Décimo quinto capítulo de "Águas de Março" - Tsunami (parte 2)


No capítulo anterior: Pedro se nega a matar Cecília, mas diz que quer ela presa. Marcos diz a Malu que ela precisa ser mais aberta em relações com novas pessoas de religiões diferentes. Marcos flagra Amir quando ele está entregando drogas à mando de Rodolfo. Cida conta ao médico de Gabriel sobre sua paixão por Ricardo, e que é o porquê de ter se demitido, depois ele fala para Gabriel que Cida realmente é uma grande melhor, e diz que acabará com a farsa de seu estado médico. Marcos e Rodolfo se encontram no momento que Marcos está discutindo com Amir

Capítulo 15: Tsunami (parte 2).

(Cena 01 – Escola/Interior/Dia)
(Cecília e Pedro entram ao mesmo tempo na escola de Antônio, e se encaram)
Pedro: Passou a noite novamente fora...
Cecília: Na casa de uma amiga.
Pedro: Que amiga?
Cecília para de caminhar repentinamente e fala: Chega, Pedro! Eu não tô afim de brigar, e vim aqui pra ver o que aconteceu com o Antônio.
Pedro: Com a mãe que ele tem, dá pra entender se algo de ruim acontece, o descuido é grande.
Cecília: Pedro, você tá insinuando que eu não sou uma boa mãe pro Antônio?
Secretária: Sr.e Sra. Brandão, vão bem?
Cecília: Sim, obrigada. Vocês nos ligaram para falar sobre alguma coisa sobre o Antônio com a gente. O que aconteceu?
Secretária: É com um enorme pesar que eu informo que...o Antônio cometeu uma tentativa de suicídio.

(Cena 02 – Rua/Exterior/Dia)
(Marcos dá um soco em Rodolfo)
Marcos: Depois da Janaína, você quer fazer mal ao Amir também!
(Rodolfo aponta uma arma para Marcos, e Amir se coloca em sua frente)
Amir: Não, por favor, não faz nada com ele.
Rodolfo: Sai da frente, moleque, que meu assunto com o Marcos é mais antigo.
Amir: Não, Rodolfo! Ele me ajudou muito!
(Marcos avança em Rodolfo de uma vez e tira a arma dele, depois de torcer seu ombro. Rodolfo sai correndo por uma ladeira, e Marcos o atinge com um tiro no ombro. A polícia chega no momento)
Marcos segura os braços de Amir e fala: Calma, Amir. Eu juro que vai ficar tudo bem.
(Se abraçam)
“Vai ficar tudo bem” – repete Marcos

(Cena 03 – Escola/Interior/Dia)
(Cecília quase desmaia, e Pedro a segura)
Cecília: O Antônio...o Antônio...
(Cecília começa a chorar descontroladamente)
“Por que ele fez isso?”
Secretária: Nós fomos informados por alguns coleguinhas do Antônio que ele sofria bullying pelo seu peso. Infelizmente, o sofrimento dele aumentou desastrosamente e fez com que isso acontecesse. Nós sentimos muito o ocorrido e lamentamos profundamente. Felizmente, o Antônio foi encaminhado para um hospital e demonstra sinais de recuperação, o médico nos informou que ele vai ficar bem, mas precisa ficar em observação constante.
Cecília: Como foi que...como foi que ele...?
Secretária: Ele usou um estilete. Foi ao banheiro e cortou todo o braço. A sorte foi que 20 minutos ele foi encontrado pelo zelador uns 20 minutos depois.
Pedro: E vocês não notaram nada no comportamento dele? Ele não chorava ou coisa do tipo?
Secretária: Não...o Antônio continuou recebendo elogios dos seus professores nas conversas do corpo docente da escola.
Pedro: Não sei pra quê serve pagar tão caro...
Secretária (pigarreia e fala): Por acaso, Sr. Brandão, o sr. está insinuando que a culpa disso tudo é da escola. O Sr. é pai e deve conhecer o seu filho muito mais que qualquer professor, a educação vem antes de casa do que da escola. O sr. não percebeu nada no comportamento do seu filho durante os últimos meses...
Pedro: Pior que notei, o Antônio anda vestindo casacos e roupas de frio até mesmo no calor, como se quisesse ficar escondido.
Secretária: Pois é, então acho que a escola não pode levar a culpa por essa tragédia.
Cecília: Eu quero ver o meu filho. Aonde é que ele está internado?
Secretária: No Hospital Santo Antônio.
Cecília: Obrigada.
(Corta para: Escola/Estacionamento/Exterior/Dia)
Pedro: Está satisfeita, Cecília? A culpa disso tudo é sua.
Cecília: Minha, por quê?
Pedro: Você não dá a mínima para o seu filho, nem pra dar um pouco de educação e conforto você serve.
(Cecília dá um tapa em Pedro)
Cecília: Eu quero que você MORRA.
(Cecília entra no carro e acelera. Já dirigindo, ela se lembra do que Pedro disse)
Cecília (pensando e chorando): Será que a culpa realmente é minha, meu Deus?


