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Na casa de Iná:
Ellen: Vitor, você sabe
rastrear ligações de celulares.
Vitor: Sei, mas faz tempo que
não faço isso. Por que?
Ellen: Meu pai pediu um favor
seu.
Vitor: Não vai dizer que ele
desconfia da dona Vera?
Ellen: Deixa de ser bobo,
claro que não. Ele quer que você rastreie o celular da minha mãe.
Vitor: Da Bárbara? Opa,
aceito. Deve ter muitos podres ali.
Ellen: Vitor, por favor, pode
falar sério?
Vitor: Desculpa. Esqueci que
ela é sua mãe.
Ellen: Obrigado por lembrar.
Enfim. Pode ou não?
Vitor: Faço com o maior
prazer, mas eu preciso ter o celular em mãos. Você consegue isso?
Ellen: Eu vou tentar. Assim
que eu conseguir eu te passo, mas você tem que ser rápido.
Vitor: Tudo bem, combinados.
Na casa de Lívia e Mateus:
Mateus: Lívia, você acordou?
Lívia: Não consigo dormir em
meio de semana e ainda mais depois de ter ido naquele lugar horrível.
Mateus: Te entendo, amor. Quer
comer algo?
Lívia: Não, estou com embrulho
no estomago. Estou preocupada. Não bastasse tudo que aquela cachorra fez, ainda
morreu me deixando com problemas. Eu realmente devo ter muita sorte. Com a
cabeça desse jeito eu nem consigo pensar agora em encontrar meus pais
biológicos. Sabe, Mateus, estou pensando em desistir. Se eu não tivesse ido com
tanta gana de fazer isso eu não teria chegado até esta Maria do Socorro ou
Vânia, sabe-se lá qual é o nome desse demônio e não estaria na situação que estou
agora.
Mateus: Lívia, eu vou te
ajudar no que for necessário. Você não vai se prejudicar por causa disso. Eu
prometo.
Lívia: Promete? Como se você
não é policial e nem advogado?
Mateus: Eu prometo. E isso
basta. Agora, se prepara pra comer algo. Daqui a pouco o Bernardo acorda e não
vamos ter condições de dormir enquanto ele estiver acordado.
Ellen chega à casa de Bárbara e inicia a instalação das câmeras
com áudio.
Ellen: Pois bem. Vou instalar
uma em cada cômodo, mas aqui na sala vou espalhar mais, a sala é muito grande.
Só espero que o meu pai saiba o que está fazendo.
Ellen percebe que o celular de Bárbara está em casa, mesmo sem ela
estar lá.
Ellen: É agora. Seja o que o
destino quiser!
Quando estava indo embora, percebe que Bárbara estava chegando e
então se esconde em uma dispensa próxima à cozinha.
Bárbara: Alô é do salão? Estou
ligando pra avisar que eu vou me atrasar. Esqueci meu celular em casa. Sim, já
vou procurá-lo e vou pra aí sou a cliente das 16 horas. Esse é meu telefone
fixo, mas pode usar de contato sim. Obrigada. Tchau.
Cadê o meu celular? Eu juro
que deixei aqui. Não posso ter esquecido! Não estou tão velha assim pra começar
a esquecer das coisas. Quer saber, esquece! Depois eu pego. Se eu perder esse
horário no salão só na semana que vem agora.
Bárbara desiste de procurar o celular e sai sem ele.
Ellen respira aliviada e vai embora também, alguns minutos depois
de sua mãe sair.
Vera: Tiago, alcança meu
celular por favor.
Tiago: Está aqui, mãe.
Vera: Obrigada, filho.
Vera liga para Lívia.
Vera: Lívia, minha filha. Tudo
bem?
Lívia: Tudo bem, dona Vera.
Olha, o Mateus acabou indo pro hospital sozinho hoje, se não eu passava pra ele
falar um pouco com a senhora.
Vera: Que bom que ele não está
aí. Você pode conversar comigo já?
Lívia: Até posso, mas fico tão
receosa de deixar o Bernardo sozinho. Esta madrugada já tive que fazer isso.
Vera: Mas, por que?
Lívia: Uma longa história,
dona Vera. Prefiro contar quando estivermos juntas pessoalmente.
Vera: Como quiser. Mas, eu te
liguei para falar sobre meu filho. O aniversário dele vai ser no final do mês e
eu queria fazer uma surpresa, ainda mais agora que ele se tornou pai. Queria
marcar essa nova fase na vida dele.
Lívia: Claro, Vera. Posso
encontrar você na sexta-feira à tarde? Eu preciso levar a enfermeira que está
me ajudando nestes primeiros momentos com o Bernardo, até porque eu preciso
amamentá-lo.
