Encontros - Cp.17 (Penúltimo Capítulo)


Capítulo XVII

A Árvore Da Vida
(The Tree Of Life – 2011 – Dir.: Terrence Malick)

            
            Quando André terminou seu relato, fiquei aliviado e surpreso por ele não estar falando de Tom, como eu imaginava, e sim de Steve. Após uma conversa, ele se acalmou e disse que iria esperar o tempo dizer o que iria acontecer. Parece que ele gostou de Steve, mas Steve só queria uma noite de prazer diferente. Dois corpos, duas sintonias diferentes! Melhor deixar o tempo agir sozinho mesmo. Mas não foi preciso esperar tanto... Em alguns dias Steve não se aguentou e resolveu conversar sobre André com as pessoas mais improváveis: Rebeca e Gina, que foram super compreensivas com ele e combinaram uma janta. Os quatro: Rebeca e Gina, Steve e André, onde conversariam naturalmente sobre o assunto. E em poucas semanas eles se acertaram: continuariam seus encontros, inicialmente em segredo. Apenas nós, os amigos, saberíamos, até ele ter certeza de que estava pronto. André respeitou e aceitou.
      
        Vera, no quase sétimo mês de gravidez passou mal, e no hospital, uma cesariana ás presas foi feita. Nasceu Verônica, que precisaria ficar um bom tempo ainda na incubadora, pois além de nascer com Síndrome de Down, nasceu com menos de sete meses, e o risco era grande. Infelizmente, Vera não soube o que aconteceu á Verônica, pois dois dias depois do nascimento, perdemos Vera para uma parada cardíaca. Foi tudo muito triste, uma das coisas mais horríveis que passei. Ver Rodrigo destruído, lembrar de Vera, pensar em Verônica, tudo isso me matava por dentro. Eu e Lia, uns dias depois levamos Rodrigo á casa de Dona Neusa para conversar e tranquilizar o viúvo. E após Verônica deixar o hospital, ele levava ela todos os dias á Dona Neusa para ser benzida, por uma semana, e a amizade entre os dois foi incrível. Ainda era cedo pra dizer, pois faziam já alguns meses da morte de vera, mas parece que Rodrigo estava encantado com Dona Neusa, mesmo ela sendo uns dez anos mais velha que ele. Mas isso só o tempo diria.

         Tempo esse que trouxe outro irmão para Lorenzo. Mesmo prometendo esperar mais, Roxane e Gerson não aguentaram e adotaram uma menina soropositiva de 2 anos, chamada Simone. Lia e Robert ainda não falavam em filhos, e Beatriz e Tiago não queriam, depois do aborto que ela sofrera no passado. Steve e André estavam completamente apaixonados e agora já não escondiam esse amor. Era comum Steve ir jantar com os pais de André, que respeitaram de maneira educada a relação do filho. Já minha mãe teve problemas de saúde e resolvi que seria melhor para ela vir morar comigo, e assim foi feito. Dexter tinha agora uma companhia e não precisaria mais incomodar Tom.

         No fim do ano resolvemos fazer um calendário para a revista de Roxane, abrangendo a diversidade sexual e novos modelos de famílias. Roxane e Gérson estamparam janeiro, com Lorenzo e Simone. Em fevereiro foi Rebeca e Gina com Regina. Março foi a vez de Fred e Mila, sem filhos, mas com Dexter para simbolizar os animais que fazem parte da família. André e Steve posaram em abril, e em maio foi Joane e Donnie com David. Junho foi emocionante: Rodrigo com Verônica no colo. Julho foi Lia e Robert, e Agosto Tiago e Beatriz. Para setembro os pais de André posaram com minha mãe e Dona Neusa, representando a família que apoia e compreende. Outubro usamos uma foto de Vera no hospital segurando Verônica nos braços, ela merecia essa homenagem. Novembro Rebeca e Steve posaram segurando Regina, sua filha de sangue, mas era em Gina que Rebeca estava abraçada. Ao lado, Donnie e Joane, com Gerson no meio segurando David, seu filho de sangue, porém criado pelos outros dois. Em dezembro, a solução foi eu e Tom fingir ser um casal, pois se esgotaram as possibilidades. Assim nos preparamos e estávamos lá, pronto. A foto seria eu beijando o rosto dele, e assim foi. 

         Novamente o sucesso de vendas foi além do esperado, e a vida tinha voltado ao normal até o dia de minha mãe partir. Novamente a turma estava toda reunida em um velório. A morte faz tão parte da vida quanto o nascimento. Uns iam, outros chegavam. Eu tinha medo que mais fossem. Nos dias seguintes foi a vez de Tom cuidar de mim. Passei a maior parte do tempo na casa dele, e ele fazia de tudo para mim sorrir. Aos poucos fui me recuperando.

         Nessas semanas, Rodrigo e Dona Neusa se aproximaram mais e um romance começou. Ela adorava Verônica que já passava de um ano de vida. Com certeza Vera aprovaria Dona Neusa como mãe para sua filha. Roxane e Gerson adotaram mais um rapazinho de seis anos chamado Filipe. Eles estavam apaixonados por ter uma família tão "diferente".

        Eu precisava voltar ao trabalho. Mesmo contra a vontade, tive que levantar, tomar um banho e me arrumar. Ainda estava no apartamento de Tom. Ele preparou café e conversamos sobre meu dia. Ele se prontificou a me buscar caso eu não passasse bem. Fiquei duas semanas sem olhar pra rua desde a morte de minha mãe. Prometi que ficaria bem, me levante e me dirigi a porta. Tom me puxou, olhou nos meus olhos e disse:
- Eu te amo, Frank! - e me beijou de um jeito como se nunca mais fosse me ver! Eu fiquei sem reação, sentia que estava gostando dele á cada dia mais, mas não imaginei que um dia seria correspondido.
- Mas Tom, você disse que não gostava de homens? - perguntei, meio tonto.
- Eu não gosto de homens, gosto de você Frank! Apenas um! - e me beijou de novo antes de eu ir ao trabalho.

      Mas a história não termina assim, o destino ainda iria reunir a turma mais uma vez, e não seria pro meu casamento. Não, eu e Tom nunca nos casamos. Ficamos juntos, unimos nossos apartamentos, ou melhor, destruímos uma parede que os dividia. A reunião seria para algo ainda mais inusitado e inesperado, muito tempo depois em que tudo parecia estar no lugar certo. Mas a vida adora brincar... 



P.S.: Os capítulos estão menores pelo motivo de ter perdido todos os capítulos que estavam no meu HD. Seriam mais de 30, mas como tive que reescrever ás presas, resolvi antecipar o final, que acontece nessa sexta!

* Texto escrito e registrado por Patrick Lima Prade.



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