Anteriormente em Pedras que Cantam:
A audiência pela disputa do casarão é iniciada, porém ainda não existe um consenso.
Elis
e Américo protagonizam uma breve discussão dentro e fora do Fórum.
Suzana
tem o pressentimento que o pior está vindo, preocupada e sem
notícias de sua neta Helena, que anda sumida.
Helena
está perdida na floresta, ainda abalada com a morte de seu pai
recentemente. Porém tudo fica mais perigoso, quando ela acaba
invadindo terras pertencentes a uma pessoa perigosa, fazendo a ser
perseguida por Tobaldo.
Chega
o momento de Mariana e José Alfredo verem uma coisa inédita em suas
vidas. O objeto voador não identificado está caindo em Vila
Dourada, e o casal está mais próximo de concluir um de seus
principais desejos.
Por
ventura do ÓVNI, uma forte e absurda ventania chega na cidade,
fazendo com que moradores sejam arremessados, vidros quebrados e um
apagão.
Fique
agora com o capítulo de hoje:
Cena 1. Fórum. Sala de audiência. Noite. Externa
Elis
– Era só o que o me faltava. Acabou a luz nesse inferno!
Juíza
– Senhores eu peço que aguardem…
Elis
– Minha filha, e quem disse que tenho tempo pra aguardar vocês
irem pagar a conte de luz?
Juíza
– Se ponha em seu lugar! Minha filha lá na sua casa, para você, é
vossa senhoria.
Elis
– Me poupa… Você fez bem faculdade de direito na quela escolinha
chinfrim onde judas perdeu as botas, e acha que tem que ser chamada
de vossa senhoria? (Risos)
Samuel
– Elis, pelo amor de Deus, para com isso. Olha o
que você tá
fazendo a gente passar…
Juíza
– Saiba que a senhora está perdendo muitos pontos comigo com esse
seu comportamento infame.
Elis
avança para cima da Juíza, que recua um pouco. Samuel tenta segurar
a esposa.
Elis
fala gritando.
Elis
– Eu tô perdendo pontos com você? É? Sua desgraçada! Pois fique
sabendo que se eu notar, qualquer uma imparcialidade vinda de sua
parte, eu não dou dois tempos pra eu cassar esse teu diploma
lascado. Entendeu?
Juíza
– Dona Elis, a senhora não sabe o quanto eu posso ser perigosa.
(Diz com serenidade) Mas se lhe importa, eu declaro oficialmente essa
audiência encerrada.
Américo
se aproxima.
Américo
– Como assim encerrada?
Juíza
– Aguardem o envio de um e-mail, onde será dito a próxima data
oficial da audiência…
Close
no rosto de Elis, que possui um semblante enfurecido.
Corta
para/
Cena 2. Floresta. Noite. Externa
Helena
está deitada diante das folhas. Ela lentamente abre os olhos, mas
sente uma dor incontrolável e logo em seguida os fecha novamente.
Helena
– Alguém me ajuda… (Sussurra e tosse) Eu preciso de ajuda.
Corta
para/
Cena 3. Floresta. Noite. Externa
Mariana e José Alfredo observam a área prejudicada pelo objeto.
Mariana
– O que é que tu tá olhando aí, José?
José
Alfredo – Pensando, Mariana, pensando.
Mariana
– Mas pensando no que, homem de Deus? Olha lá o buraco enorme
naquele canto ali. É só pegar o carro e ir lá. Qual é a
dificuldade disso?
José
Alfredo – Eu não sei. Algo me diz que… Depois que a gente ficar
frente a frente com tudo aquilo, a nossa vida vai mudar.
Mariana
se aproxima de José e juntos observam a cratera na floresta.
Mariana
– Mas é claro que vai mudar. Só quem te conhece desde a
faculdade, sabe que esse é o teu sonho. Você também sabe muito bem
disso. A partir do momento que a gente ficar frente a frente com tudo
aquilo, você vai saber exatamente tudo que se tem que fazer.
José
Alfredo – É o nosso…
Mariana
– O que?
José
Alfredo – É o nosso sonho. É o nosso.
