Amazônia, a lenda - Capítulo 01 - Estreia.


AMAZÔNIA
A
LENDA
CAPÍTULO 01
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO:
JACIRA…………………………………………………………………GIULLIA BUSCACIO/DIRA PAES
OLIVIA…………………………………………………………………………………………VIVIANE PASMANTER
BOTO…………………………………………………………………………………………………………MARCO PIGOSSI
MÃE D'ÁGUA…………………………………………………………………………………………LAURA CARDOSO
VICTOR……………………………………………………………………………………………………RODRIGO SIMAS
AUGUSTA………………………………………………………………………………………………………ROSI CAMPOS
VALDO……………………………………….MAURÍCIO DESTRI/MATHEUS NACHTERGAELE
ATLÂNTINÓPOLIS - 1989.
CENA 01. CIDADE DE ATLÂNTINÓPOLIS. BEIRA DO RIO. EXTERIOR. DIA.
POV DE JACIRA
Jacira observa a cidade.
VOLTA À CENA
JACIRA - Essa é a minha cidade, ela é pequena, eu sei, mas é aqui onde eu me sinto bem. Minha vida é difícil, mas eu gosto do que faço. Sabe? Minha cidade é cercada pela floresta amazônica, e pelo rio Amazonas. Aqui, existe uma lenda, a de que nenhuma mulher pode entrar no rio durante a noite. Sabe o porque? Bom, dizem que durante a noite o boto habita o rio. Ele é conhecido por ser um sedutor, as mulheres não conseguem resistir aos seus encantos e acabam por serem atraídas por ele. O que acontece depois? Bom, isso ninguém sabe, o que sabemos é que a mulher virará alvo de falatórios na cidade.
CORTA PARA:
CENA 02. CASA DE OLIVIA E JACIRA. INTERIOR. SALA. DIA.
AUGUSTA - Minha irmã, aceita o que eu lhe ofereci. Pense bem, pelo menos isso resolveria o seu e o meu problema.
OLIVIA - Augusta, você conhece a Jacira, ela... Ela não vai querer aceitar se casar com o primo.
AUGUSTA - Olivia, a cidade toda repara. Todo mundo diz: "Essa menina da Olivia não vai se casar nunca não? Já passou da idade, vai acabar ficando pra titia".
OLIVIA - Eu sei, sei que as pessoas falam e reparam. Mas o que que eu posso fazer se a Jacira não quer se casar de jeito nenhum?
AUGUSTA - Olivia, você sabe como é difícil a vida de uma mulher solteira, sem marido enfrentando a vida sozinha. Nenhuma mãe quer isso pra sua filha, e eu acho que você também não sonha com isso pra sua menina. Olha, eu te garanto, o meu menino é trabalhador, é respeitador, é digno!
OLIVIA - Eu sei Augusta, eu conheço meu sobrinho e confio nele.
AUGUSTA - As pessoas também reparam que ele já passou da idade e continua solteiro. Agora que ele vai voltar pra essa cidadezinha pequena, vão reparar ainda mais... Você sabe que eu não vou suportar isso por muito tempo. Aceite esse casamento, e você vai acabar com esse falatório sobre a sua filha, e também vai me ajudar a acabar com esse falatório sobre o meu filho. O tempo tá passando, se esses dois não arrumaram alguém até hoje, quando é que vão arrumar? E praticamente todo mundo nessa cidadezinha já é comprometido. Ou esses dois se casam, ou o destino deles é ficar pra sempre solteiros e falados.
OLIVIA - É, talvez você tenha mesmo razão Augusta. Jacira se não casar agora não casa nunca mais. Seu menino também, se não conseguiu arranjar ninguém na capital que é cidade grande, quem dirá aqui. É, talvez o destino dos dois seja mesmo ficarem juntos. Traz ele aqui mais tarde pra jantar, e eu dou a mãe de Jacira pra ele.
AUGUSTA - Ah minha irmã, eu serei eternamente grata. Além de tias, seremos sogras de nossos sobrinhos. Eu te agradeço, de verdade.



CORTA PARA:
CENA 03. CASA DE OLIVIA E JACIRA. INTERIOR. SALA. DIA.

OLIVIA - Filha, senta aqui. Eu quero falar com você.
JACIRA - O que foi mãe? Aconteceu alguma coisa?
OLIVIA Aconteceu! Filha, a sua tia veio até aqui.
JACIRA - E qual é a novidade? Ela nunca saí daqui de casa.
