Romeu e Julieta do Sertão - Capitulo 8



Joaquim ficou a espreita, apoiado na parede da igreja vendo as pessoas passarem, escutando a multidão vibrar com o rodeio, ele sabia que ninguém conseguiria ficar no lombo daquela mula, de onde estava Joaquim assistia os vaqueiros caírem do lombo do animal, um após o outro, dando boas risadas com o espetáculo. Os fazendeiros e comerciantes da região apostavam. Ali a aposta não era dinheiro, apostavam cavalos, vacas, porcos, sacas de milho e seja lá o que tinham para apostar, quem sabe apostavam até suas filhas.
Olhando por entre as pessoas Joaquim vislumbrou uma moça, era como um rosa no cerrado, parecia não pertencer a esse lugar de tamanha beleza. Ela andando entre a multidão, cabelos negros, pele branca viçosa, não podia ver seu rosto, mas notou as curvas do corpo da jovem, um homem poderia se perder nestas curvas, um queimor percorreu Joaquim, seguido de uma inquietação pulsante, seu coração estava a galopes, ele sabia que era ela, sim só poderia ser. Então quando a moça virou o rosto e olhou em sua direção o mundo a volta de Joaquim parou, ele não ouvia mais nada e tudo o que ele enxergava era aqueles grandes olhos negros.
Ela caminhou em sua direção, como se uma força magnética a estivesse atraindo para ele, parou a curta distância olhando Joaquim com reverencia, sem pensar duas vezes Joaquim a puxou pelo braço trazendo a moça para a escuridão, ambos estavam ofegantes de desespero um pelo outro, Joaquim a enlaçou abraçando a moça, saboreando seu doce cheiro de rosas, mil vezes melhor do que se lembrava, suas pequenas mãos espalmadas em suas costas, sua respiração estava curta e ofegante, Joaquim deslisou seus lábios pelo pescoço da moça fazendo-a suspirar.
–Ah Joaquim. –Suspirou Isabel com um lamento na voz, não souberam quanto tempo ficaram ali abraçados, com medo de se soltarem e nunca mais se verem, Joaquim se afastou um pouco e tomou o rosto de Isabel e suas mãos, avaliou com cuidado cada traço da moça, o rosto oval, os cílios longos e negros as pequenas sardas de seu nariz arrebitado, seus lábios carnudos avermelhados pediam para ser beijados.
– Você esta aqui mesmo morena ou sou eu que estou delirando ? – Perguntou Joaquim com a voz rouca, os olhos da moça brilharam, como o céu noturno estrelado.
– Eu voltei para você como eu havia prometido.– Isabel sorriu, curvando seus lábios.– resta saber se você ainda me espera?– Sua face se transformou como se as palavras lhe causa-se dor.
– Quase perdi o juízo de tanto pensar em você. – Joaquim pegou a mão da moça e colocou em cima de seu peito. – Está vendo meu coração ainda bate, foi meu amor por você que me manteve vivo esse tempo todo, eu te esperaria a minha vida toda por mil se fosse preciso. – Lagrimas transbordaram dos olhos de Isabel, de tamanha emoção e alivio que ela sentia, Joaquim tomou Isabel em seus braços novamente, para consolar o coração dos dois.
Isabel se lembrou que apesar de estarem se escondendo nas sombras eles não estavam seguros, se separou de Joaquim contra gosto e olhou em para a multidão, viu Henrique procurando por ela.
– Devo ir! Meus irmãos estão me procurando. – Joaquim segurou na mão da moça.
– Não quero deixa-la partir. – Disse Joaquim como se não tivesse mais forças para se manter longe da moça.
– Prometo que será por pouco tempo, vamos nos encontrar amanha a tarde no mesmo local de sempre, mas agora deixe-me ir, é perigoso para nós dois ficarmos aqui. – Enfim Isabel conseguiu alcançar a razão do rapaz.
– Tem razão, mas antes de ir me de um beijo de despedida. – A moça o olhou com ar zombeteiro, no entanto Joaquim estava muito serio, ele abaixou a cabeça certo que realizaria seu sonho de beijar Isabel, mas ela se esquivou e disse provocativa:
– Não vou beija-lo agora, deve fazer por merecer para ganhar um beijo meu. – Joaquim sorriu de volta um pouco cabreiro.
– O que eu tenho que fazer, para ganhar um beijo seu morena ?
–Montar aquela mula e sair vencedor. – então se foi deixando Joaquim atordoado, um sorriso se formou nos lábios dele, Isabel ainda é a moça que ele ama.

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