Mariana
– Sim, claro, claro que sim. É o nosso sonho. Agora, é só ir
atrás dele. Meu bem, ele tá bem na nossa frente. Ele nunca teve tão
próximo. Agora deixa de pensar demais e vamos. Vamos logo!
Mariana
e José Alfredo se encaram por alguns segundos, e logo depois dão um
ardente beijo enquanto seus cabelos esvoaçam.
Corta
para/
Cena 4. Delegacia. Escritório da delegada. Interno. Noite
A
delegada Moreira está dormindo em sua confortável poltrona, quando
fortes batidas a acordam.
Moreira
– Quem me chama?
Arthur
– Sou eu, Moreira, o padre Arthur.
Moreira
– Não vou rezar o terço hoje, padre, amanhã eu apareço por lá.
Arthur
– E quem disse que eu tô falando de terço e igreja? Venha logo
aqui, é urgente! (Grita)
Corta
para/
Cena 5. Delegacia. Externo. Noite
Moreira
– O que o senhor deseja?
Arthur
– A senhora estava dormindo? Minha nossa senhora! Como pode? Como
pode?
Moreira
– Posso fazer uma pergunta? (Diz debochada) Por que esse tom de voz
comigo? E por que eu não deveria estar dormindo? Mil perdões,
senhor padre, mas nem todo mundo nessa cidade passa a madrugada
todinha rezando em frente ao altar. E eu, como boa humana, estava
dormido após um dia complicado de trabalho. Gostou?
Arthur
– A questão não é essa. Mas tudo bem, eu não vou dizer nada,
quero apenas que veja com seus próprios olhos.
Corta
para/
Cena 6. Vila Dourada. Externo. Noite
Arthur
e Moreira caminham pela área central de Vila Dourada, cujo está um
verdeiros caos; com cadeiras quebradas, árvores jogadas pelas ruas e
vidros desvidraçados.
Moreira
– Que diabo foi isso?
O
padre faz sinal da cruz.
Arthur
– É algo misterioso, mas veio depois de alguns trovões lá do
alto.
Moreira
– Trovões lá do alto?
Arthur
– Exatamente! Tava todo mundo tranquilo em suas devidas casas,
quando do nada veio um vento forte e levou tudo que tava pela frente.
Moreira
– E foi? E por que me acordou naquela euforia?
Arthur
– Será que a senhora não entende, ou está cega? Existem pessoas
jogadas pelas ruas, com sangues e lesões. O vento não só levou
objetos, como também levou pessoas e animais.
Moreira
– Pessoas e animais? O vento?
Arthur
– Exatamente, delegada, o vento!
O
fazendeiro Tobias vem correndo com uma vela na mão na direção da
delegada e do padre.
Moreira – Quer me matar de susto, criatura?
Tobias
– Eu contei, e até agora cinco vacas sumiram com esse temporal.
Minhas vaquinhas devem estar voando por esse céu afora…
Lamentável.
Moreira
– Nós já vamos tomar as providências, e quem foi a outra vítima?
Tobias
– Dizem que foi a dona… Aquela dona lá.
Moreira
– Quem? (Grita)
Tobias
– Aquela que põem fogo pelo…
Verena
e Kátia chegam rapidamente no grupo.
Verena
– Essa mesma, a que põem fogo pelo rabo. Ela voou
junto… A Dona Eugênia!
Close
no rosto de Moreira.
Cena 7. Floresta. Externa. Noite
Mariana
e José Alfredo caminham lentamente com duas lanternas em mãos,
quando escutam a voz de Helena.
Helena
– Alguém me ajuda. Socorro! (Grita com dificuldade)
José
Alfredo – Eu conheço essa voz.
Mariana
– Eu também…
Helena
– Socorro! (Grita com mais força)
Mariana
– Vem de lá, o grito ele vem de lá, José. Vamos.
Mariana
toma frente mas José Alfredo segura seu braço com força.
José
Alfredo – E depois que a gente achar essa menina? E o ÓVNI?
Mariana
– Ela vai ter que saber também da existência dele.
José
Alfredo – A gente precisa fechar esse segredo em sete chaves.
Mariana
– Então quer dizer que você escolhe deixar essa menina sozinha
nessa floresta, a essas horas?
