DESTINO - Capítulo 42: Brinquedo



Na casa de Iná:
Ellen: Vitor, você sabe rastrear ligações de celulares.
Vitor: Sei, mas faz tempo que não faço isso. Por que?
Ellen: Meu pai pediu um favor seu.
Vitor: Não vai dizer que ele desconfia da dona Vera?
Ellen: Deixa de ser bobo, claro que não. Ele quer que você rastreie o celular da minha mãe.
Vitor: Da Bárbara? Opa, aceito. Deve ter muitos podres ali.
Ellen: Vitor, por favor, pode falar sério?
Vitor: Desculpa. Esqueci que ela é sua mãe.
Ellen: Obrigado por lembrar. Enfim. Pode ou não?
Vitor: Faço com o maior prazer, mas eu preciso ter o celular em mãos. Você consegue isso?
Ellen: Eu vou tentar. Assim que eu conseguir eu te passo, mas você tem que ser rápido.
Vitor: Tudo bem, combinados.


Na casa de Lívia e Mateus:
Mateus: Lívia, você acordou?
Lívia: Não consigo dormir em meio de semana e ainda mais depois de ter ido naquele lugar horrível.
Mateus: Te entendo, amor. Quer comer algo?
Lívia: Não, estou com embrulho no estomago. Estou preocupada. Não bastasse tudo que aquela cachorra fez, ainda morreu me deixando com problemas. Eu realmente devo ter muita sorte. Com a cabeça desse jeito eu nem consigo pensar agora em encontrar meus pais biológicos. Sabe, Mateus, estou pensando em desistir. Se eu não tivesse ido com tanta gana de fazer isso eu não teria chegado até esta Maria do Socorro ou Vânia, sabe-se lá qual é o nome desse demônio e não estaria na situação que estou agora.
Mateus: Lívia, eu vou te ajudar no que for necessário. Você não vai se prejudicar por causa disso. Eu prometo.
Lívia: Promete? Como se você não é policial e nem advogado?
Mateus: Eu prometo. E isso basta. Agora, se prepara pra comer algo. Daqui a pouco o Bernardo acorda e não vamos ter condições de dormir enquanto ele estiver acordado.

Ellen chega à casa de Bárbara e inicia a instalação das câmeras com áudio.
Ellen: Pois bem. Vou instalar uma em cada cômodo, mas aqui na sala vou espalhar mais, a sala é muito grande. Só espero que o meu pai saiba o que está fazendo.
Ellen percebe que o celular de Bárbara está em casa, mesmo sem ela estar lá.
Ellen: É agora. Seja o que o destino quiser!
Quando estava indo embora, percebe que Bárbara estava chegando e então se esconde em uma dispensa próxima à cozinha.
Bárbara: Alô é do salão? Estou ligando pra avisar que eu vou me atrasar. Esqueci meu celular em casa. Sim, já vou procurá-lo e vou pra aí sou a cliente das 16 horas. Esse é meu telefone fixo, mas pode usar de contato sim. Obrigada. Tchau.
Cadê o meu celular? Eu juro que deixei aqui. Não posso ter esquecido! Não estou tão velha assim pra começar a esquecer das coisas. Quer saber, esquece! Depois eu pego. Se eu perder esse horário no salão só na semana que vem agora.
Bárbara desiste de procurar o celular e sai sem ele.
Ellen respira aliviada e vai embora também, alguns minutos depois de sua mãe sair.

Vera: Tiago, alcança meu celular por favor.
Tiago: Está aqui, mãe.
Vera: Obrigada, filho.
Vera liga para Lívia.
Vera: Lívia, minha filha. Tudo bem?
Lívia: Tudo bem, dona Vera. Olha, o Mateus acabou indo pro hospital sozinho hoje, se não eu passava pra ele falar um pouco com a senhora.
Vera: Que bom que ele não está aí. Você pode conversar comigo já?
Lívia: Até posso, mas fico tão receosa de deixar o Bernardo sozinho. Esta madrugada já tive que fazer isso.
Vera: Mas, por que?
Lívia: Uma longa história, dona Vera. Prefiro contar quando estivermos juntas pessoalmente.
Vera: Como quiser. Mas, eu te liguei para falar sobre meu filho. O aniversário dele vai ser no final do mês e eu queria fazer uma surpresa, ainda mais agora que ele se tornou pai. Queria marcar essa nova fase na vida dele.
Lívia: Claro, Vera. Posso encontrar você na sexta-feira à tarde? Eu preciso levar a enfermeira que está me ajudando nestes primeiros momentos com o Bernardo, até porque eu preciso amamentá-lo.
Vera: Claro. Combinado. Esta semana estou com o restaurante fechado então eu posso te receber a qualquer hora da tarde.
Lívia: Chego lá pelas 15 horas. Até mais, sogrinha.
Vera: Até mais, Lívia.
Vera desliga e Tiago aborda a mãe.
Tiago: Você não sabe disfarçar que está mentindo mesmo, não é? É por que a Lívia não convive com você, mas eu sei que você está querendo falar sobre outra coisa com ela.
Vera: Não vou mentir, meu filho. Você está certo. Mas não é hora de falar disso.
Tiago: Tudo bem, como a senhora quiser.

