Pedras que Cantam | Quinto capítulo: "O Meteoro cai em Vila Dourada"



Anteriormente em Pedras que Cantam


Elis e Antônia se enfrentam, em uma discussão que atiçou a rivalidade entre as duas irmãs.

Lídia reza para um barraco acontecer, e o grupo de Beatas recebe uma visita surpreendente de Edileuza, a santa mística, que logo provoca uma intensa movimentação em Vila Dourada.

Mariana e José Alfredo discutem a possibilidade da chegada de um misterioso meteoro.

O Cassino pega fogo, e Fabrício é o único capaz de adentrar o mesmo e apagar o fogo, que vem de um lugar 
inusitado.


Elis – Cássia Kiss
Samuel – Luiz Melo
Américo – Tony Ramos
Antônia – Lília Cabral
José Alfredo – Marcos Pasquim
Mariana – Adriana Esteves
Verena – Ivete Sangalo
Kátia - Leona Cavalli
Fabrício – Cauã Reymond
Eugênia – Vera Mancini
Suzana – Vera Holtz
Clementino – Marcos Caruzo
Helena – Letícia Persiles
Tobaldo – Gabriel Braga Nunes 




Fique agora com o capítulo de hoje:



Cena 1. Cassino. Corredor dos quartos – Primeiro andar. Interno. Dia

Ele rapidamente sobe as escadas. Tampa o nariz com a mão e procura pelo quarto.
Ao encontrar, Fabrício coloca a chave, abre a porta e entra.

Corta para/

Cena. 2. Cassino. Quarto. Interno. Dia

Eugênia está deitada na cama, com fumaça saindo debaixo de seu vestido.

Eugênia – Finalmente…

Fabrício – Pronto, agora que eu já cheguei apaga esse fogo.

Eugênia – Eu faço tudo que você mandar, meu psiquiatra gostosão.

Fabrício tira a camisa e se joga na cama, eles se abraçam sensualmente.

Aos poucos todo o fogo e fumaça do quarto vão se apagando.

Corta para/
Cena 2. Frente do Cassino. Externo. Dia

Ao perceber que o fogo está se apagando, os moradores vão se afastando.

A delegada Moreira chega apressada.

Moreira – Já ligaram para os bombeiros? Eu vou entrar aí e apagar esse fogo sozinha.

Verena – Precisa não, delegada Moreira, como sempre a senhora chegou atrasada.

Kátia – Atrasada até demais... Como sempre!

Moreira - E de onde veio esse fogo? Eu preciso fazer uma vistoria séria pra fechar meu relatório. 

Verena - Conversa com o Fabrício e a Dona Eugênia, se eles toparem uma ménage à trois... 

Verena e Kátia riem.

Corta para/

Cena 3. Externo.

Cenas do tempo passando, por volta de umas quatro e meia da tarde.


Corta para/

Cena 4. Sobrado família Ribeiro. Quarto de Elis. Interno. Tarde

Elis está arrumando a peruca e retocando o batom em frente de seu espelho.

Elis – Se ela pensa que vai me tombar, que ela espera sentada. Quem ela acha que é pra me ameaçar daquele jeito? Antônia…

Samuel dá duas batidas na porta e entra no quarto logo em seguida.

Samuel – Olha a hora, Elis. Se você passar mais cinco minutos se arrumando, chegaremos atrasados. Anda logo com isso.

Bate a porta e sai.
Corta para/

Cena 5. Fórum de Vila Dourada. Sala de espera. Interno. Tarde

Antônia e Américo permanecem sentados.

Américo – Olha a hora, já se passaram dois minutos de atraso.

Antônia – Você vai ter que se acostumar. Ela nunca chega primeiro.

Américo bufa de raiva e encara o relógio. 

A câmera vai dando um close lento na janela, onde a noite chega.

Corta para/

Cena 6. Fórum de Vila Dourada. Estacionamento. Externo. Tarde

O carro de Elis estaciona em frente. Ela e o marido saem e sobem as escadas do Fórum.

Corta para/

Cena 7. Fórum de Vila Dourada. Corredor principal. Interno. Tarde

Eles passam pelo longo corredor enquanto observam advogados e clientes conversando.

Corta para/

Cena 8. Fórum de Vila Dourada. Sala de espera. Interno. Tarde

Ao chegarem na sala de espera, encontram Américo e Antônia sentados, mas antes de se cumprimentarem, a juíza abre a porta.

Juíza – Senhores Elis e Samuel, Antônia e Américo, se dirijam a minha sala.
Eles entram.