Vera: Claro. Combinado. Esta
semana estou com o restaurante fechado então eu posso te receber a qualquer
hora da tarde.
Lívia: Chego lá pelas 15
horas. Até mais, sogrinha.
Vera: Até mais, Lívia.
Vera desliga e Tiago aborda a mãe.
Tiago: Você não sabe disfarçar
que está mentindo mesmo, não é? É por que a Lívia não convive com você, mas eu
sei que você está querendo falar sobre outra coisa com ela.
Vera: Não vou mentir, meu
filho. Você está certo. Mas não é hora de falar disso.
Tiago: Tudo bem, como a
senhora quiser.
Ellen chega em casa.
Ellen: Vitor, está aqui o
celular da minha mãe.
Vitor: Mas que rápida, não deu
nem quatro horas desde que conversamos.
Ellen: E com a mesma rapidez
você vai instalar o programa pra ouvirmos as chamadas da minha mãe, porque até
amanhã eu quero devolver esse telefone, se não ela inventa de comprar outro e
aí já viu.
Vitor: Daqui vinte minutos eu
te entrego.
Ellen: Muito obrigado, cunhado
eficiente.
Vitor: Já sabe o que eu quero,
não é?
Ellen: A sua lasanha glúten
free está reservada naquela padaria. Não se preocupe.
Vitor: Só isso?
Ellen: O que mais você quer?
Vitor: Você sabe...
Ellen: Tá. Já entendi.
Vitor: Ótimo. Em breve te
entrego o celular do jeito que me pediu.
Bárbara chega em casa e antes mesmo de terminar de girar as chaves
ela é abordada por Mateus.
Mateus: Você vai me escutar e
é bom que você não me enrole, já que não me atende o celular.
Bárbara: Você acha que eu sou
a defunta da Fernanda para pegar meu braço desse jeito seu merdinha? Só falta
me jogar e me matar como fez com ela. Eu nem se quer sei onde está meu celular
pra sua informação.
Mateus: É bom você dar um
jeito no caso da Vânia.
Bárbara: Do que você está
falando?
Mateus: Vamos entrar. Aqui na
rua podem nos ouvir.
Bárbara e Mateus entram e fecham a porta.
Mateus: Sabe a morte da Vânia?
Está respingando na Lívia!
Bárbara: Me explica melhor
isso.
Mateus: Nesta madrugada fomos
depor, porque identificaram a Vânia e como a Lívia tinha descoberto que ela
estava se fazendo passar por sua mãe, acabou sendo interligada. É possível que
possam começar a investigar a Lívia, achando que ela pode ter algo a ver com a
morte da Vânia.
Bárbara faz uma cara de surpresa e começa a rir
descontroladamente.
Bárbara:
Hahahahahahahahahahahahahahah. É sério isso?
Mateus: Do que você está
rindo, sua retardada?
Bárbara: Isso é excelente. Vão
focar na bastardinha e vão esquecer da gente. Como eu amo o destino!
Mateus se enfurece e desfere um tapa na cara de Bárbara.
Mateus: Sua vaca velha! A
Lívia não pode ir presa! Animal dos infernos!
Bárbara: Você viu o que você
acabou de fazer seu favelado?!
Mateus: O meu filho NÃO vai
ficar ausente da mãe em nenhum momento. Nem que pra isso eu sacrifique você e a
mim, está me ouvindo?
Bárbara: Ninguém me bate,
Mateus. Você não sabe o que acabou de fazer.
Mateus: E ninguém mexe com a
minha família, não sem sair com alguma marca. Já deveria ter percebido isso.
Quem não me garante que você não fará algum mal a minha mãe também como fez
para a Vânia? Já xingou o meu irmão! Agora, meu filho você não vai afetar,
Bárbara.
Bárbara: Pois fique sabendo
que eu mandei acabar com aquele pé sujo que a tua mãe chama de restaurante!
Mateus: Como é que é? Minha
mãe e minha tia deram um duro pra levantar aquilo e você mandou destruir?
Bárbara: Por mim destruía tudo
com elas dentro, está me ouvindo? Odeio sua família! Odeio a Iná que veio do
passado pra acabar com o meu casamento com essa história de filha desaparecida!
Odeio a Lívia. Odeio essa merda de criança que acabou de nascer.
Pegando-a pelas bochechas, Mateus aperta Bárbara fortemente.
Mateus: Olha aqui, sua piranha
loira de grife, você vai limpar essa boca pra falar do meu filho.
Mateus leva Bárbara até o banheiro e esfrega água com sabão na
boca da megera.
Mateus: Isso, bem limpinha,
pra aprender a nunca falar mal do meu filho.
Bárbara é jogada no chão.
Bárbara: Eu te
odeioooooooooooooooooooooooooooooooooooooo!!!! Seu merdaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!
