O sol ainda não havia nascido. Giselle fica olhando para o teto de seu quarto na casa de seus pais e respira fundo se levantando e calçando suas pantufas de coelho. Sai do quarto andando pelo corredor do andar de cima da casa. Todas as luzes estavam apagadas e ela anda com cuidado para não fazer barulho. Se aproxima da porta do quarto de Julian e a abre devagar o vendo dormindo na cama. Ela entra a fechando e anda rapidamente até a cama subindo nela e o chacoalhando rapidamente o acordando e se sentando com as pernas cruzadas em cima da cama. Julian a olha confuso e ao ver a hora no relógio analógico ao lado de sua cama, boceja e a olha sem acreditar.
Julian – Não acredito que
está aqui á essa hora.
Giselle – Eu não estou bem,
Julian... nada bem.
Julian – Eu sei, mas você
sabia o que aconteceria, como se sentiria ao fazer o que fez.
Giselle – Não eu não fazia
ideia que seria tão ruim, não tinha ideia do tamanho da merda que fiz.
Julian – Está feito, não
adianta mais ficar remoendo isso, precisa lidar com isso da melhor maneira
possível.
Giselle – É fácil pra você
dizer isso, não é? Não foi você que entregou seu filho a um casal de estranhos.
Julian se senta na cama se
encostando na cabeceira e a olha irritado.
Julian – Fácil pra eu dizer?
Olha só, não sei onde eu estava com a cabeça ao decidir ajudar você, não sabe o
tamanho do mal que me faz, mentir, esconder e ficar fingindo que está tudo bem,
não está... não está, não está nada bem, ok?
Ela começa a chorar
abaixando a cabeça e ele respira fundo.
Giselle – Eu precisava de
alguém, não poderia lidar com isso sozinha, ainda não posso, eu não consigo.
Julian – Agora peço que lide
com isso do jeito que achar melhor, mas de alguma forma, não sei se há alguma,
não quero mais fazer parte disso.
Giselle – Infelizmente pra
você, você faz... felizmente pra mim, você faz.
Julian – Pensa em contar aos
nossos pais e irmãos?
Giselle – Eu não sei.
Julian – Onde está o pai do
seu filho?
Giselle – Concordamos em não
falar disso, lembra? Pedi a sua ajuda e fiz você prometer que não me
questionaria.
Julian – Sim, mas acho que
eu mereço no mínimo saber, ok? Quero saber tudo, o que houve, como aconteceu, o
que levou a você a fazer isso.
Giselle – Não quero e nem
irei falar disso, desculpe, mas se um dia eu falar nesse assunto, será o dia em
que contarei aos nossos pais e a todos vocês também... estou agoniada, sem
conseguir dormir, não só estou arrependida de tê-lo entregue, de ter me
envolvido com o pai dele, de ter tomado todas essas horríveis decisões... mas
estou feliz por ter estado comigo, por ter me dado força e me ajudado a
conseguir fazer o que fiz.
Julian – Que bom pra você,
Giselle... Porque eu não estou nem um pouco feliz por você ter me arrastado pra
isso. Era o meu sobrinho, e eu o entreguei a aquelas pessoas.
Eles ficam calados se
olhando e se abraçam. Giselle encosta o rosto no peito dele, chorando muito e
ele faz carinho no cabelo dela, começando a chorar também.
Julian – Meu Deus, onde eu
estava com a cabeça?
Giselle – Eu sou uma pessoa
horrível... um monstro, Julian.
Julian – Não, não é... eu...
eu não sei mais de nada, droga.
Giselle – Me desculpe.
Ela chora ainda mais e ele a
abraça mais forte, fechando os olhos e sentindo suas lágrimas molharem seu
rosto.
Ashley estava tomando café
em uma mesa do jardim de sua casa, lendo alguns artigos no jornal. Luke sai de
dentro de casa indo até ela, lhe dando um beijo na cabeça e se sentando em uma
das cadeiras da mesa. Ela o olha por alguns instantes e continua lendo o
jornal. Ele se serve de café e uma torrada e a olha sorrindo.
Luke – Bom dia.
Ashley – Bom dia.
Ela continua como estava e
após dar um gole no café ele volta a olha-la.
