Corações Partidos | Capítulo 16


UMA NOVELA DE: EDUARDO MORETTI

CAPÍTULO 16: “A REALIDADE VEM A TONA.”


No dia seguinte, Geórgia estava deprimida...

Manuela: Geórgia, não fica assim, levanta esse astral... A vida continua, minha irmã.

Geórgia: E é exatamente por isso que eu estou assim, Manuela. Você viu os jornais, hoje? Só tem escândalos envolvendo a nossa família, principalmente o meu nome. E tudo isso, por causa da Samara! A gente cria os filhos e depois eles nos abandonam, nos fazem passar vergonha, como é que eu vou encarar as pessoas, agora?

Manuela: Do mesmo jeito que você sempre encarou... E depois, Geórgia, o que você aprontou com a Samara... Você e o Danilo mereceram passar por aquele vexame.

Maria: Com licença, Dona Geórgia, a dona Nádia está aqui...

Nádia: Oi, Geórgia. Como você esta? Oi Manuela.

Manuela: Oi Nádia.

Geórgia: Mal, muito mal, amiga. Ainda bem que você chegou, porque só mesmo uma amiga como você, pra entender e ajudar a gente, nessas horas.

Manuela: Bom, eu vou subir... Com licença.

Geórgia: Muito obrigada, por nada, Manuela.

Nádia: Fala, Geórgia querida, você está precisando desabafar.

Geórgia: Ai amiga...

Sheila: Com licença, tudo bem Nádia?

Nádia: Tudo ótimo, Sheila.

Geórgia: Sheila... Você já vai, minha querida?

Sheila: Já sim, Geórgia. Obrigada por tudo! Você foi uma grande amiga.

Geórgia: O que é isso, Sheila, eu não fiz mais do que a minha obrigação. Desde que os seus pais morreram, eu me sinto responsável por você, a nossa amizade vem de tão longa data... E depois é como eu digo: “O amor à gente pede, e a amizade à gente dá.” E por ser sua amiga é que eu te dou um conselho, Sheila... Vai devagar, não vá se iludir novamente, porque o tombo poderá ser ainda pior. Hoje em dia, filho não segura casamento, imagine então uma relação desgastada, rompida. Pense em você e no seu filho... A verdade é dura, mas tem que ser dita. O Rodrigo não te ama mais e eu não quero ver você sofrendo de novo.

Sheila: Obrigada pelo conselho, Geórgia, mas dessa vez vai ser diferente... Eu vou ter o Rodrigo de volta. Tchau, Geórgia!

Geórgia: Tchau, Sheila. Vai com Deus, e saiba que esta casa estará sempre de portas abertas para você.

Geórgia e Sheila se abraçaram e Sheila vai embora.

Nádia: Nossa, Geórgia! Essa moça não larga o osso, hein? Desde aquele escândalo aqui, no seu aniversário, que eu não vou com a cara dela.

Geórgia: Eu só espero que ela não sofra, eu a tenho como uma filha... A filha que eu nunca tive.

Nádia: Como assim? Você fala de um jeito, Geórgia, e a Samara é o que?

Geórgia: Aquela lá, não merece a mãe que tem... E vamos mudar de assunto, Nádia, por favor!
***
Na casa de Rodrigo...

Sheila: Você não foi trabalhar hoje, Rodrigo?

Rodrigo: Ainda não, hoje eu vou mais tarde.

Sheila: Eu vou levar minhas malas para o nosso quarto, posso?

Rodrigo: Não. Você vai ficar no outro quarto. Vai ser melhor assim, por enquanto.

Sheila: Mas por que isso agora? Nós dormimos juntos lá por tanto tempo.

Rodrigo: Acontece Sheila, que isso foi antes de tudo o que aconteceu, hoje em dia, nós não namoramos mais.

Sheila: Mas nós vamos ter um filho, esqueceu?

Rodrigo: Não, mas isso não significa que eu tenha que voltar a namorar você... Por favor, Sheila, não complique mais as coisas. Nós iremos morar juntos, até que o nosso filho nasça, depois nós veremos o que fazer. Com licença, eu vou levar as suas malas, para o outro quarto.

