As Estrelas Brilham Lá No Céu | Episódio 05: "As Estrelas Brilham!" #AsEstrelasBrilhamNoWebMundi



  AS ESTRELAS BRILHAM LÁ NO CÉU: 

EPISÓDIO 05: AS ESTRELAS BRILHAM!!!

CENA 01: APARTAMENTO DE EURIDES/INT/NOITE

Telma abre a porta do apartamento, tudo completamente escuro. Todos estranham. De repente as luzes se acendem. 
TODOS – Surpresa!!!
EURIDES – Feliz natal minhas amadas filhas! 
Eva, Vilma e Joana se assustam ao ver Eurides. 
Eurides abre os braços, esperando um abraço das filhas.
EVA – Mãe, a senhora está...
EURIDES – Sim, estou viva. Gostaram da surpresa?
JOANA – Mãe...
Joana, Eva e Vilma correm e abraçam Eurides, todas chorando e emocionadas. 
VILMA – A senhora nos enganou direitinho. Que susto, em plena noite de natal minha mãe!
EURIDES – E graças a Deus deu tudo certo. Vocês vieram!
JOANA – Torci tanto para que minhas irmãs não desconfiassem mamãe.
EVA – Como assim, não desconfiassem? Você já sabia de tudo, é isso?
JOANA – Sim. Desde o início, tudo não se encaixava muito bem, eu logo percebi, sabia que nossa mãe estava bolando algum plano. Ela não estava doente, Telma parecia muito fria, mas mesmo assim eu sabia que não devia intervir, e olha só, aqui estamos! 
TELMA – Que alívio! 
MARY – Vovó...
Eurides corre até Mary e a abraça.
EURIDES – Minha neta querida, quanta saudade eu senti de você, na verdade, de todos vocês! 
RAFAEL – O tempo sempre foi inimigo da família, minha sogra.
EVA – Não. O tempo nunca foi o obstáculo, na verdade, o nosso egocentrismo foi. Me perdoa mãe, eu jurei para a senhora no dia que sai dessa casa que jamais esqueceria da senhora e voltaria sempre que desse. Não cumpri com o prometido, me arrependo por tudo e te peço desculpas.
VILMA – Eu também peço desculpas minha mãe. Por tudo!
JOANA – Eu espero que a senhora esqueça toda essa nossa falta, sei que será difícil, mas estamos dispostas em recuperar todo tempo perdido. Ainda mais depois desse susto.
Eurides ri.
EURIDES – Foi duro não ter vocês esses anos todos ao meu lado, muito difícil para mim. Me doe muito saber que apenas em uma situação como a morte poderia trazer vocês de volta. Mas, eu não preciso perdoar vocês! Nunca! Vocês são tudo o que tenho nessa vida. Eu nunca perdoarei vocês porque não há o que perdoar, andem, me abracem! Quero matar toda essa saudade que faz doer tanto o meu coração.
Todos abraçam Eurides.
VÂNIA – Não se esqueçam da titia aqui, afinal ela salvou a ceia.
EVA – Tia...
Eva abraça Vânia. 
TELMA – A tia de vocês deu uma forcinha para que tudo desse certo, inclusive quando o peru queimou e tive que fingir que a Kombi velha quebrou.
VILMA – Então era isso? A Kombi não estava quebrada?
TELMA – Não. Foi apenas uma distração para que desse tempo de dona Vânia chegar com um novo peru assado. 
RAFAEL – Bem que eu desconfiei. A Kombi parecia velha, já o motor estava novinho em folha.
JOANA – E a certidão de óbito falsa?
Florentino se apresenta. 
FLORENTINO – Prazer, Florentino. Eu fiz isso, com muito gosto.
Todos riem.
TELMA – E errado, não é?
FLORENTINO – Eu nunca erro meu amor.
TELMA – Ah, é mesmo. Infecção intestinal, né?
FLORENTINO – Sabia que iria sobrar para mim. Sempre sobra pro velho Florentino.
ATENOR – O importante é que deu tudo certo e estamos juntos.
VILMA – Que saudade de você meu primo, e olha só para o seu filho, que gracinha. 
Vilma cumprimenta Guilherme e Isabela.
VÂNIA – A conversa está boa, mas já é quase meia noite, a ceia já está na mesa. Seria uma desfeita que a comida esfriasse, não é mesmo?
TELMA – Claro. Eu vou preparar tudo. Florentino, vamos até a cozinha, quero falar com você. 
FLORENTINO – Claro, minha Telminha linda!
Eurides ri.
EURIDES – Quero que vocês me acompanhem até o quarto (OLHANDO PARA AS FILHAS) preciso mostrar-lhes uma coisa. 
Vilma, Joana e Eva acenam positivamente e seguem Eurides até o quarto. 





