Capítulo 6
Aperta, acende e deixa subir pra cabeça
CENA 1/AO PÔR DO SOL-VIAGEM DE JEAN E BARTÔ/DIA
Bartô,
fecha um ‘back’, acende, fuma, e em seguida oferece a Jean.
Bartô
– Quer?
Jean
– Não sei se deveria.
Ainda indeciso, Jean, pega o “bolado” para experimentar.
Jean
– Sabe o que eu pensei? Que se eu não tivesse saído da minha
casa, da minha amada cidade, nada disso estaria acontecendo. –
Continua fumando.
Bartô
– E eu não teria encontrado um amigo.
Jean,
passa o “back” a Bartô.
Jean
– Quem é você? Qual a sua história?
Bartô
– Eu não tenho história, Jean. – fuma.
Tô
começando a escrever ela agora. Mas e você que vai fazer em Cuiabá?
Jean
– Não sei. Carlos, desgraçado deve estar em algum lugar do
inferno decidindo minha vida, por mim.
CENA 2/POUSADA EM SINOP/NOITE
Jean,
veste uma bermuda para dormir, Bartô, sentado numa
das camas olha o amigo, desnudo. Jean, guarda a mochila num armário
e deita-se na cama a esquerda.
Jean
– Passamos essa noite aqui e amanhã pegamos o primeiro ônibus pra
Capital e depois só Deus sabe o que será de nós.
Bartô
deita-se. Estica-se na cama e diz sorrindo:
Bartô
– Pois o desconhecido me agrada. Não se preocupe amigo, vai te
agradar também. Olhando
para, Jean. É
bom sentir medo, mas quando ele vai embora é melhor ainda.
Jean,
rindo.
Jean
– Você é muito louco, Bartô. Chapado. Boa noite!
Bartô
– Boa noite, Jean. – sorrindo,
olhando para o teto.
CENA 3/TERMINAL
RODOVIÁRIO DE CUIABÁ/ DIA
Jean
e Bartô, desembarcam em Cuiabá e caminham pelo terminal.
Jean
– Eu preciso fazer um telefonema.
Bartô
– Pois acho que nossa viagem então termina aqui.
Jean
balança a cabeça afirmativamente e emocionado, diz:
Jean
– Foi bom te conhecer, Bartô. –
Estendendo-lhe a mão.
Forte aperto de mãos.
Bartô
– Segue tua sina, que eu sigo a minha e se nos encontrarmos por aí,
sentamos pra falar de fábulas.
Jean,
vira as costas e segue caminhando. Ao olhar para trás já não o vê.
CENA 4/CUIABÁ/ESCRITÓRIO DE MARLA/DIA
Sentado em um gramado fuma, um cigarro e liga para, Marla Mendonça.
Jean
– Cheguei, consegui.
Marla
– Não sabe como me alegro de ouvi-lo, meu filho. Uma pessoa em nome de
Armando Cardona, te buscará, segue tua sina, Jean Ribeiro.
Marla,
desliga e trêmula solta o celular sobre a mesa.
Jean,
acende mais um cigarro, e sua mente ecoa: “Segue tua sina, Jean
Ribeiro”.
CENA 5/CASA DE CAROLINA/DIA
Num
quarto fechado, uma mulher ajoelha-se (doente terminal de câncer)
diante da imagem de Jesus Cristo e reza baixinho… Ao ajeitar-se
para deitar na cama, Carol, 26 anos, vestimenta e maquiagem de cores
vibrantes, entra:
Carol
– Mãe, deixe-me ajudar.
Segura
a para que deite-se.
Araceli
– Já não aguento mais, meu corpo todo dói.
Carol
– Agora deite-se e não pense mais na dor.
Araceli
– Há 2 anos que tento não pensar mais na dor, ou mais… Vou
morrer, minha filha.
Carol
– Não! Não, diga isso. –
Chorando.
Araceli
– Já não há mais nada a fazer. Já tomou conto de todo meu
corpo, vou esperar a morte aqui deitada nesta cama. Dê-me um
cigarro, por favor.
Carol
– Mãe, não [...] está bem!
Carol,
pega cigarros na gaveta da cômoda, acende, senta-se na cama e o leva
a boca da mãe.
Araceli
– Já estou morta em vida, um cigarrinho a mais não fará
diferença agora.
Carol
– Eu te admiro muito. Sabia?
Araceli
– Eu também me admirei muito. Fui uma grande mulher, uma grande
mãe e uma boa esposa, me entreguei de corpo e alma ao homem que
nunca mereceu. Maldito seja, Armando Cardona, seu pai, o rei.
CENA 6/FÁBRICA
REI DO FUMO/DIA
Por
um longo corredor, feito de madeira cor de fumo, Armando Cardona é
seguido por seu sobrinho, Fano. Armando é um senhor filho de
mexicanos, aparentando uns 65 anos de idade, um pouco grisalho que
usa bigode e devido sua origem é chamado por todos de Don Armando.
