Cap. 21
CENA 01.
Noite -
MANSÃO ANGELÍS
CASA DE HÓSPEDES/ INT./ QUARTO
Após o beijo Bernardo e Mew ficam em silêncio por alguns minutos.
BERNARDO —O que significa esse beijo Mew?
Mew fica calado.
BERNARDO —Acabei de perguntar se você queria que eu esquecesse tudo que aconteceu com a gente e voltassemos a ser como antes e você me beijou, assim do nada…
MEW —Desculpa, foi um impulso. Eu…
BERNARDO —Um impulso? Mesmo que estivesse sido um impulso, isso só aconteceu porque você queria que acontecesse. Me fala de uma vez, o que realmente você quer de mim? O que se passa na sua cabeça?
MEW —Bernardo, não me pressione. Por favor! Eu não sei porque eu fiz isso, talvez por medo de te perder. Não sei!
BERNARDO —Você só faz me confundir. Cada vez que encontro você é uma surpresa, uma confusão e eu simplesmente não sei mais o que será e como será isso tudo. Não sei se sou capaz de suportar!
MEW —Do que você tá falando?
BERNARDO —Eu acho que você está confuso. E sabe o quê mais? Você deve ficar com a Cristal, o intruso e o errado nessa história sou eu, por ter me deixado levar por meus sentimentos e o resto você já sabe.
Bernardo vai até a porta.
BERNARDO —Fica bem tá?
Bernardo sai.
MEW —Bê! —Grita chorando sendo ignorado.
Bernardo caminha triste.
CENA 02.
Dia Seguinte -
Manhã (Quase Tarde)
ESCOLA/ INT./ SALA DE APRESENTAÇÃO DE TEATRO
Os alunos do terceiro começam a ocupar as cadeiras.
CHARLES —Maria Fernanda, você está bem? —Pergunta ao vê-la cabisbaixa.
MARIA FERNANDA —Sinceramente? Não! —Fala triste.
CHARLES —O que houve? Me conta.
MARIA FERNANDA —A mentira que você falou pro Alexandre sobre a Ária nunca ter terminado formalmente com você e tê-lo enganado... Eu acabei de alguma forma confirmando. Eu não pudia ter feito isso!
CHARLES —Você fez é? —Fala sorrindo.
MARIA FERNANDA —Você fica feliz seu idiota? Olha, se você é mal de verdade, saiba que eu não sou. Eu tô tão arrependida meu Deus! —Se lamenta.
CHARLES —Não é pra tanto Fernanda!
MARIA FERNANDA —Isso você diz por não se preocupar em machucar os sentimentos alheios pra conseguir o que quer ou quem quer. Eu não sou assim! —Chora.
Charles passa a mão no rosto de Maria Fernanda, enxugando suas lágrimas, ternamente.
Maria Fernanda se afasta.
MARIA FERNANDA —Quer saber? Eu vou agora mesmo falar para o Alexandre que eu menti!
Ao virar rapidamente de costas para ir até onde está Alexandre, Maria Fernanda quebra o salto e se desequilibra.
Charles impedindo sua queda a segura imediatamente em seus braços.
Maria Fernanda e Charles se olham por segundos.
CHARLES —Você está bem?
MARIA FERNANDA —Eu acabei de quebrar o salto. Como estaria bem? Tenho que ir em casa trocar, agora.
CHARLES —Precisa de companhia?
MARIA FERNANDA —Obrigada. Mas… não!
Do outro lado, ainda no auditório, Ária encontra Alexandre e vai falar com ele.
ÁRIA —Ainda bem que te achei.
ALEXANDRE —Está tudo bem? —Preocupa-se.
ÁRIA —Alexandre, eu acho que descobri o porque do Marcelo está fazendo cortes no próprio corpo.
ALEXANDRE —E por que?
ÁRIA —Eu acho que…
A apresentação começa.
ALEXANDRE —Mas espera aí, você não tem muito contato com o Marcelo não. Espero que você não esteja mentindo só pra vir falar comigo não, até porque quem pediu um tempo foi você.
ÁRIA —Quer saber? Eu tentei. Mas você acha que tudo gira em torno de você né? Espero que quando se dê conta não seja tarde demais.
Ária deixa Alexandre sem entender nada.
ALEXANDRE —Se dar conta do quê?
