Paraíso Perdido | Capítulo 04 #ParaísoPerdidoNoWebMundi

uma webnovela de JAIR VARGAS
produção de LABIRINTO RADICAL

2008, Brasil 
CENA 1: PARAÍSO AZUL | POUSADA | VARANDA – QUARTO | EXTERIOR – INTERIOR | MANHà
Os irmãos ainda se encaram. Rodrigo percebe certa raiva no olhar de Carlos e desvia o seu. Carlos se aproxima um pouco mais do irmão.
CARLOS: – Não entendi o que você quis dizer com isso, mas sei muito bem qual sua intenção, Rodrigo. – Diz de maneira séria sem deixar de olhar para Rodrigo. – Você realmente não perde a oportunidade. Entra no quarto dos outros sem bater, fica até mesmo escutando o que estou pensando alto. – Continua, irritado. – E da minha vida saiba que cuido eu, ok?! – Finaliza ficando de costas para o irmão.
Rodrigo fica pensando por alguns segundos até novamente se aproximar do irmão. Ele fica lado a lado de Carlos.
RODRIGO: – Você sempre está na defensiva comigo e eu não fiz nada ainda para que você fique irritado. – Afirma, olhando para frente, contemplando rapidamente o belíssimo mar.
Carlos olha de soslaio para Rodrigo, balança a cabeça de forma negativa.
CARLOS: – Esse é o problema, você não fez nada ainda, mas pode muito bem chegar a fazer. – Diz ficando de frente para ele. – Sei que quando essa viagem acabar, você vai fazer o favor de contar à nossa mãe que o nosso pai me emprestou dinheiro para que eu comece o meu estúdio de fotografia, além de contar tudo mais que chegar a acontecer. – Conclui, demostrando conhecer muito bem o irmão que tem.
RODRIGO: – Eu só me preocupo com você, meu irmão, é por isso que às vezes conto o que há pra ser contado. – Diz um pouco cabisbaixo.
CARLOS: – De maneira alguma você se preocupa comigo, Rodrigo. Ontem mesmo me perdi na mata se eu não tivesse encontrado uma moça que me ajudou muito, talvez eu nem estivesse aqui e agora me preocupando com o que você vai contar ou deixar de contar assim que estivermos na capital novamente. – Afirma, deixando Rodrigo sozinho.
Rodrigo olha para o irmão que sai do quarto. Ele fica pensando no que acabou de ouvir de Carlos.

CENA 2: FAZENDA ARCO VERDE | EXTERIOR | MANHà
Leopoldo avista Diógenes vindo da casa grande, rapidamente pega o cavalo e leva até o patrão. Diógenes faz um carinho em seu cavalo predileto e monta, parecendo até que não estava sem fazer isso há um bom tempo.
DIÓGENES: – Eu prefiro ir sozinho. – Diz parecendo adivinhar que Leopoldo se ofereceria para ir com ele.
LEOPOLDO: – Tudo bem, como o senhor preferir. – Diz concordando com a decisão do patrão.
Diógenes então segue o caminho que leva para fora da fazenda. Leopoldo observa o patrão com um olhar nada simpático.
LEOPOLDO: – Velho idiota, acha que a amada dele vai aparecer. – Diz começando a rir. – Você nunca mais vai ver ela, nunca mais. – Afirma, mantendo o sorriso ardiloso.

CENA 3: TEMEDO | MANSÃO DOS TERRAFORTE | SALA DE JANTAR | INTERIOR | MANHÃ
Aura está sentada à mesa, passando geleia na torrada enquanto uma de suas empregadas a serve com um suco de morango, ela pega o copo assim que a empregada termina de servir e toma um gole da bebida, momento em que ela ouve passos na escada, então não demora muito e ela vê João todo arrumando, pronto para o trabalho. Aura olha para o marido rapidamente, mas logo desvia o olhar pra sua refeição.
AURA: – Não come nada? – Indaga ao perceber que o marido ainda não se sentou.
JOÃO: – Estou sem fome, só passei aqui para dizer que talvez eu não volte para o almoço, pois com tanto serviço adiado tenho de ficar no escritório mesmo. – Responde, mudando a mala de mão.
AURA: – Isso aí é só querer aparecer para as pessoas, até por eu simplesmente não obrigar você a trabalhar, vai por querer enquanto poderia estar fazendo qualquer outra coisa. – Diz, levantando o olhar. – Somos os patrões, logo não temos toda essa obrigação. – Conclui enquanto come um pedaço de torrada.
JOÃO: – Eu sempre trabalhei, e não vai ser nessa altura do campeonato que vou deixar de trabalhar, Aura. Acho melhor eu ir de uma vez antes que a discussão se estenda e leve a lugar nenhum. – Ele diz, saindo de perto da mesa. – Tenha um bom dia.
João sai da presença de sua mulher antes que ela pense em dizer qualquer outra coisa. Aura o observa seguir para a sala um pouco desconfiada.