Don
Armando – Já te disse que não Fano, não insistas. usted es mi
sobrino, es de la familia, hombre.
Fano
– Há tio, e por que não? Já lhe provei inúmeras vezes minha
lealdade. Dom
Armando, para e olhando para Fano, diz:
Dom
Armando – No Hijo. Não será meu motorista. Essa persona já está
a caminho, muito bem recomendado por uma velha amiga. Usted vai se
preparar para ser meu sucessor nos negócios.
Fano
– Sempre pensei que a pessoa que iria te substituir seria a Carol.
Armando,
coloca a mão no ombro do sobrinho e os dois continuam andando.
Don
Armando – No. Carolina não tem tino para os negócios. Ficará bem
amparada. Preciso de uma persona com mãos de ferro, que não
fraqueje, e tu és meu melhor candido.
Fano,
se enche de orgulho ao ouvir o tio, e os dois contuinuam caminhando.
CENA 7/TRAIÇÃO
SE PAGA COM A MORTE/DIA
Em
uma camionete, dirigida por, Fano. Armando, desembarca em um lugar
alto, aberto de chão batido e se aproxima de Santiago, seu antigo
motorista, que está amarrado com os braços para trás de joelhos,
sob a mira de Ramiro, capanga de Armando e melhor amigo de Fano.
Don
Armando – Santiaguito, Santiaguito. eligió un hermoso día para
morir.
Santiago,
chorando, quase sem voz.
Santiago
– Don Armando, não me mate. Pensa nas minhas filhas. Só tenho
duas filhas.
Don
Armando – Debería haber pensado en sus hijas antes de
traicionarme. Es tarde, Don Armado, no tiene la costumbre de perdonar
sus deudas.
Don
armando, vira as costas e Fano saca a arma e dispara na cabeça de
Santiago.
Fano
– Como diria meu tio: Adiós, cerdo.
CENA 8/FÁBRICA
REI DO FUMO/DIA
Jean,
sentado no escritório de Armando Cardona é chamado por sua
secretária, Marcela, uma mulher de meia idade, seria.
Marcela
– Jean Ribeiro.
Jean
– Sim.
Marcela
– Dom Armando, o espera.
CENA 9/ESCRITÓRIO DE ARMANDO/DIA
Em
seu escritório, Dom Armando, acende um charuto. Jean, bate na porta.
Don
Armando – Entre.
Don
Armando, levanta-se.
Dom
Armando – Jean Ribeiro.
Jean,
nervoso.
Jean
– Don Armando Cardona.
CENA 10/CASA
DE DOM ARMANDO/DIA
Da
sacada do quarto, Carol vê Fano, chegando de carro e desce
encontrá-lo. No Jardim Fano a toma nos braços e lhe dá um beijo.
Fano
– Meu amor. Está sozinha?
Carol
– Sem empregados por perto.
Fano
– E sua mãe?
Carol
– Está chegando ao fim, Fano. E esse ódio pelo meu pai só
aumenta a cada dia.
Fano
– Pois hoje, meu tio disse que vai me preparar para substituí-lo
nos negócios. O fim está chegando para os dois, meu amor, logo
seremos só você e eu.
Carol
– Eu não pedi para viver essa vida, Fano.
Passando
a mão no rosto de Fano.
Carol
– Por favor, quando minha mãe não estiver mais aqui não tem
porque eu e você ficarmos. Esse dinheiro é maldito, sempre atraindo
mortes, pessoas perigosas. Nós ainda estamos limpos. Por favor,
vamos?
CENA 10/FÁBRICA
REI DO FUMO/DIA
Don
Armando, explica as funções e obrigações à Jean.
Dom
Armando – Serás meu motorista exclusivo. Vai me acompanhar em
todos os momentos, Jean Ribeiro, e ouvirá muitos segredos sobre meus
negócios.
Jean,
concorda com Dom Armando, que prossegue.
Don
Armando – Necessita ser atento e fiel, principalmente fiel. A
partir deste momento quem decide quando você sai e como sai sou eu.
Entendes castelhano?
Jean
– Muito pouco, Don Armando.
Dom
Armando – Entonces comienza a estudiar. Não gosto de trabalhar com
quem não entende o que digo.
Don
Armando, entrega uma chave e um papel com um endereço a Jean.
Don
Armando – Estas chaves é de um apartamento meu, vai morar lá. E
aqui o endereço, o aluguel será descontado do seu salário.
Jean,
levanta-se pega as chaves e ouve de Don Armando, que lhe estende a mão.
Dom
Armando – Bienvenido, Jean Ribeiro.
Jean
– Gracias, Don Armando Cardona, gracias.
congelamento final de capítulo Jean e Don Armando
Continua...
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