DESTINO - Capítulo 27: Mateus - o primogênito de Vera




Bárbara: Toma seu dinheiro. E aproveita pra fazer uma desodorização no seu carro que está com cheiro de azedo.
O motorista pega o dinheiro com cara de ódio e vai embora.
Bárbara impressionada com a cena que visualizou resolver sair da posição de escondida e foi em direção ao casal.
Bárbara: Olá, Manoel. Veio testar seus anticorpos nessa espelunca?
Manoel: Bárbara? O que você está fazendo aqui?
Bárbara: Eu é que te pergunto.
Manoel: Vá embora antes que te vejam e você arranje confusão. Sim, porque é só isso que você atrai.
Vera: Quem está aí?
Bárbara: Olá, Verinha. Tudo bem, querida. (diz Bárbara ironicamente)
Vera: Bárbara? O que você está fazendo aqui?
Manoel: De certo me perseguiu.
Bárbara: Vim conhecer a madrasta da minha filha. E olha que surpresa, é a mãe do menino...
Vera: Dependendo do que você falar, você não sairá com dentes daqui do meu restaurante.
Bárbara: Calma, Verinha. Eu ia falar menino amigo da Ellen. Que precoce você.
Manoel: Bárbara vá embora!
Bárbara: Já estou indo, até porque esse ambiente classe C me dá um negócio no estomago que me sobe à cabeça. Já você, Manoel, adora um pé sujo, não é? E eu achando que a Iná seria a última do pacote. Mas o bom filho à casa torna, não é?
Manoel: Realmente, Bárbara, eu adoro pessoas pobres. Mas tem uma diferença entre você, a Iná e a Vera. A Iná e a Vera são pobres de dinheiro, mas ricas de coração. Você, além de ser pobre de dinheiro, porque vive de uma herança porca dos seus pais, é pobre de coração. Olha, se não fosse pela Ellen, nada de bom eu teria tido nesta relação.
Vera: Iná? A mãe da Priscila?
Bárbara: Você não sabia? Os dois são super próximos. Fala pra ela depois, Manoel. Beijos, queridos e felicidades ao casal.

Bárbara vai embora e Vera coloca Manoel contra a parede:
Vera: Você vai me explicar? Aliás, o que mais de segredo existe na sua vida, Manoel.
Manoel: É isso que você ouviu. Eu e a Iná tivemos um romance no passado. Ela foi empregada na casa da minha mãe e nos conhecemos e namoramos um tempo, mas isso foi antes de eu me casar com a Bárbara.
Vera: É só isso, Manoel?
Manoel (pensa por um instante) e diz: É só isso, vera.
Vera: Bem, eu vou colocar a mesa pra almoçarmos. Hoje somos só eu e você. A Terezinha foi no médico e o Tiago está na faculdade.

Enquanto estavam almoçando e falando sobre o almoço do próximo domingo, Tatiana apareceu em casa.
Vera: Tatiana? Você por aqui, filha! Pensei que tinha se mudado para a casa do Bruno.
Tatiana: Oi, mãe. Olá...
Manoel: Meu nome é Manoel.
Vera: Venha filha, vou servir um prato pra você.
Tatiana: Não precisa, mãe. Vim apenas pegar algumas roupas.
Vera: Bom, então deixa eu te ajudar, pois faz dias que não conversamos.
Tatiana e Vera adentram o quarto de Tatiana e Vera nota uma mancha roxa no braço de Tatiana:
- Minha filha, o que é isso no seu braço?
Tatiana: Nada, mãe. Cai de bicicleta andando com o Bruno no Parque.
Vera: Nossa, mas que mancha grande.
Tatiana: Sim, estávamos no Barigui e eu cai junto com ele, só que ele caiu com parte do peso em cima de mim. Nem fui trabalhar no hospital ontem e hoje por causa disso.
Vera: Então se cuide, minha filha. E responda minhas mensagens no whatsapp.
Tatiana: Pode deixar, mãe. Te amo. Até mais.
Tatiana vai embora de cabeça baixa e Vera acha tudo muito estranho.
Vera: Algo está acontecendo com a Tatiana.
Manoel: Como assim?
Vera: Eu vi que ela tinha uma mancha roxa no braço e ela disse que caiu de bicicleta, mas sabe, algo me diz que não é só isso. Meu peito está apertado.
Manoel: Sexto sentido de mãe.
Vera: Isso mesmo. Mas, eu vou descobrir, caso algo esteja acontecendo.

