Décimo capítulo de "Águas de Março" - Tudo fica muito claro



No capítulo anterior: Rodolfo oferece armas para Karina. Cecília e Pedro discutem, e ela sai com raiva de casa. Alex e Malu conversam, e sentem gratidão um pelo outro. Gabriel percebe que Cida se arruma com cuidado. Marcos e Cecília se conhecem numa balada e se amam. Ricardo salva Cida de um bandido, e os dois se beijam. Marcos se lembra do que Cecília falou sobre a armação, e lembra que ela é a primeira dama do Rio. Jurema aperta um gatilho contra Karina.

Capítulo 10:  Tudo fica muito claro

(Cena 01 - Galpão/Interior/Dia)
Jurema: Droga. Por que esse caralho não tá disparando?
(Karina ri novamente)
Karina: Puta que pariu, Jurema! Como tu és tão burra mulher?!
Jurema: O que você armou, sua jararaca?
(Karina tira uma nova arma da bolsa)
Karina: Pode ir dando adeus a sua vidinha medíocre. Você realmente achou que seria tudo assim? Bonito e barato? Acorda! Quando eu quero ser mau, eu simplesmente sou! Eu te ofereci a opção de se contentar com a vida que tava levando, mas você se revoltou. Eu realmente não queria fazer isso, lindinha. Foi você que me forçou! Pede um último desejo...quem sabe eu posso realizar?
Jurema: Pelo amor de Deus, Karina. Faz o que quiser comigo, só não me mata.
Karina: Infelizmente esse eu não posso. Adeus sua bruaca. Queria que sua morte fosse lenta e dolorosa, mas acho que vou agilizar o processo.
(Karina acerta um tiro na cabeça de Jurema, um no peito e outro na barriga)


(Cena 02 - Casa de Malu/Interior/Dia)
Malu: Olha, Daniel, você nem imagina. Ele é gentil, lindo e super educado! E o melhor de tudo: Me chamou pra sair!
Daniel: Também, né?! Depois do acidente e tudo mais...
Malu: Nada a ver. Ele acabou tendo que saindo tarde do trabalho, e tava morto de sono. E você, hein? Quando vai arrumar uma gatinha?
(Daniel joga uma almofada em Malu)
Daniel: Deixa de ser tosca. Você sabe que eu não levo jeito pra essas coisas.
Malu: Hm, sei. E a Alice?
Daniel: A Alice é só amiga, igual você.
Malu (rindo): Sei.

