CASA DOS VILA | QUARTO DE BÁRBARA | INTERIOR | MANHà
Bárbara está de frente para o espelho, penteando os cabelos enquanto pensa em Carlos. Ela sorri e para de passar a escova nos cabelos. Bárbara leva uma das mãos até perto do umbigo e olha no reflexo o local que toca.
BÁRBARA: – Se esse é o único meio que tenho para estar com você todos os dias, então eu farei. – Ela afirma, voltando a levantar a cabeça e a encarar seu reflexo.
A porta do quarto dela então se abre e Catarina entra, admirada com o jeito que sua filha se arrumou.
CATARINA: – Está realmente certa do que quer fazer? – Ela indaga assim que se aproxima da filha. – Não quero desistências na última hora. – Completa, esboçando mim sorriso manipulador.
Bárbara se vira para a mãe e a olha nos olhos.
BÁRBARA: – Estou certíssima, mãe, afinal os meus interesses vem em primeiro lugar e eu não quero pensar em perder o Carlos, não depois de tudo o que vivemos juntos, de tudo o que planejamos. Não vai ser uma mulher qualquer do interior desse país que vai tirar ele de mim, não vai. – Diz, decidida a fazer o que for preciso para ter o jovem fotógrafo ao lado dela.
Catarina vibra diante da certeza que a filha carrega e acredita depois disso que tudo está bem encaminhado.

CENA 6: TEMEDO | CASA DOS ASSUNÇÃO | EXTERIOR | MANHÃ
Algumas pessoas passam em frente da casa de Diógenes. Os carros na rua em frente são constantes. Sílvia passeia na companhia do filho pelo jardim em frente da casa, conversam sobre Manuela e Raul acaba por lhe contar o que se passou na vida da jovem. Sílvia fica espantada com o fato de saber que o marido tem certa ligação com a moça. Ela olha para a casa, parando no caminho de pedras, Raul faz o mesmo.
RAUL: – Eu confio na Manuela, mãe e sei que ela não está mentindo. Tudo o que ela disse é verdade. – Afirma observando a mãe.
SÍLVIA: – Eu sei, filho. – Coloca a mão no ombro dele. – Não estou desconfiando dela, só estou um pouco chocada com tudo o que me contou, e também intrigada por saber que o Diógenes me escondeu o que aconteceu naquela cidade nessa última viagem dele. – Conclui, esboçando um leve sorriso afim de deixar seu filho tranquilo.
Os dois voltam a caminhar pelo jardim.