Luke – As noticias estão tão
interessantes assim que não pode me olhar?
Ela abaixa o jornal o
olhando brevemente e volta a lê-lo em seguida.
Luke – Ash... o que foi?
Ashley – Prefiro lidar com
as desgraças que estão acontecendo no mundo, do que com o que está acontecendo
no nosso casamento.
Ele larga a torrada a
olhando tenso e ela respira fundo, deixando o jornal sob a mesa e voltando a
olha-lo.
Ashley – Quando decidi me
casar com você, decidi abrir mão de muita coisa, muita coisa mesmo, mas estive
bem com isso até um tempo atrás, porque era isso que eu queria pra mim, era
você.
Luke – E... não quer mais?
Ashley – Pra se ter o que
quer, as vezes temos que abrir mão do que temos... Eu abri
mão de várias, mas nunca da minha sinceridade, principalmente com você, que é o
meu marido e o homem que eu amo.
Ele fica calado a olhando e
ela respira fundo novamente segurando o choro.
Ashley – Então acho que no
mínimo você me deve isso, ser sincero... o que está havendo, Luke?
Luke – Nada, não está
acontecendo nada amor... Eu não sei porque pensa assim.
Ashley – Por favor, não
minta na minha cara... não faz isso, não você.
Luke – O que quer que eu
diga?
Ashley – A verdade, apenas
isso... não importa o que seja.
Ele abaixa a cabeça ficando
calado e ela continua o olhando.
Ashley – Está me traindo,
Luke?
Ele continua calado e ela
bate a mão na mesa com força.
Ashley – Droga, você está me
traindo?
As lágrimas começam a cair
sob o rosto de Ashley e ao mesmo tempo no de Luke, que levanta a cabeça a olha
ainda sem conseguir dizer nada.
Ashley – Oh meu Deus, não.
Luke – Eu...
Ashley – Desgraçado.
Luke - Eu... me ouça,
preciso que você entenda.
Ashley – Entender você?
Entender você, Luke? Que tipo de mulher acha que eu sou, hum? Que tipo de
pessoa espera que eu seja depois de descobrir que o meu marido está transando
com outra mulher?
Ela fala em meio a berros e
batendo novamente na mesa fazendo os objetos balançarem. Luke continua a
olhando chorando e ela coloca as mãos no rosto balançando a cabeça.
Luke – As coisas saíram do
controle... não significava nada no começo, fiquei com ela por acaso, por uma
fraqueza... não sei, não sei o que houve.
Ashley – Não significava e
agora significa?
Ela volta a olha-lo irada e
ele balança a cabeça.
Luke – Agora ficou
complicado, não é apenas um caso, é...
Ashley - Para, chega... Eu
não quero mais saber de nada.
Ela chora muito com a cabeça
baixa e ele chora mais ao vê-la daquele jeito.
Luke – Eu te amo tanto.
Ashley – Cala a boca.
Luke – Ela está grávida... é
por isso que não é apenas um caso.
Ashley o olha chocada e
naquele instante ela não ouve mais nada. Luke continua falando e ela apenas o
vê em sua frente, não ouvindo mais nada. Ela se levanta da mesa sentindo suas
pernas vacilarem e se segura na mesa pra não cair. Luke se levanta para
segura-la e ela se afasta indo para longe dele, enxugando as lágrimas e se
virando entrando para dentro de casa. Luke coloca as duas mãos em sua cabeça e
deixa as lágrimas continuarem caírem, enquanto vê Ashley entrar desorientada.
⍟ ⍟ ⍟ ⍟ ⍟
Samantha estava sentada
embaixo de uma das árvores do pátio do colégio em que estuda lendo um livro na
hora do intervalo das aulas. Peter sai de dentro do colégio e passa
cumprimentando alguns colegas antes de vê-la e se aproximar dela segurando um
pacote de cookies. Ele continua distraída com o livro sem vê-lo e ele se senta
ao lado dela, a fazendo o olhar e sorrir de leve.
Samantha – Oi escalador de
janelas.
Peter – Oi, amiga da onça.
Eles sorriem se olhando e
ela fecha o livro enquanto ele abre o pacote e oferece os cookies para ela.
