Thaís empurra um carrinho de compras pelas seções de um
supermercado, coloca alguns produtos em seu carrinho checando a validade e os
valores nutricionais. Um casal se aproxima sorrindo e ao vê-los ela abre um
sorriso, surpresa. Eles a abraçam por alguns instantes e eles ficam se olhando.
Megan – Minha nossa Thaís, você está ótima... quanto tempo.
Thaís – Já faz um pouquinho, não é? Obrigada. Você está
maravilhosa também.
Jeff – Vou mesmo presenciar um beijo de vocês duas? Eu também
estou aqui e também estou muito bem, obrigado.
Thais e Megan riem o olhando e ele sorri.
Thaís – Pode ter mudado um pouco fisicamente, mas vejo que ainda
continua o mesmo Jeff.
Ela vê as alianças de casamento nos dedos deles e eles sorriem.
Thaís – Oh meu Deus, vocês casaram?
Megan – Sim, já tem dois anos.
Jeff – Teríamos a convidado se ainda tivéssemos contato.
Thaís – Infelizmente é o que acontece quando deixamos para trás
o colegial e iniciamos nossa vida adulta. Estou feliz por vocês. É bom ver que
o amor de vocês permanece firme até hoje.
Megan vê o anel de noivado no dedo de Thaís e continua sorrindo.
Megan – Mas olha só que anel lindo no seu dedo, não fui só eu
que dei sorte.
Thaís olha para o anel sorrindo e assente.
Thaís – Pois é, eu dei sorte também.
Jeff – Lembra quando eu ficava brincando com a sua priminha a
chamava de ervilhinha e a fazia rir? Agora farei o mesmo com o meu primeiro
filho ou filha, ainda é recente pra saber.
Thaís os fica olhando surpresa e eles se abraçam de lado e Jeff
acaricia a barriga de Megan.
Thaís – Sério? Meu Deus, isso é maravilhoso... parabéns a vocês.
Ela volta a abraça-los e os olha com seus olhos lacrimejando.
Jeff – Está chorando?
Thaís – Sou uma manteiga derretida, vocês me conhecem.
Eles sorriem e continuam conversando.
Thaís chega em seu apartamento, entra segurando os sacos de
compras e fecha a porta com o pé indo em direção a cozinha. Clay saí do quarto
descalço vestindo apenas uma bermuda e sorri a abraçando por trás e lhe dando
um beijo no pescoço.
Clay – Surpresa.
Ela sorri de leve deixando os sacos de compras em cima do balcão
e se afasta abrindo a geladeira e começando a colocar alguns alimentos dentro.
Clay se encosta no balcão a olhando intrigado e ela o olha por um instante
voltando a colocar os alimentos na geladeira.
Clay – Esperava uma reação mais animadora vindo da sua parte,
tirei o dia de folga pra ficar com você e é assim que age?
Thaís – Está calor, Clay... se eu deixar essas coisas fora da
geladeira elas vão estragar.
Clay – Tudo bem, me desculpe por atrapalhar seu trabalho árduo.
Ele cruza os braços fechando a cara e ela respira fundo fechando
a geladeira e o olhando.
Thaís – Encontrei amigos do colégio no mercado, nunca tinha
parado pra pensar em quantas pessoas já fizeram parte da minha vida e hoje nem
se quer eu me lembro.
Clay fica calado por alguns instantes e pensa um pouco antes de
olha-la novamente.
Clay – Eu não criei muitos laços na minha adolescência, sempre
fui meio fechado com quem não conheço, acho que isso me impediu de ter amizades
duradouras... mas que bom que os encontrou, deve ter sido muito bom revê-los.
Ela sorri de leve assentindo e amarra seu cabelo em um rabo de
cavalo.
Thaís – Fiquei muito feliz sim, ainda mais por ver que eles
ainda estão juntos, casados e esperando o primeiro filho.
Clay – Eles começaram a namorar no colegial? Uau, difícil ver
isso hoje em dia.
Ela assente se encostando no outro balcão e sorri ironicamente.
Thaís – Algumas pessoas fazem até o impossível para ficarem
juntas, a vida a dois não é fácil. Eu sei disso, você sabe disso... mas vê-los
hoje me fez voltar a acreditar que eu posso sim ter o que quero.
Clay fica sem acreditar e se aproxima dela a olhando sério.
Clay – Eu achei que fosse feliz comigo.