Ellen chega em casa.
Ellen: Vitor, está aqui o celular da minha mãe.
Vitor: Mas que rápida, não deu nem quatro horas desde que conversamos.
Ellen: E com a mesma rapidez você vai instalar o programa pra ouvirmos as chamadas da minha mãe, porque até amanhã eu quero devolver esse telefone, se não ela inventa de comprar outro e aí já viu.
Vitor: Daqui vinte minutos eu te entrego.
Ellen: Muito obrigado, cunhado eficiente.
Vitor: Já sabe o que eu quero, não é?
Ellen: A sua lasanha glúten free está reservada naquela padaria. Não se preocupe.
Vitor: Só isso?
Ellen: O que mais você quer?
Vitor: Você sabe...
Ellen: Tá. Já entendi.
Vitor: Ótimo. Em breve te entrego o celular do jeito que me pediu.

Bárbara chega em casa e antes mesmo de terminar de girar as chaves ela é abordada por Mateus.
Mateus: Você vai me escutar e é bom que você não me enrole, já que não me atende o celular.
Bárbara: Você acha que eu sou a defunta da Fernanda para pegar meu braço desse jeito seu merdinha? Só falta me jogar e me matar como fez com ela. Eu nem se quer sei onde está meu celular pra sua informação.
Mateus: É bom você dar um jeito no caso da Vânia.
Bárbara: Do que você está falando?
Mateus: Vamos entrar. Aqui na rua podem nos ouvir.
Bárbara e Mateus entram e fecham a porta.
Mateus: Sabe a morte da Vânia? Está respingando na Lívia!
Bárbara: Me explica melhor isso.
Mateus: Nesta madrugada fomos depor, porque identificaram a Vânia e como a Lívia tinha descoberto que ela estava se fazendo passar por sua mãe, acabou sendo interligada. É possível que possam começar a investigar a Lívia, achando que ela pode ter algo a ver com a morte da Vânia.
Bárbara faz uma cara de surpresa e começa a rir descontroladamente.
Bárbara: Hahahahahahahahahahahahahahah. É sério isso?
Mateus: Do que você está rindo, sua retardada?
Bárbara: Isso é excelente. Vão focar na bastardinha e vão esquecer da gente. Como eu amo o destino!
Mateus se enfurece e desfere um tapa na cara de Bárbara.

Mateus: Sua vaca velha! A Lívia não pode ir presa! Animal dos infernos!
Bárbara: Você viu o que você acabou de fazer seu favelado?!
Mateus: O meu filho NÃO vai ficar ausente da mãe em nenhum momento. Nem que pra isso eu sacrifique você e a mim, está me ouvindo?
Bárbara: Ninguém me bate, Mateus. Você não sabe o que acabou de fazer.
Mateus: E ninguém mexe com a minha família, não sem sair com alguma marca. Já deveria ter percebido isso. Quem não me garante que você não fará algum mal a minha mãe também como fez para a Vânia? Já xingou o meu irmão! Agora, meu filho você não vai afetar, Bárbara.
Bárbara: Pois fique sabendo que eu mandei acabar com aquele pé sujo que a tua mãe chama de restaurante!
Mateus: Como é que é? Minha mãe e minha tia deram um duro pra levantar aquilo e você mandou destruir?
Bárbara: Por mim destruía tudo com elas dentro, está me ouvindo? Odeio sua família! Odeio a Iná que veio do passado pra acabar com o meu casamento com essa história de filha desaparecida! Odeio a Lívia. Odeio essa merda de criança que acabou de nascer.
Pegando-a pelas bochechas, Mateus aperta Bárbara fortemente.
Mateus: Olha aqui, sua piranha loira de grife, você vai limpar essa boca pra falar do meu filho.
Mateus leva Bárbara até o banheiro e esfrega água com sabão na boca da megera.
Mateus: Isso, bem limpinha, pra aprender a nunca falar mal do meu filho.
Bárbara é jogada no chão.
Bárbara: Eu te odeioooooooooooooooooooooooooooooooooooooo!!!! Seu merdaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!! Eu vou te mataaaaaaaaar!!!!
Bárbara pega vasos que tinha pela casa e lança em direção a Mateus, que foge, mas um deles acerta seu braço e o machuca. Mateus vai embora.
Bárbara grita sozinha em casa: Eu vou te matar, Mateus! Eu vou acabar com você e toda a sua família. Com todos vocês, seus inúteis! Seus acéfalos! Favelados!