Sheila: Você vai ser meu, Rodrigo... Ah, vai...
***

Na casa de Ellen...

Marcelo: O que foi, Ellen, por que está chorando?

Ellen: A minha menstruação, acabou de descer, eu não estou grávida de novo...

Marcelo: Ô meu amor... Não fique assim. Faz pouco tempo que você começou o tratamento, tenha paciência, nós vamos conseguir!

Ellen: Marcelo... E se eu nunca puder te dar filhos, você vai me amar do mesmo jeito?

Marcelo: Claro que sim, meu amor... Antes de amar o meu filho, eu amo você... E você ainda vai me dar pelo menos um casal, se Deus quiser!
***

Na clínica...

Amanda: Marcelo, aquele seu paciente... O que aconteceu? Você está com uma cara...

Marcelo: Não é nada, só estou um pouco cansado.

Amanda: Qual é Marcelo? Nós namoramos durante quase quatro anos, eu conheço você como a palma da minha mão... Você pode até estar cansado, mas sei que tem algo mais... Vai me contar ou não? Sabe que pode confiar em mim.

Marcelo: É o meu casamento, a Ellen não conseguiu engravidar de novo... A nossa relação está se desgastando. Ter filhos é o nosso maior sonho, então, parece que eu fico cobrando dela, o tempo todo.

Amanda: Que engraçada é a vida... Quando nós namorávamos, você já queria ter filhos e eu não. Agora, você está casado com a Ellen, querendo ter filhos e ela não consegue engravidar... Eu daria tudo pra voltar naquela época, só pra poder te dar um filho. Assim, quem sabe hoje, não estaríamos casados, com filhos e felizes...

Marcelo: Você não desiste mesmo, hein, Amanda?

Amanda: Sabe quando eu vou desistir? Nunca!

Nesse momento, Amanda rouba um beijo de Marcelo, que acaba se rendendo ao seu beijo...
***
Abertura:



Marcelo: Amanda, isso não podia ter acontecido... Não podia.

Amanda: Pois eu não me arrependo. Há muito tempo eu estou esperando por esse beijo.

Marcelo: Esqueça tudo o que aconteceu aqui, não vai acontecer de novo.

Amanda: Esquecer? Impossível, meu amor... Você pode até dizer que não, mas sei que eu ainda mexo com você, e muito... Agora, eu tenho um paciente, se precisar de mim, é só me procurar... Até logo, meu amor.

Marcelo: Ai meu Deus! Eu não posso ter uma recaída...
***

Na casa de Ellen...

Érica: Não fique assim, Ellen... Não foi dessa vez, vai ser da próxima, ou da próxima... O que você não pode é desistir. Você tem que continuar tentando, senão, você não vai conseguir mesmo.

Ellen: Eu tenho medo que o Marcelo se separe de mim... É o sonho dele ser pai, Érica.

Érica: Você fala como se não pudesse ter filhos. O seu problema, necessita de acompanhamento médico, tratamento. Você não é estéril! Você vai poder ter filhos, sim. Agora quanto ao seu casamento, o Marcelo ama você e sempre amou, mas se você ficar com esses grilos todos na cabeça, de que o casamento vai acabar, aí sim, você vai conseguir acabar com tudo mesmo.

Ellen: Eu não consigo pensar de outra forma, eu estou vivendo sob pressão, a cada novo teste que eu faço, ou menstruação que desce... Mas vamos mudar de assunto, e a mamãe, como ela esta?

Érica: Sabe como é a dona Silvia, não é? Ela está bem, aparentemente pra cima; mas, por dentro ela está arrasada. Também, um casamento como o dela, trinta anos, acabar de uma hora para outra e dessa maneira... Deve deixar um vazio enorme. O pior de tudo é que ela não acredita no papai... Ele foi vítima de uma armação, tenho certeza. Não sei de quem e nem por que, mas que foi armação, isso foi.