Thaís – Eu fui, achei que estava feliz, que estava completa...
mas eu e você sabemos que não estou, se não quer construir uma família comigo
eu não posso obriga-lo, Clay.
Clay – Até quando falará nisso, até quando isso será um
problema?
Thaís – Até eu não aguentar mais e decidir que ao seu lado eu
não terei nada.
Ela volta a guardar os alimentos dessa vez no armário da cozinha
e Clay assente se desencostando do balcão e saindo de lá indo em direção ao seu
quarto.
O sinal do intervalo das aulas toca no colégio onde Samantha
estuda. Ela sai da sala acompanhada de algumas garotas e se despede delas indo
até os armários, abrindo o seu e guardando alguns livros dentro dele. Peter
anda pelo corredor sem olha-la. Ela o vê, fecha a porta de seu armário e sorri
entrando em sua frente. Ele desvia passando por ela como se não a tivesse
visto. Ela se vira sem entender e vai atrás dele o puxando pela camisa.
Samantha – Ou você está com sérios problemas de visão ou está
com algum problema comigo, então anda, desembucha.
Ele ajeita sua camisa e a olha sério.
Peter – Não estou com problema nenhum, nem na visão, nem com
você garota.
Samantha – Vai mesmo agir como uma criança mimada e birrenta?
Sabe que eu odeio isso.
Peter – E a sua opinião importa pra mim por quê?
Ela fica o olhando sem entender a sua reação e ele revira os
olhos se virando e continuando a andar. Ele esbarra em um garoto e entra no
ginásio. Samantha respira fundo, ajeita sua bolsa no ombro e vai atrás dele.
Peter estava sentado nas arquibancadas e ouve os passos de Samantha se aproximando.
Ela se senta ao seu lado cruzando as pernas e o fica olhando séria.
Samantha – Você não tem essas alterações de humor. O que houve,
é algum problema com a sua tia?
Ele continua calado e ela coloca uma mexe de cabelo atrás da
orelha.
Samantha – Você sempre está do meu lado quando eu preciso, até
mesmo quando não... quero que saiba que estou aqui pra o que precisar também.
Sei que já disse que não quer se meter na vida dela, mas talvez esteja na hora
de a ajudarmos, meus pais podem ajudar.
Ele a olha balançando a cabeça e sorri ironicamente.
Peter – Acha mesmo que o problema aqui é a minha tia?
Samantha – Se me disser o que é, eu posso parar de tentar
adivinhar.
Peter – Cansou de transar com o capitão do time de futebol?
Ela o olha surpresa e ele fica a olhando irritado.
Peter – Hum?
Samantha – Eu não...
Peter – Me largou pra ficar com ele, ficar com um cara que mal
conhece.
Samantha – Peter.
Peter – Largou seu melhor amigo pra ir transar com um cara que
não sabe nada de você, que não se importa com você, que só quer comer você e
depois...
Samantha lhe dá um tapa na cara e Peter continua a olhando. Os
olhos de Samantha lacrimejam e ela se levanta.
Samantha – Não é porque é meu amigo, não é porque está com
ciúmes que vou permitir que diga essas coisas, que me ofenda e... olha só
Peter, achei que me conhecesse, achei que soubesse quem eu sou e que eu jamais
faria isso assim.
Peter – Não estou com cabeça pra isso, não estou com saco pra
aturar você, ele ou o que quer que seja. Mulheres são mentirosas, sabem que os
homens acreditam nelas, que caem em seus charminhos e mentem, enganam, escondem
as coisas... pouco me importa se você transou ou não com ele, dane-se ele,
dane-se você, dane-se todo mundo.
Ela assente ainda o olhando e desce um degrau da arquibancada.
Samantha – Não queria conversar ontem, não com alguém que me
conhecesse, que soubesse da minha vida e pudesse me julgar ou dizer o que eu
deveria fazer... deixei ele se aproximar porque as vezes é mais fácil conversar
com quem não se conhece, é leve, sabe? Vim atrás de você e foi assim que me
tratou sem nem ao menos saber o que realmente aconteceu... espero que saiba que
se ou quando você for atrás de mim, eu jamais farei isso com você, porque
independente de qualquer coisa eu sou a sua amiga, amiga de verdade.
Ela desce das arquibancadas andando pela quadra e sai de lá.
Peter abaixa a cabeça ao vê-la sair e desaba no choro lembrando de tudo o que
havia acontecido nas ultimas vinte e quatro horas.