OLIVIA Seu primo. O Valdo tá voltando.
JACIRA - Sério? Que bom mãe. Mas eu não entendi, o que isso tem de tão importante?
OLIVIA - O Valdo está solteiro! Mesmo morando na capital ele não conseguiu se casar até hoje. E você sabe como essa cidade é...
JACIRA - Se sei...
OLIVIA - Sua tia tá muito preocupada com o falatório do povo. Você sabe muito bem o que é isso, não é?
JACIRA - Sim.
OLIVIA - Então, eu ela pensamos que talvez vocês dois poderiam...
JACIRA (INTERROMPENDO)- Pode parar! Eu já até sei onde a senhora quer chegar. Vocês acham que por estarmos solteiros, e na mesma situação poderíamos nos casar? É isso? Agora eu lhe pergunto, pra que?
OLIVIA - Como pra que? Para evitar falatório! O povo não para de falar! Essa cidade não tira o seu nome da boca.
JACIRA - Eu tô pouco me lixando para o que o povo dessa cidadezinha anda falando de mim. De minha vida cuido eu! Pode esse povo falar de mim até cair a língua da boca! Mas eu nunca vou me curvar e fazer alguma coisa para que parem de falar da minha vida.
OLIVIA - Jacira, é para o teu próprio bem. Pensa minha filha! Pensa! Se você se casasse, o povo iria te deixar em paz. Você não precisa amar o seu marido, apenas se case para evitar o vexame.
JACIRA - Eu não preciso amar meu marido? Isso seria um pecado! As pessoas só devem se casar se for por amor! Eu jamais me casaria com alguém que eu não amo, com alguém que eu não consigo sequer sentir um pingo de atração, de tesão... A senhora pediu minha resposta, e ela é não. Eu não vou me casar com o Valdo!
OLIVIA - Pois eu te adianto que darei sua mão mesmo assim. Eu sou a sua mãe, e estou fazendo isso para o teu próprio bem. Você vai se casar quer você queira, quer não. Isso não é uma escolha, é uma ordem. Hoje à noite quando ele chegar aqui, você será noiva! Agora, vai pro quarto!
CORTA PARA:
CENA 04. CASA DE OLIVIA E JACIRA. INTERIOR. QUARTO DE JACIRA. DIA.
JACIRA - Eu não vou me casar! Eu faço um escândalo mas eu não vou noivar essa noite! Minha mãezinha d´água, me ajuda!
CORTA PARA:
CENA 05. CASA DE OLIVIA E JACIRA. INTERIOR. COZINHA. NOITE.
POV DE OLIVIA
Olivia avista sua irmã chegar com seu sobrinho Valdo.
VOLTA À CENA
OLIVIA - Meu sobrinho! Que bom te ver de volta. Olha mas não é que a cidade grande te fez bem, hein, tá bonito, mais robusto.
AUGUSTA - E onde é que tá a menina, Olivia?
OLIVIA - Tá no quarto, vou lá chamar.
POV DE OLIVIA
Ela caminha até o quarto de Jacira, que se nega a ir até a cozinha. Mas acaba sendo puxada por Olivia.
VOLTA É CENA
AUGUSTA - Boa noite minha sobrinha. Veio conhecer seu noivo?
JACIRA - Ele não é meu noivo. Ele nunca será nada mais do que meu primo.
OLIVIA - Minha filha, tenha respeito! Sente-se aí, e fica quieta!
AUGUSTA - Gostei, é assim que se trata menina respondona, minha irmã.
OLIVIA - Vamos logo ao que interessa! Faço logo o pedido meu filho!
INSERT
Valdo se ajoelha diante de Jacira com um anel.
VOLTA À CENA
VALDO (VOZ TRÊMULA) - Jacira, aceita se casar comigo?
JACIRA - Não!
OLIVIA - Pois eu digo que ela aceita! Pronto, podem se beijar!
JACIRA - Pois eu disse que não aceito! Vocês são surdos ou o que?
OLIVIA - Eu já lhe disse, você aceita e tá feito!
JACIRA - Eu afirmo e reafirmo quantas vezes for preciso. Eu disse não, não e não!
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Jacira aproveita que a porta está aberta e sai dali correndo.
VOLTA É CENA
OLIVIA - Volta aqui Jacira!
CORTA PARA:
CENA 06. MARGEM DO RIO. EXTERIOR. NOITE.
Jacira vai correndo até a beira do rio. Sua mãe percebe que a intenção dela é pular na água.