Peter – Está se excluindo,
mal te vi hoje... tive que adivinhar que estaria aqui.
Samantha – Só não estou
muito no clima de ficar perto de gente hoje.
Ela pega um cookie o
mordendo e vendo as pessoas circularem pelo pátio e volta a olhar para Peter.
Peter – Fiquei preocupado
com você, não quero te incomodar, só quero que saiba que estou aqui, se
precisar de mim na madrugada outra vez não hesite em me chamar.
Samantha – Eu sei, você é
meu melhor amigo... obrigada por se importar, mas não precisa se preocupar
tanto comigo.
Peter – Quer ficar sozinha,
não é?
Ela assente sorrindo sem
jeito e ele assente também, se levantando e colocando um cookie na boca.
Peter – Vou te deixar em
paz, se cuida.
Ele sai de lá voltando pelo
mesmo caminho que veio e ela respira fundo terminando de comer seu cookie,
abrindo o livro e voltando a ler. O capitão se afasta do time de futebol que
estava reunido no pátio e se aproxima de Samantha. Ela levanta a cabeça o
olhando e ele se abaixa até ela sorrindo iniciando uma conversa. Peter olha
para trás os vendo conversando e se surpreende. Samantha fecha seu livro
novamente e sorri conversando com o garoto.
Peter – Idiota.
Peter fala para si mesmo e
se vira entrando no colégio.
Clay entra na casa de seus
pais indo em direção á cozinha e vendo sua mãe preparar o almoço. Ela sorri o
olhando por cima do ombro e ele vai até ela lhe dando um beijo no rosto e indo
até a geladeira pegar uma garrafa de água.
Rebecca – Não estava o
esperando a essa hora filho, que ótima surpresa.
Ele abre a garrafa dando um
grande gole e se senta em um dos bancos do balcão sentindo o cheiro da comida.
Clay – Hum, bom... Ah eu
decidi vir almoçar aqui hoje. Sabia que não haveria ninguém além da senhora.
Rebecca – Não podemos deixar
que um ou dois problemas deixem nossa família desunida.
Clay – Não, não... vim aqui
agora porque queria conversar, aconteceram coisas e eu pensei um pouco...
preciso contar a alguém que vá me entender e não me julgar, tem alguém melhor
que a minha mãe, pra isso?
Ela respira fundo assentindo
e ele dá mais um gole em sua água.
Algum tempo depois...
Eles estavam sentados a mesa
da sala de jantar da casa, bebendo suco de laranja e comendo o risoto de carne
feito por Rebecca.
Clay – Minhas irmãs estão
bem?
Rebecca – Sam foi pro
colégio hoje cedo, não falou muito no café da manhã, preferi não incomoda-la.
Giselle foi para a missa, disse para não espera-la para o almoço.
Clay – Esqueci que ela
estava aqui. Ela passou tanto tempo fora.
Rebecca – Os pais geram,
criam, cuidam dos filhos. Eles crescem, se tornam independentes e temos que
aprender a lidar com isso. Muitas vezes fico preocupada, querendo fazer e dizer
coisas mas...
Clay - Prefere ficar só
observando e deixando que nós mesmos tenhamos nossas decisões e aprendemos as
lições da vida com elas.
Rebecca assente mexendo na
comida e Clay come a olhando.
Rebecca – Sobre o que queria
conversar?
Clay limpa a boca com o
guardanapo e respira fundo.
Clay – Conversei com o Luke.
Ele admitiu pra mim que tem um caso... mas a senhora já sabe disso, não é?
Rebecca larga os talheres e
fica o encarando decepcionada.
Rebecca – Mais alguém sabe
disso?
Clay – Não, não que eu
saiba.
Rebecca – Aquele filho da
mãe... Eu não sei o que fazer a respeito, tenho medo de contar e fazer minha
filha sofrer, mas tenho mais medo ainda de não fazer nada e causar ainda mais
dor a ela vivendo um casamento de mentira.
Clay – E se eu dissesse que
também traí a Thaís? Que tive um caso com outra mulher e nunca contei isso a
ela?!
Rebecca o olha espantada e
Clay fica apreensivo.