José
Alfredo – Mas é claro que não. Eu tô só pensando no que vem
depois, o que vem depois?
Helena
– Alguém me ajuda! Pelo amor de Deus.
Mariana
– Ela tá pedindo por ajuda, e nós precisamos ajudá-la. Quando
ficarmos na frente dela, resolvemos o que iremos fazer. Entendidos?
José fica com um semblante indescritível.
Ambos
seguem na direção da voz.
Corta
para/
Cena 8. Casa família Ribeiro. Interno. Noite
Elis
e Samuel chegam abrem a porta da sala e adentram a casa, encontrando
João lendo um livro na poltrona.
Elis
avança sobre o filho enquanto grita.
Elis
– Eu já falei que eu não quero que você vire um bosta qualquer!
Para de ler a merda desse livro e vai fazer alguma coisa de útil,
antes que eu pegue essa história boba que você tanto lê, e queime!
Queimo esse todos os outros que você trouxe na mala. Tá me
entendendo?
Samuel
tenta conter a esposa.
Samuel
– Deixa o garoto ler, qual o problema?
Elis
– A questão não é qual é o problema, a questão é,
simplesmente que eu não quero que ele vire uma planta nessa casa. Eu
criei filho pra ser planta? Só se ele puxou ao pai, que antes era um
homem de verdade, agora não passa de um paspalhão… Meu filho, você é formado em história e precisa arrumar algo a ser feito.
João
– Mãe…
Elis
– O que é? (Grita)
João
– Eu não gosto da maneira que você fala comigo e com o pai.
Elis
– E você acha que eu me importo com essa sua opinião de merda?
Pra mim ela não vale de nada, tal como esse teu colar infame que
carrega nesse pescoço. Agora eu tô falando sério, por que que tu
tem esse negócio aí pendurado? Um cristal fajuto com a letra “A”
cravado no meio? Quem é “A”? A de Aurora? A ratinha dos
Anastácios?
Close
no rosto sereno de João.
Corta
para/
Cena 9. Casa família Anastácio. Interno. Noite
Antônia
e Samuel abrem a porta. Aurora está vendo televisão, sentada no
sofá.
Antônia
– Ainda acordada, filha?
Aurora
– Perdi o sono.
A
câmera vai dando um close lento no colar de Aurora, enquanto de
fundo Américo e Antônia discutem.
Samuel
– Pra que isso tudo? Eu já te disse, e vou repetir, essa tua irmã
tem problemas psicológicos. Uma mulher amargurada, triste com Deus e
o mundo.
Antônia
– Mais amargurada que eu, não é.
Samuel
– Você vai querer mesmo resgatar essas lembranças? Pelo amor de
Deus. Parece que só fala disso.
Match Cut no colar: O
colar de Aurora tem uma pedra azulada, cujo no centro está cravado a
inicial “J”
Cena 10. Floresta. Noite. Externa
José
Alfredo – Helena, pelo amor de Deus! Como você veio parar aqui?
José
tem Helena em suas mãos, enquanto Mariana limpa manchas de sangue da
face da jovem.
Helena
– Eu não sei… Comecei a andar e quando vi já tava perdida.
Mariana
– Esse corte foi por aquele vento forte?
Helena
– Eu não lembro.
José
Alfredo – Espero que essa sua falta de memória dure por mais
algumas horas.
Helena
– Como assim durar por mais algumas horas?
Mariana
e José se olham.
Mariana
– Helena, nós não estamos nessa floresta atoa, viemos por um
propósito único, e por ironia do destino encontramos você aqui. O
que você verá a seguir, precisa esquecer, ou restringir suas
lembranças apenas a nós.
Helena
– É alguém morto?
José
Alfredo – Não… É algo ainda mais surreal.
Corta
para/
Cena 11. Floresta. Noite. Externo
Helena,
José Alfredo e Mariana chegam no ponto principal.
A
cratera é enorme, e emite uma forte luz dourada, que encandeia os
olhos dos demais, acompanhados de destroços metálicos.
Helena
– O que é isso? Um avião caiu em Vila Dourada?
José
Alfredo – Não… Não foi um avião. Isso que está diante de seus
olhos, é um ÓVNI. E pelo visto, veio tripulada.