Manoel termina de almoçar e volta para o trabalho. Aproveita e liga para Iná.
Manoel: Alô, Iná.
Iná: Oi, Manoel. Alguma novidade?
Manoel: Ainda não, mas preciso que você venha ao almoço em família que será neste domingo na casa da Vera.
Iná: Tudo bem, mas porque? Ela me convidou?
Manoel: Não, precisamos contar a ela nossa investigação sobre a nossa filha desaparecida, antes que ela descubra por terceiros e nunca me perdoe.
Iná: Mas, por que este medo agora?
Manoel: A Bárbara me perseguiu, descobriu que a minha namorada é a Vera e já insinuou que eu e você tivemos algo no passado.
Iná: Claro que tinha dedo da Bárbara para algo ter dado errado. Ao menos agora ela se convenceu de que não sou eu a sua namorada. Mas, te entendo e acho que passou da hora de contarmos, acredito que isso não atrapalhará as investigações e a Vera deve entender que nossa história é coisa do passado.
Manoel: Isso mesmo. Então, te passo o endereço depois, mas será domingo às 12h aqui em casa.
Iná: Pode contar comigo. Até domingo então. Abraços.
Manoel: Abraços.

Inconformada ao saber que errou na sua dedução, Bárbara decide ligar para Mateus.
Bárbara: Alô? Mateus?
Mateus: O que você quer, Bárbara?
Bárbara: Acabei de descobrir que o Manoel não está com a Iná, mas com outra mulher.
Mateus: Não acredito que você me ligou pra fazer fofoquinha sobre ex-marido. Tchau, Bárbara, tenho mais o que fazer. Não é porque transamos uma vez que somos confidentes.
Bárbara: Espera, Mateus. Não desliga...
Mateus desliga o telefone na cara de Bárbara e a deixa enfurecida.

Ellen e Priscila estavam na faculdade, quando Ellen recebeu uma ligação de Manoel.
Ellen: Oi, pai. Tudo bem?
Manoel: Tudo ótimo. Queria confirmar com você sua presença no almoço deste final de semana na casa da Vera. Sua presença, da Priscila e de toda a família dela.
Ellen: Claro, vamos sim. E o senhor está bem? E a dona Vera, como está?
Manoel: Estamos todos ótimos. O Tiago saiu mais tarde aqui de casa, mas a Vera mandou um empadão de frango que a Terezinha fez pra vocês comerem aí.
Ellen: Assim o senhor me faz sair da dieta. Mas, pode deixar, vamos cumprir esta “difícil” missão de acabar com um empadão da dona Terezinha. Beijos, pai, até domingo.
Manoel: Beijos, filha. Fique bem.
Ellen desliga e Priscila pergunta sobre o empadão.
Ellen: Pois é, Pri. A dona Terezinha fez empadão e a Dona Vera mandou pra gente pelo Tiago. Logo ele chega com o empadão. Ele pediu confirmação da gente no almoço de domingo na casa da Vera e eu confirmei, inclusive tua mãe e teu irmão.
Priscila: Fez bem, vamos todos.
Ellen: Pri, posso te fazer uma pergunta? Mas quero que você me responda com sinceridade.
Priscila: Claro, amor.
Ellen: Tem um motivo mais forte para o seu pai querer a presença da sua mãe no almoço, certo?
Priscila: Bom, inserir a minha família nesta nova família que ele e a Vera estão formando, uma vez que nós somos namoradas?
Ellen: Também, mas eu já saquei tudo.
Priscila: Tudo o que?
Ellen: A filha desaparecida da sua mãe é filha do meu pai também, não é?



Priscila fica paralisada. Não sabendo mentir para a namorada ela abre o jogo:
- Como você sabe?
Ellen: Amor, eu não sou burra. Primeiro é você me dizendo que do nada sua mãe descobriu que teve uma filha roubada. Depois constatamos que nossos pais foram namorados no passado, na mesma época em que sua mãe engravidou e teve a menina. Não é difícil de ligar os pontos. Fora a ideia fixa da minha mãe achando que meu pai estava de caso com a dona Iná.
Priscila: É... é isso mesmo. Eu não te contei antes porque minha mãe queria segredo, mas como você descobriu por conta própria, não desobedeci a minha mãe.
Ellen: Eu ainda estou chocada que temos uma irmã em comum e que ela é nossa irmã e cunhada ao mesmo tempo.
Priscila: Oi?
Ellen: Sim, ela é irmã e cunhada ao mesmo tempo.
Priscila: Ai, Ellen, vamos voltar a estudar que eu acho esse texto sobre Filosofia da ciência do Thomas Khun menos complicado do que esta história.
Ellen: Tá bom, “hahaha”.

