Rafael
Domingues, candidato à presidência do Brasil é aplaudido após o discurso. No
palanque ao lado de outras autoridades, Marla Mendonça o cumprimenta pelo discurso,
chamado por ela de consagrador.
Marla – Meus parabéns meu
presidente!
Rafael – Marla, minha amiga,
meu braço direito não sei o que seria de mim sem você.
Marla – Meus parabéns tenho
certeza que o povo brasileiro não tem mais dúvidas em quem votar. O Senhor viu,
está disparado nas pesquisas.
Rafael – Com certeza o seu
trabalho à frente da campanha tem sido um diferencial.
Um dos seguranças se aproxima
do candidato.
Segurança – Tudo pronto,
senhor.
Marla – Que tal descer e
cumprimentar o povo? Tenho certeza que o deixará mais humano diante de todos.
Rafael – Um rápido aceno,
tenho que estar em São Paulo ainda hoje.
Marla – Não será mais do que
dez minutos, vamos?
Indicando com a mão direita a
saída do palanque.
CENA
2/ BRASÍLIA/ EXTERIOR/ NOITE
Augusto,
escondido atrás de alguns carros, avista Marla e Rafael se dirigindo ao povo e
entra no meio da multidão. Rafael cumprimenta eleitores, abraça pessoas que já
o consideram o futuro presidente. Marla sempre amável com o povo. Augusto
caminha em direção à eles lembrando-se das palavras de Fera.
Fera
- A população toda alvoraçada gritando, Domingues, Domingues,
Domingues e aí
você entra no meio da multidão, cuidando para não chamar a atenção.
A
população grita alto, forte e claro. Augusto caminha e os gritos do povo são
perturbadores para ele.
Fera
– Domingues, Domingues – Voz de Fera
mistura-se com a da população.
Augusto, saca a arma e atinge Rafael na cabeça,
a população entra em pânico. E no mesmo instante um segurança, provavelmente
comprado por Marla, saca da arma e atira na testa de Augusto.
CENA 3/ RUA/ EXTERIOR/ NOITE
Jean, caminha ao lado de Aroldo, contando-lhe
os acontecidos do dia, quando sente uma forte tontura.
Jean
– Já não sei mais o que fazer Aroldo, as coisas estão se afunilando cada dia
mais, polícia de um lado, Bartô, perdendo controle de outro, informações da Rei
do Fumo sendo vazadas – Sente mal.
Aroldo
– O que foi, Jean?
Pálido, segura-se em Aroldo.
Jean
– Me escureceu as vistas, parece que vou morrer, Aroldo.
Aroldo
– O que é isso, Jean, não diga isso nem brincando. Vem vamos sentar.
Aroldo, o leva até um banco, Jean, fala com
dificuldade.
Jean
– Não vou morrer agora, Aroldo. Mas isso foi um aviso. – Olha assustado para o amigo – Voltei a sentir medo, aquele medo
que me congela o sangue, vou morrer não tenho dúvidas.
CENA
4/ BRASÍLIA/ EXTERIOR/ NOITE
Equipes
de TV e Rádio, jornais e revistas, blogs cobrem a morte de Rafael Domingues,
Marla é conduzida por segurança até o carro e não fala com a imprensa. Um
repórter fala a TV.
Jornalistas
– Deputada, Deputada, uma palavrinha, só uma palavra por favor.
Marla
– (abalada) Foi horrível, não
consigo falar.
Jornalista, fala a TV.
Jornalista
– Tentamos conversar com a Deputada, Marla Mendonça, a
chefe da campanha de
Rafael Domingues, ainda abalada não conseguiu falar mais que 3 frases. O Brasil segue em choque, a morte violenta do
candidato líder nas pesquisas levanta uma série discussão acerca da segurança
no país.
CENA
5/ BRASÍLIA/ APARTAMENTO DE MARLA/ EXTERIOR/ NOITE
Marla e Fera, acompanham a notícia pela TV.
Marla comemora o plano de Fera.
Marla
– Discussão acerca da segurança no país. Bingo, Fera! Bingo!
Fera
– Perfeito, perfeito.
Marla
– E Augusto?
Fera
– Morto como planejado. Apagado do mapa, sem qualquer ligação a Marla Mendonça
ou a mim.
Celular de Marla, chamando. Pasma com a
ligação.
Marla
– O presidente. Desligue a TV.
Atende, abalada, triste.
Marla
– Presidente.Lamentável, estou em
choque. Pronunciamento amanhã, sim eu entendo o país está desolado, mas é
natural que tenhamos que seguir em frente. Pode contar comigo, senhor Presidente,
até logo.
Marla, desliga e arregala os olhos.
Marla
– Eu lamento pelo ocorrido, mas temos que seguir adiante, vai ser a candidata a
suceder Rafael Domingues na corrida presidencial.