Thaís serve dois copos de suco de maracujá na cozinha de seu
apartamento e vai até a sala vendo Ashley sentada no sofá, aflita. Se senta ao
seu lado lhe entregando um dos copos e Ashley agradece o deixando em cima da
mesa de centro enquanto Thaís dá um gole no seu.
Ashley – Que bom que não está trabalhando hoje, não sei com quem
mais eu poderia conversar.
Thaís – Minha mãe está na loja, não estou com cabeça para
trabalhar hoje.
Ashley pega o copo dando um gole no suco e Thaís a fica olhando.
Thaís – O que está acontecendo? Seus olhos estão inchados, por
que estava chorando?
Ashley – O que fazer quando descobre que o homem que você
escolheu pra viver a vida não é quem você pensava que fosse?
Thaís pensa um pouco e balança a cabeça desanimada.
Thaís – Eu não sei, ainda estou tentando descobrir.
Ashley – Você e meu irmão também estão passando por problemas,
não é?
Thaís – Sim, não posso continuar andando sozinha sendo que o
escolhi pra estar do meu lado.
Ashley assente e respira fundo.
Ashley – Desculpe vir aqui te encher com meus problemas, eu só
não queria falar com meus irmãos ou meus pais... estou anestesiada.
Thaís – Fez bem em vir, estou aqui para o que precisar, sabe
disso... o que está havendo, Ash?
Ashley – Luke me traiu.
Thaís arregala os olhos chocada e Ashley se segura para não
chorar.
Thaís – Ashley.
Ashley – Ele está tendo um caso com uma mulher a muito tempo e
não é um caso qualquer.
Thaís a fica olhando ainda chocada e Ashley assente respirando
fundo.
Ashley – Eu estava desconfiada, Julian também... perguntei ao
Luke e ele confessou pra mim, disse na minha cara que tem sim outra mulher.
Thaís – Nossa, eu não...
Ashley – Ela está grávida dele, sabia? A amante do meu marido
está grávida dele, enquanto eu que sou a mulher dele não.
Thaís coloca a mão na boca sem acreditar e Ashley abaixa a
cabeça.
Ashley – Eu não me casei pra isso, não pra isso... Eu não mereço
isso.
Thaís se aproxima mais dela no sofá e a abraça forte. Ashley a
abraça e encosta seu queixo no ombro dela.
Thaís – Eu não sei o que dizer.
Ashley – Ótimo. Eu sabia que não me julgaria por isso vim
aqui... só queria desabafar com alguém, só precisava de uma amiga.
Os olhos de Ashley lacrimejam novamente e algumas lagrimas caem
enquanto ela fecha os olhos. Thaís faz carinho em sua cabeça e respira fundo
chateada.
Julian anda por dentro de uma floresta próxima a casa de seus
pais, desce pisando em folhas e galhos e avista a casa da árvore construída por
seu pai a muitos anos atrás. Ao subir as escadas e chegar na parte de cima, vê
a porta entre aberta e entra vendo Clay sentado em um puff jogando uma bola de
baseball pra cima e a pegando com a mão várias vezes. Ele o olha sereno e
Julian se aproxima dele intrigado.
Julian – Ei, o que faz aqui?
Clay – Passando um tempo sozinho. E você o que veio fazer aqui?
Julian – É meu lugar pra pensar.
Clay – Hum.
Julian se senta no puff ao lado de Clay e o fica olhando.
Clay – Você está estranho desde de que voltou de viagem. O que
houve?
Julian – Estranho como?
Clay – Eu não sei. Você e a Ashley nunca contam nada a ninguém.
Julian – Como assim?
Clay – Vocês são parceiros, os mais unidos, mas se esquecem que
também tem irmãos e não nos contam as coisas. Eu não pergunto, mas sei que algo
está errado com vocês dois. Todos nós estamos com problemas, mas ninguém se
abre ou confia em ninguém dessa família.
Clay para de jogar a bola olhando para Julian e assente.
Julian – Você de todos é o mais fechado. Não sei se pode
reclamar se não te contam as coisas. Qual foi a ultima vez que sentamos e
conversamos? Eu não me lembro.
Clay – Estou tendo problemas com a Thaís.
Julian se surpreende ao ver Clay dizendo aquilo e o fica olhando
atentamente.
Clay – Todos os dias brigamos. Ela quer ter um filho. Eu não
quero ter um filho, todas as nossas conversam levam a isso. Eu a amo, é a
mulher que escolhi pra viver ao meu lado, mas não quero um filho, não agora.
