Paraíso Perdido | Capítulo 10 #ParaísoPerdidoNoWebMundi

uma webnovela de JAIR VARGAS
produção de LABIRINTO RADICAL

Brasil, 2008
CENA 1: TEMEDO | HOSPITAL | QUARTO | INTERIOR | NOITE 
Chorando sem cessar, Manuela ainda não acredita que se encontra incapaz de saber o próprio nome. Ela leva as duas mãos a cabeça enquanto é observada pela enfermeira que se compadece do martírio de sua paciente. A enfermeira toca em uma das mãos de Manuela.
ENFERMEIRA: – Tudo isso vai passar, acredite! – Ela diz na tentativa de ver a paciente um pouco mais calma.
Manuela levanta o olhar, incrédula por não saber o próprio nome. As lembranças parecem se misturar, causando uma sensação de embaralhamento e também um vazio inexplicável. Ela volta a chorar enquanto a enfermeira tenta consolar.

CENA 2: PARAÍSO AZUL | FAZENDA ARCO VERDE | SEDE | INTERIOR | NOITE
Leopoldo caminha pela sala como se parecesse o dono de tudo, ele sorri ao ouvir o telefone tocar e de maneira rápida se aproxima do aparelho. Leopoldo leva o telefone ao ouvido, parecendo um tanto animando.
LEOPOLDO (ao Telefone): – Filho! Como está tudo aí?
TALLES (do outro lado da linha): – Por aqui está tudo bem, pai. Nem acredito ainda que estou na Europa e que seu patrão me deu uma bolsa de estudo, estou mais do que feliz. – Ele afirma,parecendo bastante contente.
LEOPOLDO (ao Telefone): – Você merece, filho, você sabe que merece. – Diz, abrindo um pequeno sorriso e caminhando pela sala.
TALLES (do outro lado da linha): – Mas eu liguei mesmo foi pra saber da Manuela, pai. Você sabe alguma coisa dela? – Questiona curioso, pois está há meses sem ter notícias.
Leopoldo para diante da janela e pensa em uma resposta rápida e que seja convincente.
LEOPOLDO (ao Telefone): – Ela foi para a capital com aquele rapaz com quem estava envolvida. – Responde rapidamente.
TALLES (do outro lado da linha): – Ah, o Carlos! Eu deveria ter imaginado. – Ele diz aparentando um certo descontentamento no tom de voz.
Tentando disfarçar, Talles continua a conversar com o pai sem sequer realmente ficar sabendo do que de fato aconteceu com Manuela.

CENA 3: TEMEDO | MANSÃO DOS TERRAFORTE | SALA | INTERIOR | NOITE
Rodrigo está assistindo televisão, se encontra distraído com um programa qualquer quando uma das empregadas passa por trás do sofá e segue até a porta, abrindo ela. Tão logo a porta é aberta, Carlos entra rapidamente. Rodrigo olha para a porta, ficando surpreso ao ver o irmão mais novo, ele então se levanta do sofá.
RODRIGO: – Já voltou, Mano? Eu achei que iria durar mais essa sua partida. – Ele diz, fazendo brincadeira com o fato de Carlos ter ido morar sozinho.
Carlos se aproxima um pouco mais, ficando frente a frente com o irmão mais velho.
CARLOS: – Essa minha mudança vai durar, vai durar muito, Rodrigo, ainda mais depois de tudo que descobri. – Ele esbraveja com raiva nos olhos.
Carlos desfere um soco no rosto de Rodrigo, que por sua vez cai no sofá devido a força que seu irmão mais novo usou.
CARLOS: – Eu não quero voltar nunca mais a olhar nessa sua cara, Rodrigo, nunca mais. Você achou que fazer tudo aquilo iria me fazer esquecer da Manuela? Achou mesmo que eu deixaria um amor assim morrer? Mentira tem perna curta, meu irmão e a sua chegou ao fim. – Ele diz bem alto enquanto Rodrigo tenta se recuperar do soco que levou. – E fique sabendo que vou voltar à Paraíso Azul e vou reconquistar a Manuela, mais, vou trazer ela pra viver comigo (pausa) não sei como fui um idiota para acreditar em você e não nela! – Completa se virando e seguindo para perto da porta.
Aura desce pela escada tentando entender o motivo de tanto barulho, logo João chega também. Os dois ficam surpresos ao verem Carlos.
AURA: – Mas o que se passa aqui? – Indaga alternando em olhar para Rodrigo e Carlos.
RODRIGO: – Esse idiota entrou aqui e simplesmente me bateu. – Responde, olhando de forma feia para Carlos.
CARLOS: – Bati e bateria mais. – Afirma demostrando uma grande raiva. – Tenho nojo de você, Rodrigo, nojo. Eu nunca mais quero olhar na sua cara, quero esquecer que você é meu irmão. – Conclui, encarando Rodrigo.
Carlos não dá atenção aos pais, ele simplesmente sai pela porta, deixando João e Aura sem entender o que acontece.

