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Vera: Ela vai matar o meu filho! Faz alguma coisa, Manoel!
Manoel: Ele está seguro olha,
já chamei a polícia enquanto estávamos vendo as imagens.
Lívia: Como você fez isso se
não ouvi nada?
Manoel: Mandei mensagem pra um
amigo meu advogado que trabalha na polícia. Ela já está a caminho.
Vera: E enquanto isso? Vamos
ficar assistindo isso?
Manoel: Não, vamos subir.
Tiago, vem comigo. Manda uma mensagem e peça pro Vitor vir comigo também.
Vera: Tem certeza?
Manoel: Tenho. Confie em mim.
Vai dar tudo certo.
Mateus: Baixa esta arma,
Bárbara!
Bárbara: Você já foi longe
demais, Mateus. Não tenho mais nada a ganhar com você e ainda posso me queimar.
Hora de dar tchau, garotão.
Mateus parte pra cima de Bárbara e os dois começam a disputar a
posse da arma de Bárbara, até que a arma dispara.
*Mateus e Bárbara se olham diretamente um no olho do outro e
Mateus cai no chão.*
Bárbara guarda a arma na bolsa e se prepara para sair, fugindo do
apartamento, quando ao abrir a porta dá de cara com Manoel, Tiago e Vitor.
Bárbara: Manoel? Você? O que
você está fazendo aqui?
Manoel: Acabou, Bárbara! Você
vai pagar por tudo o que fez contra mim e contra as pessoas que eu amo.
Ellen: O Mateus caiu? Não era
pra ele cair!
Iná: Como assim, Ellen?
Ellen: Eu dei pra ele um
colete a prova de balas que meu pai conseguiu. Mas ele caiu como se tivesse
levado o tiro. Isso não era pra acontecer. Gente, estou achando que ele foi acertado
de verdade pela minha mãe!
Iná: Ai, meu Deus! Não! A Vera
vai morrer se isso tiver acontecido. Não comentem nada até a gente ter alguma
certeza.
Manoel toma a bolsa de Bárbara e passa para Vitor segurar.
Manoel: Toma, Vitor. Cuide bem
disso, pois a polícia vai precisar disso.
Bárbara: Polícia? Do que vocês
estão falando?
Tiago: Meu irmão! Ele está
caído!
Manoel: Ele deveria estar com
colete que eu pedi pra Ellen dar pra ele.
Bárbara: Isso era uma
armadilha? Foi pra isso que o Mateus me chamou aqui?
Mateus: Já posso me levantar?
Manoel: Você está bem, Mateus?
Mateus: Estou, Manoel. Eu cai
pelo impacto do tiro, mas estou bem. Preferi continuar caído pra ela achar que
eu tivesse sido acertado.
Bárbara: Me solta, Manoel!
Você não pode me segurar assim!
Manoel: Vai fazer o que?
Chamar a polícia? Já chamei, pode ficar tranquila.
Bárbara: Você é mesmo um
idiota, Mateus! Não vê que com isso você vai definitivamente pra cadeia e ser
descoberto pela Lívia?
Mateus: Você é uma imbecil
mesmo. Nós já estamos na cadeia há muito tempo. A Lívia já sabe da gente.
Lívia: Será que tudo correu
bem?
Vera: Espero que sim.
Tatiana: Olha, a Ellen está
vindo aí.
Ellen: Meninas, podemos subir.
Já vi pela câmera e meu pai segurou a minha mãe.
Vera: Está tudo bem com o
Mateus?
Ellen: Está sim. Levei um
susto ao ver ele cair depois do tiro, mas ele estava usando o colete.
Vera: Tiro? A Bárbara
realmente ia matar ele?
Lívia: Que bom que não matou.
Quero esses dois pagando por tudo o que fizeram. A morte seria muito boa pra
eles.
Tatiana: Pega leve, Lívia.
Minha mãe está aqui.
Vera: Deixa, filha. Eu entendo
a revolta dela e concordo que os dois devem pagar pelo que fizeram. Espero que
ela como mãe também entenda que por pior que o filho seja, a gente sempre vai
ter um sentimento de preocupação em relação a ele.
Lívia: Desculpa, Vera. Falei
por falar.
Vera: Vamos subir lá.
Manoel: Tiago, retire as
câmeras dos lugares onde a Ellen havia as colocado. Você lembra, não lembra?