Ellen: Eu duvido. Ele me decepcionou, e justo com a Amanda? Não, a mamãe está certa em não perdoá-lo.

Érica: Já vi que não tem jeito, você já está impregnada até a alma, com essa Amanda. Mas escute uma coisa, vê se não fica fazendo a cabeça da mamãe, porque esse assunto, só ela e o papai que podem resolver. A sua história com essa moça é outra coisa e não deve interferir na relação deles.

Ellen: Tudo bem, já não está mais aqui quem falou... E o Rodrigo, não tem volta mesmo?

Érica: Da minha parte não, e acho que nem da dele, já que a Sheila está grávida... Eu agora prefiro pensar só no trabalho, em fazer a Styllus voltar a funcionar a todo vapor. Não quero mais saber do Rodrigo e nem de outro homem na minha vida tão cedo...
***

Na casa de Igor, ele jantava com Fernanda...

Igor: Ainda bem que o Victor foi viajar com a Lívia, porque a nossa convivência estava insuportável!

Fernanda: Por que, Igor? Vocês sempre se deram tão bem.

Igor: Eu acho que ele não se conformou com o nosso namoro. Pra mim, ele ainda gosta de você.

Fernanda: Não... E mesmo que goste, o Victor, pelo menos pra mim, é página virada.

Igor: Às vezes, eu acho que você também gosta dele ainda... Ou será que é impressão minha?

Fernanda: Bom, eu não vou mentir para você, Igor; nem quero te magoar, mas a verdade é que eu ainda gosto um pouco dele sim. Mas voltar pra ele, nunca. Acabou.

Igor: Bom, então, eu acho que o melhor a ser feito é você seguir o seu caminho e eu o meu.

Fernanda: Igor, eu não estou disposta a voltar para ele... Eu ainda não o esqueci, mas eu quero esquecê-lo, e gostaria muito que você me ajudasse. Por favor, vamos tentar, se não der certo, pelo menos, continuaremos amigos...

Igor: Então, tudo bem. Afinal, você foi sincera comigo e eu admiro a sua sinceridade. Mas se não der certo, cada um segue a sua vida, antes que nós possamos sofrer com isso...
***

No dia seguinte, na Styllus...

Vinícius: Flores, para a mais bela flor do meu jardim... Oi, Érica.

Érica: Oi, Vinícius. Obrigada pelas flores... Mas que eu saiba, hoje não é meu aniversário, nem uma data especial...

Vinícius: As flores são... Um pedido de namoro. Fiquei sabendo que o Rodrigo voltou com a Sheila. Então eu pensei... Esse é o momento certo de eu e a Érica, nos reconciliarmos.

Érica: Pois pensou errado. Eu pensei que tivesse sido bem clara, quando disse que não o amava mais... Depois uma coisa não tem nada a ver com a outra. E eu agora estou afim mesmo é de ficar sozinha.

Vinícius: Mas você, agora está sem o Rodrigo... Ele e a Sheila vão ter um filho e... Eu posso fazer você me amar novamente. Por favor, Érica, me dê uma chance?

Érica: Não, Vinícius. No meu coração não tem mais lugar para você, e não mais terá, pelo menos do jeito que você quer... Eu quero me dedicar a minha vida profissional, não quero saber de ninguém, pelo menos por enquanto. Agora, se você me der licença, eu preciso trabalhar... O que é isso Vinícius, no seu braço?

Vinícius: O que?

Érica: São manchas... Manchas roxas, na sua perna e nos seus braços.

Vinícius: Eu não sei, eu devo ter batido em algum lugar.

Érica: Vinícius, eu não sei, pode ser somente cisma minha, mas procure um médico. Você está pálido, emagreceu, teve tontura na ultima vez em que esteve aqui; agora, essas manchas no corpo... Eu estou preocupara com você, quero o seu bem, procure um médico, por favor!

Vinícius: Então, volta pra mim, seja o que for que eu tenha, eu vou sarar rapidinho.

Érica: Não. Eu só quero a sua amizade... Você não entendeu nada, por favor, vai embora...