Eu vou te mataaaaaaaaar!!!!
Bárbara pega vasos que tinha pela casa e lança em direção a
Mateus, que foge, mas um deles acerta seu braço e o machuca. Mateus vai embora.
Bárbara grita sozinha em casa:
Eu vou te matar, Mateus! Eu vou acabar com você e toda a sua família. Com todos
vocês, seus inúteis! Seus acéfalos! Favelados!
Ellen volta à casa de Bárbara para devolver o celular.
Ellen: Mãe? A senhora está em
casa?
Ninguém responde e Ellen adentra e começa a ficar assustada com a
cena que vê de destruição.
Ellen: Senhor! O que aconteceu
aqui?
Caminha mais alguns metros até o quarto de Bárbara e a encontrou
chorando de raiva em sua cama.
Ellen: Mãe, o que aconteceu
com você?
Bárbara: Eu odeio todos vocês.
Me abandonam, atrapalham a minha vida e me fazem parecer que sou a vilã.
Ellen: Do que você está
falando? Estou ficando assustada!
Bárbara: E é pra ficar mesmo.
Você acha que seu pai vai ser feliz com aquela cozinheira de várzea? E você
acha que vai ser feliz com aquela sapatona?
Ellen: Mãe, para com isso.
Bárbara: Veio fazer o que
aqui? Ver a minha desgraça? A minha ruína?
Ellen: Eu vim ver como a
senhora está! Olha, eu me assustei. Tem cacos lá na sala, o banheiro está uma
bagunça e eu encontrei isto (diz Ellen mostrando o celular) atrás do sofá.
Bárbara: Eu estava procurando
isso o dia inteiro. Ao menos pra alguma coisa você presta. Mas, agora, vá
embora. Já viu que eu continuo péssima, então, não tem mais o que fazer aqui.
Ellen: Não quer se abrir co...
Bárbara: Saia daqui! Saia, sua
infeliz traidora!
Ellen corre assustada para fora de sua casa.
Manoel liga para Ellen.
Manoel: Oi, filha. Tudo bem?
Ellen: Pai, por que você me
pediu pra instalar as câmeras na casa da mãe?
Manoel: Ellen, eu já te disse
que vou falar no momento certo.
Ellen: A mãe estava louca
agora à noite quando eu fui lá colocar o celular dela de novo na casa.
Gritando, a casa estava toda destruída. Pai, o que está acontecendo?
Manoel: Filha, como eu faço para
ver as primeiras imagens das câmeras? E o Vitor já consegue detectar as
chamadas que a sua mãe faz e recebe do celular?
Ellen: Você vê pelo meu
notebook e o Vitor consegue sim identificar as chamadas, mas acho que não deve
ter tido nenhuma, pois eu acabei de deixar o celular lá com ela.
Manoel: Eu te encontro na casa
da Iná daqui quarenta minutos. Preciso ver o que você já registrou com as
câmeras.
Ellen: Certo, já estou
voltando pra casa.
Manoel e Vera vão para a casa de Iná e ao chegarem lá batem na
porta.
Iná: Manoel? Vera? Por que a
esta hora aqui em casa?
Manoel: A Ellen já chegou?
Iná: Já. Algum problema com
ela?
Manoel: Venha com a gente,
Iná. Talvez a ideia das câmeras já tenha dado algum resultado.
Os três chamam por Ellen no quarto dela e de Priscila.
Ellen: Eu vou pegar o
notebook. Esperem aqui fora, a Priscila está dormindo e eu não quero acordá-la.
Vitor: Ellen, vi sua mensagem
no celular. Por enquanto sua mãe não recebeu nenhuma chamada.
Vera: Vocês se conversam pelo
celular morando na mesma casa?
Iná: Eu já falei que acho isso
o fim do mundo, mas com esses três não tem o que falar, são assim mesmo, não
largam esta porcaria o dia inteiro.
Manoel: A sala parece ser o
local mais apropriado. Vamos para lá.
Todos se reúnem na sala e Ellen abre o celular.
Ellen: Olha, minha mãe está
entrando com alguém em casa.
Vitor: Eu conheço esse cara.
Manoel: É o Mateus!
Iná: Sim, é ele.
Vera: Minhas suspeitas estavam
certas. Não pode ser! Que vergonha.
Ellen: Vocês podem me explicar
o que está acontecendo? Se não me explicarem eu não continuo a mostrar o vídeo.
Manoel: Lembra que eu e a Iná
temos uma filha desaparecida?
Ellen: Claro, como poderia
esquecer?
Manoel: Pois bem, a Vera
descobriu a algum tempo atrás que a Lívia, esposa do Mateus e nora dela, é
adotada. A história da adoção da Lívia bate com a história da filha que
desapareceu. Tudo indica que ela é a nossa filha. Mesmo local e data de
nascimento.