Rebecca – Você o que?
Clay – Foi um erro, uma
fraqueza... mas consegui superar isso, conversei com o Luke e disse que se ele
estiver disposto ele pode fazer o mesmo também.
Rebecca – Ah, você
conseguiu?
Ela se levanta indignada e
ele a fica olhando.
Clay – Mãe.
Rebecca – Eu perdi o
apetite, vou subir para o meu quarto... não estou conseguindo olhar pra sua cara
Clayton, estou enojada na verdade.
Clay fecha os olhos sentindo
o peso das palavras de sua mãe e ouve os passos dela saindo da cozinha, abre os
olhos respirando fundo e balança a cabeça chateado.
Samantha estava na sala de
aula. O professor de biologia explica a matéria aos alunos e ela se distrai
rabiscando uma folha de seu caderno. Peter a observa de longe irritado e cruza
os braços voltando a prestar atenção na explicação do professor.
Algum tempo depois...
Samantha anda pelo corredor
em direção ao seu armário. Todos os alunos saem de suas salas indo em direção á
saída após o fim das aulas e ela guarda seus livros, deixando o de Biologia em
sua bolsa e pega o literário que estava lendo no intervalo, o coloca na bolsa e
a fecha, empurrando a porta do armário a fechando e volta a andar pelo corredor
segurando sua bolsa no ombro. O capitão do time de futebol corre por entre as
pessoas segurando sua mochila nas costas e fica ao lado de Samantha sorrindo.
Bryan – Então, pensou no meu
convite?
Samantha – Sim, pensei...
podemos tomar um sorvete naquela sorveteria que tem aqui perto, não estou muito
afim de ir pra casa agora.
Eles saem do colégio andando
pela rua e pouco depois já estavam sentados em uma das mesas da sorveteria.
Bryan – Você nunca mais foi
me ver jogar.
Samantha – Na verdade eu só
fui uma vez, aquela vez que você ficou se exibindo e machucou o tornozelo. Não
sou fã de futebol, prefiro fazer outras coisas do que ver um bando de
brutamontes correndo atrás de uma bola.
Bryan – Eu não estava me exibindo,
me acha um brutamontes?
Ela sorri dando de ombros e
toma um pouco do sorvete.
Samantha – Por que se
interessou em mim? Não sou o tipo de garota que caras como você gosta. Você
definitivamente não é o meu tipo, fisicamente sim, pessoalmente não, mas quem
se importa apenas com beleza física são pessoas fúteis e vazias...E você ficou
se exibindo pra mim sim, achou que eu ia morrer de amores como todas as outras
garotas, mas não, eu só apenas ri quando vi você se machucando, é maldade eu
sei, mas eu ri.
Ela toma mais um pouco e ele
sorri tomando também.
Bryan – Uau, você me vê como
um ser inferior não é? Um idiota, fútil que tudo o que pensa é em correr atrás
da bola, acha que não leio, que não vejo programas interessantes e
informativos, só assisto futebol e leio a parte de esportes no jornal.
Samantha – Desculpe se é
essa a imagem que vocês jogadores passam.
Bryan – Então gosta de
julgar e rotular as pessoas?
Samantha – Não, mas...
Ele a fica olhando sério e
ela sorri sem jeito
Samantha - Você não é o cara
que eu pensei que fosse, não é mesmo?
Bryan – Eu não sei, me diz
você.
Eles ficam se olhando sérios
e Bryan coça a cabeça.
Bryan – Parece que está se
entretendo mais com esse sorvete do que comigo.
Samantha – Me desculpe, só
que estou passando por umas coisas e... não queria, não quero conversar com
ninguém que saiba dessas coisas e fique me dizendo como agir ou como as coisas
tem que ser. Você não me conhece bem, não me julgaria e não esperei que fosse o
tipo que se importasse com algo que não fosse o futebol, vim a esse... posso
chamar de encontro? Vim a esse encontro por vir mesmo, sem nenhuma expectativa.
Bryan – Ah, então por isso
decidiu sair comigo?
Ela assente sem jeito e ele
sorri a deixando sem entender.