CENA 02: APARTAMENTO DE EURIDES /QUARTO/ INT./NOITE

Eurides e as filhas adentram no quarto.
EURIDES – Lembram-se disso? (MOSTRANDO-LHE O ÁLBUM DE RECORDAÇÕES)
VILMA – Mamãe, a senhora guarda esse álbum ainda?
EURIDES – Claro que guardo, com muito carinho e amor. Sabe, todo esse tempo, apenas essas fotos me aproximavam de vocês. Ele e as estrelas.
Joana e Eva folheiam o álbum e choram ao rever as fotos guardadas.
Eurides levanta-se e vai até a sacada. Ela olha para estrelas. 
VILMA – Sempre elas...
EURIDES – Sabe, as estrelas estão brilhando tanto hoje, vocês não acham?
VILMA – Sim. Talvez porque hoje é noite de natal. 
EURIDES – Sim, talvez.
Eurides abraça Vilma, em seguida, olha para Joana e Eva, uma lágrima escorre do seu rosto, dessa vez não são lágrimas de tristeza, mas sim de alegria e felicidade. 

CENA 03: APARTAMENTO DE EURIDES /COZINHA/ INT./NOITE

Telma esquenta a comida no micro-ondas emburrada, Florentino a observa.
FLORENTINO – Não fica assim, Telminha.
TELMA – Quase tudo foi por água baixo graças a você!
FLORENTINO – Eu fui burro, mesmo! Infarto era mais comum, principalmente na idade da velha.
TELMA – Respeite dona Eurides, tá bom!
FLORENTINO –  Tá bom, Tá bom! Não está aqui mais quem falou. 
Pequena pausa.
FLORENTINO – Você me perdoa?
TELMA – Eu vou pensar!
Florentino agarra Telma por trás.
FLORENTINO – Eu sou um vagabundo mesmo, né! Mas eu prometo que vou mudar, irei fazer tudo diferente daqui por diante, irei arrumar um emprego honesto e irei comprar uma casinha pra gente!
TELMA – Você promete?
FLORENTINO – Claro.
Telma se vira, Florentino a rouba um beijo, um beijo intenso e apaixonado. 

CENA 04: APARTAMENTO DE EURIDES /SALA DE ESTAR /INT./NOITE

Todos estão sentados diante da mesa, repleta de comida e decorada com mimos de natal. 
Eurides sentada no centro da mesa, se posiciona em meio a todos.
EURIDES – Vocês não imaginam a felicidade que sinto nesse momento, depois de passar tantos natais sozinha, essa mesa está finalmente repleta de muito amor. Quero agradecer minha amiga Telma por tudo, sem ela nada seria possível. Vânia minha irmã, que me acudiu na hora da dificuldade e até Florentino, pela falsa certidão. Sem vocês nada aconteceria. Esse momento não seria possível. Mesmo sabendo que fui contra as leis, considero que esse momento não se realizaria sem esse plano. E sabe de onde veio esse plano? Das estrelas, elas sempre me fizeram estar perto de vocês. Elas são minhas companheiras na tristeza, na solidão e na alegria de estar com vocês, todos juntos novamente. Eu agradeço a cada um de vocês! Um abençoado natal a todos nós! 
JOANA – Nós todos a amamos muito, minha mãe, muito! (CHORANDO EMOCIONADA)
Todos choram emocionados com a fala de Eurides. 
EURIDES – Vamos parar de chorar, pois o momento é de alegria.
VILMA – A senhora tem razão. 
FLORENTINO – Vamos comer enfim, então?
EURIDES – Sim, vamos! (RINDO)
Todos comemoram felizes, degustando a ceia de natal.
Eurides observa a família feliz, em seguida olha para as estrelas.
EURIDES – Obrigado! (SUSSURRANDO)
A cena escurece. 