Ellen: E onde a minha mãe e
agora o Mateus entram nisso?
Vera: A gente suspeita que de
alguma maneira a Bárbara e o Mateus descobriram que a Lívia e a nossa filha
eram a mesma pessoa e se uniram para nos impedir de reencontrarmos ela. O
Mateus por ambição e a Bárbara possivelmente por vingança. Nessa história toda
ainda envolveram outras pessoas.
Iná: Ellen, tem até uma mulher
que trabalhava comigo na casa do Manoel na época em que eu engravidei que se
uniu a eles e se fez passar por mãe da Lívia.
Ellen: Meu Deus, que história
louca. Descabida. Horrível.
Manoel: Para gerarmos provas e
termos certeza que estamos indo pro lado certo, pedimos para vocês nos ajudarem
com câmeras e rastreamento de chamadas. Ao menos que Mateus e Bárbara tem uma
ligação já confirmamos. Podemos ver o restante das gravações? E você poderia
aumentar o áudio?
Ellen: Posso sim. Vamos ver.
Mais alguns minutos de gravações e eles veem toda a cena desde do
início da discussão até a hora em que Mateus corre da casa da Bárbara.
Manoel: Fernanda? Eu me lembro
desse nome.
Iná: Eu lembro da gente ter
visto o Mateus uma vez com uma moça. Ele tava até sendo agressivo, você ainda
foi defenda-la, lembra?
FLASHBACK
Manoel: Larga o braço da moça!
Mateus: Não te intromete que a conversa
não é com você.
Manoel: Ou você larga ela ou eu chamo a
polícia.
Mateus: Cuida da sua senhora que da minha
cuido eu.
Manoel: Ela não é MINHA senhora e eu sou
advogado e vou lhe tacar um processo se você começar a me desrespeitar, piá!
Manoel: Claro que eu me
lembro, mas não era a Lívia.
Vera: Era essa moça aqui da
foto (diz Vera mostrando o celular)
Manoel: Ela mesma.
Vera: Era amante dele.
Iná: Vem cá, Vera, você via
seu filho fazendo merda assim e não fazia nada pra impedir?
Vera: Você quer que eu fique
me responsabilizando por um marmanjo de 28 anos?
Iná: Meus filhos são maiores
de idade e ainda hoje se for preciso eu dou uma lição neles sim.
Vera: Tá sugerindo que eu sou
fraca como mãe?
Iná: To sugerindo que você tem
medo e desconfiança da criação que deu para os seus filhos. O mínimo que você
deveria ter feito era ter contado pra Lívia que o Mateus a traía.
Vera: Eu nunca fui a favor do
casamento do Mateus com ela justamente porque eu sabia que ele amava a
Fernanda, mas eu não gosto de ficar me intrometendo na vida deles.
Iná: Não gosta ou acoberta?
Vera: Quer saber, eu não vou
ficar aqui ouvindo desaforo.
Vitor: Por favor, não briguem.
Iná: Olha o tanto de coisa
séria que estava envolvido e você simplesmente não queria se intrometer? Vera,
em que mundo você vive?
Vera: E você sabe o quanto o
Mateus também sofreu? Você não conhece o meu filho, não sabe das coisas pela
qual ele passou. Ele foi o que mais sofreu com a morte do Marcos. Eu nunca
imaginei que ia resultar nisso. Inúmeras vezes eu falei pro Mateus terminar com
a Lívia. Chega, eu vou embora.
Vitor: Pessoal, espera, a
Bárbara está mandando um áudio pelo whats. Vamos ouvir.
Vitor aumenta o volume do celular dele.
- Bárbara: Preciso de outro
brinquedo, aquele eu já eliminei. Eu mesma vou usar. Faz o levantamento e
depois me fala o preço.
Vitor encerra o aplicativo.
Manoel: Brinquedo?
Ellen: Minha mãe está louca.
Iná: O que foi Ellen?
Ellen: Brinquedo significa
arma. Ela está louca com o Mateus e vai matá-lo.
Vera: Como?
Manoel: Vera, ele fez ela
beber água e sabão praticamente. A briga deles foi séria, o Mateus corre
perigo.
Iná: O que você pretende fazer
Vera?
Vera (chorando de medo): O
Mateus está disposto a proteger o filho dele de qualquer jeito, assim como ele
sempre fez com a nossa família. Eu sei o que fazer para ele pagar pelos crimes
dele, se livrar da Bárbara e libertar a Lívia de toda esta mentira. Deixem
comigo!
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GANCHO: MARIA! MARIA! (Milton Nascimento) ---------------------------
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