VOLTA À CENA
OLIVIA - Jacira minha filha, pelo amor de Deus, não faz isso! Eu sei o que você quer fazer, minha filha eu sei que você quer fugir desse casamento de qualquer maneira. Mas por favor, esse casamento é a sua única salvação, se você não se casar, a cidade inteira falará disso e você passará por um vexame enorme. O tempo passou, você precisa aceitar que é hora de se casar, estou fazendo isso minha filha, porque te amo; faço pelo teu bem.
JACIRA - Não mãe, eu não quero me casar e a senhora sabe muito bem disso. A senhora está me forçando a me casar com um homem que eu não amo, e você sabe que não é essa a minha vontade. Você sabe minha mãe, por favor, respeite a minha decisão.
INSERT
AUGUSTA E VALDO APARECEM.
VOLTA À CENA
AUGUSTA - Deixa ela pular no rio minha irmã! Deixe que ela pule! Ela não quer casar com meu filho? Pois muito bem, eu estava dando uma chance pra ela, uma chance de não ficar falada nesse cidade pro resto da vida, mas se ela não quer aproveitar essa chance, muito bem, deixe ela pular! Mas saiba, nunca mais em sua vida você vai ter novamente essa oportunidade. Nunca mais irá lhe aparecer novamente a chance de se casar novamente com um homem íntegro como o meu filho. Se você quer pular nesse rio e estragar a vida da sua família, e colocar nosso nome no rés do chão, então pule logo de uma vez! Só que depois será tarde demais para se arrepender.
OLIVIA - Minha filha, por favor, sai desse rio! Essa é a sua única oportunidade de se casar, você já está com 30 anos minha querida. Por favor, não desperdice essa oportunidade. Eu sei, sei que agi com você da forma errada, que lhe impus esse casamento, mas eu te prometo, que se você sair desse rio eu terei mais calma. Vamos conversar minha filha, por favor! Saia desse rio!
JACIRA - Não mãe! A senhora ainda não entendeu que não vai ter conversa que vai me fazer convencer do contrário. Eu não quero me casar, e não vou! Eu só queria que a senhora não se metesse mais na minha vida, que me deixasse livre para fazer as minhas próprias escolhas. Mas já que isso não é possível…
AUGUSTA - Anda logo minha irmã, deixa de ser mole! Puxa logo essa menina da beira desse rio!
OLIVIA - Minha irmã, por favor, tenha calma. Eu já estou prestes a convencê-la.
JACIRA - Não mãe. A senhora não irá me convencer do contrário! Se a senhora pensa que vai me convencer, a senhora está muita enganada, porque isso não vai acontecer. Como vocês não querem mesmo desistir disso eu vou lhes dar uma resposta…
INSERT
Nesse momento ela pula no rio.
CORTA PARA:
CENA 07. RIO. INTERIOR. NOITE.
POV DE JACIRA
Jacira entra no rio. Ela vai caindo aos poucos na água, lucidamente. Jacira então olha com mais atenção até que avista o boto vindo em sua direção. No mesmo instante em que ela o vê, ela se assume a forma humana ali mesmo, na água.
Quando então Jacira se depara com o boto em forma do homem ela se encanta. O encanto que ele exerce sobre ela é tão grande que faz com que ela perca até mesmo a razão, e seu único objetivo é chegar mais perto do peixe trajado de homem.
Ambos se encontram. Ele a leva até a outra margem do rio.
VOLTA À CENA
BOTO - Eu vi você! Eu te vi Por detrás das águas que encobrem o seu rosto. Você é linda! Você veio aqui por queria me ver? Eu, sei que sim!
INSERT
Ela sobre extremo encanto não diz nada, mas o beija.
VOLTA À CENA
BOTO - Não se preocupe! Eu vou curar todas as suas feridas. Apenas sonhe!
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Eles se deitam ali mesmo e tem uma noite de amor.
Ao amanhecer, Jacira acorda, ela olha para o lado e não vê ninguém, mas a lembrança da noite anterior ainda está em sua cabeça.
VOLTA À CENA
JACIRA - Eu não acredito no que eu fiz! E agora? A minha vida tá desgraçada pra sempre. O que minha mãe vai dizer? O que eu fiz da minha vida? Agora não tem mais volta, agora é ver no que meu destempero deu.
CORTA PARA:
CENA 08. CASA DE OLIVIA E JACIRA. INTERIOR. SALA. DIA.
Jacira chega em casa, e encontra sua mãe a sua espera.