Julian – Por que? Se a ama qual o problema em ter um filho com
ela?
Clay – Não estou pronto, apenas por isso.
Julian assente e Clay respira fundo colocando as mãos atrás da
cabeça e o olhando.
Julian – Eu acho que tenho que te contar uma coisa.
Clay – Sobre ela?
Julian – Não, sobre a Giselle. Sobre minha viagem e o que eu
estava fazendo lá.
Clay – Eu sabia que tinha alguma coisa.
Julian – Não sei como lidar com isso. Prometi que não contaria a
ninguém, mas isso passou do limite do suportável e preciso de ajuda.
Clay se ajeita no puff se sentando ereto e fica olhando para
Julian sério.
Julian – Giselle não passou o ultimo ano estudando. Ela saiu de
casa porque não queria que todos descobrissem.
Clay – Descobrissem o que?
Julian – Ela engravidou de um cara que não sei quem é.
Clay se espanta arregalando os olhos e Julian continua.
Julian – Engravidou e saiu de casa pra ninguém descobrir.
Clay – Não acredito nisso. Não tem nenhum bebê com ela, isso
quer dizer que ela...
Julian – Não. Ela não abortou.
Clay – Não.
Julian – Ela... Eu entreguei o bebê a um casal.
Clay – Você o que?
Julian – Foi por isso que viajei, não tinha casamento algum. Ela
me ligou e pediu para que eu fizesse, não me pergunte porque concordei, não me
pergunte porque fiz isso e não contei ao nossos pais, mas eu fiz e não estou
bem com isso.
Clay demora alguns segundos para processar tudo aquilo e balança
a cabeça olhando para o chão.
Clay - Não, não, isso não está acontecendo.
Julian – Eu não sei mais o que fazer.
Clay – Temos que contar ao nosso pais. Temos que ir atrás do
bebê.
Julian – Não Clay. Eu prometi que não contaria nada.
Clay - Vocês esconderam as coisas de nós e olha só o que
aconteceu. Está louco se pensa que eu não vou contar a eles.
Julian se levanta nervoso e olha para Clay irritado.
Julian – Depois diz que não te contam nada. Confiei e você.
Clay também se levanta e fica próximo a Julian.
Clay – O que vocês tem na cabeça?
Julian balança a cabeça começando a chorar e Clay passa a mão na
cabeça respirando fundo.
Clay – Precisamos resolver isso, irmão.
Julian – Como?
Clay – Vamos pensar em alguma coisa. Mas enquanto isso, não
contarei nada... ainda.
Clay passa por ele saindo da casa da árvore e Julian enxuga suas
lágrimas indo atrás dele.
O sol já estava se pondo na cidade. Giselle se encontra com seus
irmãos em uma cafeteria e se senta na mesa os olhando intrigada. Clay e Ashley
a olham sérios enquanto Samantha a analisa quase que sorrindo e Julian a olha
tenso.
Giselle – O que há de errado com vocês, demoraram a entregar os
pedidos?
Julian – Giselle...
Eles continuam calados a olhando e ela balança a cabeça olhando
para Julian abalada.
Giselle – Você não pode ter feito isso.
Ashley – Como pode esconder uma coisa assim de nós?
Clay - Como pode fazer uma coisa dessas em primeiro lugar?
A garçonete se aproxima com o bloco de notas e sorri. Antes
mesmo de dizer algo Samantha a olha sorrindo e fala animada.
Samantha – Pode nos trazer cinco especiais da casa, a conversa
aqui vai interessante.
Ela anota assentindo e se vira saindo de lá.
Samantha – Podem continuar irmãos.
Giselle – Está adorando isso não é mesmo?
Ashley – Giselle o que deu em você pra dar o seu filho?
Clay – Como pode esconder algo assim de nós?
Ela fica os olhando com um misto de irritação e vontade de
chorar e não diz nada.
Julian – Prometeram não fazer isso.
Clay – Ah, e como quer que ajamos numa situação como essa,
Julian?
Ashley a fica olhando segurando o choro e balança a cabeça com
indignação.
Ashley – Isso não pode ter acontecido, por favor me digam que é
uma brincadeira.
Julian – Giselle me desculpe eu pensava que nossos irmãos mais
velhos fossem mais maduros.
Clay bate com força na mesa e começa a falar alto e
agressivamente.