Corta para/

Cena 9. Fórum de Vila Dourada. Sala de audiência. Interno. Tarde

Todos já sentados, a juíza bate o martelo e inicia a sessão.

Closes alternados entre os rivais.

Juíza – Eu declaro nesse exato momento iniciada a audiência pela disputa do Casarão. Eu peço que os advogados se preparem, e comecem os argumentos de seus clientes.



Cena 10. Casa dos Cientistas. Garagem. Interno. Tarde

Mariana pega uma trouxa cheia de pequenas máquinas e coloca no bagageiro do carro. 

José Alfredo chega na garagem com o computador aberto.

José Alfredo – O radar nacional tá indicando que ele tá a alguns metros daqui. Vai ligando o carro.

Mariana fecha o bagageiro e vai até o carro, onde o liga rapidamente. 

José abre a porta lateral e também adentra.

Mariana – Porta da garagem de número um, abrir. (Grita pela janela)

A porta segue os mandamentos e abre rapidamente. O carro dá ré e sai da garagem.
Corta para/

Cena 11. Frente da casa dos Cientistas. Externo. Tarde

José Alfredo pega uma última ferramenta e sai da garagem, entrando rapidamente no carro.

José Alfredo – Segue pelas serras. Possivelmente é por lá.

Mariana – Porta da garagem um, fechar!

O carro engata de maneira rápida, e sobe bastante poeira.

Marieta está passando por ali com algumas sacolas na mão e tosse com a alta doze de poeira.

Marieta – Esses doidos… Eu só quero ver o que eles vão inventar dessa vez. Antes era Et bilu, agora deve ser a robô Naomi. Ninguém merece.

Ela segue andando.

Corta para/

Cena 12. Casa família Brunet. Sala principal. Interno. Tarde

Suzana anda de um lado para o outro totalmente preocupada, 

Clementino permanece sentado com a carta em suas mãos.

Clementino – Para com isso, Suzana! (Reclama) Desse jeito você vai me deixar mais doido do que já tô.

Suzana – Parar com o que? De ficar nervosa? Malucas nas ideias? Como que eu paro? Primeiro a Helena não sai do quarto por vários dias, eu fico preocupada, e você diz que tá tudo bem, que é apenas pra dar um tempo pra ela se recuperar. Depois ela decide sair, e muito menos fala para onde vai… Depois recebemos uma carta do cemitério, dizendo que o corpo do pai dela foi desenterrado e sumiu do nada. Você acha mesmo que com tudo isso, eu ainda vou ficar calma? Meu deus… Me dá um aviso, ou, pelo menos, me mostra aonde que a Heleninha foi… Me mostra!

Sonoplastia: Música de suspense que permanece até a cena 5

Corta para/

Cena 13. Floresta de Vila Dourada. Externo. Tarde

Helena anda lentamente diante da floresta, chutando algumas folhas e flores. Está devidamente cansada e ofegante. Lágrimas escorrem de seu rosto.

Close em seu rosto.

Flash back on:

Helena está brincando com seu pai ainda criança.

Flash back off.

Helena – Por quê? Por quê? Por quê? Pai, volta pra mim… Fala comigo. Preciso te ouvir novamente. (Se recompõe) Me diz quem foi desgraçado! Fala pra mim quem te matou? (Grita) Fala quem te matou! Que eu… Eu prometo que eu…

Uma forte ventania arranca as folhas e poeira do chão, fazendo com que Helena se assuste.

Helena – É um sinal?

A ventania se torna ainda mais forte, arrancando os pés de Helena do chão por alguns segundos.

Tobaldo – Quem tá aí? Se não for quem eu tô pensando, eu meto bala!

Helena, assustada, sai correndo rapidamente, enquanto a ventania se torna ainda mais forte.

Corre por alguns minutos, até que bate a cabeça em uma árvore e cai no chão desacordada.

Tobaldo se aproxima.

Tobaldo – O chefinho disse que eu pudia matar quem quer que tivesse invadindo suas terra, mai essa daí, eu num mato não... Oh Deus, eu não mato não! Eu faço questão de comer até o caroço…

Close em Helena desacordada.

Corta para/

Cena 14. Fórum. Sala de audiência. Interno. Tarde

Juíza – Eu peço para que os clientes se retirem, preciso ter uma conversa em particular com as advogados.

Américo – Mas que absurdo. Onde já se viu esse tipo de coisa? Os clientes, principais ativos nessa disputa, darem espaço para os advogados terem uma conversa em particular com a juíza?