Vinícius: Eu vou, mas você vai se arrepender ainda por ter me deixado. Tchau.

Érica ficou pensativa e logo depois voltou ao trabalho.
***

Na casa de Geórgia...

Nádia: Oi, Geórgia. O que aconteceu, eu vim assim que recebi o seu recado...

Geórgia: Eu preciso ter uma conversa séria com você, sobre o Raul e a Samara. Nádia, você é minha amiga, não é?

Nádia: Que pergunta, Geórgia... Claro que sou!

Geórgia: Eu quero que você demita o Raul, da sua empresa.

Nádia: A empresa é do meu marido, Geórgia. Eu não posso fazer isso... E o Raul é um excelente administrador, não teria como mandá-lo embora...

Geórgia: Fale com o Arnaldo, então, para que ele o demita. Hoje em dia, o que não falta é gente procurando emprego, vocês demitem ele e logo aparecerem mil querendo a vaga, para ocupar o lugar dele, e eu aposto que mais competentes do que ele.

Nádia: E vamos demiti-lo assim, sem mais nem menos?

Geórgia: Ah, Nádia, por favor! Vocês são os donos, não precisam dar satisfação a ele. E depois, com esse sumiço dele e da Samara, já seria um motivo sim, porque ele não tem ido trabalhar... É justa causa, minha querida.

Nádia: Bom, ele estava com férias vencidas...

Geórgia: Mas vocês tinham que dar essas férias pra ele. Ele não poderia se ausentar por conta própria. O erro da empresa de vocês, é que vocês dão muita liberdade aos empregados, eu já falei isso pro Arnaldo... Na minha não, eu separo logo, o empregador do empregado, é uma questão de Hierarquia. Está em suas mãos a nossa amizade, Nádia... Ou vocês o demitem, ou eu não vou querer olhar para sua cara, nunca mais! Não se esqueça de que eu ajudei, e muito, você e o Arnaldo no começo... E então?

Nádia: Eu falarei com o Arnaldo, assim que o Raul pisar na empresa, ele será demitido... Você tem certeza de que é isso mesmo o que você quer, Geórgia? Deixe a Samara ser feliz com o Raul...

Geórgia: Nunca! Ser cruel, também é um jeito Geórgia de ser! Depois da vergonha que eles me fizeram passar na igreja, na frente de toda sociedade... Se eles pensam que amor enche barriga, pois então eles que vivam de amor, porque dinheiro, no que depender de mim, eles não terão.
***

À noite, Érica e Silvia, jantavam num restaurante...

Silvia: Eu adoro este restaurante, foi muito bom ter aceitado o seu convite filha, assim nos distraímos um pouco...

Érica: Nós estávamos mesmo precisando levantar o astral, não é mãe? Ah, não.

Silvia: O que foi Érica?

Érica: A Sheila e o Rodrigo acabaram de chegar.

Silvia: Aonde?

Érica: Disfarça, mãe... Eles estão do outro lado.
***

Sheila: Olha lá, é a Érica. Vamos cumprimentá-la.

Rodrigo: Vamos embora, Sheila...

Sheila: Não sem antes falarmos com a Érica... Oi, Érica, como vai?

Érica (Séria): Bem, obrigada.

Sheila: Boa noite, dona Silvia, Érica.

Silvia: Boa noite, Rodrigo.

Érica: Oi.

Sheila: Este restaurante é ótimo... Sabe Érica, eu queria me desculpar por tudo o que eu fiz a você... E queria que você soubesse que não vou mais mover ação nenhuma, contra você. E quanto a Styllus, você pode continuar trabalhando lá, assim que o nosso filho nascer, eu decido se volto ou se vendo a minha parte pra você... Agora vamos, amor? Eu não vejo a hora de chegar em casa. Silvia, eu fiquei sabendo do que aconteceu com você e o Alberto... Sinto muito.

Silvia: Não sinta, Sheila. Eu que sou a esposa dele, não estou sentindo por isso... Agora, se vocês nos dão licença, nós estamos famintas e gostaríamos de fazer o nosso pedido.