VOLTA À CENA
OLIVIA - Então você chegou... Você viu no que deu esse seu destempero? A tua tia retirou o pedido de noivado. Você, minha filha, você foi capaz de perder a única oportunidade que você teve em todos esses anos de fazer um casamento perfeito, de construir uma família sólida. Mas o que você faz? Por causa de uma briguinha boba, você se joga naquele maldito rio... Você sabia da lenda, você fez de propósito, não fez por falta de aviso, porque você sabia muito bem. Agora a cidade toda já está sabendo do que você fez, porque a sua tia fez questão de ir no meio daquela maldita praça e espalhar pra todo mundo dessa maldita cidade tudo o que aconteceu, sabe porque? Porque você não teve a capacidade de aceitar se casar com o seu primo. E como é que tá a minha cara diante de tudo isso? A minha cara está jogada no chão! E tudo isso por sua causa, por causa de um destempero seu! E agora? hein? Você tem noção de como vai ficar a nossa vida daqui pra frente? Você desgraçou o nome da nossa família, nessa cidade, se quisermos ter um pingo de paz, nós vamos ter que morar bem longe daqui.
JACIRA - Mãe, por favor eu peço que me desculpe. Pelo amor de Deus, eu sei que o que eu fiz não tem perdão, mas eu te peço, pelo amor de Deus, me desculpe; Eu só tenho a senhora neste mundo, o que vou fazer da vida se minha própria mãe me nega um lar? Eu sei que vou ficar marcada pro resto da vida nessa cidade, mas eu lhe peço, por favor minha mãe, me perdoe!
OLIVIA - Agora que tudo já está feito é fácil vir me pedir perdão. Mas eu sei que você fez isso pra me afrontar, pra mostrar pra mim que eu não poderia mandar na sua vida. Sei que não foi por impulso que você fez isso, você fez pra nos calar. Não vou te colocar pra fora, nem nada, porque você é minha filha, e eu nunca faria isso. Irei te abrigar, mas de agora em diante você irá arcar com as consequências de suas escolhas. O nosso nome está na lama por sua causa, e essa culpa você vai levar pro túmulo!
JACIRA - Não tem problema, eu levo, porque eu sei que é culpa minha. Eu vou me arrepender do que fiz por todos os dias de minha vida. Mas mãe, eu lhe juro que vou trabalhar dia e noite pra tirar a gente dessa cidade, nós não vamos ficar aqui pra sempre. De agora em diante eu tenho uma divida com você, joguei seu nome na lama, e cabe a mim tirar.
OLIVIA - Ótimo, faça isso. Agora vá para seu quarto, eu quero ficar sozinha.
UM MÊS DEPOIS.
CORTA PARA:
CENA 09. CASA DE OLIVIA E JACIRA. INTERIOR. SALA. DIA.
JACIRA - Mãe.
OLIVIA - O que foi minha filha?
JACIRA - Há algum tempo eu venho tendo enjoos, e eu resolvi então fazer um teste de gravidez.
OLIVIA - Não minha filha! Não é o que eu estou pensando… Quer dizer que além de você ter se encontrado com o boto, você deu a sua virgindade pra ele? Depois de tudo isso, agora um neto? Um neto filho de peixe?
JACIRA - Ah mãe, eu não pude evitar!
OLIVIA - Meu Deus, mais essa agora... Você não pode ter esse filho!
JACIRA - Como não posso? A senhora está sugerindo o que? Que eu o aborte?
OLIVIA - Talvez fosse mesmo o melhor…
JACIRA - Não. Eu não vou abortar o meu filho,não vou!
OLIVIA - Você vai ter que passar esse gravidez toda escondida aqui dentro de casa. Se essa cidade ficar sabendo dessa criança, vão te perseguir.
JACIRA - Eu fico, sem problema algum.
OLIVIA - Quando esse bebê nascer, pegamos o pouco que temos e vamos pra capital. Essa cidade não dá mais pra nós.
JACIRA - Obrigada mãe, sou muito grata pela sua compreensão.
NOVE MESES DEPOIS.
CORTA PARA:
CENA 10. CASA DE OLIVIA E JACIRA. INTERIOR. QUARTO DE JACIRA. NOITE.

O Filho de Jacira nasce.
OLIVIA - Nasceu minha filha! Seu menino nasceu!
JACIRA - Eu quero vê-lo!
POV DE OLIVIA
Olivia observa que o bebê parou de chorar, e está sem batimentos. Ela então percebe que a criança está morta.
