Segredos Familiares | Para onde estão me levando? | Capítulo 3

No capítulo anterior...
Katniss afirma que a mulher do cartaz político, Christina, é a sua mãe.
Johnson afirma suas verdadeiras intenções para as eleições da cidade e dá um telefonema um tanto quanto misterioso.
Ben se lembra do passado, lembranças essas não tão boas.
Christina é sequestrada.




Olho a hora no meu relógio de pulso e... já era para a minha mãe ter chegado aqui no parque! O que será que está acontecendo? Ela nunca se atrasa.
-- Filha, distribui estes bottoms. – Ordena meu pai, antes me cutucando.
Viro-me e vejo-o que porta uma pequena caixa com esses bottoms para a campanha política da minha mãe. 
-- Por favor, não demore. – Complementa ele.
-- Pai. – Digo. – Minha mãe já não devia ter chegado?
-- Ela já deve estar chegando.
-- Mas pai, minha mãe sempre é pontual com seus compromissos.
-- Vai ver ela ainda está no trânsito.
-- Não sei não.
-- Fica tranquila. – Ele põe a mão no meu ombro esquerdo. – Se acontecesse algum imprevisto, sua mãe já teria ligado nos avisando. – Entrega a caixinha na minha mão. – Agora vá.
Começo a caminhar pelo parque com o pensamento longe, sentia que algo de ruim estava acontecendo.


            -- Para onde estão me levando?  
            Minha pergunta vaga pelo ar e ninguém me responde. Sentada no carro só consigo pensar em uma coisa: Será que minha família está bem?
            O carro começa a diminuir a velocidade, devemos estar chegando ao local onde vão me despachar, penso eu.
            -- Nós vamos descer agora, se tentar qualquer coisa você morre. Tá me entendendo?!
            Ouço o barulho da porta se abrindo. Imediatamente me puxam para fora do carro. Com as mãos atadas, sou levada por eles para algum lugar.
            Finalmente tiram aquele saco da minha cabeça. Agora posso ver tudo ao meu redor. Na minha frente vejo três homens que acabaram de me raptar, no entanto, eles estavam mascarados, ficando impossível de reconhece-los.
            -- O que vocês querem de mim? Dinheiro?
            Eles não me respondem por um instante.
            -- Por enquanto, nada. – Diz um deles para mim. – Até segunda ordem você permanecerá aqui.


As horas se passam e nada de Christina aparecer.
            -- Chama, chama, e ninguém atende... Droga. – Digo já encaminhando uma nova chamada para Christina.
            -- Pai, o que houve com a minha mãe? – Pergunta Dakota, apreensiva.
            -- Não sei filha, mas não vamos pensar no pior. – Digo querendo acalmá-la.
            Tento ligar várias vezes, mas só dá caixa postal. As pessoas que vieram para a passeata estão começando a ir em bora junto com a luz do sol.


            -- Só dá caixa postal. – Digo encerrando a chamada.
            -- Calma, ela já deve estar a caminho. – Esclarece Marylin.
            -- Será? – Indago.
            -- Acho que sim. Enquanto isso vou dar uma olhada na garota pra ver se está tudo bem.
            -- Certo, faça isso.
            Marylin caminha até a sala onde se encontra a menina desmemoriada.


A noite chega e ainda não se tem informações sobre Christina.
            Pego Andrew na faculdade e sigo direto com os meus filhos para a delegacia.
            Ao chegarmos, descemos do carro e vamos direto para a recepção. Andrew ainda estava meio desnorteado com tudo o que acontecia. Dakota não parava de tremer as mãos. Seu nervosismo era tamanho que tinha medo de que ela desmaiasse ou algo pior.
            -- Quero falar com o delegado Collins. – Digo na recepção.
            Espero alguns segundos e ele aparece.
            -- Joe! Como vai? – Pergunta Collins apertando a minha mão.
            -- Mais ou menos, delegado.
            -- O que trazes aqui? Cadê Christina, ela não veio? Estou desde cedo querendo falar com ela.
            -- Então, é sobre ela mesmo que estou vindo aqui.
            Collins faz uma cara de questionamento e dá uma rápida olhada para meus filhos.
            -- Christina desapareceu.
            Ele se espanta.
            -- O quê? Como assim? Me conte isso direito.
            Conto a ele tudo o que sabia, desde a última vez que a vi até o caminho a qual costuma percorrer para chegar ao trabalho. Depois de me ouvir ele faz um boletim de ocorrência e começa a reunir os policiais. Ao lado dele, havia uma mulher negra, de cabelos pretos encaracolados que iam até os ombros, e assim que termina que dizer alguma coisa ao delegado, vem até mim a passos lentos.
            -- Senhor...
            -- Joe. – Digo meu nome a ela.
            -- Senhor Joe. – Sorrir. – Prazer, meu nome é Marylin Norman, sou investigadora sênior do departamento de polícia de New Kennedy.
            Cumprimentamo-nos.
            -- Precisamos do número do telefone celular de sua esposa para que possamos rastrear.
            -- Sim, claro.
            -- Eu ia pegar o número com o delegado, mas ele foi resolver alguns assuntos de urgência.  
            -- Entendo.
            Puxo o meu celular do bolso e, com alguns toques na tela, a amostro o número de minha esposa. Marylin anota em um pedaço de papel no balcão da recepção e segue para uma das salas da delegacia.
            -- Pai. – Andrew me chama. – Não é melhor avisarmos a família.
            -- Não sei, Andrew. Sua avó está muito idosa para ficar se preocupando.
            -- Pai. – Dakota me chama. – Por que você não liga para o tio Ben?
            -- É mesmo! O Ben...
            Acato a sugestão da minha filha e ligo para Ben. Depois de uma breve conversa com ele, peço para que venha até a delegacia.