Tiago: Lembro sim. Pode
deixar.
Bárbara: Câmeras?
Mateus: Qual parte do “você é
uma imbecil” você não entendeu, Bárbara?
Ellen bate a porta e pede pra entrar com o restante das pessoas.
Ellen: Podemos entrar.
Vitor: Podem.
Bárbara: Olha só quem está
aqui! A filha desnaturada! Já estou sabendo que você fez parte desse circo todo
contra mim. Maldita hora em que fui parir você, sua ameba!
Vera: Me surpreenderia muito
ver uma mãe falando assim da filha se essa mãe não fosse você.
Bárbara: Olha só quem está
aqui, a vendedora de lavagem de pobre. Como está o seu pé sujo que você chama
de restaurante? Causando muita intoxicação alimentar nos clientes?
Vera: Não servimos carne de
segunda como você pra ter algum tipo de problema como esse.
Num vulto, extremamente rápida, Iná avança a porta e desfere três
tapas na cara de Bárbara.
Iná: Sua cachorra! Cadela
nojenta! Eu fiquei tanto tempo se saber que tinha uma filha viva e sem a
encontrar depois por sua causa, sua imunda!
Bárbara: E por mim
continuaria. Odeio você e toda essa corja que insistiu em aparecer na minha
vida. E sabe o que mais? A Lívia deve ter me agradecido quando soube que fiz
tudo isso. Se hoje ela é dona de um dos maiores hospitais do estado e rica do
jeito que é foi porque eu e a dona Odete tratamos de colocá-la na família
Veloso. Imagina se ela fosse sua filha? Ela estaria até hoje falando “pobrema”,
“estrupo” ou qualquer dialeto ou variação da língua portuguesa.
Vindo de trás de todos, Lívia aparece por último.
Mateus: Lívia? O que você está
fazendo aqui?
Lívia desfere um tapa em Mateus.
Lívia: Eu não te autorizei
falar comigo. Cale a sua boca.
Bárbara: Olha só, a
bastardinha. Agora a família está toda reunida. Que cena linda, comovente. Só
não bato palmas porque o Manoel amarrou minhas mãos, mas vocês estão de
parabéns, cena digna de teatrinho de escola.
Lívia: Essa é a mulher da qual
vocês me falaram? A tal da Bárbara?
Bárbara: A tal da Bárbara?
Bárbara Pierini pra você, sua bastardinha.
Lívia: Ela late sempre desse
jeito ou é só quando está acuada.
Priscila dá uma risada. Ellen olha feio para a namorada. Priscila
pede desculpa.
Manoel: Que horrível saber que
você ainda usa meu sobrenome. Mas por pouco tempo.
Bárbara: Mas o sangue sempre
fala mais alto mesmo, não é? Foi criada a pão de ló por uma das famílias mais
ricas de Curitiba e mesmo assim ainda se parece tanto com a faxineira.
Lívia: Quando que a gente vai
tirar essa mulher daqui e mandar ela pra polícia junto com esse traste do
Mateus?
Mateus: Lívia, não precisa
ofender.
Lívia: A sua existência pra
mim já é uma baita ofensa e nem por isso estou reclamando.
Manoel: A polícia já chegou.
Estão subindo. Quero ver toda essa ironia quando você for pra cadeia, Bárbara.
A polícia bate a porta e Manoel explica o que aconteceu. Mateus e
Bárbara são levados para a delegacia.
Bárbara: Me solta. Estão
pensando que estão falando com quem? Olha como vocês me tratam, seus energúmenos.
Bárbara é jogada dentro do camburão e paralelo a isso Ellen chora
baixinho e é consolada pelo pai.
Ellen: Não precisava disso
tudo. As vezes eu não entendo o que acontece com a minha mãe, pai.
Manoel: Eu também não, minha
filha. Eu também não...
Ao lado, Tiago e Tatiana consolavam Vera.
Vera: Bom, agora acabou. O
Mateus vai pagar pelo que fez e a Bárbara também.
Lívia: Desculpa, Vera, mas as
coisas não acabaram não.
Vera: Como assim? O que mais
você quer do Mateus?
Lívia: Eu quero saber o porquê
de ele ter matado o meu pai. Isso não está claro.
Vera fica pálida.
Bárbara e Mateus chegam à delegacia.
Delegado: O que aconteceu?