CENA 4: PARAÍSO AZUL | CASA DE SORAIA | INTERIOR | NOITE
Soraia estranha ao ouvir um certo barulho muito parecido com choro à porta de sua casa. A velha senhora abre a porta e vê Mirela realmente chorando.
SORAIA: – O que houve? – Pergunta preocupada.
MIRELA: – Eu fui uma idiota, uma completa idiota e por causa disso perdi meus amigos, todos meus amigos. – Ela responde levantado o olhar rapidamente. – Naquele dia em que a casa pegou fogo, deveria ter contado o que vi, mas não fiz e agora… – Ela não conclui, voltando a chorar.
Soraia se senta ao lado de Mirela e abraça fortemente.
SORAIA: – Sabe o que dizem? Que não devemos chorar sobre o leite derramado (pausa) o que está feito, está feito e não temos o poder de mudar o que aconteceu ou o que não aconteceu, então se acalme e quanto aos seus amigos, você não os perdeu, acredite. – Diz afagando os cabelos de Mirela.

CENA 5: TEMEDO | HOSPITAL SOUZA MARTINS| EXTERIOR | MANHà
Amanhece, logo o movimento vai se intensificando nas ruas da cidade. Veículos em sua maioria causam ongestionamentos em algumas importantes avenidas. Em frente ao hospital as coisas não são muito diferentes. Ambulâncias saem e ambulâncias entram. Alguns médicos saem e outros entram.

CENA 6: HOSPITAL SOUZA MARTINS | QUARTO | INTERIOR | MANHÃ
À porta do quarto no qual Manuela está internada, o mesmo jovem médico, Raul, que a atendeu parece ter uma conversa séria com uma das enfermeiras.
RAUL: – Não diga nada à ninguém, Lígia, mas a conta do hospital referente à essa mulher fica por minha conta. Ela agora está sem memória e não tem como nós a colocarmos no meio da rua. – Diz, olhando rapidamente para dentro do quarto.
LÍGIA: – Pode deixar, Doutor. Eu também fiquei com pena dela, me parece sozinha no mundo, ainda bem que encontrou alguém como o senhor, disposto a ajudar. – Ela comenta enquanto ambos seguem para dentro do quarto.
Raul se aproxima da cama em que Manuela se encontra, ela está de olhos abertos, olhando de forma dispersa para o ventilador de teto. De repente ela agarra o pulso de Raul e olha de forma firme para ele.
MANUELA: – Manu… foi o que consegui me lembrar. – Ela afirma, olhando nos olhos de Raul.
Lígia demonstra estar feliz por sua paciente ter se lembrado de algo.
RAUL: – Manu… – Diz, pensativo. – Deve ser algo relacionado com Manuela, talvez. – Comenta, abrindo um pequeno sorriso. – Podemos dizer que você não está mais sem nome. – Completa segurando na mão dela.
Manuela deixa algumas lágrimas caírem, mas não são de tristeza, e sim de felicidade.

CENA 7: TEMEDO | EDIFÍCIO MONTAL | APARTAMENTO DE CARLOS | INTERIOR | MANHà
Carlos vem do quarto, puxando uma mala, e inevitavelmente pensa em Manuela, em como ela deve estar. Ele para diante do balcão da cozinha, pegando um papel que se encontra dobrado. Carlos volta a caminhar até a porta, logo a abre e assim que levanta o olhar, estranha o fato de sua mãe estar à porta.
CARLOS: – O que faz aqui? – Indaga, curioso. – Seja o que for que a senhora queira, mãe, volte outro dia, pois nada do que me disser vai fazer com que eu volte atrás, nada. – Afirma, fechando a porta e encarando a mãe.
AURA: – Você vai viajar? – Questiona assim que vê a mala.
CARLOS: – Vou atrás da minha felicidade. – Responde, deixando a mãe sozinha e seguindo para o elevador.
Carlos entra no elevador enquanto sua mãe continua parada, olhando para ele. Assim que a porta do elevador se fecha, Aura faz uma cara de poucos amigos, irritada pelo fato de mais uma vez ser afrontada.
AURA: – Se o Rodrigo tivesse feito um excelente serviço, nada disso teria acontecido, nada! – Ela esbraveja, respirando fundo logo em seguida. – Mas se ele pensa que vai trazer qualquer uma para entrar na nossa família, está muito, mas muito enganado mesmo. – Diz decidida a fazer o que preciso for para impedir o que considera ser loucura do filho mais novo.
A imagem se congela no olhar amedrontador que Aura tem no momento.

CONTINUA...

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