(Cena 04 – Imagens do anoitecer no Rio de Janeiro)
(Corta para: Hospital/Quarto de Gabriel/Interior/Noite)
Médico: Por que você me chamou, Gabriel? Está doente?
Gabriel: Eu quero saber de uma coisa, já que você não pode me cobrir, eu queria saber se você podia fingir pelo menos se eu estou num estado mais grave durante alguns dias. Você pode?
(Cida está prestes à abrir a porta, mas escuta o som de vozes e ouve a conversa)
Médico: Pra quê? Você quer deixar a Cida mais transtornada do que ela já está?
Gabriel: Pra falar a verdade, é isso sim. Eu quero garantir que a Cida não vai jamais para os braços de nenhum outro homem.
Médico: Chega, Gabriel! Eu já menti demais pra você! Sua mulher não merece isso.
Gabriel: Você tem razão, ela não merece um inválido, muito melhor ficar com um cara rico dono de restaurante, não é?
Médico: Chega, Gabriel, você não vai conseguir me comprar, eu não vou cair nas suas chantagens! Resolva logo esse problema e trate de sair o quanto antes desse hospital! Vi que não posso ser de nenhuma serventia no momento, então já vou saindo.
(Quando o médico abre a porta, se depara com Cida às lágrimas)
Médico: Cida...há quanto tempo você tá aqui?
Cida: Tempo suficiente pra escutar a SAFADEZA de vocês dois.
Médico: Calma Cida, você...
(Antes do médico terminar a frase, Cida lhe ataca com um tapa na cara)
Cida: Saia desse quarto AGORA. O assunto agora é entre mim e o Gabriel.
(O médico sai e olha preocupado pra Gabriel, que ainda está se fingindo de desacordado na cama)
Cida: Você não tem jeito, né? ACORDA COVARDE!
(Gabriel permanece parado, mas Cida chega perto dele e começa a espanca-lo)
Gabriel: Calma, Cida.
Cida: ME ACALMAR? VOCÊ TÁ FICANDO LOUCO? ME ACALMAR?!
Gabriel irrompe em lágrimas: QUEM NÃO PODE FICAR CALMO AQUI SOU EU, QUE FUI TRAÍDO!
Cida: O quê?
Gabriel: Ricardo o nome dele, né?
Cida: É, é sim. O nome de um homem que em três dias me fez muito mais feliz do que você fez em anos! E apesar disso, eu nunca fui capaz de trair você de verdade. UM BEIJO, UM BEIJO! Foi tudo que aconteceu.
Gabriel: Aconteceria mais se eu não tivesse impedido.
Cida: Não Gabriel, não aconteceria. Sabe por quê? Porque eu sou BURRA! BURRA de acreditar em todas as suas falsas lamúrias que você compartilhou comigo durante todos esses anos!
Gabriel: Pois é...do que vale um INVÁLIDO?
Cida: VOCÊ MERECE! VOCÊ MERECE CADA DESGRAÇA QUE ACONTECE EM SUA VIDA, SEU ANIMAL!
(Cida cai no chão e começa a chorar descontroladamente)
Cida: Você tem ideia do quanto eu fiquei DOIDA durante esse tempo? Não, né?
Algum tempo se passa e Cida indaga: Como é que você soube disso?
Gabriel respira fundo e fala: Pela Karina.
(Corta para: Flashback/Casa de Cida/Interior/Dia)
