ENCONTROS - Capítulo 11


Capítulo XI

Frank
(Frank – 2012 – Dir.: Richard Heslop)


            A manhã chegou cinzenta, como um prenúncio do que estava por vir. Lia se despediu de Robert e foi ao trabalho. Joane, Gina, Steve, Fred já estava lá. Vera provavelmente não apareceria, pensou Lia, e apesar de tudo, ainda sentia falta de Gerson. Joane se mostrava apática, respondendo apenas com monossílabos e quando muito necessário. Gina não tentou disfarçar nenhum minuto sua frustração, e até chorou escondido. Steve nem notou, parecia que o motivo não era a noite que haviam passado junto. Ele não imaginava o quando Gina o amava, á tempos. Fred ficou se perguntando o tempo todo se deveria ou não falar á Joane que Donnie e Gerson haviam se encontrado. Lia finalmente percebeu que Frank não havia chegado e foi indagar Gina.
- Hoje ele teria que voltar. Mas não ligou nem nada pra avisar se atrasaria. – respondeu, sem muito se importar.

            A polícia havia recolhido o corpo de Liliam para exames. Vera continuava sobre efeitos de tranquilizantes, mas Robert foi avisado pelos médicos e se dirigiu ao hospital. Ele também sabia o que havia acontecido com a mãe. Ele não viu ela ser atacada, como não viu quem o empurrou da janela, mas sabia que era a mesma pessoa. E sabia quem era essa pessoa. Tiago ainda não sabia de nada, pois estava longe e envolvido com a saúde de Beatriz, que não corria risco de vida e logo seria liberada.
            Lia tentou várias vezes ligar para Frank, mas o celular dele estava desligado, e o residencial só chamava. Ela estava muito preocupada, pois Frank nunca atrasava ou faltava sem avisar. Avisou a Gina que iria na casa dele, e pediu para ela dar cobertura caso o chefe a procura-se . Gina concordou e ela foi ao prédio. Lia ainda não sabia que Liliam havia falecido, pois Robert resolveu não contar, levando em conta os problemas que tiveram na noite anterior. Chegando ao prédio, Lia primeiro bateu na porta. Não queria entrar e pegar Frank agarrado com alguém na cama. Mas depois de três tentativas, e de ouvir os rosnados de Dexter, resolveu abrir a porta. Estava pegando a chave na bolsa quando Tom abriu a porta do seu apartamento.
- O que aconteceu maluca? Isso é hora de fazer batucada nas portas? – perguntou irritado.
- Olha aqui Narciso, desculpe atrapalhar alguma orgia sua, mas vim visitar meu amigo que não apareceu pra trabalhar, não atende o telefone, não atende a porta, e o monstrinho dele está aí, porque estou ouvindo os latidos. Eu estou muito nervosa Tom. – disse já chorando e derrubando a chave.
- Desculpe ai maluca, não sabia disso. Calma que eu te ajudo. Ele está bem, conversamos até de manhã. Deve ter pegado no sono, já que aluguei os ouvidos dele por horas. Fica calma que eu abro pra você. – disse Tom pegando a chave e já abrindo a porta do apartamento de Frank.

            Assim que entraram Dexter pulou em Tom e Lia ficou com ciúmes, o cachorro gostava mais do vizinho exibicionista do que dela, mas o medo do que poderiam, ou não encontrar era maior e ela ficou parada na sala, chamando Frank. Tom fez ela sentar, já eram quase meio-dia, Frank devia ter acordado, e até Tom já estava se preocupando. Foi de peça em pela procurando o amigo e nada encontrou.
- Parece que ele saiu mesmo. Olhei pela janela e o carro não está no estacionamento. Ele deve estar em algum lugar. – tranquilizou Tom.
- Carro? Meu Deus, Tom, o Frank só dirige em caso de morte. Ele vai á pé todo dia porque tem pavor de dirigir, mas sempre que faz leva Dexter junto.
- Sim, mas se ele foi ao trabalho, não levaria o cachorro.
- Ele não foi ao trabalho. Se fosse já teria chegado, fica á dez minutos daqui, á pé, ele não iria de carro nem por um cacete. E se fosse uma emergência ele teria me avisado, deixado Dexter contigo. Droga aconteceu alguma coisa, eu sinto! – Lia já estava em pânico.
            Tom ligou para a fábrica e nada de Frank. Então avisou que Lia não iria e colocou Gina á par dos acontecimentos. Logo em seguida, todos já estavam sabendo. Lia ligou pra Robert pra contar. Ele não podia deixar Vera, e não contou o ocorrido com Liliam, pois sabia que Lia deveria se ocupar com o amigo nesse momento, mas avisou que não poderia ajudá-la porque Vera estava ruim e Liliam havia piorado. Lia compreendeu, e logo ligou pra Gerson e Donnie, os únicos que estavam livres nesse momento para ajudar. Donnie era seu próprio chefe numa agência de publicidades e Gerson estava sem emprego. Logo os quatro estavam reunidos revirando o apartamento de Frank atrás de pistas de onde ele poderia estar. Tom contou a todos sobre a noite anterior, omitindo seu segredo. Lia e Tom fizeram tiveram a ideia de procurar na pousada onde Frank havia ficado á alguns dias. Donnie e Gerson procuraram pela cidade, ligaram para hospitais e ficaram de olho nas notícias para algum possível acidente pela região.

