Décimo oitavo capítulo de "Águas de Março" - Quando a tristeza bate à porta


No capítulo anterior: Karina mostra o plano da vingança contra Marcos e Cecília para Pedro e Augusto. Daniel revela para Malu que é gay, e ela corta a relação dos dois. Marcos fala para Janaína sobre a possibilidade dela ter um filho. Amir passa mal e desmaia.

Capítulo 18: Quando a tristeza bate à porta

(Cena 01 – Hospital/Interior/Dia)
Médico: Os exames do Amir mostraram uma grande alteração no número das células do sangue, e eu vou precisar de uma aspiração e uma biópsia da medula óssea.
Malu: Doutor, mas o sr. já tem uma ideia do que pode ser?
Médico: Enfermeira, cuide aqui desse rapazinho enquanto eu falo com a moça.
Médico: O que a sra. é dele?
Malu: Ele é da ONG na qual eu trabalho. É uma ONG de crianças perdidas na rua.
Médico: O que eu tenho pra falar não é muito animador. Eu suspeito que o Amir tenha leucemia. Estes outros exames vão confirmar ou não minha suspeita. E além da alteração no hemograma, ele já mostra algumas manchas vermelhas no corpo, o que também acontece quando o paciente é vítima da leucemia.
Malu: E o que pode ser feito, doutor?
Médico: Eu suspeito que, no caso do Amir, será necessária uma doação de medula óssea. Geralmente, os pais são os melhores candidatos para serem doadores, mas pelo visto você não tem ideia de quem sejam os pais dele, já que é de uma ONG...
Malu: Na verdade, eu acho que posso descobrir uma informação.
Médico: Ótimo. Volte amanhã, vou dar o parecer final sobre o quadro do Amir.

(Cena 02 – Casa de Marcos/Interior/Dia)
Janaína: Que história é essa, Marcos?
Marcos: Um garoto lá na ONG...ele tem esse mesmo sinal que você, e...ele tem doze anos.
Janaína: Deve ser engano.
Marcos: Me escuta, Janaína...
Janaína: Não, chega! Eu não quero saber de nada disso! Eu vim aqui tentar de conquistar de volta pra mim, e você vem com essa bobagem de eu ter filho? Se eu soubesse, eu saberia, ora! Adeus, Marcos! Eu não devia ter vindo.
Marcos: Janaína, não!
(Janaína bate a porta e vai embora)


(Cena 03 – Casa de Malu/Interior/Noite)
Malu (pensando): O Amir pode morrer a qualquer momento...e o Daniel? E se ele morrer brigado comigo? Não, isso não pode ficar assim.
(Corta para: Casa de Daniel/Interior/Noite)
(A campainha toca)
Daniel: Já vai!...Já vai caramba, eu já tô indo!
(Daniel abre a porta e encara Malu)
Daniel: O que você veio fazer aqui?
Malu: Eu vim pedir desculpa! Você vai me deixar entrar, pelo menos?
(Daniel se afasta e Malu entra)
Malu: Você sabe como eu sempre fui apegada com Deus e com a igreja, Daniel. É um choque pra mim que o meu melhor amigo de uma hora para a outra se admita...essa coisa...
Daniel: Essa coisa não! Se tá na minha casa, eu exijo respeito! Eu sou homossexual, e você tem que falar direito comigo. Eu não sou um bicho, nem um monstro não. Eu sou gente. Inclusive, muito melhor que muito santinho por aí.
Malu: Isso é passageiro, Daniel! É coisa da sua cabeça!
Daniel: Não tem nada de errado comigo, e não tem nada de errado com a minha cabeça! Faz tempo que eu sei disso, Malu, faz muito tempo. E fico simplesmente me escondendo e me escondendo de você, de todo mundo.
(Malu agarra Daniel pelos braços)
Malu: Você não é isso, Daniel, você não é isso! Você é meu Daniel, se lembra? Meu Daniel!
(Daniel larga dos braços de Malu)
Daniel: Chega! Eu sou assim e pronto. Se você não aceita o meu jeito, talvez seja melhor você não ficar aqui.
(Daniel abre a porta pra Malu, que vai embora)

(Cena 04 – Imagens do amanhecer no Rio de Janeiro)
(Corta para: Casa de Marcos/Interior/Dia)
(Marcos ouve batidos na porta, e vai abrir)
Janaína: Eu preciso que você me fale mais sobre esse menino.
(Corta para: Casa de Marcos/Cozinha/Interior/Dia)
(Marcos serve café para Janaína)
Janaína: Até nessa história, o Rodolfo fez coisa ruim.
Marcos: Pra você ver do que aquele monstro é capaz.
Janaína: Marcos, eu tenho uma coisa pra te falar, é muito sério.
Marcos: Deixa eu falar outra primeiro. Eu descobri que esse menino, Amir, tem leucemia. Ele passou mal ontem e foi parar no hospital. Hoje de manhã saiu o resultado final dos exames. Infelizmente, é isso o que ele tem. E isso implica que agora ele tem várias manchas no corpo, como sintoma...já havia começado há um tempo, mas só está aumentando agora. Então eu acho que, talvez, eu simplesmente tenha me confundido com esse seu sinal na pele...
Janaína: Deixa eu te dizer o que eu tenho pra falar agora. Eu não lembro muito de tudo que eu passei lá no hospício, afinal, eu vivia sempre dopada, e talvez seja até bom, porque foi o pior período da minha vida. Mas eu me lembro vagamente, de que durante um tempo, nos primeiros meses, minha barriga cresceu bastante, e um dia, de repente, eu acordei com a barriga normal novamente.
Marcos: Então você teve um filho naquela época.
Janaína: E nunca mais o vi.
Marcos: E 12 anos depois, o Rodolfo está usando um garoto de 12 anos que tem um sinal na pele igual ao seu pra vender drogas.
Janaína: Coincidência, não?
Marcos: Janaína, você topa fazer o exame de DNA?
Janaína: Eu sinceramente não sei, Marcos. Se esse garoto for filho meu, e não for seu também...eu não sei como eu vou reagir.
Marcos: Você pode vir aqui amanhã?
Janaína: Pra quê?
Marcos: Apenas venha.

(Cena 05 – Imagens do Rio de Janeiro)
(Augusto sai da prisão com Rodolfo e entra no carro que Pedro e Karina estão)
Rodolfo: Karina! Eu senti sua falta!
(Rodolfo tenta beijar Karina, mas ela se distancia dele)
Karina: Eca, Rodolfo, você tá fedorento.
Augusto: Inclusive, vou querer umas seis lavadas nesse carro depois, ouviu Pedro? Só uma não basta.
Rodolfo: O que é que tá acontecendo aqui?
Karina: Eu te explico em casa. Agora fecha a matraca porque você também tá com bafo.
(Corta para: Casa de Rodolfo/Quarto/Interior/Noite)
(Karina e Rodolfo estão nus, com os corpos grudados)
Rodolfo: Então a gente vai ferrar com a vida do Marcos!
Karina: Na verdade, Rodolfo, isso é o que eles pensam.
Rodolfo: E o que é que a gente pensa?
Karina: A gente vai sequestrar o Antônio. Assim a gente consegue uma grana e se manda do Brasil.

(Congelamento em Rodolfo)

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