            -- Nada?
            -- Por enquanto ainda não conseguimos rastrear o celular. – Diz um dos profissionais de informática responsável pelo rastreamento. – Deve demorar mais um pouco, até porque o celular dela, além de estar com a função GPS desligado, ainda está fora de alcance de uma rede. Quando conseguirmos algo, avisaremos.
            -- Tudo bem. – Digo.
            Saio da sala de operações e sigo para a sala onde está a menina sem memória, e até então sem nome. Porém, logo que cheguei percebo que ela não se encontrava mais ali.
            -- Para onde ela foi? – Pergunto-me.
            Começo a vasculhar o ambiente atrás dela. Olho até debaixo da cama de solteiro cuja sala possuía. E nada.


            Paro o meu carro, desço e vou até a porta da delegacia. Só o Joe mesmo para me fazer largar o jantar e vir até aqui, mas como se trata de uma delegacia, acho que o assunto é sério. Entro cumprimentando a todos. Me dirijo até Joe e as crianças que estavam sentadas nos assentos de espera próximos a recepção.
            Assim que me veem, põem-se de pé.
            -- Ah, Ben. Que bom que chegou. – Diz Joe.
            -- Agora me conte, o que houve? – Digo aflito.
            -- Então... Christina desapareceu.
            -- Han?
            -- Senta aí.
            Assento-me. Joe e seus filhos me contam o ocorrido. Ouço atentamente suas palavras até que, de repente, uma menina de cabelos loiros, estrapilha, passa perto de nós. A partir daí, paro de prestar atenção em Joe e passo a observá-la. Parece que a conheço de algum lugar, mas não consigo me lembrar.
            -- Ben? O que houve? – Pergunta Joe quando percebe a minha distração.
            -- Nada. – Respondo levantando-me do assento. Já iniciaram as buscas?
            -- Ainda não. A justiça entende que uma pessoa só é considerada desaparecida quando ela passa mais de 24 horas sumida.
            -- Que justiça é essa! – Altero-me. – Então quer dizer que eles só podem fazer algo depois de um dia?!
            -- Acalme-se, Ben. Eles já estão tentando rastrear o telefone celular dela.
            -- E o que isso vai adiantar, Joe? – O estresse flui devido a minha indignação para com a justiça deste país. – Você acha mesmo que, se ela por acaso foi sequestrada, os criminosos iriam deixar o telefone com ela? Intacto?
            Joe fica sem resposta diante da minha colocação, afinal, eu estou certo, não é mesmo?
            - Calma tio. – Pede Andrew. – Tenha fé que iremos encontrar a minha mãe. Quem sabe uma amiga dela, sei lá, passou mal e ela foi socorre-la, ou alguma outra coisa não muito grave.
            O que Andrew falou podia ser verdade, mas se isso o que disse tivesse acontecido, Christina tinha nos avisado, ela sempre avisa. Contudo não quero acabar com a esperança do meu sobrinho de que tudo estaria bem com a sua mãe.
            -- Tem razão. – Ponho minha mão sobre seu ombro. – Vai ver é isso o que você falou.
            Andrew sempre foi um menino calmo. Nunca o vi nervoso ou desesperado. Já Dakota, sempre teve emoções efervescentes. Chora, rir, se entrega a elas. Não é à toa que está mais aflita e angustiada do que todos nós.


            Olhando para o chão, vejo agora sapatos. Subo meu olhar e me espanto ao ver uma arma apontada para mim.
            -- Pra que essa arma? – Digo desviando a minha cabeça da mira do revólver.
            Ele se aproxima ainda mais do meu corpo e põe, para o meu desespero, o revólver na minha testa. 
            -- Últimas palavras. – Diz o homem mascarado.
            Com aquelas palavras me coração acelera. Será que é o meu fim?


No próximo capítulo...
“Escuto um suspiro profundo como se quem estivesse lá dentro levasse um susto com a minha presença”.


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