(Cena 03 – Ômega/Estacionamento/Exterior/Dia)
(Cecília está saindo do carro, quando é puxada por Marcos)
“Ai”
Cecília: Quem é você? O que você quer comigo?
Marcos: Já esqueceu de mim tão rápido assim?
(Cecília solta um som de surpresa)
Cecília: O que você quer aqui?
Marcos: Quero que você me explique direito essa história. Então quer dizer que a San Martín fica quase o mês todo sem água por causa do seu pai e do seu marido?
Cecília: O quê? Você tá bêbado, cara? Eu vou trabalhar. É melhor me deixar em paz, ou eu chamo os seguranças.
Marcos: Chama, chama mesmo. Aí a gente aproveita e vai até a delegacia pra falar das falcatruas que o seu pai e o seu parido estão aprontando. É isso que você quer?
Cecília: Ok, olha, me encontra daqui a 10 minutos numa lanchonete que fica entrando na segunda direita aí na frente. Daqui a pouco eu chego lá, agora me larga.
(Corta para: Lanchonete/Interior/Dia)
(Cecília entra e senta na mesa em que Marcos está.
Cecília: O que você quer de mim?
Marcos: Eu quero que você me explique isso tudo. Seu marido tá roubando dinheiro do povo de San Martín?
Cecília: Ué, como eu vou saber? Eu nem trabalho na prefeitura.
Marcos: É melhor você abrir o jogo logo, ou eu vou perder a paciência. Eu me lembro muito bem que foi isso que você me disse ontem.
Cecília (respira fundo): Você não pode contar o que eu vou falar aqui pra ninguém. Ou você vai estragar a vida do meu filho. O meu Pai é dono da Ômega, e se tornou prefeito da cidade em 2004, tornando a Ômega a empresa que fornece água para a cidade e o meu marido, que é o Pedro, prefeito da cidade, o novo presidente da Ômega. San Martín é um lugar muito grande, uma das maiores favelas da cidade, e tinha um grande consumo de água.
Marcos: E não tem mais.
Cecília: Exato. Vocês estão recebendo pouquíssima água por mês, mas continuam pagando impostos, o que gera um bom proveito pro meu pai, já que a Ômega recebe pelo trabalho, mas não trabalha. Na verdade...eu desconfio que o meu pai e meu marido fizeram uma sabotagem no encanamento em San Martín pra o fluxo de água diminuir muito, entendeu?
Marcos: Meu Deus do céu? Você é filha de um monstro e casada com o demônio. Você não se sente mal com isso não?
Cecília: Me sinto péssima, mas eu tenho que pensar no meu filho. E aí, o que você vai fazer? Denunciar meu marido e meu pai e acabar com minha família?
Marcos fica pensativo um tempo e depois fala: Não. Quem vai consertar o erro do seu pai é você.
Cecília: E o que você quer que eu faça? Dar lição de mora nele?
Marcos: Você é engenheira, não é?
Cecília: Sou.
Marcos: Então por que você mesma não conserta essa sabotagem?
Cecília (alegre): Meu Deus! Por que eu nunca pensei nisso? A gente vai consertar isso agora mesmo.

(Cena 04 – ONG/Exterior/Dia)
(Rodolfo entra na ONG subindo o muro e entrando pela janela. Amir está brincando com as outras crianças)
Rodolfo: Você aqui, Amir?
Amir: Rodolfo!
Rodolfo: Anda, você vem comigo agora.
Amir: Eu não quero ir!
(Todos escutam o barulho do portão se fechando, e Rodolfo vê Malu)
Rodolfo: Anda, logo. Pula pela janela ou todos os seus amiguinhos vão sofrer.
(Amir larga o brinquedo, e pula pela janela, caindo em um lugar com várias folhas. No momento em que Malu entra na sala, ela vê Rodolfo pulando a janela)
Malu: O que aconteceu aqui?

(Cena 05 – Ômega/San Martín/Interior/Dia)
(Cecília termina de fazer o conserto)
Cecília: Pronto. Acabei com tudo.
Marcos: Mas já? Era só isso e ninguém percebeu?
Cecília: Da minha parte, eu posso dizer que meu pai nunca me permitiu dar uma olhada aqui em San Martín. Recentemente foi que consegui entrar sem a permissão dele e descobri tudo isso.
Marcos: Muito obrigado por tudo.
Cecília: Foi mais que minha obrigação.
(Se cumprimentam com beijos na bochecha e acabam ficando corados. O celular de Marcos toca)
Marcos: Alô...tá Malu, já tô indo aí.
Cecília: O que aconteceu? Você parece preocupado.
Marcos: Um garoto da minha ONG foi raptado.
Cecília: Nossa, que triste! Você quer que eu vá com você?
Marcos: Não, obrigado. Fica aqui perto.
Cecília: Então tá. Obrigada por confiar em mim, viu?
Marcos: Que nada! Eu não quero nem imaginar como eu ficaria no seu lugar.
(Se despedem novamente com beijos na bochecha, e coram)

(Cena 06 – Hospício/Interior/Dia)
(Uma mulher vai servir o café da manhã pra Janaína, mas ela pega a bandeja e usa como arma, dando uma pancada pra ela desmaiar. Janaína sai do quarto com a roupa da enfermeira, e sai andando)
Enfermeiro: Ei garota, o que você tá fazendo com esse uniforme? Você trabalha aqui?
(Congelamento em Janaína)

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