Bryan – Estou cansado de não
ter dificuldade pra ficar com alguma garota. Elas praticamente pulam em cima de
mim, já você não... me despreza e deixou bem claro que não tem interesse em
mim.
Samantha – Já que estamos
entendidos então não há motivo para problemas.
Ela olha a hora no relógio
de seu pulso e ele afasta o pote de sorvete a olhando.
Bryan – Quanto mais me
desprezar, mas afim de você eu vou ficar.
Samantha – Se parar de ficar
dando em cima de mim, deixo você me levar a outro lugar assim que terminarmos o
sorvete.
Ela toma seu sorvete o olhando
e ele assente sorrindo.
Bryan – Combinado. E aquele
livro que estava lendo?
Samantha – Por favor, não
finja que se interessa... é patético.
Bryan – É, não me interesso
tanto que já o li e o deixei na minha prateleiras de livros que por sinal não é
pequena.
Ela o olha surpresa e ele se
levanta dando a volta na mesa e se sentando na cadeira ao seu lado, passando
seu braço por cima do ombro dela e a olhando.
Bryan – Vai, me mostra em
que página está, podemos conversar sobre.
Ela sorri ainda surpresa e balança
a cabeça pegando o livro em sua bolsa e abrindo na página em que estava.
Peter estava no jardim de
sua casa sentado na grama jogando uma bolinha para longe fazendo com que seu
cachorro fosse atrás várias vezes. Giselle anda pela calçada passando em frente
á casa e respira fundo ao olha-lo. Peter a olha surpreso e ela anda até ele se
abaixando e se sentando ao seu lado. Ambos ficam olhando para a frente enquanto
o cachorro brinca pelo jardim.
Peter – Não sabia que tinha
voltado.
Giselle – Não sabia se devia
vir aqui ou não.
Peter – Eu não sei o que
dizer.
Giselle – Só não queria
esbarrar com você na minha casa e não ter conversado com você antes.
Ele olha para a barriga dela
e volta a olhar para a frente sério.
Peter – Quando chegou?
Giselle – É só isso que tem
pra me perguntar?
Peter – Sim, quero saber
quando chegou.
Giselle – Peter.
Ele respira fundo enquanto
eles se olham e ela balança a cabeça.
Giselle – Quer mesmo falar
sobre isso?
Peter – Foi por isso que
veio aqui, não foi?
Ela assente abalada e volta
a respirar fundo.
Giselle – Cheguei á dois
dias, criei coragem de voltar pra casa... voltei depois do que fiz.
Peter – Hum.
Giselle – Eu o tive.
Ele arregala os olhos
surpreso e os olhos de Giselle lacrimejam.
Peter – Você o que?
Giselle – Eu o tive, dei a
luz ao nosso filho.
Ela abaixa a cabeça chorando
e ele a fica olhando chocado.
Peter – Meu Deus.
Giselle – O entreguei a um
casal logo após o parto.
Peter – Isso não está...
Giselle – Você mesmo me
disse que não o queria, lembra? Praticamente me mandou aborta-lo.
Peter – Eu sou ainda mais
novo que você, não estava nem estou pronto pra ser pai e foi você mesma quem
disse que também não queria ser mãe, que iria aborta-lo e não olhar na minha
cara nunca mais.
Giselle – Fui embora
decidida a fazer isso mesmo, mas as coisas mudaram, pensei, refleti e percebi
que uma vida não devia ser tirada por conta do erro de dois idiotas
inconsequentes.
Eles ficam calados sem se
olharem por algum tempo e Peter abaixa a cabeça.
Peter – Ele está melhor sem
nós.
Giselle - É isso que vai
dizer a si mesmo quando pensar no que fez?
Peter – Você disse que daria
um jeito e que não precisava de mim, lembra? Obrigado por vir me avisar, mas...
esse assunto está encerrado pra mim a muitos meses. Você não tem mais direito
de vir me cobrar nada.
Ela assente se levantando e
ele levanta a cabeça a olhando.
Giselle – Obrigada. Me sinto
muito melhor agora.
Peter – Eu não.
Ela se vira saindo de lá e
vai embora arrasada. Peter a vê ir rapidamente e sente suas lágrimas começarem
a caírem enquanto coloca as mãos no rosto e desaba no choro.
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