A semana passa e chega o dia do almoço na casa de Vera. Mateus acorda e toma um banho, mas Lívia diz estar com uma enxaqueca muito forte.
Lívia: Amor, será que sua mãe ficará brava se eu não for?
Mateus: Claro que não. Ainda mais que você está grávida. Mas, eu preciso ir. Vou, finalmente, conhecer o namorado dela.
Lívia: Bom almoço, amor e mande um beijo pra dona Vera.
Mateus: Pode deixar. E você, descanse.

Enquanto isso, os convidados chegavam à casa de Vera e Manoel.
Manoel: Ellen, minha filha. Que bom que vocês vieram.
Ellen: Não falei que estaríamos aqui no domingo? Um almoço desses eu não perco por nada.
Iná: Olá, Vera.
Vera: Oi, Iná. Que bom que você veio.
Iná: Não só vim, como me senti na liberdade de trazer um pavê de ouro branco pra vocês.
Vera: Não precisava, eu e a Terezinha já fizemos tantas coisas de sobremesa.
Iná: Doce nunca é demais.
Vera: Isso é verdade e a julgar pelo Tiago, essa travessa vai todinha em uma sentada.
Tiago: Mãe, para com isso. A dona Iná vai achar que eu sou um morto de fome.
Priscila: Nem precisa sua mãe dizer nada, nós vemos o jeito que você devora os doces da cantina da universidade, Tiago.
Vera: Depois reclama que está com cárie e de ter que ir no dentista.
Tiago: Começou o sermão, vou lá pra dentro pegar mais cerveja.

Enquanto isso, Tatiana chega de Uber.
Vera: Ué, minha filha. O Bruno não vem?
Tatiana: Ele tinha almoço na casa dos pais no interior de Santa Catarina e não pode vir.
Vera: Ele podia ter desmarcado, não é? Poxa, eu ia aproveitar e já apresentá-lo à família. Vem, vamos lá dentro que já está quase todo mundo aí, só falta o teu irmão, o Mateus atrasado, pra variar.
Tatiana: Mãe, não pega no meu braço, está doendo.
Vera: Ainda está doendo? Mas já fazem alguns dias que você se machucou!
Tatiana: Eu sei, mas ainda não passou. Essa semana eu vou lá mesmo no hospital e vejo isso.
Vera: Então veja logo, pois isto não é normal.

Em outro canto da casa, Vitor e Iná conversavam sobre o que estava prestes a ser dito no almoço.
Vitor: Será que a dona Vera vai reagir bem a esta notícia de que vocês tiveram uma filha.
Iná: Bom, eu acredito que sim. Sabe, Vitor, eu já vivi muito nesta vida pra saber um pouco do caráter das pessoas e acredito que a Vera vai deixar o lado mãe dela pesar mais na hora de analisar esta história.
Vitor: Eu espero que sim, ela e o “seu” Manoel parecem estar felizes.
Iná: Estão sim, filho. Torço muito pelo Manoel. Vejo que ele realmente mudou, nem parece o mesmo que eu conheci há mais de vinte anos.

Com certo atraso em relação ao horário que Vera tinha combinado, Mateus chega na casa da mãe para, finalmente, conhecer o novo namorado de Vera.
Vera: Até que enfim “Teus”! Pensei que já tinha dado algum problema. Ué, a Lívia não veio? Ela parecia tão animada!
Mateus: Então, mãe, ela estava mesmo, mas acordou com uma enxaqueca pesada e não conseguiu sair da cama.
Vera: Que horror, filho. Na situação dela é melhor ela não fazer esforço mesmo. E você deveria ter ficado ao lado dela ao invés de deixá-la sozinha.
Mateus: Também não é pra tanto, dona Vera. Ela está apenas com uma enxaqueca e a gravidez dela não é de risco. Se ela precisar de algo irá me ligar.
Vera: Tudo bem, filho, mas agora venha aqui na sala que eu quero te apresentar o Manoel.

Vera puxa Mateus pelo braço e o arrasta até a sala e apresenta o filho ao namorado.
Vera: Mateus, este aqui é o Manoel. Manoel, este é o Mateus, meu primogênito.
Mateus estende a mão e quando Manoel vira o rosto ele fica surpreso em perceber que se trata do pai biológico de Lívia.


-------------------------- GANCHO: MEMÓRIAS (PITTY) -----------------------------------------------------------

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