CENA 4: PARAÍSO AZUL | RUÍNAS | EXTERIOR | MANHà
Manuela está acompanhada de Talles que a observa entrar nas ruínas de velhas construções. Talles a segue de perto.
TALLES: – Eu nunca entendi muito bem o que você vem sempre fazer nesse lugar, Manuela. Há algo especial aqui? – Ele questiona, curioso.
Manuela caminha mais um pouco, saindo do meio de uma das construções, ela fica debaixo de uma grande árvore.
MANUELA: – Meu avô dizia que minha mãe vinha sempre aqui, Talles. – Responde olhando para o amigo. – E esse lugar aqui me dá paz, me faz pensar direito, colocar a cabeça no lugar, e também faz com que eu me sinta perto dela já que ela não está mais entre nós, é por isso que eu venho aqui desde que me entendo por gente. – Afirma, abrindo um pequeno sorriso enquanto ajeita o cabelo.
Talles olha para cima, observando a grandiosa árvore.
TALLES: – Aqui é realmente um lugar de paz. – Comenta, voltando seu olhar para Manuela.
MANUELA: – De muita paz. – Ela completa, fechando os olhos.
Um vento intenso e frio ao mesmo tempo levanta a folhagem do local, balançando quase sem parar as árvores próximas. Manuela volta a abrir os olhos.

CENA 5: PARAÍSO AZUL | RUA | EXTERIOR | MANHÃ
Carlos caminha pela calçada toda feita de pedras hexagonais, vai o caminho todo pensando em Manuela, então não aguenta e decide por ir procurá-la. Carlos toma o rumo da praia, mantendo uma expressão de felicidade só de pensar em rever Manuela. Os passos dele são rápidos, parece estar ansioso demais e não demora muito para estar de frente para a casa dela. Carlos não percebe, mas há alguém que o seguiu e agora se esconde atrás de um coqueiro, tentando não ser visto ou notado. De onde está, Carlos bate palma algumas vezes, mas não é recebido por ninguém, ele então se senta na areia, ficando pensativo. Não demora muito e Mirela se aproxima, está bastante curiosa para saber quem é o homem que se encontra sentado na porta da casa de sua amiga.
MIRELA: – Está procurando por alguém daí? – Indaga, fazendo com que Carlos se levante rapidamente.
Carlos olha para a casa e depois para a moça à sua frente.
CARLOS: – Estou sim. – Responde, esperançoso. – Você sabe onde eles estão? – Questiona, desejando saber do paradeiro de Manuela.
MIRELA: – Bom, provavelmente a Manuela está com o namorado, e o avô dela deve estar na casa de algum amigo. – Ela responde, esboçando um pequeno sorriso.
Carlos fica intrigado com o que acabou de ouvir da moça. Ele olha para ambos os lados e se sente nitidamente desconfortável.
CARLOS: – Não diga que eu a procurei. – Ele diz de maneira súbita, deixando Mirela intrigada.
Antes que Mirela possa dizer qualquer coisa, Carlos caminha para longe dela. Carlos tem lágrimas nos olhos enquanto o que Mirela disse parece ecoar em sua mente. Em vez de seguir em direção à pousada, ele segue pela praia, desolado.

CENA 6: TEMEDO | HOTEL | INTERIOR | MANHÃ
João sai do carro rapidamente, olha para todos os lados, logo entra em um grande e luxuoso hotel, nem mesmo passa pela recepção, seguindo direto para o elevador com um sorriso misterioso estampado nos lábios. O elevador se fecha.
A porta do elevador se abre e João sai, está no último andar. Ele segue pelo corredor com uma chave na mão, para de frente para a porta na qual está o número noventa e seis. Ele coloca a chave na fechadura e gira ao mesmo tempo em que gira a maçaneta. João entra no quarto, sorrindo.