Sheila: Ah, sim claro... Vamos Rodrigo? Desculpe por termos atrapalhado vocês. Vamos amor? Tchau!

Rodrigo: Tchau Érica, dona Silvia...
***

Érica e Silvia ficaram caladas e fizeram os seus pedidos...

Na casa de Ellen...

Marcelo: Ellen, vamos nos deitar amor?

Ellen: Vai você, eu estou sem sono...

Marcelo: Não foi ontem que você esteve com o médico no consultório, e tomou os medicamentos?

Ellen: Foi sim...

Marcelo: Então, vamos meu amor... Nós temos que continuar tentando, quem sabe é hoje que nós conseguiremos o nosso tão sonhado filho, hein?

Ellen: Amanhã, Ricardo. Hoje não... Eu quero ficar sozinha, descansando, vou ler um livro até o sono aparecer. Boa noite.

Marcelo: Mas, Ellen meu amor...
***

Enquanto isso, na casa de Amanda...

Danilo: Você não desiste mesmo, hein Amanda?

Amanda: Lógico que não, Danilo! O Marcelo vai ser meu de novo, pode escrever. Mas, muito me admira que tenhamos o mesmo sangue... Você ama a Samara e não fez nada para impedir que ela se fosse com o Raul...

Danilo: Ela o ama e contra isso, eu não posso lutar... O seu amor pelo Marcelo, virou obsessão. O meu amor pela Samara não é correspondido, nunca foi, e eu cansei. Não vou ficar sofrendo, ou estragando a minha vida por isso, como você está fazendo, minha irmã. Apesar de estar com o coração partido, eu vou fazer de tudo para esquecê-la, pois sei que ela nunca vai voltar pra mim. Tudo o que eu quero nesse momento, é viver um novo amor. Quero encontrar alguém que eu ame e que, principalmente me ame também; e se eu fosse você, faria o mesmo.

Amanda: Nunca! Sem o Marcelo, a minha vida não tem sentido, e por ele, eu vou até o fim.
***

Enquanto isso, no restaurante...

Silvia: Ah, não filha... Hoje não é o nosso dia de sorte.

Érica: O que foi agora, mãe?

Silvia: O seu pai e a Geórgia, acabaram de entrar.

Érica: Contenha-se, mãe, por favor!

Geórgia: Silvia, querida! Quanto tempo... Estava sumida, hein? Oi, Érica.

Érica: Oi.

Alberto: Oi, Silvia.

Silvia: Não dirija a palavra a mim, Alberto.

Geórgia: Gente, por favor, vocês não vão brigar aqui agora, não é?

Silvia: Com licença, eu vou ao toalete...

Geórgia: Eu vou com você, Silvia. Já volto, Alberto.

Alberto: Como você está, Érica?

Érica: Mais ou menos, pai... E o senhor, tinha que se mudar justamente pra a casa da Geórgia?

Alberto: Eu não tive escolha, filha... A Geórgia me convidou, e ainda foi me buscar no hotel; o Francisco também, insistiu muito para que eu fosse... Mas me conte como estão a sua mãe e a Ellen?

Enquanto Érica contava tudo ao pai, Silvia e Geórgia conversavam no banheiro...

Geórgia: Silvia, querida não fica assim... Vamos voltar para a mesa, vamos?

Silvia: Você ainda ama o Alberto, não é, Geórgia?

Geórgia: O que é isso, Silvia... De onde você tirou essa ideia?

Silvia: Você fingiu durante todos esses anos, que o tinha esquecido. Virou nossa amiga, casou-se com o Francisco... Na certa, porque eles seriam sócios, mas você esperou, esse tempo todo pelo momento certo; agora esse momento chegou, não é? Eu deixei o Alberto, o mandei embora de casa e você fez tudo de caso pensado, foi atrás dele que nem um cachorrinho e o levou pra sua casa.

Geórgia: Chega! Você já está ficando neurótica, Silvia... Se você quer mesmo saber... Eu amo o Alberto, sim. Sempre amei e sempre vou amar. Eu jamais quis ser sua amiga, usava isso apenas para ficar perto dele. E agora, ele vai ser meu! Sim, eu esperei muito tempo por isso, e essa é a minha chance de ser feliz, com o homem que eu amo e que você não soube dar valor.