Juíza – Senhor Américo…

Elis – Dona Juíza, como pode ver, o meu adversário não tá gostando de tá aqui, está devidamente alterado e provocando um clima de tensão não muito agradável…

Américo – Cala essa boca, sua… Riquinha de taubaté. (Se levanta) Vai querer mesmo me peitar? Ou acha que vai ser fácil conseguir a casa?

Elis igualmente se levanta.

Elis – Você diminua esse tom pra falar comigo, querido! (Grita) Ou acha que sou sua esposa, que aguenta suas provocações infames?

Américo – Do que você tá falando? Quando saímos dessa cabine a gente se vê.

Samuel fica de pé.

Samuel – Vai se ver o que? Vai bater na minha mulher?

Elis – Eu posso me defender sozinha. E pra gente como você, Américo, a morte é a melhor opção. Seu verme!

Juíza – Calem essa boca agora. Saiam desta sala, e voltem apenas quando eu mandar.


Corta para/

Cena 15. Fórum. Sala de espera. Interno. Tarde

Américo – Samuel, se pensa que nossa conversa acabou…

Elis – E você vai falar mais o que com o meu marido? Sobre finanças? Ou vai dizer que ele é candidato pelo esgoto do seu partido novamente?

Américo – Samuel tem boca, ele pode se defender sozinho.

Samuel – Ele tá certo, Elis.

Elis – Você vai mesmo defender esse merda? Pois bem,que a o prefeito vagabundo, a mulher escrava e o marido banana, se divirtam. Eu vou tomar um ar, me chamem quando a palhaçada da audiência retornar aos seus trabalhos.

Elis saí apressada, enquanto os três a observam com cautela.
Corta para/

Cena 16. Cassino Quarto. Interno. Tarde

Eugênia e Fabrício se deitam de barriga pra cima, ambos suados e ofegantes.

Eugênia – Eu acho que…

Fabrício – Eu também acho que já chega. Eu não aguento mais. É melhor você tomar seu rumo e eu também.

Eugênia – Sim. Era exatamente isso que eu ia dizer. Já fui pro céu, pra via láctea, descobri que existe vida fora da terra, e voltei pra cá. Passei de todas as barreiras. Alcancei todos meus recordes. Nem com meu falecido marido, eu transei tantas horas seguidas.

Fabrício – Eu acho que a senhora deveria… Sei lá… Procurar um médico, um especialista nesse tipo de coisa.

Eugênia – Em sexo? Procurar um médio especialista em sexo? (Risos) Ah, não precisa, querido. Obrigada pela preocupação, mas de sexo eu entendo mais que aquela mulher daquele programa que passa no sábado.

Fabrício – Eu sei… E sei muito bem disso. Mas eu não tô falando de aprender a fazer sexo, e sim de entender os… Os…

Eugênia – Entender o que?

Fabrício – Os vícios. Eu acho que depois de tudo isso aqui, sei muito bem do que eu tô falando. Olha, Dona Eugênia, eu não quero que me leve a mal, mas acho, ou melhor, eu tenho certeza que a senhora é viciada em sexo. E no seu caso, isso é um problema mais que grave. Procurar ajuda em um médico é a melhor opção, caso isso se desenvolva para algo mais grave, será pior.

Close na feição de Eugênia.

Corta para/

Cena 17. Fórum. Sala de espera. Interno. Tarde

Tobaldo caminha com Helena desacordada nos braços.

Tobaldo – Obrigado jesus cristinho, hoje eu tomei a sorte grande. Imagina essa belezura na mia cama. (Risos) Vai virar muier de verdade, essa sim, muier de verdade!

A ventania se torna ainda mais forte, arrancando alguns troncos de árvores jogados no chão, para o alto.

Tobaldo – Misericórdia. É o dilúvio?

Algumas árvores caem, e um ruído incomum surge.

Tobaldo corre ainda mais rápido.


Corta para/

Cena 18. Serras. Externo. Noite

Mariana e José Alfredo estacionam o carro em uma parte protegida das serras.

José Alfredo sai com o laptop aberto, Mariana corre em direção ao bagageiro para tirar os objetos. 

Ambos tentam resistir com a ventania absurda.

Eles falarão gritando.

J
osé Alfredo – Sete minutos!

Mariana – De onde tá vindo esse vento todo, meu Deus! É o nosso objeto?

José Alfredo – Possivelmente! Os mares de todos os lados estão avançando sobre nossa cidade, São Paulo nesse momento tá alagada dos pés a cabeça.

