Paixão Radical | Capítulo 09: Quem é Você?


PAIXÃO RADICAL

by

EVERTON BRITO

CAPÍTULO 09:

Quem é Você?


FADE IN:

01 INT. RUA — NOITE.

Em Leon, esperando em pé frente um prédio com guarda chuva em mãos. Um táxi para. Desce dele Ana.
LEON — Que bom que veio.

ANA — O que você quer?

LEON — Não pode estar namorando aquele cara...

ANA — O nome dele é Guilherme e por quê não?

LEON — Porque eu te amo. Eu ainda sou louco por você.

ANA — Não acredito que vim aqui pra ouvir isso.
Ana ia embora, mas Leon a agarra pelo braço e lhe dá um beijo demorado. Ana se afasta e lhe dá um tapa, limpando a boca.

ANA — Eu tenho nojo de você!

LEON — Não fala assim...

ANA — Eu nunca voltaria pra você depois de tudo o que fez. Matou meu irmão, minha mãe...

LEON — Você sabe que isso não é verdade.

ANA — A única coisa que eu sei é que você tem que ficar longe de mim.

LEON — (grita) Eu não matei o Jota!
Ana adentra dentro do táxi e parte.
LEON — Droga!
Leon fecha os olhos e sussurra algo. Ele os abre e, com um ar cansado, passa a andar.  

                                             
02 INT. LANCHONETE — DIA
Sino toca. Sai Luísa de dentro de uma porta, ela caminha até a mesa e nota Marissa, que lhe dá um tchauzinho. Luísa anda a mesa com um bloco se notas na mão.
LUÍSA — Pois não?

MARISSA — Poderia anotar meu pedido por favor?

LUÍSA — Pois não...

MARISSA — Quero um suco de laranja bem gelado e uma fatia de torta de morango, por favor.

Luísa assente. Sai. Depois de um tempo volta com os pedidos de Marissa, os pondo em cima da mesa.
LUÍSA — Aqui está.

MARISSA — Mas está tudo errado.

LUÍSA — Impossível. Eu anotei tudo certinho aqui no bloco.

MARISSA — Então você deve ter algum problema mental. Eu claramente pedi um café e torradas diet, porque eu estou de regime faz um tempo.

Luísa respira fundo.
MARISSA — Tá esperando o quê pra trocar e me trazer o certo? Anda, vai.

Luísa força um sorriso e se vai. Algum tempo depois, volta.
LUÍSA — Aqui está.

MARISSA — Ah, mas você é muito burra, garota. Outra vez errando meu pedido inteiro.

LUÍSA — Cê tá de brincadeira!

MARISSA — Eu não tenho culpa se você é tapada a ponto de errar meu pedido duas vezes! Volta lá e me traz o que eu pedi; um milkshake e uma banana split. Rápido que eu já perdi muito tempo aqui.
Luísa sai novamente, voltando tempo depois. Marissa se levanta da cadeira.
MARISSA — Ah, não é possível! Eu quero falar com o gerente daqui. Já tivemos atendimentos muito melhores. Olha aí, tudo errado de novo! Quando é que você vai fazer algo certo heim, garota?

LUÍSA — Agora, por exemplo.
Luísa pega o copo de milshake e derrama-o inteiro sobre a cabeça de Marissa, que grita.

LUÍSA — Você não queria o milkshake? Toma! Ah, aproveita e leva também sua bana split, vaca!
Luísa pega a banana e esfrega no rosto de Marissa.
MARISSA — Maluca!

GERENTE — Mas o que é isso?

Luísa vira-se para o gerente, em pé, na porta da cozinha.
LUÍSA — Eu...

GERENTE — Está despedida, mocinha! Rua!

CAM em Luísa, chateada. Muda o foco para Marissa, sorrindo, altiva.
03 INT. COLÉGIO MELHOR ESCOLHA, SALA DE AULA — DIA.
Ben acaba de adentrar na sala, pisando fundo com o celular em mãos. Ele joga a mochila em cima da banca.
BEN — Vocês dois não têm vergonha, não?

Ben olha para Leon e Ana. Tatiana chega perto de Ben.

TATIANA — Bom dia, Ben? Licença também se usa. Pode se sentar para assistir a aula.

BEN — Não só eu, como todos aqui! Todos vocês vão uma aula de como ser uns perfeitos mentirosos! Mas eu vou deixar para a Ana e o Leon explicarem, não é?
Silêncio.

GUILHERME — Do que você está falando? Ben, para com isso. Você está descontrolado.