CENA 7: CASA DOS ASSUNÇÃO | QUARTO DE HÓSPEDE | INTERIOR | MANHà
Diógenes está há alguns minutos observando Manuela dormir e acaba percebendo uma certa semelhança co o jeito dele de se deitar. Ele corre os olhos pelo quarto e acaba vendo uma pequena caixa toda trançada e dessa mesma caixa que não se encontra tampada, desponta alguns papéis. Diógenes se aproxima da caixa e pega os documentos à vista, então começa a ver um por um, logo se depara com uma velha certidão de nascimento. Ele olha, atordoado com o que acaba constatando, então se assusta ao perceber que Manuela abriu os olhos. Manuela se senta rapidamente na cama ao ver Diógenes no quarto, ela percebe que ele está com um de seus documentos nas mãos. Diógenes tem os olhos cheios de lágrimas diante do que acaba de constatar.
DIÓGENES: – Eu devia ter desconfiado, devia ter desconfiado há muito tempo de que você é filha da Gabriela… que você é minha filha (pausa) tão perto de mim durante todo esse tempo e eu não vi ou não quis acreditar. – Ele diz, choroso. – O seu avô, Joel, ele provavelmente quis proteger você, mas não deveria ter escondido essa verdade. – continua, se sentando na cama.
Manuela observa Diógenes chorando e olha em seus olhos, se lembrando de quando Talles lhe trouxe a certidão.
MANUELA: – Eu fiquei sabendo disso antes de tudo acontecer com o meu avô, com a casa na qual morávamos, mas o senhor já havia partido e eu cheguei a me esquecer disso tudo por um momento. Eu jamais pensei que fosse encontrar o senhor aqui nessa casa. – Ela afirma, cabisbaixa. – Aquele dia nas ruínas, eu estranhei o senhor chamar pelo nome da minha mãe e não consegui ligar as coisas, mas depois que o meu amigo Talles encontrou esse documento nas coisas do pai dele, consegui ligar uma coisa à outra. – Continua, olhando rapidamente para Diógenes.
Diógenes se levanta rapidamente da cama ao saber que o filho de Leopoldo foi quem encontrou tal documento. Ele fica intrigado enquanto pensa no tempo em que Leopoldo trabalha para ele. Ele encara Manuela que o olha com certo receio. Diógenes volta a se sentar.
DIÓGENES: – Eu peço que me perdoe por tudo o que eu fiz e acabei deixando de fazer, Manuela. Eu fiquei sem chão quando sua mãe faleceu e acredito que ela se foi, pensando que eu a abandonei, mas eu nunca faria isso, pois a amava demais para deixá-la, e além de que me fizeram acreditar que você havia morrido no parto. – Ele diz, deixando as lágrimas caírem. – Eu nunca seria capaz de abandoná-las, tanto que assim que descobri que minha filha… – esboça um pequeno sorriso. -… você, pudesse estar viva, ia sempre para aquela fazenda, mas algo me impedia de encontrar a verdade. – Continua, cabisbaixo.
Manuela tem a reação de tocar nas mãos de Diógenes, e nada mais é preciso ser dito. Diógenes segura na mão de Manuela e o laço de sangue que os ligam, fala mais alto. Diógenes envolve Manuela em um abraço apertado, ambos choram abraçados.

CENA 8: TEMEDO | MANSÃO DOS TERRAFORTE | ESCRITÓRIO | INTERIOR | TARDE 
Aura caminha pelo escritório, pensando em algo muito importante para ela quando o celular começa a tocar. Ela pega o aparelho rapidamente de cima da mesa e oberva o número, abrindo um pequeno sorriso.
AURA (ao celular): – O que você descobriu? – Indaga assim que leva o celular para perto do ouvido.
HOMEM (do outro lado da linha): – Ela se encontra aqui na cidade, senhora e infelizmente ela está na casa de seu primo, mas não sei informar se a verdade veio à tona, outra coisa é que o seu filho mais novo a reencontrou. – Informa.
AURA (ao celular): – Eu não podia impedir que meu primo encontrasse com essa infeliz, mas posso impedir que meu filho volte a se aproximar, então faça tudo, tudo que você conseguir para que o Carlos não se aproxime dela novamente e você será bem recompensado. – Ela ordena, esboçando um breve sorriso.
HOMEM (do outro lado da linha): – Ok, senhora. No que depender de mim, não haverá reaproximação alguma. – Afirma antes de dar por encerrada a ligação.
Aura encerra a ligação e com raiva, arremessa o celular na parede. Ela caminha até a janela.
AURA: – Maldição! Mas eu não vou deixar que tudo isso aconteça novamente, não vou. Vou acabar com ela assim como fiz com a Gabriela. Meu filho não vai se envolver com esse tipo de pessoa, só por cima do meu cadáver. – Ela esbraveja nitidamente enraivecida.
Atrás da porta, Rodrigo escuta tudo o que a mãe planeja e fica sem reação, olhando para o nada.

CENA 9: TEMEDO | EDIFÍCIO MONTAL | EXTERIOR | TARDE 
Carlos sai do edifício, olhando rapidamente para o celular. Ele vê o carro estacionado do outro lado da rua e segue até ele. Carlos entra no carro no mesmo instante que Bárbara sai de um táxi e entra no edifício. Ele coloca pm veículo em movimento. Bárbara é informada pelo porteiro de que Carlos acabara de sair e assim que ela retorna à rua, vê Carlos partindo. Ela não perde tempo e entra no táxi, pedindo para o taxista seguir o carro que acabou de sair, logo o táxi sai, fazendo o mesmo caminho que o veículo de Carlos.

