DESTINO - Capítulo 47: Quadrangular amaldiçoado



Lívia: Pois então conte.
Mateus: Quando eu tinha 4 pra 5 anos o meu pai conseguiu um emprego muito bom de zelador no hospital da sua família. Aquele emprego veio em ótima hora, pois minha mãe não conseguia emprego e há algum tempo meu pai também havia perdido o emprego porque algumas empresas faliram na época do Collor e uma delas foi onde meu pai trabalhava de operador de empilhadeira.

*FLASHBACK*

Marcos: Vera, eu consegui! Começo no hospital semana que vem mesmo. Tenho que correr com as coisas agora, os documentos pra contratação e tudo mais.
Vera: Que benção, meu amor! Nossa, vou avisar à dona Rosa que vamos pagar os meses atrasados de aluguel.
Mateus: Vou poder comprar carrinho, pai?
Marcos: Claro, meu filho. Vamos voltar a ter uma vida digna.

*FIM DO FLASHBACK*

Lívia: Você matou meu pai porque ele deu um emprego pro seu pai? Entendi...
Mateus: Não seja sonsa, Lívia! Claro que tem muito mais coisa.
Lívia: Você nunca me disse que teu pai trabalhou no hospital. Que história é essa agora?
Mateus: Você vai ver que tem muita coisa que eu não te contei e tenho como provar. Deixa eu continuar.
Lívia: Fala logo então.
Mateus: Quando o meu pai começou a trabalhar no hospital, ele logo de cara se simpatizou com a sua mãe, a dona Helena.
Lívia: Minha mãe?
Mateus: Sim. O meu pai pelo jeito era uma pessoa agradável de se conversar. Simples, mas sabia como tratar uma mulher. O seu pai sempre foi seco e frio com a sua mãe. Como meu pai ficava muito tempo no hospital e sua mãe também, eles acabaram tendo um caso.
Lívia: Minha mãe traiu meu pai? Não! Nunca que isso teria acontecido! Minha mãe era uma mulher de respeito! O que você está falando é invenção e mentira!
  
Mateus: A sua mãe era sim uma mulher boa, mas ela não aguentava a merda que era ter se casado com o seu pai.
Lívia: Minha mãe não ia se envolver com um homem tão mais novo que ela, Mateus. Se teu pai tivesse vivo ele teria quase 50 anos e minha mãe morreu com mais de 60.
Mateus: Por que não? Da onde você tirou isso?
Lívia: Não sei. Eu... eu...
Mateus: Deduziu errado, Lívia. A sua mãe engravidou do meu pai.
Lívia: O que? Não me diga que o bebê que minha mãe perdeu era filho do Marcos?
Mateus: Não. O Eugênio descobriu a traição e obrigou a sua mãe a abortar a criança. Essa outra gravidez que teoricamente era a sua, o bebê era filho do Eugênio.
Lívia: Minha mãe disse que tinha perdido um filho alguns meses antes de descobrir que estava grávida de mim, mas nunca imaginei que fosse isso.
Mateus: O seu pai tentou acabar com o casamento do meu pai contando para a minha mãe o que aconteceu.

*FLASHBACK*

Eugênio: Vera?
Vera: Eu mesma.
Eugênio: Sou Eugênio Veloso, dono do hospital Ângela Veríssimo e patrão do seu marido.
Vera: Sim, ele já me falou do senhor. No que posso ajudar.
Eugênio: Você sabia que o seu marido e a minha esposa tiveram um caso?
Vera: O que? Que loucura é essa agora?
Eugênio: Enquanto você se mata de trabalhar em casa fazendo empadão pra vizinhança e cuidando do filho de vocês ele fica mexendo com a mulher dos outros.
Vera: Não é possível. O Marcos é um marido excelente e...
Eugênio: E a senhora é uma chifruda.
Vera: O senhor me respeita! Eu não sei nem porque ainda estou lhe ouvindo. Com licença!

