Paraíso Perdido | Capítulo 08 #ParaísoPerdidoNoWebMundi

uma webnovela de JAIR VARGAS
produção de LABIRINTO RADICAL

Brasil, 2008
CENA 1: TEMEDO | MANSÃO DOS TERRAFORTE | SALA | INTERIOR | MANHà
Aura, João e Rodrigo estão à mesa tomando o café da manhã, conversam muito e só param quando ouvem um pequeno barulho na sala de estar. Rodrigo vira um pouco o tronco e vê o irmão com duas malas. Ele se vira e olha rapidamente para os pais que não entendem nada do que está acontecendo. Aura se levanta sem ao menos terminar o café e segue para a sala, ficando visivelmente surpresa ao ver Carlos com as malas.
AURA: – O que é isso? – Indaga olhando para o filho. – Vai viajar? – Continua, tentando entender o que se passa.
Carlos olha diretamente nos olhos da mãe enquanto o irmão e o pai se aproximam.
CARLOS: – Não vou viajar, vou simplesmente sair dessa casa e viver minha vida, algo que eu deveria ter feito quando terminei a faculdade. – Responde sem sequer desviar o olhar.
AURA: – Tem certeza que quer fazer isso, filho? Aqui você tem de tudo, não falta nada, nunca faltou e agora você quer embora de uma hora para outra. – Ela diz ainda parecendo não acreditar que o filho mais novo vai embora.
CARLOS: – Calma lá! Isso aqui não foi decidido de uma hora para outra, não. Há um bom tempo que ando pensando nisso e tudo que aconteceu só fez com que eu tivesse a certeza absoluta do que quero. – Ele afirma, voltando o olhar para a porta.
Carlos volta seu olhar para o pai, que longe do campo de visão de Aura, esboça um pequeno sorriso de aprovação. Rodrigo dá um passo à frente e encara o irmão mais novo.
RODRIGO: – O que você está fazendo é uma tremenda de uma loucura, mano. Você praticamente vai abandonar a família. – Comenta, demonstrando uma certa raiva no modo como fala.
Carlos esboça um pequeno sorriso e balança a cabeça de forma negativa. Ele segue até a porta, não dando ouvidos ao que Rodrigo disse. Carlos abre a porta e coloca as malas para fora. João passa pela mulher e pelo filho mais velho, logo abraça Carlos.
JOÃO: – Conte comigo para o que precisar. – Ele diz ao pé do ouvido do filho.
CARLOS: – Obrigado, pai. – Agradece antes de desfazer o abraço.
João sorri enquanto observa Carlos sair da casa, assim que se vira depois de fechar a porta, fica de cara para Rodrigo e Aura. João passa pelos dois sem dar a mínima importância. Rodrigo e Aura se olham ainda bastante surpresos.

CENA 2: PARAÍSO AZUL | CASA DE SORAIA | EXTERIOR | MANHÃ
Depois de voltar do local em que viu Manuela embarcar no ônibus, Soraia se encontra sentada na escadinha de madeira que fica bem em frente à casa. Ela olha para o mar com um olhar bastante misterioso, parecendo querer tragar a verdade salgada que tais águas carregam.
SORAIA: – Não permita que essa menina sofra novamente tudo o que já sofreu, meu Deus. Que o senhor aí de cima ilumine todos os passos dela e que não a deixe mudar de direção. – Ela pede enquanto fecha os olhos bem devagar.
Soraia abre os olhos novamente e parece enxergar algo que as outras pessoas não conseguem ver. Ela leva uma das mãos à boca, parecendo bastante incrédula.

CENA 3: RODOVIA CENTRAL | ÔNIBUS | INTERIOR | MANHà
Enquanto o ônibus segue, Manuela recosta a cabeça no banco, ela olha para a janela, constatando que já está na rodovia que leva para a capital. Os olhos da jovem se enchem de lágrimas só de pensar que já está muito longe de sua cidade querida. É inevitável pensar no que aconteceu com ela mesmo e também com seu amado avô. Ela chora copiosamente enquanto as lembranças parecem tomar vida à sua frente.
MANUELA: – Eu vou voltar um dia, prometo que vou voltar. – Ela afirma enxugando as lágrimas. – Tudo o que passou, passou e eu não vou me atolar em lembranças dolorosas. – Conclui, passando a olhar a paisagem pela janela do ônibus.
Uma chuva fina começa a cair no caminho em que o ônibus segue, logo se intensifica e o motorista tem de acionar os limpadores.

CENA 4: TEMEDO | EDIFÍCIO MONTAL | EXTERIOR | MANHà
Carlos estaciona o carro em frente de um grandioso edifício, fica um tempo dentro do veículo até sair. Assim que ele sai do carro, olha para cima e vê o nome do edifício na fachada imponente. Alguns veículos passam em uma velocidade mediana enquanto Carlos pega as malas de dentro do porta-malas. Carlos segue para dentro do prédio.

CENA 5: TEMEDO | EDIFÍCIO MONTAL | APARTAMENTO DE CARLOS | INTERIOR | MANHà
Carlos destranca a porta do apartamento e entra, ficando um tanto boquiaberto com toda a decoração e mobília do lugar. Depois de fechar a porta, Carlos coloca a chave dentro de uma cestinha feita de palhas trançadas e segue para perto do sofá.
CARLOS: – Se minha mãe descobre que meu pai me deu esse apartamento, com toda certeza eles se matam. – Comenta, observando cada canto da sala.
De repente, mesmo tendo passado bons meses, ele se pega pensando em Manuela. A imagem dela chorando na chuva e ajoelhada diante dele parece estar viva. Carlos leva um pequeno susto assim que mexe os olhos. Ele passa a mão nos olhos, parece querer verificar que tudo é realmente uma lembrança. Carlos caminha mais um pouco pela sala até sentir uma tontura que acaba fazendo com que ele perca o equilíbrio, esbarrando em algumas coisas até conseguir se apoiar no sofá e se sentar, ficando visivelmente atordoado.

CENA 6: RODOVIA CENTRAL | ÔNIBUS | INTERIOR – EXTERIOR | MANHà
O ônibus segue à toda pela rodovia. Manuela que quase adormecia, acaba por despertar de vez, ficando alerta. Ela olha para fora e vê que no trecho em que o ônibus está, o dia parece ter virado noite. Os faróis são acionados de forma plena, dando mais visibilidade ao motorista que mesmo assim é pego de surpresa por um carro que parece ter rodado na pista. O motorista do ônibus tenta desviar do carro e acaba perdendo o controle do veículo que desce ribanceira abaixo e capotando por diversas vezes até parar. Mesmo com cinto, Manuela bate a cabeça com muita força no banco da frente e desmaia, tendo a festa sangrando.
A imagem se congela em Manuela desacordada e o rosto ensanguentado.


CONTINUA

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