BEN — Vão querer que eu explique?
Em Ana, assustada, logo em Leon, atônito.
BEN — Ótimo! Você pensa que a sua nova namorada é a garota mais perfeita do mundo, não é? Já parou pra pensar o por quê de ela implicar tanto com o Leon? Nunca?

LEON — Para com isso?

BEN — (Ri) Olha se não chegamos num ponto crítico?

TATIANA — Ben! Eu serei obrigada a chamar o diretor...

BEN — Chama! Ele vai poder ver isso aqui de perto.

Ben mostra a foto que bateu de Ana e Leon a Guilherme. Guilherme agarra o celular.

GUILHERME — Mas o que é isso?

BEN — Não está bastante claro? Ana, sua namorada, aos beijos no meio da rua com ele!
Ben aponta para Leon.

GUILHERME — Ana.
Ana olha para Ben, surpresa, com lágrimas nos olhos.

BEN — As aparências enganam, não é o que dizem.

GUILHERME — Eu acreditei em você!

ANA — Eu posso explicar.

BEN — O inexplicável? Acho meio impossível?

ANA — (brava) Cala a boca!

GUILHERME — Ana...

LEON — Fui eu...

Leon levanta-se da cadeira. Burburinho na sala.

LEON — Eu que beijei a Ana. Encontrei com ela na rua e não resisti. Sempre fui apaixonado por ele, mas ela nunca quis nada comigo. Achei que a ganharia de alguma forma.

BEN — É mentira! Fala a verdade!

LEON — (à Guilherme) Sempre achei que você não era homem pra ela. Tem cara de quem brocha toda hora.

GUILHERME — Desgraçado!

Guilherme dá um soco em Leon. A sala se agita.
BEN — Vocês estão mentindo. Guilherme, eles estão mentindo pra você! 

TATIANA — Chega! Isso já foi longe demais!

ANA — (Grita) Você é baixo! Nunca pensei que fosse capaz de ir tão longe por nada!
Guilherme segura Ana para que ela não avance.
ANA — Você tem razão. As aparências devem realmente enganar!

 Ben olha para Guilherme, que desvia o olhar.
GUILHERME — Eu estou muito decepcionado com você.
A sala inteira se volta para Ben. Ben engole em seco e sai correndo de lá.

04 INT. HOTEL CONSTANCE, RECEPÇÃO — DIA.
Uma mão acaba de tocar o sino na recepção. A recepcionista vira-se para quem a CAM revela; Luísa.
LUÍSA — Oi? Tudo bom? Eu sou amiga da Marissa. Ela deve ter falado que eu vinha. Onde é o quarto dela?

RECEPCIONISTA — O quarto da dona Marissa é o 505, mas ela não se encontra no momento.

LUÍSA — Ah, que pena...
O telefone toca. A recepcionista atende, distraída. Luísa aproveita e passa correndo até o

ELEVADOR.

= = CORTE DESCONTÍNUO = =
Luísa, escondida observa a camareira sair do quarto da Marissa e pessar o cartão, trancando a porta. Ela respira e anda pelo corredor.
LUÍSA — Ei, você!
A camareira para.

LUÍSA — (arrogante) A Marissa esqueceu a bolsa dela aqui e me pediu pra pegar. Abre a porta pra mim, por favor.

CAMAREIRA — Desculpe, mas eu não estou autorizada.

LUÍSA — Quer que eu incomode a mana ligando pra ela e falando da sua incompetência? Anda, garota.

A camareira, assustada, acaba cedendo e abrindo a porta. Luísa passa, altiva e fecha a porta, suspirando, aliviada.
LUÍSA — Consegui! Você me fez perder o emprego... Agora é guerra!

Luísa sorri.
05 INT. COLÉGIO MELHOR ESCOLHA, BANHEIRO — DIA.
Ben está com os olhos vermelhos, pensativo. Ele fecha os olhos e soca a porta.
BEN — Droga!

Ben chora. Ele então nota que a camada fina de madeira da porta afunda. Ele soca de novo a porta e arranca o lacho com a mão. Nota que há algo escrito na outra camada da porta.
BEN — (Lê) Ele está me perseguindo...
Ben começa então a arrancar a camada fina de madeira até poder ter uma boa visão e concluir que se tratada de pequenas conversas trocadas.
BEN — Estou assustado... Ele não me deixa em paz... Você tem que contar... J, não pode ficar nesse sofrimento pra sempre (pensa) J... J... Jota! Jota, claro! Irmão da Ana...
Foco numa mensagem escrita em vermelho que diz: "Socorro. Eu preciso de ajuda".

FADE TO BLACK.


FIM DO CAPÍTULO.


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