Mariana – E essa chuva vai nos atrapalhar?

José Alfredo – É muito difícil! Quando ela chegar, possivelmente já estaremos em casa, de frente ao objeto, trabalhando que nem loucos.

Mariana retira dois pares de óculos, primeiro os coloca e depois arremessa para José, que rapidamente o pega.

José Alfredo – Pega essa trouxa, e me segue. Precisamos avançar mais alguns metros, quando chegarmos, colocamos as antenas, e fazemos a contagem regressiva.

Mariana – E por que diabos não vamos de carro?

José Alfredo – A partir daquele cacto ali. (Aponta para o cacto) As pedras ficam muito esburacadas, se levarmos o carro, é capaz de morrermos. Agora, é hora de ir. Vamos!

Mariana pega a trouxa e segue José, que lentamente vão subindo a serra.

Corta para/

Cena 19. Fórum. Externa. Noite

Elis – Que ventania é essa? (Cruza os braços, se agasalhando)

Um coqueiro cai em cima do carro de Elis, assustando a dondoca.

Elis – Que absurdo! Meu Deus. Quer acabar com o mundo antes que eu consiga aquela casa? Nana nina não! Essa audiência precisa continuar, e precisa ser nesse exato momento.

Elis volta para o fórum.

Sonoplastia: Música de tensão que permanece até o fim do capítulo.


Corta para/

Cena 20. Casa família Brunet. Sala principal. Interno. Noite

Suzana – Eu disse, Clementino. Isso é um sinal de Cristo. A nossa neta tá passando por maus bocado.

Clementino – E desde quando uma ventania comprova a palavra de Deus? Você tá tentando tirar leite de pedra.

Suzana – Eu sei que parece loucura, mas eu sinto. Eu sinto que tem algo extremamente errado acontecendo. Eu sinto!

Suzana sai da janela e vai até seu breve altar de santos, onde pega seu terço e retorna a janela.

Suzana – Minha virgem santíssima, ilumine os caminhos da minha Helena, e afaste todo o perigo dela. Afaste todo o perigo! 

Corta para/

Cena 21. Serras Vila Dourada. Noite. Exter

Mariana – Pronto, acabei! As antenas já estão montadas. Quanto tempo resta?

José Alfredo – Restam um minuto. Em um minuto… Ele chega!

Raios e trovões surgem no horizonte, assustando o casal.

Mariana – Você disse que não teria chuva!

José Alfredo – O radar…

Mariana – O que tem o radar?

José Alfredo – Os raios provocam uma interferência absurda. Estamos perdendo o contato com o objeto!

Close no monitor no laptop, que lentamente vai se apagando.

Mariana – Isso é péssimo!

José Alfredo – Péssimo até demais. Se o objeto mudar de rota, nem temos previsão de onde ele pode parar.

Mais raios fortes, a ventania aumenta.

José Alfredo – Segura em alguma coisa. Se cairmos daqui, 
nem nossos ossos sobram pra contar história.

O casal busca refúgio, firmando suas mãos em roxas e pequenas árvores.


Corta para/

Cena 22. Fórum. Sala de espera. Interno. Tarde 

Elis passa por Américo e Samuel que permanecem brigando e adentra a sala de audiência.

Samuel – Elis, aonde você pensa que vai.

Elis encara os advogados e a juíza.

Elis – Eu não tenho tempo pra esperar as madames tomarem o chá da tarde. Ou vocês retomam a audiência com todos os integrantes, ou eu vou cometer uma desgraça nessa sala…


Cena 23. Serras de Vila Dourada. Noite. Externa

José Alfredo – Cinco… Quatro… Três… Dois…

Uma enorme luz esverdeada surge no céu.

José Alfredo – Um!

Um barulho ensurdecedor toma conta de toda a cidade, acompanhada de uma ventania incrivelmente forte.

Cena 24. Fórum. Sala de espera. Interno. Tarde

Cenas de moradores de Vila Dourada sendo arremessados para todos os cantos. Janelas sendo quebrada, objetos voando e vacas sendo arremessadas.

Toda a luz é apagada, com explosões vindo dos postes.

Cena 25. Floresta Vila Dourada. Externa. noite

Tobaldo – Misericórdia! Isso é castigo, meu jesus? É pra eu deixar essa moça em paz? Se for assim, eu solto ela aqui nesse mato mesmo.

Tobaldo deixa Helena no chão com cuidado.

A câmera vem de cima e vai dando um close lento nos dois.







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