CENA 10: TEMEDO | CASA DOS ASSUNÇÃO | EXTERIOR | TARDE 
Manuela se encontra sentada na cadeira que fica no jardim, tem ao seu lado Raul que esboça um sorriso bobo. Ele toca a mão dela, fazendo ela olhar para seu rosto.
RAUL: – Que loucura, não? – Acho que trouxe você ao lugar certo. – Ele diz, brincalhão. – Você é quase uma meia irmã mimha. – Completa, sorridente.
MANUELA: – Eu realmente estou sob o efeito de tudo que me aconteceu ultimamente, não sei nem mesmo o que dizer. – Ela comenta, olhando rapidamente para Raul.
RAUL: – Eu também ficaria assim, Manuela, acredite! – Ele afirma se portando seriamente.
Manuela e Raul continuam a conversar quando um carro para bem em frente da casa. Carlos sai do veículo, deixando Manuela paralisada ao vê-lo.
MANUELA: – Como ele chegou até aqui? – Ela questiona olhando para frente.
Raul passa a olhar para o mesmo lugar que Manuela olha e fica tentando entender o que se passa. Carlos encosta no portão e de longe consegue ver Manuela, os dois se olham como da primeira vez, mas ela logo se lembra do que acredita que Carlos fez e muda a expressão no olhar. Raul reconhece o rapaz como sendo o mesmo que abordou Manuela no hospital e trata de intervir. Antes que ela diga qualquer coisa, Raul segue até o portão.
RAUL: – O que você quer? – Indaga com cara de poucos amigos.
CARLOS: – Eu quero conversar com aquela moça, quero esclarecer algumas coisas que eu não consegui. Ela foi minha namorada, entende? – Ele responde, olhando rapidamente para Raul.
RAUL: – Entendo, e aí você enganou ela como faz com todas, além de ter cometido atrocidades por nenhum motivo. – Ele diz, aparentando estar com raiva. – Acho melhor você ir embora. – Adverte dando de ombros.
CARLOS: – Eu não vou sair daqui sem antes falar com a Manuela. – Diz à Raul, que por sua vez retorna para onde Manuela se encontra. – Eu não vou sair daqui antes de falar com você, Manuela. – Ele grita para a moça, que se lembrando do que viveu, deixa lágrimas caírem.
Manuela se levanta da cadeira e passa por Raul que a faz parar. Ela balança a cabeça de forma positiva e segue até o portão. Quando Manuela está se aproximando do portão, um táxi para e Bárbara sai apressada, chegando perto de Carlos, que fica realmente surpreso por vê-la ali. Manuela para há uma certa distância dos dois. Bárbara sorri e no momento que Carlos olha para Manuela, ela o beija energicamente, um beijo rápido, mas que faz com que ele fique deslocado.
BÁRBARA: – Desculpa estar atrás de você desse jeito, mas é que eu tenho algo para contar e não podia esperar mais (pausa) eu estou esperando um filho seu, Carlos. – Conta em bom som, fazendo Carlos ficar paralisado.
Manuela tem os olhos cheios de lágrimas, mas não se permite chorar. Ela se aproxima um pouco mais e encara Carlos.
MANUELA: – Você mais uma vez veio brincar com minha cara, mais uma vez me fazendo de idiota. Certamente sou uma palhaça que diverte você, Carlos, mas isso não vai acontecer, nunca mais vai acontecer. – Ela diz, profundamente magoada. – Você simplesmente morreu pra mim, morreu! – Completa de forma enérgica.
Manuela se vira e segue pelo jardim, sendo abraçada por Raul, que a leva para dentro da casa. Carlos tem os olhos cheios de lágrimas olhando Manuela se afastar. Longe do campo de visão de Carlos, Bárbara esboça um grandioso sorriso. Carlos segura nas grades do portão e deixa as lágrimas caírem, acreditando ter perdido Manuela para sempre.