No palco, Priscila e Julian encenam a peça.
PRISCILA —Eu te amo, mais que o sol que a Lua e do que o mar. Te amo mais do que jamais alguém te amará!
JULIAN —Óh, minha amada prometida. La “luces” (luz) dos meus dias. Por ti enfrentei teu pai, enfrentei sol e enfrente a chuva. Por ti, lutaria novamente, contra todos, contra tudo e contra mim (aqueles medos e inseguranças). Te amarei até o fim! —Diz em português, com dificuldade.
PRISCILA —Isso não está no texto! —Sussura.
JULIAN —Es la hora del beso. —Sussura com um sorriso.
Seguindo o roteiro inicialmente criado, mas ainda com receio, Priscila se aproxima para a cena do beijo.
Julian a puxa respeitosamente vendo a insegurança dela e a beija com ternura.
O público eufórico e completamente maravilhado com a apresentação e a química do casal, aclama a peça e a apresentação.
Julian, Priscila e o elenco agradecem.
Eles descem do palco.
Julian e Priscila, longe um do outro ficam pensativos.
CENA 03.
Noite -
CASA DE AMÉLIA/ EXT.
Amélia olha na caixa de correio se tem alguma correspondência.
Afrodite chega em seu carro.
AFRODITE —Precisamos conversar Amélia! —Diz descendo.
AMÉLIA —Não temos nada para conversar Afrodite. —Diz se afastando.
AFRODITE —É muito importante Amélia, temos que conversar. Há coisas que você não sabe.
AMÉLIA —O que seria? Que você teve participação no desaparecimento do meu filho?
AFRODITE —Não é bem assim! —Diz se aproximando.
AMÉLIA —Não se aproxime!
Afrodite continua se aproximando.
Amélia começa a correr desesperadamente.
Afrodite corre atrás.
AFRODITE —Cuidadooo! —Grita.
O carro de Armando bate em Amélia.
CENA 04.
MANSÃO VIELAS/ INT./ CORREDOR DO ANDAR DE CIMA
Ao passar em frente ao quarto de Ária, Horácio escuta um choro.
Ele se aproxima, bate na porta.
Ária não responde.
Horácio mesmo temendo ser invasivo, preocupado com a filha abre a porta lentamente.
HORÁCIO —Filha? Você está bem?
Ária enxuga as lágrimas rapidamente vendo que o pai se aproxima.
ÁRIA —Sim pai.
HORÁCIO —Eu sei que não está. Desde aquele dia na festa junina da sua escola, percebi que você olhava fixamente pra aquele garoto chamado Alexandre.
FLASHBACK
Horácio encontra Alexandre na fila de uma barraquinha de comidas típicas.
Ao receber o que pediu, Alexandre percebe que o dinheiro já não está ali.
ALEXANDRE —Ah não. Essa porcaria desse bolso tá furado! E agora?
HORÁCIO —Pode pegar filho. Eu pago!
ALEXANDRE —Ah, muito gentil da parte do senhor. Mas não posso aceitar, nem o conheço senhor, como poderia fazer isso?
HORÁCIO —Os amigos dos meus filhos, são como da família. E se você faz bem pros meus filhos, faz bem pra mim. Você é um menino de ouro que qualquer pai gostaria de ter como filho! —Diz emocionando Alexandre.
Horácio olha para Ária e ver ela sorrindo admirando Alexandre, com um olhar apaixonado.
Voltando
Horácio vendo que a filha ficou envergonhanda e o clima pesou, se levanta.
HORÁCIO —Olha, apenas descanse e mentalize que amanhã será outro dia… melhor!
Horácio dá um beijo na testa dela e ela tenta descansar.
|DIA SEGUINTE|
Ao vir vindo para a escola, Alexandre encontra Horácio na frente da escola.
ALEXANDRE —O senhor veio falar comigo?
HORÁCIO —Ária está sofrendo muito. Poderia me dizer o que aconteceu filho?
CENA 05.
Noite -
MANSÃO ANGELÍS/ INT./ ESCRITÓRIO
Charles ao ler um artigo na internet sobre um dos ex-parceiros de política de seu pai estar envolvido com corrupção e contrabando, vai ao escritório do pai.
Ele abre a porta.
Ele procura de baixo das esculturas, embaixo da escrivaninha (preso no teto) e ao abrir as gavetas da escrivaninha procura também.