Karina: Gabriel?! Abre aqui!
Gabriel: Oi, Karina, pode entrar!
Karina: Oi, tudo bom? Faz tempo que não te vejo. E aí, como é que você vai?
Gabriel vai começar a falar, mas Karina o interrompe: Ai, Gabriel, desculpa, eu vou ter que te interromper, eu tenho um probleminha pra resolver e já estou atrasada, vim aqui só te confidenciar uma coisa muito importante.
Gabriel: Pode falar.
Karina: É sobre a Cida, eu nem sei como falar isso...eu vou falar de um vez! A Cida está tendo um caso!
Gabriel (rindo): Que brincadeira é essa, Karina?
Karina: Poxa...eu nem sei como te falar isso. Ai, sabe de uma coisa, esquece, é bobagem minha.
Gabriel: Espera, Karina. Quem é?
Karina: É um tal de Ricardo Fragoso. É o dono do restaurante no qual a Cida trabalha. Eu vi eles se  beijando. Bem...eu já vou, espero que tudo se resolva entre vocês.
Gabriel: Obrigado, Karina, pelo menos com você eu sei que posso contar.
Karina pousa a mão em cima da de Gabriel e sorri: Sim, Gabriel, você pode acreditar que eu sempre serei sua amiga!
(Karina sai da casa de Cida sorrindo)
(Corta para: Hospital/Interior/Noite)
Cida: Tinha que ter dedo daquela desgraçada!
Gabriel: Desgraçada, não! Ela foi muito minha amiga!
Cida: Que tua amiga o quê, Gabriel! Ela queria era destruir a minha vida...nunca se deu bem comigo...
Gabriel: Foi você que destruiu nosso casamento.
(Cida tira sua aliança e joga no lixeiro)
Cida: Presta bem atenção nisso: Nunca houve casamento, tá me entendendo? Nunca.
Gabriel: Espera, Cida, aonde você vai?
Cida: Eu vou pros braços do homem que realmente me ama, e depois, vou viver feliz com ele e com meu filho.
(Corta para: Casa de Rodolfo/Cozinha/Interior/Noite)
Karina: Que estranho o Rodolfo ainda não ter chegado..
Karina solta uma risada demorada repentinamente: A pata choca da Cida deve tá chorando igual uma doida por aí. Foi tão fácil...
(Corta para: Flashbak/Restaurante/Exterior/Noite)
(Karina sorri vendo Cida e Ricardo se beijando, ela corre e Ricardo a segue de carro correndo no dia do jantar, depois entra no restaurante)
Karina: Com licença, você pode me informar o nome desse cara que acabou de entrar no carro?
Garçom: Ele é o dono desse restaurante, Ricardo Fragoso.
(Corta para Casa de Rodolfo/Cozinha/Interior/Noite)
Karina: Tomara que ela vá pro inferno de tanta culpa.
(Karina vai até o quarto onde estão as armas de Rodolfo e pega a que usou para matar Jurema)
Karina: Essa daqui já acabou com a Jurema, e vou usar para acabar com todas as minhas inimigas. A própria vai ser você, esposinha do prefeito.
(Karina pega um retrato de Rodolfo nas mãos e lhe dá um beijo)
Karina: Afinal, o Marquinhos já tá acostumado a levar pontinhas, mas piranha...tsc, tsc, tsc...com a Tia Karina não se cria!