            André ficou sabendo já no fim da tarde do desaparecimento de Frank, quando Lia ligou pra ele ao voltar da pousada. Frank não esteve lá, e não estava com André, que agora já estava no apartamento de Frank com Lia e Tom. Donnie e Gerson resolveram dar um tempo nas buscas para ir á casa de Joane conversar. Steve saiu do trabalho e foi para um bar, sem saber que nesse sua esposa, grávida, atendia a porta da casa para Gina, que resolveu fazer uma visita á ela.
- Oi, posso ajudá-la? – falou Rebeca, mulher de Steve.
- Oi, sou Gina. Trabalho junto com seu marido na fábrica. – se apresentou Gina, sorrindo.
- Olha que legal! Não conheço nenhum colega de Steve. Já estava desconfiando que essa fábrica não existia. O Steve não está, mas entre assim mesmo.
- Na verdade não vim falar com ele. Meu assunto é com você. Vou entrar sim, e te aconselho a sentar, porque o assunto vai ser longo.
            No hospital Vera já estava desperta, e ela e Robert foram se informar quando o corpo de Liliam seria liberado. Após preencher papéis e dar suas versões da história, foram para a casa de Vera, que ligou para Trevor e o chamou para conversar. Em menos de meia hora ele já estava na sala, sentado de frente para os filhos, com um olhar desafiador.
- Porque você está fazendo tudo isso pai? Porque você nos odeia tanto? – perguntou Robert.
- Que pergunta mais sem noção! Vocês não viram o que sua mãe fez comigo? Ela me fez infeliz dando filhos inúteis e ainda por cima me abandonou quando falei a verdade pra ela.
- Pai, você é louco? Isso não é motivo pra matar um bebê, jogar Robert de cima de um prédio ou esfaquear mamãe num beco! Você sempre foi um péssimo pai! Já pensou que a culpa de sermos “inúteis” possa ser sua? – perguntou Vera já irada.
- Minha? Por querer uma família normal? Sem um débil mental, sem um homem que mais parece uma mulherzinha só porque perdeu a noiva, sem uma prostituta alcoólatra ou um drogado sem vergonha? Faria tudo de novo, e vou fazer mais se vocês continuarem me importunando! Me livrei do bebê, da tua mãe, Robert teve sorte de sobreviver, mas me deixei em paz ou na próxima não vai nenhuma lona pra interromper tua queda. – disse furioso olhando para Robert.

            Robert e Vera sorriram. Trevor ficou confuso com aquilo. Nesse momento se virou e viu, na porta da cozinha, três policiais parados.
- Você está preso Srº Trevor! Por assassinato e tentativa de homicídio. Por favor, fique em silêncio e não se mova.
            Trevor espumava pela boca de raiva. Era uma cilada, e ele caiu. Não resistiu, nem falou nada. Mesmo com raiva nos olhos ele conseguiu sorrir ameaçadoramente para os filhos, mas Vera e Robert não se abalaram. Essa seria a última vez que veriam Trevor em suas vidas.

            Na casa de Steve, Gina já havia contado tudo a respeito da vida secreta de Steve para sua esposa Rebeca. Rebeca chorou e jamais imaginou que Steve pudesse trair ela tão abertamente, deixando todos saberem. Não culpou Gina por ter se apaixonado por ele, talvez porque Gina não fora ali com intenção de vingança ou acabar com o casamento, mas sim para fazer com que Rebeca parasse de ser enganada. Estava na hora de Steve parar de brincar com as pessoas. Estavam abraçadas chorando quando Steve entrou. Ao ver aquilo, entendeu tudo.
- Que bom que chegou amor! – disse Rebeca, com os olhos vermelhos – Sua colega veio nos visitar, e adivinha? Ela sabe mais da sua vida do que eu! Aliás, parece que todos sabem! E adivinha mais uma: quem também não vai saber nada a respeito de você? Sua filha! Vou dizer para ela depois que nascer que pai morreu, pois foi isso o que aconteceu hoje pra mim. Você vai pegar suas coisas, ir embora, me dar o divórcio e nem vai chiar a respeito de visitas á sua filha ou então eu vou contratar um advogado, e com os testemunhos de todos os teus colegas, vou tirar tudo oque você tem Steve, mas tudo mesmo. Vou te deixar só com a roupa do corpo.
- Vai acreditar nessa cadela sem deixar eu me explicar? – perguntou Steve.
- Ela não só me contou Steve, como me mostrou suas mensagens, como me falou datas, horas e com quem você dormia e tudo bateu com as datas que você sempre estava em reunião. Reuniões que nunca existiram na fábrica! Ela não é cadela. O único animal aqui é você. Agora fique quieto, pegue suas coisas e sai, ou chamo a policia. – disse Rebeca – E você Gina, fica para jantar comigo. Vamos ter uma noite das meninas hoje!
            Gina riu para ela, mas no fundo sentiu um arrependimento pela bebê que iria crescer sem um pai. Aceitou o convite, e assim que Steve saiu da casa, e da vida de Rebeca, as duas foram para cozinha fazer uma janta e comemorar o inicio de uma amizade.

            Joanne também estava jantando quando bateram na porta. Seu coração disparou. Imaginou que era Donnie vindo perdoá-la. Ao abrir aporta viu Donnie e sorriu, mas o riso sumiu e ela ficou branca ao ver Gerson parado ao lado de Donnie.


- Precisamo conversar. – falaram os dois, ao mesmo tempo.


                *Sexta-feira, ás 22h40min tem mais ENCONTROS, e muitas revelações!


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