Clay - Maduros? Você quer falar de maturidade comigo? Olha o que
fizeram, olha só o que você acobertou Julian, pelo menos uma vez durante esse
ultimo ano parou pra pensar nisso?
Julian – Todos os dias.
Clay - Ótimo. Me sinto bem melhor agora.
Giselle começa a chorar mordendo os lábios e Samantha balança a
cabeça cruzando os braços sob a mesa a olhando séria. Ashley, Clay e Julian
começam a discutir bem alto no meio da lanchonete e as pessoas ficam os olhando
curiosos. Giselle soluça de tanto chorar sem conseguir dizer nada e Samantha dá
um berro se levantando na cadeira.
Samantha – Parem, agora!!!!
Eles param a olhando e ela olha para as pessoas na lanchonete.
Samantha – Peço desculpas a vocês, meus irmãos mais velhos ainda
estão aprendendo como se comportar em publico.
Ela se senta novamente olhando para eles.
Samantha – Ok. Acabou a brincadeira. Se a intenção era entender
o que aconteceu e ajuda-la, não está funcionando.
Ashley - Estava fazendo piada até agora a pouco, não venha
bancar a adolescente madura aqui.
Samantha – Olhe pra você e para a sua vida e aquela porcaria de
casamento, se é que se pode chamar disso antes de vir me olhar com essa cara de
autoritária e dona da verdade, queridinha.
Giselle – Parem.
Eles voltam a discutir entre si e Giselle abaixa a cabeça
colocando as mãos nela.
Giselle – Apenas parem.
Eles continuam discutindo e ela bate na mesa gritando alto.
Giselle - Eu disse pra pararem, droga!!!
Eles a olham surpresos junto com as outras pessoas e ela fica os
olhando irritada.
Giselle – A vida é minha, ok? Não quero ver nenhum de vocês me
julgando ou dizendo o que devo fazer. Fiz a minha escolha meses atrás e não
contei com nenhum de vocês a não ser o Julian. Agora que sabem podem fazer o
que quiserem com a informação, mas não irei aguentar vocês no meu ouvido me
dizendo o quanto sou irresponsável, desumana, doida ou o que seja. Eu já sei de
tudo isso, tá legal? Não preciso que me façam sentir pior do que já estou.
Clay a olha fixamente e fala num tom de voz sereno.
Clay – Não precisa se dar ao trabalho de se fazer de vitima
Giselle. Vitima é a ultima coisa que você é.
Giselle volta a chorar e Ashley faz o mesmo balançando a cabeça.
Ashley – Por que fez isso? Não entendo como pode fazer isso.
Nossos pais jamais virariam as costas pra você. Nós nunca viraríamos as costas
pra você.
Julian respira fundo segurando o choro e Samantha abaixa a
cabeça.
Giselle – É complicado.
Clay – Complicado? A situação na minha casa é complicada. Isso o
que fez é surreal.
Giselle – Vocês não entendem.
Samantha – Giselle?
Giselle a olha e Samantha deixa um de seus braços sob a mesa.
Samantha – Não precisa se explicar a ninguém se não quiser.
Ashley – O que está dizendo menina?
Samantha – Nossos pais esconderam um segredo de mim por anos e
nunca tiveram a decência de me contar. Tive que descobrir sozinha, lembram?
Vocês mesmo tem seus segredos e ainda assim não contam. Ninguém é obrigado a
nada.
Clay – Isso acabaria com nossos pais, mas não conta-los é...
Samantha – Cruel? Desculpe, mas não me importo, assim como eles
não se importaram em me avisar que não tenho o mesmo sangue que vocês. Se não
quiser contar a eles eu também não contarei Giselle, tem a minha palavra.
Julian – A minha também.
Ashley e Clay olham para Julian chocados e ele segura na mão de
Giselle forçando um sorriso.
Clay - Meu Deus.
Julian – Isso não é problema de vocês.
Ashley – Julian.
Giselle – Não consigo contar isso a eles... precisam prometer
que não iram contar nada.
Clay – Não.
Giselle – Por favor.
Ashley não diz nada e apenas continua chorando. Samantha se
levanta segurando no braço de Giselle e a levanta da mesa olhando para Julian.
Samantha – A consciência é de vocês. Vamos embora daqui Giselle.
Elas ficam em pé os olhando e Julian se levanta saindo com elas.
Clay olha para Ashley arrasado e ela deita sua cabeça no ombro dele.
Ashley – Tudo está desmoronando.
Ele respira fundo afagando os cabelos dela e não diz nada.
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