Silvia: Pode ficar com ele para você, Geórgia e faça bom proveito... Vocês se merecem! Mas saiba de uma coisa, o Alberto nunca vai te amar, ele tem horror a você... Eu o tive por inteiro, e isso, você nunca vai ter. Foi a mim, quem ele escolheu para casar, ter filhos, viver toda uma vida, e isso mesmo quando ele ainda estava com você. Eu só lamento e sinto pena, por você ser essa pessoa tão baixa, mesquinha e infeliz! Passar bem.

Geórgia (Furiosa): Miserável!
***
Voltando à mesa de Érica...

Silvia: Vamos embora, filha.

Alberto: Silvia, meu amor...

Silvia: Com o senhor, eu só falo na presença de meu advogado. Vamos Érica, por favor!

Érica:Tchau, pai.

Alberto: Tchau, filha.
***

No dia seguinte, na casa de Geórgia...

Geórgia: Vinícius meu filho, você não vai à empresa, hoje?

Vinícius: Não, eu não estou passando bem.

Geórgia: Vinícius, aquela empresa não funciona sem você, e depois você precisa se valorizar e deixar de pensar nessa Érica... Ela não vai voltar para você, põe isso na sua cabeça.

Vinícius: Mas eu a amo e nunca vou esquecê-la... Eu...

Nesse momento, Vinícius tenta se levantar e desmaia.

Geórgia: Ai meu Deus! Francisco corre aqui... Vinícius, meu filho...

Francisco: O que foi, Geórgia? Vinícius! Pegue o álcool no banheiro, depressa Geórgia!

Geórgia: Toma... Anda logo, o meu filho pode morrer.

Francisco fez com que Vinícius respirasse o álcool e por fim, ele acordou...

Geórgia: Vinícius, você está melhor? Fala comigo, meu filho...

Vinícius: Eu... Estou bem, eu senti uma tontura de repente...

Geórgia: Coloque-o na cama, Francisco.

Francisco: Que manchas são essas no seu corpo, Vinícius?

Vinícius: Eu não sei, pai... Eu devo ter batido em algum lugar.

Francisco: Ou em vários lugares, não é? Porque são muitas.

Geórgia: Você vai ficar preocupado com manchas agora, Francisco? Filho, eu vou chamar o médico para te examinar...

Vinícius: Não, eu estou bem... Acho que desmaiei de fraqueza.

Geórgia: Então, eu vou pedir a Maria que lhe traga um café reforçado, e o senhor vai comer tudo! Maria, Maria...
***

Três dias se passaram e Lia visita Sheila...

Geórgia: Sheila, minha querida! Como você está?

Sheila: Bem, graças a Deus.

Geórgia: E o Rodrigo, como estão as coisas entre vocês?

Sheila: Como dois amigos, dividindo um apartamento e tudo o mais... Mas eu chego lá e ele vai ser meu de novo. O mais importante eu já consegui né? Separá-lo da Érica.

Geórgia: Sei... Mas eu vim buscar você para irmos ao shopping, ver o enxoval do bebê, vamos?

Sheila: Claro, eu só vou tomar um banho, você me espera?

Geórgia: Espero sim, tome seu banho à vontade.

Geórgia estava a espera de Sheila, quando de repente, Sheila grita e Geórgia vai até o banheiro...

Geórgia: O que foi, Sheila?

Sheila: Sangue! Eu estou sangrando, eu vou perder o meu filho... Chame o Rodrigo... Por favor! - Implora chorando.

Geórgia: Acalme-se, o Rodrigo deve ter ido trabalhar. Seque-se, vou levá-la para um hospital... Ah, meu Deus!
***

No hospital, Sheila já havia sido examinada, e dormia, devido ao calmante que lhe deram. Rodrigo acabava de chegar e junto com Geórgia, falava com o médico...

Médico: Quem é o marido dela?