CENA 11: TEMEDO 
Raul tenta consolar Manuela da melhor forma. Ele não a deixa muito sozinha depois do que houve, aconselhando ela sempre a pensar no bebê primeiramente. Manuela tenta superar mais uma decepção da mesma pessoa, e para isso coloca toda a atenção no bebê que espera, seguindo o conselho de seu amigo.
Diógenes não tem dúvidas de que Manuela é sua filha e dias depois de descobrir isso, a deixa como herdeira principal de tudo que tem. Ele está radiante com a descoberta, assim como Sílvia que sempre o apoiou na busca pela filha.
Carlos sofre por não ter tido a oportunidade de se explicar e agora acredita que não tem mais como fazer Manuela o perdoar. Ele tenta se distrair com o trabalho e com a ideia real de ter um filho, mesmo tão novo.
SEMANAS DEPOIS

CENA 12: TEMEDO | CASA DOS ASSUNÇÃO | SALA | INTERIOR | NOITE 
Manuela vem do quarto de hóspede puxando uma mala, ela para na sala diante de Sílvia, Diógenes e Raul, que parece meio incomodado. Manuela já mais acostumada com o fato de Diógenes ser seu pai, o abraça fortemente, e ele faz o mesmo.
RAUL: – Tem certeza de que quer fazer isso, Manuela? – Indaga, parecendo mais preocupado do que ela mesmo.
Manuela sorri e sai do abraço do pai, diante da indagação de Raul.
MANUELA: – Certeza absoluta, Raul. Pode deixar que eu não vou ficar lá para sempre, logo volto, prometo. – Afirma, sorrindo.
Manuela abraça Raul, sorrindo e chorando ao mesmo tempo.
RAUL: – Vou sentir sua falta, mesmo que seja por tão poucos meses. – Afirma, beijando o rosto dela rapidamente. – Mas vai e não deixe que nada pare você. – Diz deixando mais aconchegante o abraço.
O abraço de Raul e Manuela se desfaz. Manuela sorri para Sílvia, que por sua vez também sorri para Manuela, que agradece por tudo já feito para ela no tempo em que está na casa. Depois de se despedir, Manuela segue ao lado do pai até a porta da casa e antes de sair, sorri de forma sincera.

CENA 13: TEMEDO | AEROPORTO | INTERIOR | NOITE 
O saguão do aeroporto se encontra movimentado. Manuela tem a companhia de Diógenes que a leva até o check-in. Momentos depois está tudo resolvido e não demora muito para chamarem o número do voo dela. Manuela se despede de Diógenes com mais um abraço apertado. Diógenes se despede com lágrimas nos olhos. Manuela segue para o portão de embarque, deixando o pai que reencontrara a filha há tão pouco tempo, emocionado e já cheio de saudades.

CENA 14: AVIÃO | INTERIOR | NOITE 
Manuela se acomoda no assento indicado, ficando com um certo frio na barriga ao sentir a aeronave decolar. Ela recosta a cabeça no assento e fica a pensar em absolutamente tudo. Abrindo a cortina da janela, observa a cidade de Temedo à noite.
MANUELA (pensando): – Parto agora, deixando muito de mim aqui, mas levando o principal. – Ela toca a barriga já bem visível.
Ela fecha os olhos devagar, adormecendo rapidamente. Enquanto dorme, as lembranças de tudo que viveu parecem tomar formas e serem revividas.