Mariana
e José sorriem, Helena carrega um semblante surpreso e ao mesmo
tempo confuso.
Corta
para/
Cena 12. O céu de Vila Dourada. Noite. Externo
Eugênia, desacordada, divide espaço com as vacas e cavalos diante das nuvens.
Seu corpo está devidamente debilitado, com lesões sérias.
Ela dá um forte suspiro e começa a roncar.
De fundo se percebe um forte temporal, carregado de mais raios.
Cena 13. Vila Dourada. Noite. Externo
Moreira - Mas isso nunca aconteceu nessa cidade, vocês mesmo estão de prova... Vila Dourada mudou muito de uns dias pra cá. Um temporal que arrasta pessoas? Isso eu nunca vi.
Verena - Mas viu agora e precisa tomar uma providência.
Tobias - Exatamente! Minhas vaquinhas, coitadas dela. Se coloque no lugar das mimosas, voar sem nem imaginar aonde está... E ao relento.
Moreira - Concordo com o padre. O que precisamos fazer se restringe apenas a esta área e olhe lá, cuidar das pessoas que estão feridas, dar todo o apoio necessário.
Um carro preto cruza os portões de Vila Dourada. Moreira encara o carro com receio.
Verena - Então o que a senhora tá esperando pra agir?
Moreira - Antes eu preciso resolver outra coisa...
O carro estaciona em frente a casa dos cientistas. Moreira vai atrás.
Cena 14. Floresta. Noite. Externo
Mariana, Helena e José Alfredo seguem segurando malas fortes, e caminham até chegar na praça.
Helena - Quando chegarmos em casa, quero que vocês me contem tudo, não me escondam nada.
José Alfredo - Calma aí, mocinha! Não podemos sair por aí espalhando tudo, precisamos de calma, isso sim.
Cena 15. Noite. Externo
Moreira retira sua espingarda da baia e se aproxima do carro.
Sonoplastia: Música de tensão que permanece até o final do capítulo.
Valquíria abre a porta da frente, e três seguranças abrem a de traz.
Moreira - Posso saber o que estão fazendo em Vila Dourada. Esses trajes estranhos, esses seguranças, isso pra mim não é boa coisa!
Valquíria retira de seu bolso um pequeno GPS.
Moreira - Vai continuar me ignorando?
Valquíria - Estamos a procura do casal que mora nessa casa. Conhece?
Moreira - Por que é de seu interesse? Me conte primeiro o que está fazendo aqui, e depois discutimos sobre os moradores dessa cidade.
Valquíria - Pelo visto não vai me ajudar...
O GPS apita.
Valquíria olha na direção demarcada do GPS.
Mariana, José Alfredo e Helena surgem.
Valquíria - Eles estão bem ali! Vamos!
Ela vai em direção ao trio, acompanhada dos seguranças e de Moreira.
Cena 16. Noite. Externo
Valquíria - Parado aí, mocinhos. Pensavam que estariam livre de mim?
Mariana - Você?
Valquíria - Em carne e osso!
José Alfredo - Não vamos parar.
Valquíria - Ah, não vão parar? Seguranças, recolham as malas dessas pessoas!
Moreira engtilha sua arma e aponta para Valquíria.
Moreira - Vocês não vão recolher nada.
Valquíria - Não aponte essa arma pra mim!
Moreira - E o que você vai fazer?
Valquíria - Você não sabe com quem tá se metendo, é melhor parar e jogar ao nosso favor.
Moreira - Vocês chegam do nada, após uma catástrofe invadir a minha cidade, e depois querem bancar de donos do mundo? Não vão encostar nos três coisa nenhuma, eles são cidadões dessa cidade e meu dever é protêge-los, e caso forem contra tudo que eu acabei de dizer, vão arrumar problema.
Valquíria - Eu consigo tirar suas dúvidas, eles não são do bem.
Helena - Como assim não somos do bem?
Valquíria - Se querem provar que estão certos e merecem ser defendidos com unhas e dentes por essa mulher que está empunhando uma arma contra mim, abram essas malas agora mesmo e mostrem, mostrem tudo! Sem tirar nem pôr...
Close no rosto de Moreira.
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