CENA 05: APARTAMENTO DE EURIDES /SALA DE ESTAR /INT./NOITE

Todos estão sentados no sofá, conversando.
Telma chega, estava ela arrumando os quartos.
TELMA – Os quartos já estão todos arrumados. 
VILMA – Precisamos descansar mesmo. O dia foi intenso. 
EVA – E coloca intensidade nisso! 
FLORENTINO – Eu já estou indo, também. Foi muito gratificante passar essa noite de natal com todos vocês, muito obrigado.
EURIDES – Não tem o que agradecer filho. 
VÂNIA – Eu também já vou! Vamos filho?
ATENOR – Claro. Muito obrigado por tudo, tia, primas. Nos veremos amanhã!
VANIA – Isso mesmo. Faço questão que todos almocem na minha casa amanhã.
JOANA – Claro tia. Nós iremos sim. 
EURIDES – Obrigado por tudo.
TELMA – Eu levo vocês até a porta.
Telma leva os convidados até a porta. 
Eurides observara as filhas com satisfação.
EURIDES – Vocês precisam descansar! Vejo no rosto de cada uma de vocês! 
TELMA – A senhora também precisa descansar, dona Eurides. 
EVA – Teremos bastante tempo para conversar e matar a saudade minha mãe!
EURIDES – Sim. 
TELMA – Vamos, eu levo a senhora até o quarto!
Telma leva Eurides até o quarto. Antes ela vira- se para filhas e sorri.
VILMA – Que dia minhas irmãs!
JOANA – Surpresas, muitas surpresas! 
EVA – Chega de surpresas por hoje. Vamos dormir!
Rafael cochila no sofá.
MARY – Tem gente que já vai ficar por aqui mesmo. 
Todos riem.
A cena escurece.

CENA 06: APARTAMENTO DE EURIDES /QUARTO/ INT./NOITE

Telma ajuda Eurides a ir para cama. Eurides se deita. Telma dá de ombros e ameaça sair.
EURIDES – Telma...
TELMA – Sim?
EURIDES – Obrigado por tudo, obrigado por entrar nessa loucura comigo. (EMOCIONADA)
TELMA – Uma loucura que deu certo. Muito obrigado, dona Eurides. Obrigado por me ensinar que devemos acreditar em sonhos e torna-los possíveis. Boa noite minha amiga.
EURIDES – Boa noite!
Telma apaga o abajur e fecha a porta.
Eurides se levanta da cama e caminha em direção a sacada do quarto. Ela observa as estrelas com admiração.
Em seguida, Eurides vem até o criado-mudo e retira dele um papel e uma caneta.
Ela olha fixamente para o papel, toma coragem e começa a escrever.
A cena vai escurecendo aos poucos. 

AMANHECE...

CENA 07: RUA/EXT./DIA

É mostrado várias imagens das ruas e famílias comemorando a chegado do natal, sorrisos, alegrias e gratidão.

Foco no apartamento de Eurides.

CENA 08: APARTAMENTO DE EURIDES/ QUARTO /INT./DIA

Telma abre a porta do quarto de Eurides e adentra. Ela abre as cortinas da janela.
TELMA – O dia está lindo dona Eurides, suas filhas já acordaram. Estão todos tomando café da manhã. Vamos, está na hora de acordar. 
Silêncio Geral. 
Telma desconfia de todo o silêncio de Eurides. Tremendo, ela se aproxima da cama e ao tocar em Eurides percebe que ela está fria e sem vida.
TELMA – Dona, Eurides, por favor, Acorda! 
Eurides permanece em silencio, somente seu corpo frio e sem vida permanece na cama.
Telma grita forte, um grito que resplandece pelo apartamento e pelas ruas.
A cena escurece aos poucos até fechar completamente.

