CAPÍTULO XII
Do Passado, Jylly.
Noll cortou a garganta da Rainha Aldith enquanto fazia amor com ela.
Noll saiu de dentro do corpo da rainha e ficou olhando o corpo ensanguentado. Ele pegou a faca e jogou para longe. Carregou o corpo da rainha e jogou debaixo da cama.
Enquanto ele tentava esconder o crime, já era noite, Georgei partia a cavalo para Orfh para procurar a ajuda do Rei Aloys Orfh, pois já não queria mais ficar no Castelo Baellys com Noll por perto.
Noll terminou o trabalho e saiu encapuzado do quarto. Ele iria se lavar no rio que passava ao lado do Castelo Baellys. Ele entrou na água que estava muito fria! A medida que entrava ele sentia calafrios pelo corpo. Não entrou muito. Já estava nu. Começou a se lavar.
Georgei chegava ao Castelo Orfh. Pediu para falar com Aloys e o permitiram entrar. Georgei iria passar a noite lá. Precisaria de calma para pensar um jeito de tirar Noll do trono. Já Aloys, no quarto ao lado pensava em acabar com tudo de uma vez. Aloys decidiu expulsar Onfroi, Nikola e Georgei que estavam hospedados no castelo. Onfroi e Nikola estavam sendo caçados pelos Agentes da Mãe enquanto Georgei não queria voltar para Castelo Baellys por motivo próprio. Mas Aloys não queria saber disso. Ele só iria esperar o dia amanhecer para trair seus alienados.
Enquanto tomava banho no frio da noite, Noll sentiu uma presença estranha o observando da Floresta. Ele olhava para todos os lados, mas só o que via eram vultos rápidos e visões vagas de um corpo humano. Mas continuou lá, pensou que seria bobagem. Até que flechas começaram a ser atiradas na direção dele. Ficou atento e parou de se ensaboar. Ele começou a olhar os arbustos e árvores da Floresta para ver o que via. Mas não via nada. Mais duas flechas foram atiradas na direção dele e pegavam nas árvores ou passavam direto. Mas uma fora atirada no alvo e acertou a coxa de Noll que caiu de joelhos no rio. Ele começou a gemer de dor e arrancou a flecha da coxa com toda sua força. E ao levantar a cabeça ele viu uma mulher jovem olhando para ele com arco e flechas nas mãos. Noll a olhou e se surpreendeu.
- Jylly? - perguntou surpreso
Noll levantou com uma expressão de quem viu um morto. Ficou olhando fascinado pela mulher.
- Você pensava que eu estivesse morta? - perguntou ela
Jylly agarrou o pescoço de Noll com força o fazendo olhar diretamente nos olhos dela.
- Eu estou aqui para terminar com você o que você achou que tinha terminado com a gente.
- E-Eu não sei do você está falando.
- Ah não sabe?
Jylly apertou mais o pescoço de Noll e ele começou a ficar roxo, sem conseguir respirar. Parecia muito sufocado.
- Foi isso que você fez! Seu desgraçado! - disse Jylly
Neste momento Noll começou a recordar. Anos atrás quando havia se dado o triunfo da Casa Baellys. A família Vallois estava pronta para se mudar para a Cidade Baellys, pois havia ajudado a Casa Baellys no golpe. Mas um de seus membros, Noll Vallois, ainda na adolescência, já tinha o desejo de tomar o trono do Rei. Foi aí que surtou dentro de casa e matou os pais estrangulados. A última foi Jylly, que fingiu estar morta para sobreviver. Mas seus pais... Já estavam mortos. O único que saiu ileso dessa situação foi o irmão deles, Onfroi, que já havia partido da casa para Baellys antes de todos. Jylly largou o pescoço de Noll e ele ficou devastado, se afastou.
- Pensei que... Que estivesse morta. - disse Noll ainda recuperando o fôlego
- Estou em carne e osso aqui na sua frente, Noll Vallois. Vim acabar com seu reinado.
Noll começou a rir do que a irmã disse.
- Como você me encontrou aqui? - perguntou Noll de cara séria
- Nunca imaginei que seria tão fácil. Como você quer se tornar rei de Baellys sem que a notícia espalhe para todo o país? Faz anos que eu procurava você. Achei, não vou perder meu tempo.
Jylly apontou a flecha para Noll e ele tentou se proteger com as mãos. Mas ao olhar para baixo Noll viu um toco de madeira. E, sem pensar duas vezes jogou contra a irmã que caiu no rio. Noll correu para pegá-la, ela estava acordando quando ele usou o cotovelo e deu uma cotovelada na nuca dela a fazendo desacordar.
Jylly acordou amarrada e com um pano na boca no meio de uma casa sem móveis. A visão dela estava turva, começa a ver pouco a pouco. A imagem de um homem foi se formando na sua frente... Era Noll.
- Onde eu estou? - perguntou ela ainda confusa
- Para quê quer saber? Você vai apodrecer aqui. Ninguém vai te ouvir, ninguém vai procurar você.
Eles na verdade estavam em uma casa abandonada no meio da Floresta. A Casa Abandonada fica entre os caminhos que levam a Cidade Baellys e a Cidade Orfh.
Noll levantou e deu um tabefe no rosto da irmã.
- Apodreça e queime no Segundo Inferno... Bons sonhos... Irmãzinha...
Noll se retirou da Casa Abandonada. Estava certo de que ninguém iria olhar aquele lugar e a irmã iria morrer lá mesmo.