Ellen volta à casa de Bárbara para devolver o celular.
Ellen: Mãe? A senhora está em casa?
Ninguém responde e Ellen adentra e começa a ficar assustada com a cena que vê de destruição.
Ellen: Senhor! O que aconteceu aqui?
Caminha mais alguns metros até o quarto de Bárbara e a encontrou chorando de raiva em sua cama.
Ellen: Mãe, o que aconteceu com você?
Bárbara: Eu odeio todos vocês. Me abandonam, atrapalham a minha vida e me fazem parecer que sou a vilã.
Ellen: Do que você está falando? Estou ficando assustada!
Bárbara: E é pra ficar mesmo. Você acha que seu pai vai ser feliz com aquela cozinheira de várzea? E você acha que vai ser feliz com aquela sapatona?
Ellen: Mãe, para com isso.
Bárbara: Veio fazer o que aqui? Ver a minha desgraça? A minha ruína?
Ellen: Eu vim ver como a senhora está! Olha, eu me assustei. Tem cacos lá na sala, o banheiro está uma bagunça e eu encontrei isto (diz Ellen mostrando o celular) atrás do sofá.
Bárbara: Eu estava procurando isso o dia inteiro. Ao menos pra alguma coisa você presta. Mas, agora, vá embora. Já viu que eu continuo péssima, então, não tem mais o que fazer aqui.
Ellen: Não quer se abrir co...
Bárbara: Saia daqui! Saia, sua infeliz traidora!
Ellen corre assustada para fora de sua casa.

Manoel liga para Ellen.
Manoel: Oi, filha. Tudo bem?
Ellen: Pai, por que você me pediu pra instalar as câmeras na casa da mãe?
Manoel: Ellen, eu já te disse que vou falar no momento certo.
Ellen: A mãe estava louca agora à noite quando eu fui lá colocar o celular dela de novo na casa. Gritando, a casa estava toda destruída. Pai, o que está acontecendo?
Manoel: Filha, como eu faço para ver as primeiras imagens das câmeras? E o Vitor já consegue detectar as chamadas que a sua mãe faz e recebe do celular?
Ellen: Você vê pelo meu notebook e o Vitor consegue sim identificar as chamadas, mas acho que não deve ter tido nenhuma, pois eu acabei de deixar o celular lá com ela.
Manoel: Eu te encontro na casa da Iná daqui quarenta minutos. Preciso ver o que você já registrou com as câmeras.
Ellen: Certo, já estou voltando pra casa.

Manoel e Vera vão para a casa de Iná e ao chegarem lá batem na porta.
Iná: Manoel? Vera? Por que a esta hora aqui em casa?
Manoel: A Ellen já chegou?
Iná: Já. Algum problema com ela?
Manoel: Venha com a gente, Iná. Talvez a ideia das câmeras já tenha dado algum resultado.