Rodrigo: Sou eu, doutor... Rodrigo Campana. O que aconteceu, ela perdeu o bebê?

Médico: Não, foi apenas a menstruação dela que desceu...

Geórgia: Como assim, doutor Moretti? Ela não está grávida?

Doutor: Não. Só na cabeça dela, dona Geórgia.

Geórgia: Como assim?

Doutor: Ela teve uma gravidez psicológica, ou seja, a mente dela estava emitindo sintomas de gravidez para o seu corpo.

Geórgia: Meu Deus!

Rodrigo: Mas espera aí, doutor... Ela estava atrasada há quase dois meses, como isso é possível?

Doutor: Bom, como vocês sabem, a nossa cabeça, o nosso celebro comanda tudo. Através do inconsciente, a Sheila colocou na cabeça que estava grávida, talvez fosse um sonho dela... Por isso, o atraso da menstruação... O corpo só estava atendendo a um comando do cérebro. Mas, mais cedo ou mais tarde, a menstruação desceria, e foi o que aconteceu.

Geórgia: A Sheila está doente da cabeça...

Rodrigo: Eu posso vê-la, doutor?

Doutor: No momento não, ela estava muito nervosa, descontrolada, nós a sedamos. Agora ela vai dormir até amanhã. Eu aconselho vocês a fazerem com que ela procure um tratamento psicológico, pelo que eu pude observar, ela não está nada bem. Agora eu preciso ir, com licença.

Geórgia: E agora, Rodrigo o que você vai fazer?

Rodrigo: Eu vou conversar com ela e tentarei interná-la.

Geórgia: Rodrigo, ela vai precisar muito de você.

Rodrigo: Eu sei e vou ajudá-la... Mas eu não vou ficar com ela, isso não vai ser possível... Eu também preciso me ajudar, e será pelo próprio bem dela.
***

No dia seguinte, Rodrigo visitava Sheila...

Sheila: Rodrigo, meu amor... Que bom que você veio.

Rodrigo: Bom dia, Sheila. Como você esta?

Sheila: Eu estou bem, apesar de tudo. O médico não veio me ver até agora, e eu ainda não sei o que aconteceu com o nosso filho... Rodrigo, está tudo bem com o nosso filho, não está?

Rodrigo: Sheila, eu não sei como te dizer isso, talvez não haja uma maneira fácil de falar, sem rodeios, enfim... Você não estava grávida, Sheila.

Sheila: Como não? E os sintomas que eu tive? E o atraso na minha menstruação?

Rodrigo: Foi exatamente isso o que aconteceu ontem, quando você tomava banho, foi a sua menstruação que desceu... Não era você perdendo o nosso filho, simplesmente porque você não estava grávida. Só psicologicamente.

Sheila: Não, não pode ser... É mentira! É mentira! Não, não...

Rodrigo: Se acalme, Sheila. Por favor!

Sheila totalmente descontrolada, começou a quebrar tudo no quarto e a se bater, sem parar... Nesse momento Geórgia chegou, acompanhada do médico...

Geórgia: Meu Deus! Sheila, pare com isso.

Sheila: Geórgia, diz que é mentira, por favor... Eu não inventei essa gravidez.

Geórgia: Eu não posso, Sheila... Infelizmente é verdade.

Rodrigo: O doutor Moretti vai te explicar tudo... Depois nós iremos para casa.

Enquanto o doutor Moretti explicava tudo para Sheila que parecia nem ouvir direito, Rodrigo e Geórgia conversavam.

Geórgia: Rodrigo, eu não sei o que você pretende fazer agora, mas acho melhor que você dê um tempo a ela. Uma internação agora, ou você deixando de viver com ela, só irá piorar as coisas, deixe tudo como está, pelo menos por enquanto, até que ela se livre desse baque... Faz isso por ela, por favor!

Rodrigo: É... Talvez você tenha razão...

Sheila: Geórgia, me ajuda a trocar de roupa, porque eu quero ir embora daqui o mais rápido possível.

Geórgia: Claro, vamos lá... Você está melhor, minha filha?

