Sob o Domínio do Rei - Capítulo 2


 

Capítulo 2 

CLIENTE ESPECIAL

 


NA REDE MAMÃE E EU/DIA

Num entardecer, lindo, D. Ivone faz cafuné no filho que na época tem onze anos:

Jean – Mãe, por que os pais da gente têm que morrer?

Ivone – Não são só os pais que morrem meu filho. Todos os seres vivos, as plantas […] morrem um dia.

Jean – Mas eu não quero que você morra, não.

Jean, levanta a cabeça do colo da mãe e olhando em seus olhos fala, decidido.

Jean – Eu quero que a senhora fique bem velhinha, e que viva até eu ficar bem velhinho também, lembra que eu tenho que cuidar da senhora?

Ivone – Claro que eu lembro meu filho, você não me prometeu aquele castelinho pra morar?

EM UM DIA DE AGOSTO/DIA
 
Num dia de agosto, esses dias ao qual pode-se sentir um vento triste batendo no rosto, D. Ivone, corre atrás de Jean, no meio de uma plantação de trigo.

Ivone – Jean espera, não corre menino. Você vai cair.

Agachado limpando os joelhos sujos de terra, e sangue, diz a mãe:

Jean – Não vou correr mais, mãezinha, já machuquei demais – olhando para a mãe – Mas essa vida de não ter quase nada dói bem mais que cair no meio do trigo.

HOT HOT 33/DIA

Silas, chama atenção de Jean, para lhe entregar o uniforme:

Silas – Hein. Aqui, seu uniforme. Folgas as segundas-feiras. Horário de trabalho das 17 às 2, sem intervalo, mas você pode comer na cozinha, e fumar cigarros nos fundos da boate.

Jean – Tudo bem.

Jean, vai saindo e Silas, que parece simpatizar com ele, o chama:

Silas – Jean.

Jean – Sim?

Silas – Bem-vindo, rapaz, eu estou aqui para o que você precisar.

Jean – Obrigado, Silas.

BANCA DE JORNAL/DIA

Numa banca de jornal, Jean coloca créditos no celular e sai em seguida:
Jean – Obrigado!

SAUDADES DA SENHORA/BANCA DE JORNAL/DIA

 Ivone, na varanda de casa, chama por Ritinha. É hora de matar a saudade:

Ivone – Vem, Ritinha é Jean.

Ritinha, corre para a varanda.

Ivone – É Jean minha filha, teu noivo.
Ritinha – Me deixa falar com ele, D. Ivone [...]

Jean, ao telefone:

Jean – Tá tudo bem aqui, mãezinha. Vou pro trabalho hoje mesmo.

Ivone – Ai meu filho, a mãe tá bem, tá? E feliz… muito feliz, vou passar pra Ritinha que tá danada de saudade.

Passa o telefone a Ritinha, que está atônita:

Ritinha – Jean.

Jean – Oi minha pequena.

Ritinha – Parece que você foi faz tanto tempo. Sabe aquela saudade que aperta o peito? e eu não sabia o que era saudade, Jean.

Jean – Fica assim não. Eu vou virar esse jogo, Rita, e nós três não vamos
nos separar nunca mais, me ouviu?

APARTAMENTO DE CARLOS/DIA

Carlos, caminha para todos os lados do apartamento, olha para o celular, mas o mantém desligado, toma água na cozinha, se enterra na banheira.

Carlos – Dias e dias aqui enjaulado, tipo bicho. Droga, droga! Jean, cadê você?

HOT HOT 33/NOITE

Jean, faz pedidos no balcão, serve mesas e é observado de longe por uma senhora, meia idade e corpulenta.

Marla – Quem é o rapaz, Andreia?

Andreia – Rapaz novo que contratei, bem educado, atencioso, todas as nossas clientes adoraram ele.

Marla – Bonito…

Andreia – Você é como um gavião, Marla (risos).

A SERVIÇO DA CLIENTE/NOITE

Marla se aproxima de Jean:

Marla – Me serve um dry martini, por favor.

Jean – Sim senhora, só um minuto.

Jean, prepara a bebida de Marla e lhe serve a mesa:

Marla – Como você se chama, rapaz?

Jean – Jean Ribeiro, senhora.

Marla – Esse sotaque [...]

Como se quisesse se lembrar [...]

Marla – Esse sotaque. Paranaense, não é?

Jean – É sim (sorri).

Marla – Há! Pensei que não ia tirar sorriso nenhum desse rosto hoje. Hum, aqui!

Da bolsa, tira um cartão e entrega-lhe:

Marla – Marla Mendonça, se estiver com problemas, necessitando de um ombro amigo, não hesite em ligar. Qualquer problema, viu?

Jean, afasta-se da mesa, guarda o cartão no bolso, e troca um último olhar com, Marla.

ALGO COMEÇA A IR MAL/ NOITE

Saindo do banheiro, antes de atender a ligação de Carlos, Jean, parece pressentir algo, seus batimentos aceleram, e com voz amedrontada, responde a chamada.

Jean – Alô! Carlos.

Carlos – Jean, eu acho que invadiram o apartamento, ouvi uns barulhos estranhos, e escapei.

Jean – Caralho, podem estar te seguindo, mas você tem certeza que isso pode ter acontecido?

Carlos – Não sei, só senti um aperto no peito, e só pensei em sair correndo. Jean, você tem que me ajudar.

Do carro, Marcel fala ao seu companheiro, Augusto:

Marcel – Olha lá, e não é que hoje tem presentinho pra chefia, Augusto.

Ao telefone, Fera, dá as instruções:

Fera – Isso mesmo, faço questão de estar presente pra ver esse rato se ferrar.

Ao desligar o celular, diz:

Fera – Vai ser só você e eu, Carlitos, sem a chefa.


 congelamento final de capítulo carro de Marcel



Continua ... 

 

Postar um comentário

0 Comentários