Dom de Amar | Cap. 07



DOM DE AMAR
by
EVERTON BRITO

Capítulo 07

FADE IN:

01 EXT. CAMPO DE ALECRIM DOURADO, OUTRO PLANO– DIA.

SONOPLASTIA: The Goodbye Boy- Instrumental.

Abre a cena num lindo e vasto campo de alecrim dourado, onde, distantes, estão Leandro e Marina. Ele sorri quando a vê. Um sopro de vento bate em seu rosto.

LEANDRO
Marina!

Sua voz ecoa. Marina, com lágrimas no rosto, sorri para ele com ternura.

MARINA
Ah, Leandro…

LEANDRO
Marina…

Os dois passam a correr, ao encontro. O leve vestido branco de Marina arrasta no chão, dançando com o vento. CAM AÉREA. Os dois param apenas a alguns centímetros de distante, se entreolham.

Acontece um corte imediato para a CENA DO HOSPITAL, na qual Marina está ainda desacordada. Os médicos tentam reanimá-la. CAM foca em Leandro, ainda com a mão estendida.

CECÍLIO
Não… Não, eu não posso… NÃO!

Ele grita com tosa força e corre para onde Marina está, parando e em seguida dando-lhe um beijo.

Outro CORTE IMEDIATO, devolta a cena do CAMPO. Leandro e Maria sorriem um para o outro e quando finalmente iam se juntar, o chão entre eles racha, divindo-os.

LEANDRO
Não! Marina…

MARINA
Leandro!

As rachaduras que os divide tornam-se maiores, afastando-os um do outro. Eles tentam dar as mãos.

MARINA
Leandro!

CORTE PARA A CENA ANTERIOR.

Lágrimas caem dos olhos de Leandro. Cecílio a larga. Marina suspira. O aparelho cardíaco aponta suas pulsações reagindo. Uma forte luz chama por Leandro.

Cecílio o encara, desculpando-se. Leandro desaparece na luz e Marina abre os olhos, respirando fundo.



02 INT. ARAS MUÑOZ– DIA.

Sarita caminha pelo corredor dos quartos, lentamente. Ela avista Bento caído no chão do quarto. Sarita corre, adentra no quarto, joga a bolsa no chão e se abaixa para ver Bento, passando a mão por sua cabeça.

SARITA
Bento… Bento…

Em Bento, suando frio, com um olhar distante, tremendo.

BENTO
Tá frio aqui… Muito frio. Você os viu? Eu os vi.

SARITA
Te deram os remédios de novo, não foi? Ele te dopou novamente, Bento. O que estão fazendo com você?!

Subitamente, Eduardo adentra no quarto com alguns enfermeiros e  homem vestido de terno.

EDUARDO
Ali! É ela!

Sarita se assusta, levanta-se e imediatamente é agarrada pelos enfermeiros.

SARITA
Não! O que é isso? Me solta!

EDUARDO
Ela é louca! Levem ela para o hospício, que é onde loucos devem estar! Rápido!

SARITA
Eu não sou louca! Eu não sou…  Você é! Você dopa seu próprio filho! Que espécie de monstro de você é?

EDUARDO
Não sei do que você está falando, minha cara.

Sarita grita de raiva, solta-se dos braços dos enfermeiros e avança em Eduardo, derrubando-o no chão e lhe dando vários tapas.

SARITA
Desgraçado, desgraçado! Maldito! Eu vou acabar com você! Eu vou te denunciar!

Os enfermeiros agarram Sarita e ela arranha o rosto de Eduardo, que grita de dor.

SARITA
Me solta!

O homem de terno age rápido e lhe aplica um sedativo no braço. Sarita vai enfraquecendo e aos poucos desfalece nos braços dos enfermeiros, que a levam do quarto.

OSVALDO
Muito bem. Agora nossa parte do acordo.

Eduardo, segurando o rosto, vai até a escrivaninha próxima, abrindo a gaveta e tirando um envelope volumoso de dentro.

EDUARDO
Desgraçada… Eu quero que ela apodreça naquele inferno de hospício para o resto da vida

OSVALDO
Que assim seja.

Osvaldo sorri, guardando o envelope e se retirando do quarto. Eduardo olha para Bento, que se encontra inerte.

EDUARDO
 E você… bico calado. Lembre-se que foi pela sua curiosidade que está assim hoje.

Eduardo volta-se para o Espelho, tirando as mãos sujas de sangue do rosto machucado.

EDUARDO
vadia.

03 INT. HOSPITAL, QUARTO MARINA- DIA.

CAM.
Em Marina, deitada na cama, carrega um semblante raivoso. A enfermeira adentra com seu bebê em mãos. Cecílio observa a cena contente.

ENFERMEIRA
Olha só quem chegou para ver a mamãe…

Ela entrega o bebê a Marina, que olha sem emoção alguma. O bebê começa a chorar. Marina se mostra impaciente.

MARINA
Ai, para de chorar… Para de chorar, coisa insuportável. Tira ele daqui, tira ele daqui. Tira, tira…

Marina entrega as pressas a criança para a enfermeira, que se mostra assustada com a reação de Marina. Cecílio também estranha.

04 INT. CEMITÉRIO- DIA.

Céu no bublado.

SONOPLASTIA: Liability- Lorde.

CAM.
Foco em uma mulher caminhando, vestida de noiva, pelo cemitério. Foco em seus olhos, lágrimas saltam deles. Revela Melissa. Ela fecha os olhos, acaraciando seu próprio rosto, dançando lentamente. Sozinha.

Melissa ajoelha-se e debruça-se sobre o túmulo de Leandro.

MELISSA
Ah, Leandro…

Ela chora. Uma pétala de rosa vermelha cai sobre a lápide de mármore, ela olha. Logo, várias dessas pétalas caem do chão. Ela olha para o céu, onde uma chuva de pétalas vermelhas caem sobre ela.

Segundos depois percebe que o que cai é chuva, não pétalas, e que ela está se molhando.

MELISSA
LEANDRO!

Melissa grita, desesperada.

05 INT. HOSPITAL- DIA.

Eduardo acaba de adentrar no quarto onde Marina está. Ele fecha a porta. Caminha até a cama e fixa em Marina um instante.

EDUARDO
Como não gosto de rodeios, eu venho aqui lhe dizer que lhe tenho uma proposta.

MARINA
Pois não? Foi para isso que me chamou ontem mais cedo?

EDUARDO
Exatamente. Na verdade, o que me interessa é o meu neto.

MARINA
A criança?

EDUARDO
Eu vou te deixar rica, mas para isso, você precisa me entregar o menino.

MARINA
Por quê eu faria isso? Afinal, ele é meu filho.

EDUARDO
Porque você é o que eu sempre achei que fosse: uma aproveitadora de quinta, que só estava com o Leandro por dinheiro.

MARINA
Por favor, o senhor está me ofendendo.

EDUARDO
Deixe de rodeios. Dois milhões… dois milhões é o que eu tenho a te oferecer pela guarda do garoto.

Cecílio, de braços cruzados, atrás de Eduardo, resmunga.

CECÍLIO
Ela nunca faria isso.

Marina fica um pouco em silêncio, logo depois, responde.

MARINA
Onde eu assino?

Cecílio se surpreende. Foco no rosto de Eduardo, contente.

FADE OUT.

FIM DO CAPÍTULO.


Postar um comentário

0 Comentários