Sheila: Acho que sim. Nem pra isso eu tenho sorte. Eu queria tanto dar um filho pro Rodrigo... Agora com certeza, ele vai voltar com a Érica...

Geórgia: Não pense nisso agora, Sheila. Você precisa descansar.
***

Geórgia ao chegar em casa, teria uma visita a sua espera...

Geórgia: Ai que dia, viu...

Danilo: Como vai, Geórgia?

Geórgia: Danilo! Quanto tempo... O que você faz por aqui?

Danilo: Eu vim te dizer que você estragou a minha vida. Eu não faço outra coisa, que não seja pensar na Samara, e você me fez perdê-la.

Geórgia: Eu ou a sua incompetência? E depois, meu querido, ninguém perde o que nunca teve. A Samara nunca foi sua, ela sempre amou o Raul. E você sabe muito bem disso.

Danilo: Mas eu quase a conquistei, ela estava baixando a guarda... Maldita hora em que eu me aliei a você, naquele plano para afastar o Raul dela.

Geórgia: Chega Danilo, agora não adianta chorar pelo leite derramado. O que está feito, está feito. Vamos esquecer tudo isso. Eu queria falar com você sobre a Sheila.

Danilo: E o que é que tem ela?

Geórgia: Eu quero te pedir uma opinião médica... Você é psiquiatra, e a Sheila está precisando de um...
***

Alguns dias depois... Na Styllus.

Érica (Ao telefone): Certo, tudo bem... Eu ligo para a senhora assim que os objetos de decoração chegarem... Por nada, tchau.

Nesse momento, Geórgia foi entrando...

Geórgia: É por aqui, rapazes, por favor... Interditem todas essas portas...

Érica (Espantada): O que está acontecendo aqui, Geórgia? Aqui é o meu local de trabalho, eu não vou permitir que você entre e faça baderna, aqui dentro.

Geórgia: Acontece, Érica, que esse seu local de trabalho, como você mesma disse, não é só seu, é da Sheila também... E é por ela que eu estou aqui. Ela ganhou essa ação na justiça, permitindo o fechamento da Styllus, até que a Sheila volte, ou decida o que fazer com a parte dela. Portanto, sem ela aqui, você não vai poder trabalhar, pois a empresa leva o nome dela, também.

Érica: Mas ela me disse, ainda outro dia que eu poderia continuar aqui, até que ela voltasse, que ela tinha desistido da ação judicial...

Geórgia: Mas isso, foi antes dela saber que só estava grávida psicologicamente... Agora, tudo mudou e você estragou a vida dela. Arrume suas coisas, porque os rapazes têm que cuidar para que tudo aqui, fique bem trancado.

Érica: Por que a Sheila não veio pessoalmente? Eu gostaria de falar com ela.

Geórgia: A Sheila não tem condições para mais nada... Ela vai precisar de um tratamento psiquiátrico. Eu a estou representando legalmente, de agora em diante, eu tomo conta de tudo para ela.

Érica: Tudo bem, eu não irei discutir com você Geórgia, acho perda de tempo. Mas eu também irei tomas as providências cabíveis, pode esperar.

Geórgia: Eu duvido que a justiça vá a seu favor, num caso como esse... Mas não custa tentar. Quer um conselho? Venda a sua parte para mim... Sim, porque ninguém mais se interessaria em comprar uma empresa, que não vai poder funcionar, por um bom tempo. E então, o que você me diz, minha querida?

Érica: Nunca! A minha parte, eu não vendo nem morta! Eu já acabei aqui, pode fechar, e apague as luzes quando sair, dona Geórgia. - Disse na cara dela, em tom provocativo e saiu.

Geórgia: Muito bem, rapazes... Mãos a obra! De hoje em diante, a Styllus permanecerá fechada, enquanto eu quiser.
***


FIM DO CAPÍTULO


(A imagem congela em Geórgia. Logo depois surge um enorme Coração Partido sobre ela).


{O capítulo se encerra com a música: Corazón Partio - Alejandro Sanz}.






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