VOLTA À CENA
JACIRA - Aconteceu alguma coisa?
OLIVIA (CHORANDO) - Ele...
JACIRA (AFLITA) - Fala mãe! Aconteceu alguma coisa?
OLIVIA - Ele morreu! Seu bebê minha filha, nasceu morto!
JACIRA (EM PRANTOS) - Nãooooooooo!
OLIVIA - Eu sinto muito!
JACIRA - Ele não pode morrer! Não pode! A minha mãezinha d'água vai me ajudar, eu sei que vai!
INSERT
Jacira pega seu filho e sai correndo, rumo ao rio.
CORTA PARA:
CENA 11. BEIRA DO RIO. EXTERIOR. NOITE.
JACIRA - Mãe, minha mãezinha, eu te peço. Por tudo o que é mais sagrado, pelas forças da correnteza, salva meu filho! Eu sei que só a senhora é quem pode me ajudar agora, e eu lhe clamo, me ajude!
INSERT
A aparição da Mãe D'água aparece e diz:
VOLTA À CENA
MÃE D'ÁGUA - Diga minha filha! Diga! Eu sei que seu coração clama, eu sei que ele está ferido. Qual o seu anseio?
JACIRA - O meu bebê mãe.
MÃE D'ÁGUA - O filho do boto minha filha?
JACIRA - Sim, ele nasceu morto. O filho das águas nasceu morto! E eu sei que a senhora é a rainha dessas águas, e que pode me ajudar, sei que pode devolver á vida a ele. Por favor, me dê essa graça mãe!
INSERT
Ela chama o pai do filho, o boto.
VOLTA À CENA
JACIRA - Esse é o seu filho! Você é o pai do meu bebê.
BOTO - Um filho, meu?
JACIRA - Sim.
MÃE D'ÁGUA - Eu não posso fazer nada pra salvar ele minha filha. Mas o pai, ele pode. Ele sabe disso...
BOTO - Mãezinha, a senhora tá querendo…
MÃE D'ÁGUA - Sim, você sabe que pode. Você descumpriu as leis meu filho, engravidou uma moça humana, agora cabe a você reverter esse mal que você causou, e salvar a vida de seu filho.
BOTO - Deixe-me ver meu filho, por favor!
INSERT
Ele pega seu filho, ele se emociona e diz:
VOLTA À CENA
BOTO - Mãezinha, a senhora tem razão. É meu dever salvar o meu filho, como eu nunca irei ver cresce-lo, pelo menos isso eu devo a ele. Vou salvar meu filho, mas é preciso que ela saiba disso. A única maneira de salvá-lo é dando a minha vida a ele, assim eu morrerei para que ele viva. Ao completar trinta anos, ele deve se tornar o boto e assumir o meu lugar.
JACIRA - Como assim? Meu filho virar boto?
MÃE D'ÁGUA - Calma minha filha; Ele irá salvar a criança, mas é preciso que você abra a mente e entenda... Se você quiser que seu filho viva, o boto cederá a vida dele em favor da do filho, ele irá morrer, assim a vida do boto será de seu filho. Mas ao completar 30 anos ele deverá assumir o lugar do pai. Essa é a única maneira dele continuar vivo, você aceita?
JACIRA - Sim, eu já entendi.
MÃE D'ÁGUA - Então ele viverá com você por 30 anos, e ao completar 30, neste exato dia ele deverá vir aqui. Do contrário, irá morrer, pois se você não trazê-lo aqui ele morre na hora. E então, aceita?
JACIRA - Sim.
MÃE D'ÁGUA - Que se faça a transferência!
INSERT
O Boto coloca o bebê na água, e vira boto. Então ele entra no corpo do bebê e ele ganha vida. Jacira pega o bebê do rio, e de repente o boto reaparece morto.
VOLTA À CENA.
MÃE D'ÁGUA - Cumpra a promessa minha filha!
INSERT
De Repente tudo ao redor desaparece.
CORTA PARA:
           TRINTA ANOS DEPOIS - MANAUS, 2019.

CENA 12. APARTAMENTO DE JACIRA. INTERIOR. QUARTO. DIA.
INSERT
Ela olha para o calendário.
VOLTA À CENA
JACIRA - Minha mãezinha, é daqui a 2 dias. E agora? Como irei contar essa história a ele? Ele nunca soube minha história, nem sabe que é filho do boto. Nunca contei isso, mas agora não há como fugir, tenho que contar a verdade e salvar a vida de meu filho.
FIM DO CAPÍTULO. 


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