(Cena 05 – Restaurante/Interior/Noite)
(Ricardo está fechando a porta e Cida se aproxima)
Cida: Ricardo?
Ricardo se vira e diz: Você aqui?
Cida: Me perdoa. Eu descobri que a história do meu marido no hospital era uma farsa, ele estava sendo acobertado por um médico que é amigo dele, me perdoa, por favor!
Ricardo (sorrindo): É claro!
(Ricardo e Cida se beijam intensamente)

(Cena 06 – Alguns dias se passam e mostram Daniel e Alex surfando na praia)
Alex: É super legal passar esse tempo com você, sabia?
Daniel: Pois é, eu gostei muito de te conhecer, ainda bem que a gente se reencontrou aqui na pria, né?
Alex: É.
(Eles se aproximam um do outro, e se beijam)
Daniel: Desculpa, eu nem sabia se você era...
Alex: Não tem problema...eu sou bissexual, saí de um relacionamento complicado há pouco tempo.
Daniel: Há, desculpe.
Alex: Não tem problema. Eu tô gostando.
(Alex e Daniel se beijam novamente)

(Cena 07- Hospital/Exterior/Dia)
Cecília: Que bom que você ficou bem, filho!
Pedro: É filho, o Papai e a Mamãe agora vão ficar sempre juntos com você e nada vai te entristecer.
(Cecília e Pedro se olham duramente)
Antônio percebe a tensão e fala: Vocês estão brigados?
Cecília: O quê? Não, filho! De jeito nenhum, que besteira falar isso!

(Cena 08 – Casa de Daniel/Sala/Interior/Dia)
(Daniel chega da praia com cara de cansado segurando uma prancha e vê Janaína lendo uma revista)
Daniel: Bom dia, Janaína, tudo bem?
Janaína: Tudo bem, e com você?
Daniel: Eu não poderia estar melhor!
Janaína: Uau! Que felicidade toda é essa?
Daniel: Amo, Janaína, amor!
Janaína: Posso saber o nome da privilegiada?
Daniel: Do privilegiado, na verdade. O nome dele é Alex.
Janaína: Sério, Daniel? Parabéns!
(Se abraçam)
Janaína: Pena que eu não tenho tanta sorte como você.
Daniel: Quando você vai falar com o Marcos, hein?
Janaína: Não sei...eu simplesmente não sei se ele está preparado pra isso.
Daniel: Para de bobagem, Janaína! Ele vai amar essa notícia!
Janaína: Sabe de uma coisa? Você tem razão! Ainda hoje eu vou falar com o Marcos!

(Cena 09 – Imagens do Rio de Janeiro)
(Corta para: Restaurante/Interior/Dia)
Ricardo: Você já levou a bebida daquele casal, amor?
Cida: Sim, eles já estão servidos.
Ricardo: Ótimo.
(Se beijam)
(Gustavo passa por eles fingindo que não viu ninguém)
Cida: Ei, filho! Aonde você vai?
Gustavo: Pra escola.
Cida: Não vai dar nem um beijo na Mamãe?
(Gustavo dá um beijo em Cida, e olha com desprezo para Ricardo)
Gustavo: Tchau.
(Gustavo vai embora)
Ricardo: Ele ainda não vai com a minha cara.
Cida: Calma, amor, com o tempo ele vai se acostumar.
Ricardo: Eu sei disso. Mas deve estar tudo muito confuso na cabeça dele.

(Cena 10 – Imagens do anoitecer no Rio de Janeiro)
(Corta para: Casa de Marcos/Exterior/Noite)
(Marcos está chegando em casa, e Cecília estaciona o carro ao lado dele)
Marcos: Por que você tá chorando, Cecília?
(Cecília abraça Marcos, e ele vê Karina lhe apontando uma arma. Depois, coloca Cecília atrás de si)
Marcos: O que você tá fazendo aqui, Karina?
Karina: Acabou, Marcos! Acabou essa felicidade temporária de vocês, podem dar adeus à suas vidinhas medíocres!

(Congelamento em Cecília)

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