Os três chamam por Ellen no quarto dela e de Priscila.
Ellen: Eu vou pegar o notebook. Esperem aqui fora, a Priscila está dormindo e eu não quero acordá-la.
Vitor: Ellen, vi sua mensagem no celular. Por enquanto sua mãe não recebeu nenhuma chamada.
Vera: Vocês se conversam pelo celular morando na mesma casa?
Iná: Eu já falei que acho isso o fim do mundo, mas com esses três não tem o que falar, são assim mesmo, não largam esta porcaria o dia inteiro.
Manoel: A sala parece ser o local mais apropriado. Vamos para lá.
Todos se reúnem na sala e Ellen abre o celular.
Ellen: Olha, minha mãe está entrando com alguém em casa.
Vitor: Eu conheço esse cara.
Manoel: É o Mateus!
Iná: Sim, é ele.
Vera: Minhas suspeitas estavam certas. Não pode ser! Que vergonha.
Ellen: Vocês podem me explicar o que está acontecendo? Se não me explicarem eu não continuo a mostrar o vídeo.
Manoel: Lembra que eu e a Iná temos uma filha desaparecida?
Ellen: Claro, como poderia esquecer?
Manoel: Pois bem, a Vera descobriu a algum tempo atrás que a Lívia, esposa do Mateus e nora dela, é adotada. A história da adoção da Lívia bate com a história da filha que desapareceu. Tudo indica que ela é a nossa filha. Mesmo local e data de nascimento.
Ellen: E onde a minha mãe e agora o Mateus entram nisso?
Vera: A gente suspeita que de alguma maneira a Bárbara e o Mateus descobriram que a Lívia e a nossa filha eram a mesma pessoa e se uniram para nos impedir de reencontrarmos ela. O Mateus por ambição e a Bárbara possivelmente por vingança. Nessa história toda ainda envolveram outras pessoas.
Iná: Ellen, tem até uma mulher que trabalhava comigo na casa do Manoel na época em que eu engravidei que se uniu a eles e se fez passar por mãe da Lívia.
Ellen: Meu Deus, que história louca. Descabida. Horrível.
Manoel: Para gerarmos provas e termos certeza que estamos indo pro lado certo, pedimos para vocês nos ajudarem com câmeras e rastreamento de chamadas. Ao menos que Mateus e Bárbara tem uma ligação já confirmamos. Podemos ver o restante das gravações? E você poderia aumentar o áudio?
Ellen: Posso sim. Vamos ver.
Mais alguns minutos de gravações e eles veem toda a cena desde do início da discussão até a hora em que Mateus corre da casa da Bárbara.
Manoel: Fernanda? Eu me lembro desse nome.
Iná: Eu lembro da gente ter visto o Mateus uma vez com uma moça. Ele tava até sendo agressivo, você ainda foi defenda-la, lembra?

FLASHBACK
Manoel: Larga o braço da moça!
Mateus: Não te intromete que a conversa não é com você.
Manoel: Ou você larga ela ou eu chamo a polícia.
Mateus: Cuida da sua senhora que da minha cuido eu.
Manoel: Ela não é MINHA senhora e eu sou advogado e vou lhe tacar um processo se você começar a me desrespeitar, piá!

Manoel: Claro que eu me lembro, mas não era a Lívia.
Vera: Era essa moça aqui da foto (diz Vera mostrando o celular)
Manoel: Ela mesma.
Vera: Era amante dele.
Iná: Vem cá, Vera, você via seu filho fazendo merda assim e não fazia nada pra impedir?
Vera: Você quer que eu fique me responsabilizando por um marmanjo de 28 anos?
Iná: Meus filhos são maiores de idade e ainda hoje se for preciso eu dou uma lição neles sim.
Vera: Tá sugerindo que eu sou fraca como mãe?
Iná: To sugerindo que você tem medo e desconfiança da criação que deu para os seus filhos. O mínimo que você deveria ter feito era ter contado pra Lívia que o Mateus a traía.
Vera: Eu nunca fui a favor do casamento do Mateus com ela justamente porque eu sabia que ele amava a Fernanda, mas eu não gosto de ficar me intrometendo na vida deles.
Iná: Não gosta ou acoberta?
Vera: Quer saber, eu não vou ficar aqui ouvindo desaforo.
Vitor: Por favor, não briguem.
Iná: Olha o tanto de coisa séria que estava envolvido e você simplesmente não queria se intrometer? Vera, em que mundo você vive?
Vera: E você sabe o quanto o Mateus também sofreu? Você não conhece o meu filho, não sabe das coisas pela qual ele passou. Ele foi o que mais sofreu com a morte do Marcos. Eu nunca imaginei que ia resultar nisso. Inúmeras vezes eu falei pro Mateus terminar com a Lívia. Chega, eu vou embora.
Vitor: Pessoal, espera, a Bárbara está mandando um áudio pelo whats. Vamos ouvir.
Vitor aumenta o volume do celular dele.
- Bárbara: Preciso de outro brinquedo, aquele eu já eliminei. Eu mesma vou usar. Faz o levantamento e depois me fala o preço.

Vitor encerra o aplicativo.
Manoel: Brinquedo?
Ellen: Minha mãe está louca.
Iná: O que foi Ellen?
Ellen: Brinquedo significa arma. Ela está louca com o Mateus e vai matá-lo.
Vera: Como?
Manoel: Vera, ele fez ela beber água e sabão praticamente. A briga deles foi séria, o Mateus corre perigo.
Iná: O que você pretende fazer Vera?
Vera (chorando de medo): O Mateus está disposto a proteger o filho dele de qualquer jeito, assim como ele sempre fez com a nossa família. Eu sei o que fazer para ele pagar pelos crimes dele, se livrar da Bárbara e libertar a Lívia de toda esta mentira. Deixem comigo!

--------------------------------- GANCHO: MARIA! MARIA! (Milton Nascimento) ---------------------------

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