CENA 09: CEMITÉRIO /INT./DIA 

É mostrado o caixão de Eurides descendo até a cova. 
Joana, Eva e Vilma choram ao ver a cena.
Telma não consegue se controlar e chora muito, Florentino a apoia.
Vânia e Atenor observam a cena angustiados. 
Não dava para acreditar como tudo aquilo tinha ocorrido, mas a dor que corrompera o coração de todos naquele momento era mais forte que qualquer sentimento humano, o sentimento mais doloroso, a morte.

CENA 10: APARTAMENTO DE EURIDES /SALA/ INT./DIA

Todos chegam do cemitério, ainda em choque com o ocorrido.
TELMA – Não dá pra acreditar que tudo isso aconteceu!
VILMA – Não dá mesmo. Ela não podia nos deixar!
JOANA – Sinto tanta dor no meu coração que nem consigo suportar mais. 
EVA – A gente devia ter visitado ela, conversado mais com ela. Nós somos monstros. Não fomos as filhas que mamãe imaginássemos que fôssemos. 
TELMA – Não, não falem isso. A mãe de vocês não gostaria que vocês ficassem se culpando, ela amava tanto vocês. Sabe, apesar de toda dor, sinto que dona Eurides morreu feliz, esse era seu maior sonho, rever vocês, e ela conseguiu, não é?
Todos choram emocionados. Mary chega correndo na sala.
MARY – Vocês precisam ver isso. Olhem o que encontrei... (ASSUSTADA)
EVA – O que é isso?
MARY – Uma carta. Vovó que escreveu. Estava no meu quarto. Alguém deixou lá. 
JOANA – Deixe-me ver! 
Mary entrega a carta a Joana.
JOANA – Sim, é uma carta. Não tenho condições de ler isso.
EVA – Eu também não. Leia você Telma.
Joana entrega a carta a Telma.
TELMA – Eu vou ler então. (TRÊMULA)
Telma começa a ler a carta em voz alta. 
VOZ DE EURIDES – Sei que devem estar tristes com minha partida, sei também que eu não queria que isso acontecesse. Com muita dor e lágrimas nos olhos escrevo essa carta. A única palavra que tenho no momento é gratidão, gratidão por tudo. Peço que não chorem, não façam isso. Eu ficaria muito triste em ver vocês chorando. Muito se fala da morte, muitos têm medo dela, eu não tenho medo. E aconselho que vocês também não tenham. Vocês sabiam que quando morremos nos tornamos estrelas? Pois é, estrelas. As mesmas estrelas que brilham todas as noites. São espíritos, são pessoas que partiram, mas que não deixaram de observar e interceder pelos seus. Eu serei estrela. Vocês também serão. A morte é sempre um nascimento, um recomeço. E esse é o verdadeiro espírito do natal: recomeço e gratidão. Esse é o verdadeiro sentido. Já está chegando a hora, como sei? As estrelas me disseram. Irei deitar naquela cama pela última vez e descansarei, Telma me encontrará logo ao amanhecer, depois todos ficarão aflitos, mas tenho certeza que com o tempo tudo se acertará, o tempo sempre cura qualquer ferida. E quando tiverem saudades de mim não se esqueçam: olhem para o céu, eu brilharei como uma estrela, como todas aquelas que brilham lá no céu. 
Telma fecha a carta emocionada.
Todos choram emocionados.
A CAM caminha até o quarto de Eurides, adentrando no guarda-roupa, é mostrado o álbum de recordações de Eurides, ele se abre, mostrando uma foto de Eurides abraçada com as filhas ainda pequenas. A cena congela e torna-se uma estrela no céu.

                            FIM!!!


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