Marla pula da poltrona e comemora.
Marla
– Presidenta da república, Marla, presidenta – cai exausta no sofá da sala,
após a euforia. Presidenta.
CENA
6/ SUPERINTENDÊNCIA DA POLÍCIA FEDERAL/ INTERIOR/ DIA
Bruna, serve-se de café e percebe a preocupação
de Jonas que acaba de encerrar uma chamada no celular.
Bruna
– O que foi homem? Parece que viu um fantasma, trocou de cor.
Jonas
– Preciso ver as notícias.
Ao ligar a TV uma jornalista noticia a morte de
Rafael Domingues e candidatura de Marla Mendonça à presidência.
Jornalista
– Após a morte do então candidato à presidência ligado ao governo atual, Rafael
Domingues, o então presidente da república, Marcelo Araújo, fará um
pronunciamento no qual declarará que a Deputada Marla Mendonça, passa a
concorrer ao principal cargo do governo.
Jonas, volta-se para a mesa de trabalho
preocupado.
Jonas
– Meu superior está chegando.
Bruna
– Jonas, o que está acontecendo? Eu ainda não consegui entender.
Jonas
– Marla Mendonça é a candidata à presidência da república. Mudou tudo Bruna, o
jogo virou. Preciso falar com Irlana.
CENA
7/ SUPERINTENDÊNCIA DA POLÍCIA FEDERAL/ INTERIOR/ DIA
Um
agente chama por Jonas, que recebe seu superior na DEA, Henry Cavazini.
Jonas
– Henry.
Henry
– Como vai, meu caro? Tudo pronto?
Jonas
– Sim, para o que for preciso.
Jonas,
olha para Bruna e fala.
Jonas
– Bruna, vamos dar uma saída, depois eu converso com a Irlana.
CENA
8/ SUPERINTENDÊNCIA DA POLÍCIA FEDERAL/ INTERIOR/ NOITE
Na sala de Irlana, a notícia cai como uma
bomba.
Irlana
– (surpresa) O quê?
Bruna
– Não sei, um agente do DEA, talvez o superior dele. Chegou e os dois saíram rápidos
como um relâmpago.
Irlana
– Preciso entrar em contato com o juiz da operação Arthur, precisamos da ordem
de prisão de Jean Ribeiro pra ontem, Bruna.
CENA
9/ REI DO FUMO/ INTERIOR/ DIA
Marcela
interrompe Jean, para anunciar a chegada dos agentes da DEA.
Marcela – Jean, dois policiais
estão te procurando.
Jonas
e Henry entram na sala de reuniões, Jean fecha as portas.
Jean - E então, qual seria o motivo da visita? Preciso
chamar meu advogado?
Jonas – Não, não Jean, é
apenas uma conversa informal.
Jean – Informal com dois
agentes da DEA?
Jonas – Trata-se sobre a sua chegada
em São Paulo e o seu envolvimento com a quadrilha de Marla Mendonça.
Jean,
fica desconcertado na cadeira e num impulso puxa da carteira de cigarros.
Jean – Eu estou na minha
empresa e preciso fumar, os senhores aceitam?
Jonas – Não, obrigado.
Acende
o cigarro, puxa. Jonas, continua.
Jonas – Esse assunto te deixa
um tanto apreensivo não?
Jean – Fala comigo como se me
conhecesse [...] De onde me conhece? Eu nunca vi o senhor!
Jonas – Há Jean, quem diria
que aquele menino, não, porque você era um menino né? Como chegou tão longe?
Jean – Eu não sei do que o senhor
está me falando.
Jonas – Eu estou falando de um
garçom na boate hot hot 33, que de uma hora pra outra passa a ser uma pessoa
jurada de morte pela quadrilha de Marla Mendonça, por ter se envolvido
amorosamente com Carlos Cassell, um criminosinho barato que ao tentar enganar a
chefa foi morto como um cachorro, e esse mesmo garçom fugindo dessa quadrilha,
herda uma das maiores fortunas de outro criminoso desse País. Não sabe mesmo de
quem estou falando, Jean Ribeiro? Não te recorda da sua própria história?
Jean,
nervoso.
Jean – Eu não vou dizer nenhuma
palavra sem meu advogado.
Jonas – Não estamos aqui para
te prender, Jean, pelo menos não agora se você colaborar.
Jonas,
faz sinal para Henry que diz:
Henry – O nosso interesse é
que o senhor testemunhe em juízo contra Marla Mendonça, futura presidente desse
país. Em troca do seu testemunho, ganhará proteção e a possibilidade de
escolher residência em qualquer lugar do mundo com uma nova identidade.
Jonas – E então, Jean?
Borrão e conta nova, aceita?
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