Amanheceu. Georgei acordou no Castelo Orfh com guardas da realeza o carregando para fora do castelo. Georgei não sabia o que estava acontecendo. Apenas viu Aloys sorrindo para ele enquanto era levado pelos corredores do castelo. Ele foi jogado na frente do portão do castelo como se fosse um nada. Logo em seguida, Onfroi e Nikola também foram expulsos. Olharam para a cara um do outro e logo estavam caminhando pela Floresta a procura de abrigo. Enquanto caminhavam...
- Eu não acredito que fomos expulsos. Eu achei que... Que ele iria nos ajudar. - disse Onfroi
- Não se pode confiar em ninguém neste país. - respondeu Nikola
Onfroi virou para ele e perguntou:
- E você não confia em mim?
- Claro que confio. Digo em estranhos, em reis, em nobres. Gente assim só quer se aproveitar dos pobres.
Georgei se defendeu:
- Podem falar o que quiser. Mas eu não me considero uma má pessoa. Vejam só. Estamos na mesma cilada. Eu poderia muito bem dar uma de bebê e correr para debaixo do vestido de minha mãe, a Rainha, e voltar para o Castelo. Mas prefiro não olhar a cara daquele infeliz novamente. Estou aqui com vocês lutando pela nossa sobrevivência.
A conversa iria continuar mas avistaram a Casa Abandonada e seus olhos brilharam. Nikola, Georgei e Onfroi correram para ver a casa. Quando Nikola abriu a porta se deparou com Jylly amarrada. Ela o olhou.
Todos: Jylly, Georgei, Onfroi e Nikola se encontravam reunidos em círculo no meio da Casa Abandonada.
- Então, quem é você? - perguntou Georgei a Jylly
- Eu sou a irmã do Rei Noll.
Onfroi se chocou
- Jylly? - perguntou Onfroi surpreso
Jylly virou para ele e perguntou.
- Desculpa, quem é você?
- Eu sou seu irmão! Onfroi Vallois.
Jylly abriu a boca, os olhos encheram de lágrimas e os dois se abraçaram fortemente por um longo tempo.
- Achei que estivesse morto... - disse Jylly chorando com o nariz cheio de catarro
- Noll me disse que vocês foram assassinados pelos Selvagens.
Jylly o largou. Eles se olharam.
- A verdade é outra...
- E qual é? Me diga.
- Onfroi... Eu não sei se você está preparado. Poderá ver Noll de outra forma. A forma verdadeira...
- Eu exijo que me conte.
- Tudo bem... Quando iríamos nos mudar para Baellys, Noll teve um surto em casa. Matou papai e mamãe estrangulados... Eu... Por sorte consegui viver para contar. Tive que fingir estar morta para ele parar de me estrangular. Você fez muito bem em ter partido sem nós...
Onfroi ficou devastado. Não sabia que Noll havia assassinado sua família.
- Noll é um louco... Um rei louco! Como pode uma pessoa como ele... Eu não consigo acreditar!
Jylly o abraçou. Onfroi estava arrasado, pois descobriu que seu irmão estava convivendo com ele por dó, pois, a qualquer momento poderia matá-lo.
- Nós não podemos deixar que Noll continue no trono. É um perigo! Devemos tirá-lo de lá! - exclamou Onfroi
- Não, Onfroi. É quase impossível tirá-lo do trono legitimamente. Ele é sucessor legítimo pois Aldith ainda reina e Georgei não pode sentar no trono. Algum homem próximo sem relação de sangue com a rainha deve tomar o lugar. E foi isso que ele fez. É regular. - retrucou Nikola
- Nada é regular quando se trata de Noll. Papai teve de coroar aquele infeliz na cerimônia de coroação na Sala do Trono. Eu conheço meu pai! Ele jamais faria isso. A não ser que tivesse sido obrigado por alguma maneira que não sabemos como. - disse Noll
- Noll sempre arranja uma maneira de conseguir o que quer. Pelo que já vi, desde matar a conquistar tronos. Ambas usando suas maiores armas: sedução, beleza e adaga! Seja o que for. Noll deve ter tido algum problema com o rei. - disse Jylly
- O que quer insinuar? Que Noll chantageou papai? - perguntou Georgei
- Noll é capaz de tudo... Seja o que for deve ser uma prova física que ele deve guardar muito bem... - disse Jylly
Georgei analisou tudo. Recordou dos olhares entre Noll e Henry no dia da coroação. Os olhares nervosos de Henry que fugiam do olhar sarcástico de Noll. Ele decidiu.
- Vamos no Castelo Baellys. Eu estou confiando na sua palavra, Jylly. Eu entro no Castelo já que sou filho da Rainha, vou até o quarto de Noll e vejo se acho alguma prova.
Georgei partiu para o Castelo Baellys na fé de que encontraria algo que faria o orgulho de seu pai falar menor e chegar ao ponto dele entregar o trono para o seu maior inimigo. Georgei conhecia o pai... Sabia que tinha algo por trás disso.
Ele entrou no castelo sem ser barrado. Pois a notícia da morte da rainha ainda não tinha sido anunciada. Por sorte Noll não estava no quarto. Georgei trancou-o e começou a vasculhar o quarto inteiro, mas sempre colocando no lugar para não causar diferença quando Noll chegar. Até que ele levantou o colchão da cama e viu uma folha de pergaminho. Ele apenas sentia o cheiro de carne podre que vinha do corpo da rainha morto debaixo da cama. Mas não viu e começou a ler a Folha. Sua boca ia se abrindo de acordo com o que lia. Ele ficou chocado com o que leu. Aliás, seu pai nunca havia contado essa história com medo de perder o trono. Mau ele sabe também que sua mãe está morta debaixo da cama.

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