Sem achar nada, ele procura atrás dos quadros.
CHARLES —Meu Deus! Não pode ser. Papéis assinados pelo meu pai de uma empresa que eu nunca vi. Isso quer dizer que...
Charles se assusta
Alguém bate na porta.
Ele pega os papéis, coloca dentro de um livro e vai até a porta.
CHARLES —Você?
ÁRIA —Sim, eu. Está nervoso porque sabe porque eu estou aqui, não é? Por causa da sua mentira. Das suas intrigas!
CHARLES —Ária, desculpe mas não sei do que está falando.
ÁRIA —Além de mentiroso é dissimulado. Que nojo! Olha, você pode fazer o que for, tentar separar casal, causar intrigas, tentar destruir o que não te convém e manipular as coisas, mas no fim dessa história você vai acabar sozinho. Ninguém vai querer ficar ao lado de uma pessoa cruel que não consegue ver a felicidade alheia.
CHARLES —Eu só fiz tudo isso, por um motivo. Eu te amo!
ÁRIA —Você está doente. Não sabe o que é amar!
CHARLES —Eu sei que você está insinuando que eu estou louco, mas eu estou ciente do que eu faço. Tudo que eu faço é por amor a você Ária. Só você!
ÁRIA —Sabe qual seria a maior prova de amor que você poderia me dar?
CHARLES —Me diz, por favor!
ÁRIA —A maior e única prova de amor que você poderia me dar, seria deixar eu viver em paz com o único cara que realmente eu amo: o Alexandre.
Charles fica enraivado e dá um soco na porta.
ÁRIA —Mas, você não pode fazer isso né? Foi perda de tempo ter vindo aqui.
Ária sai, sofrendo.
Charles olha para os papéis, olha para Ária indo embora e fica muito fora de si.
CENA 06.
Noite -
RUA
Bernardo e Mew caminham juntos indo visitar Priscila.
Dois garotos param frente a eles.
Bernardo e Mew rapidamente tentam voltar para trás.
Outros dois garotos aparecem também atrás.
BERNARDO —O que está acontecendo aqui?
MEW —Olha, nós não temos nada. Nem dinheiro, nem celular, nem nada. —Diz achando que trata-se de um assalto.
—As bixinhas tão nervosas?
Um dos garotos pega Bernardo pelo braço.
MEW —Solta ele!
—Iiiii alá, são viadinhos mesmo. Vamos dar uma lição neles pra eles virarem macho de verdade!
Dois dos caras seguram Bernardo e Mew enquanto os outros dois começam uma sequência de golpe contra eles.
Os socos, chutes e golpes violentos duram por longos minutos.
O sangue escorrendo pelo canto da boca se misturam com as lágrimas que escorrem pelo rosto de Bernardo e Mew.
|QUASE UMA HORA DEPOIS|
Mew completamente machucado carrega Bernardo até sua casa de hóspedes da Mansão.
Mew atordoado sem saber o que fazer deixa Bernardo deitado ali no sofá, onde ele o colocou e corre para o banheiro.
Ele tranca e se olha no espelho.
MEW —Meu Bê! Você sempre foi meu Baduzinho… a única pessoa que me dá paz, que consegue transformar qualquer momento ruim em felicidade. —Mew se olha no espelho e se autoquestiona. —O que está acontecendo comigo?
O telefone toca.
Mesmo sem a mínima vontade de atender Cristal, Mew atende.
Ele vai até o portão que dá acesso a casa e recebe Cristal.
MEW —O que você tem? Por que está assim tão desesperada?
CRISTAL —Por que você está machucado?
MEW —Responda minha pergunta Cristal!
CRISTAL —Eu estou grávida, Mew!
Bernardo aparece e escuta tudo.
BERNARDO —Grávida?
Mew não consegue reagir com o choque.
Bernardo toma a notícia com uma facada e sai dali sem rumo e nem direção.
CENA 07.
Dia Seguinte -
Manhã -
ESCOLA/ INT./ PÁTIO
Assustado com todo o alvoroço, Alexandre corre para entender o que está acontecendo.
Julian abraça Ária.
ALEXANDRE —O que aconteceu?
ÁRIA —Ele se suicidou, Alexandre! —Diz chorando.
...Continua...
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