CENA 7: PARAÍSO AZUL | RUÍNAS | EXTERIOR | MANHà
Manuela e Talles estão conversando sobre tudo praticamente quando ele escuta o trotar de um cavalo. Talles se levanta e observa atentamente e vê o patrão de seu pai se aproximar, mas Diógenes não o vê.
TALLES: – O Diógenes está aqui. – Diz, parecendo surpreso.
Manuela arregala os olhos diante do que seu amigo dissera.
MANUELA: – O que esse homem está fazendo aqui? Ele nunca vem pra cidade, muito menos vem para cá. – Comenta, intrigada.
Com recreio, os jovens se escondem atrás de algumas pedras e observam Diógenes passar à cavalo. Ele para diante da grande árvore, desce do cavalo e caminha um pouco até o tronco da árvore. Manuela e Talles olham com muita curiosidade quando Diógenes se ajoelha e soluça como se chorasse, e realmente está chorando.
DIÓGENES: – Eu nunca vou desistir de encontrar você, meu amor, nunca. Como eu amei você, Gabriela, como eu amei! Minha vida nunca mais foi a mesma sem você, e agora estou prestes a ir embora dessa cidade na qual passamos os melhores momentos de nossas vidas, mas levo você em meu coração. – Ele diz enxugando as lágrimas. – Eu sei que sua partida naquele dia não foi normal, algo aconteceu que fizesse com que você deixasse tudo para trás, eu sei disso, mas nunca mais te encontrei para saber toda verdade. – Continua se sentando no chão parecendo desconsolado.
Talles olha para Manuela que parece um tanto distante por ter acabado de ouvir o nome de sua mãe sair da boca da pessoa que ela menos tem apreço na cidade. Ela se levanta um tanto assustada com o que ouviu e acaba por fazer barulho, chamando a atenção de Diógenes.
DIÓGENES: – Quem está aí? – Ele indaga se levantando rapidamente e olhando em todas as direções afim de encontrar a pessoa ou animal que fez tal barulho.

CENA 8: PARAÍSO AZUL | EXTERIOR | MANHà
Carlos está sentado na areia bem distante da casa de Manuela quando sente uma não tocar em seu ombro, ele não sente medo, apenas curiosidade, então vê que é uma velha senhora, Soraia.
SORAIA: – Vejo que o rapaz está triste com alguma coisa, e devo dizer que está triste sem motivo algum, pois o destino dela é o seu destino, não há o que temer. Muitos vão cruzar o caminho de vocês com a mesma intenção, então fique bem atento. Agora vá, pois mais do que nunca ela precisará de você, o destino está selado. – Ela diz como quem não quer nada, logo abre um pequeno sorriso.
Carlos se levanta da areia no exato momento em que ouve um tiro ali por perto. Ele encara a velha senhora, que apenas acena de maneira positiva com a cabeça. Carlos sai correndo parecendo sem destino.

CENA 9: TEMEDO | HOTEL | QUARTO 96 | INTERIOR | MANHà
João está em pé diante da janela, segurando um copo com whisky, ele abre devagar um sorriso enquanto parece se lembrar de algo, então se vira ficando de frente para uma pessoa que está no outro canto do quarto.
JOÃO: – Você não deve se apressar assim, não mesmo. Mais tarde ou mais cedo a verdade vai aparecer e então você terá o que sempre quis. – Ele diz, bebericando um pouco da bebida. – Hoje não posso ficar muito com você, mas estou preparando um final de semana incrível, tenho certeza que será de seu gosto. – Conclui se aproximando da pessoa, que deixa as unhas bem feitas à vista.

CENA 10: PARAÍSO AZUL | RUÍNAS | EXTERIOR | MANHà
Mesmo sem saber para que local seguir, até mesmo sem saber de verdade o que está fazendo, Carlos corre até as ruínas, seguindo depressa para o fundo e assim que chega, se desespera como nunca ao ver Manuela caída no chão com um ferimento na barriga. Talles está bastante abalado, assim como Diógenes que não esboça nenhuma reação sequer enquanto segura um revólver nas mãos. Carlos segura na mão de Manuela, que ainda respira, mas perde muito sangue. Carlos olha para ela como querendo apenas dizer que ficará tudo bem. Ela aperta a mão dele enquanto um vento semelhante ao anterior, sopra mais gelado do que antes.
A imagem se congela mostrando Diógenes incrédulo com o que fez, Talles ao lado de sua amiga e Carlos próximo da cabeça de Manuela, que luta para se manter acordada.


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