Policial: Esses dois estavam
em uma discussão e num momento a senhora que aqui está deu um tiro no rapaz,
mas ele estava de colete a prova de balas e sobreviveu sem ferimentos. Tem essa
arma encontrada com a senhora também.
Delegado: Colete a prova de
balas? Como assim?
Mateus: Eu vou explicar tudo
no depoimento.
Delegado: Pois bem, quero sim
uma ótima explicação. Vou começar pela senhora e depois para o rapaz.
Bárbara: Eu não vou falar nada
sem o meu advogado!
Delegado: Tudo bem. É um
direito da senhora, mas enquanto isso ficará reclusa.
Bárbara: Reclusa? Eu? Olha pra
mim. Eu sou de família boa e não uma qualquer dessas que o senhor vive
recebendo aqui.
Delegado: Minha senhora, isso
é padrão. Não estou lhe dando voz de prisão, apenas fazendo um procedimento
básico.
Bárbara: Mas eu não sou uma
pessoa básica pra você fazer isso comigo. Vá à merda com esse procedimento. Eu
nem deveria estar aqui.
Delegado: Bom, agora a senhora
me deu motivo para prendê-la. Está reclusa por desacato à autoridade. Vamos,
leve esta senhora daqui.
Bárbara: O que? Seu
delegadinho de quinta! Vai se arrepender disso tudo!
Delegado: Vai ter que
responder por esta ameaça também.
Bárbara é levada para uma cela enquanto gritava pedindo para a
largarem.
Delegado: Bem, rapaz. Posso
começar com você ou vai aguardar advogado também?
Mateus: Eu falo sem advogado
mesmo.
Manoel: Eu sou o advogado
dele.
Mateus: Manoel? Por que você
vai me defender?
Manoel: Eu não necessariamente
vou te defender, porque você me prejudicou muito, rapaz. Mas farei isso pela
Vera e também porque quero que você fale o máximo de coisas que possam levar a
Bárbara a ser presa também.
Mateus: Bom, se for assim
então eu aceito sua ajuda.
Delegado: Podemos começar?
Mateus: Podemos.
Delegado: Nome?
Mateus: Mateus Filipe Soares
de Souza...
Mateus presta seu depoimento ao lado de Manoel e termina-o só uma
hora depois.
Mateus termina o depoimento e na sala de espera estavam Lívia,
Vera e Iná.
Vera: E aí, como foi?
Manoel: O Mateus confessou
tudo e também deu detalhes de como a Bárbara agiu junto com ele. Ele cumpriu
aquilo que você tinha falado, Vera.
Vera: E onde ele está agora?
Manoel: Vera, ele confessou
três assassinatos. Ele já foi detido.
Lívia: E o julgamento? A
condenação?
Manoel: Isso só mais adiante.
Lívia: Eu posso falar com ele
agora?
Manoel: Falar com ele? Pode...
mas o que mais você quer falar com ele?
Lívia: Me deixe falar com ele.
Eu tenho esse direito.
Vera: Deixa, Manoel. Eles tem
muito que acertar ainda.
Manoel concorda e leva Lívia pra outra parte da delegacia. Fala
com o delegado que autoriza a visita de Lívia a Mateus.
Guarda: Rapaz, tem uma mulher
aí querendo falar com você.
Mateus: Mas acabei de ser
trazido pra cá. Quem pode ser?
Lívia: Sou eu, Mateus.
Guarda: Vou deixar vocês na
sala de visitas.
Lívia e Mateus ficam frente a frente.
Mateus: O que você ainda quer
que eu fale? Já não sabe o suficiente de mim?
Lívia: Que você não presta e
foi a pior coisa que aconteceu na minha vida eu já sei.
Mateus: Então o que quer mais?
Lívia: Eu quero saber por que
você me escolheu. E o porquê de ter assassinado meu pai que sempre foi um homem
tão bom pra você.
Mateus: O Eugênio? Bom? Você é
uma pateta mesmo! Uma anta burra! Nunca percebeu se quer a merda de caráter que
teu pai tinha.
Lívia: Burra fui quando
resolvi te botar na minha vida. Mas se você acha que tem motivos de sobra pra ter
feito algum mal para o meu pai, conte para mim.
Mateus: Quer saber mesmo?
Então eu vou te contar. Você vai ver que tem gente bem mais lixo nesse mundo do
que eu.
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GANCHO: MEMÓRIAS (Pitty) -----------------------------------------------------
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