CENA 15: TEMEDO – PARAÍSO AZUL – EUROPA
Carlos fica a saber que Manuela viajou para fora do país, desacreditando que algum dia ela irá querer revê-lo novamente. Um tanto vulnerável por conta da partida de seu amor, ele se deixa envolver mais e mais pelas artimanhas de Bárbara, mantendo uma relação totalmente sem amor com a mulher que acredita ser a mãe de seu primeiro filho.
João se mostra reticente com a plano da mulher misteriosa, e pensando em sua acomodação, decide por adiar tudo, e tenta aos poucos recuperar a confiança de Aura, que por sua vez acaba caindo no plano do marido, que por sua vez faz com que o jardineiro desapareça.
Rodrigo está cada vez mais focado no trabalho e aproveita da confiança da mãe para desviar uma boa quantidade de dinheiro sem levantar maiores suspeitas, diante da maquiagem nos relatórios.
Em Paraíso Azul, Mercedes recebe ajuda de uma pessoa misteriosa que começa a construir casas para os que ficaram desabrigados devido à construção do Hotel de luxo à mando dos empreendimentos dos Terraforte, hotel esse que segue à todo vapor, dia após dia, dando muito orgulho principalmente à Aura.
Depois de descobrir toda verdade sobre a filha, Diógenes manda investigar Leopoldo e acaba descobrindo coisas inimagináveis para ele que sempre confiou no capataz. Leopoldo por sua vez sabendo que uma investigação particular está sendo feita, decide por desaparecer do mapa, receando ir parar atrás das grades.
Manuela reencontra Talles na Europa e retomam a amizade que tinham desde a infância. Ele resolve apoiá-la em tudo após saber o que ela passou. Ela já não se sente mais sozinha em um país tão distante do dela e o laço de amizade com o tempo acaba se estreitando um pouco mais.
9 ANOS DEPOIS

2017, PORTUGAL 
CENA 16: LISBOA | MANHà
Imagens aéreas da bela cidade de Lisboa é mostrada. Os pontos turísticos são visto tanto do alto como por terra. Carros passam pela avenida principal, um vai e vem frenético. A imagem corre pelo centro, parando diante de um prédio com uma arquitetura contemporânea.

CENA 17: LISBOA | EDIFÍCIO | APARTAMENTO | QUARTO | INTERIOR | MANHÃ
Manuela está mais adulta, ela caminha pelo quarto com uma caneca branca em mãos, parando de lado, próxima da janela. Ela se vira para a cama e sorri ao ver uma pessoa se mexer.
MANUELA: – Bom dia! – diz, sorridente. Ela leva a caneca até a boca, tomando um pouco da bebida que ali se encontra.
Logo é possível ver a pessoa se mexendo na cama e então se espreguiça. O homem que se encontra ali é Talles, que se ajeita, recostando-se na cabeceira.
TALLES: – Você está cada dia melhor. – Ele afirma, esboçando um sorriso malicioso.
Manuela se encaminha até a cama se senta bem próxima de Talles. Ela toma a iniciativa do beijo e Talles a envolve em um abraço mais que apertado, dando vários beijos seguidos.
MANUELA: – Infelizmente devemos voltar hoje, Talles. – Informa, esboçando um leve sorriso.
TALLES: – O tempo passa depressa demais. – Comenta, afagando os cabelos dela. – Mas se temos de ir, então não vamos demorar. – Completa, beijando a testa de Manuela.
Talles se levanta, vestindo apenas uma cueca preta, caminha até o roupeiro, enquanto Manuela o oberva com um olhar bem longínquo. Ele volta o olhar para Manuela.
TALLES: – Você continua com essa ideia, não é mesmo? – Indaga, parecendo saber bem o que Manuela pensa.
Manuela se levanta, seguindo até a janela, na qual ela fica observando o lado de fora enquanto Talles aguarda por uma resposta.
MANUELA: – É só no que eu penso desde que eu descobri o que aquela Aura Terraforte foi capaz de fazer para minha mãe e para meu pai, Talles. Não posso e nem vou deixar nada disso barato. Há nove anos eu era uma idiota que se deixava manipular e que não sabia da própria origem, mas agora não. – Ela volta o olhar para Talles. – Eu não conheci minha mãe por causa dela, não convivi a minha infância com meu pai também por causa dela e quase acabo sem memória por conta dela, então há várias contas pra eu acertar. – Conclui, encarando Talles.
A imagem se congela no olhar desejoso de justiça que Manuela faz.
CONTINUA…

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