*FIM DO FLASHBACK*

Mateus: Minha mãe voltou possessa pra casa.
Lívia: Eu imagino. E entendo o lado dela.
Mateus: Mas ela e o meu pai fizeram as pazes e, pelo que me lembro ele terminou o caso com a sua mãe. O seu pai ficou furioso com isso e quando eu era criança a única coisa que me lembro é de uma briga entre meu pai e minha mãe e ela desesperadamente pediu para o meu pai não fazer algo contra o seu, mas ele não ouviu minha mãe e acabou espancando o seu pai.

FLASHBACK

Vera: Marcos, por favor, você vai destruir a sua vida e a nossa!
Marcos: E o que você quer, Vera? Que eu deixe isso passar em branco?
Vera: Eu sei que é doloroso pra você, mas por favor faça isso por mim e pelo Mateus! O doutor Eugênio nunca deixaria isso ficar barato!
Marcos: Isso é o que vamos ver!

Marcos pega as chaves do carro e vai em direção ao hospital em que trabalha. Ele entra sem bater na sala de Eugênio. Sem cerimônias ele vai direto ao ponto:
Marcos: Seu filho da puta, quem você pensa que é?!
Eugênio: Olha lá, rapaz, você está se dirigindo ao dono deste hospital, seu patrão e não aqueles faveladinhos que vivem com você!

*FIM DO FLASHBACK*

Mateus: Meu pai foi preso por isso e o seu pai mandou matar ele na cadeia. O meu pai morreu a mando do seu pai, Lívia!
Lívia: Como é que você lembra de tudo isso se só tinha 4 anos?
Mateus: Algumas coisas eu lembro mesmo e outra é porque eu peguei a minha mãe e a tia Terezinha conversando sobre isso anos mais tarde, quando eu já era adolescente!
Lívia: Não. Não é possível isso, esse não é o Eugênio que eu conheço!
Mateus: Mas é o Eugênio verdadeiro!
Lívia: O seu pai também não é nenhum santo. Por que se sujar por esta briga entre os dois?
Mateus: Meu pai não matou ninguém! Meu pai não obrigou a sua mãe a ter um caso com ele! A única pessoa que meu pai realmente ofendeu foi a minha mãe, mas ela o perdoou. O seu pai ficou com raiva por que ele achou que ia destruir a nossa família e viu que só a fortaleceu mais!
Lívia: Isso não pode ser verdade! É por isso que você me escolheu? Pra tomar posse do que era do meu pai?
Mateus: Talvez.
Lívia: E aí você prejudica uma pessoa que não tem nada a ver com a história.
Mateus: Confesso que te odiava mais quando achava que você tinha o mesmo sangue daquele bosta. Depois eu apenas fiquei indignado.
Lívia: Indignado com o que?
Mateus: Com o fato de que você não merecia nada daquela fortuna. Você não era herdeira legítima dele.
Lívia: Você é burro ou se faz? Ele me adotou e eu tenho todos os direitos de filha!
Mateus: Até a sua adoção foi errada. Cadê o documento? Você saiu do hospital como se tivesse sido parida pela Helena.
Lívia: E quem é você pra contestar o meu direito ao que era do Eugenio e da Helena?
Mateus: Realmente, eu não sou a melhor pessoa pra contestar nada, mas num mundo como esse acho que certo e errado são conceitos bem maleáveis, não são?
Lívia: Pra pessoas sem caráter como você sim.
Mateus: Se você tem tanto caráter, por que não doa o seu patrimônio para a caridade, já que tu não tem direito a nada? (gritando)
Lívia: Eu já disse que tenho direito! Você fica se fazendo de burro, Mateus? (gritando)
Mateus: Então já que você é a senhora da justiça, pega a merda desse patrimônio todo e divide com a Tatiana e com o Tiago!
Lívia: O que você falou?

------------------------------------------ GANCHO: MEMÓRIAS (Pitty) ---------------------------------------------

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