Capítulo 14
Os Passos do Rei
CENA 1/ CASA DE FANO/ INTERIOR/NOITE
Na sala Fano, serve-se de bebida. Jean, calado, somente observa.
Fano – Estamos sozinhos, Carol, ficará
uns dias fora até as coisas se ajeitarem. Bebe? – entrega lhe o copo.
Jean – (toma o primeiro gole) De verdade, obrigado! Se você
não tivesse aparecido eu estaria morto há essas horas.
Fano – Todos nós estaríamos. Mas o
negócio é o seguinte, Jean, temos que agir.
Jean – Você manda, chefe.
Fano – Chefe?! (riso) Não, Jean, você é o
chefe agora ou eu poderia dizer rei?
Jean – Nunca pensei que…
Fano – Mas chegou.
Fano, senta-se no sofá, solta o
copo de bebida sobre a mesa de centro.
Fano – Hoje, Walter Pernas, está dando
uma luxuosa festa em sua mansão secreta, uma festa dessas que os traficantes
chamam reunião de trabalho, regada a muita droga, bebida e
mulheres.
Jean – E muitos prováveis aliados.
Fano – Mas é aí que você entra. (segurando o copo apontando para Jean) Seu
advogado, estará presente, é hora de você mostrar à todos quem é o novo Rei da
Coca.
Levanta-se, e encara aquele que
foi um dia seu inimigo número um.
Fano – Mais alguma coisa, Chefe?
Jean – Não.
Fano, levanta o copo de whisky, respira e finalmente toma coragem.
Fano - Um brinde a esse dia histórico, à você Jean Ribeiro.
CENA 2/ CASA DE BARTÔ/ INTERIOR/ NOITE
Sentando no sofá, Bartô, bebe e não
larga o celular esperando por uma ligação de Jean.
Bartô – Aparece, Jean. Me liga nem que
seja pra dizer que eu sou um merda.
Jean, entra. Bartô o encara, e volta a
beber.
Bartô – Já te disseram que em algum
lugar jogado num canto alguém pode estar sofrendo por você?
Jean, se aproxima.
Jean – Me desculpa? – o abraça – vem
cá, eu preciso de você agora, nem que seja por um minuto.
CENA 3/ FESTA DE WALTER PERNAS/ INTERIOR/ NOITE
Na festa de Walter, os mais importantes
homens do tráfico desfrutam das bebidas mais caras, das mulheres mais lindas.
Walter faz as honras da casa recebendo os já aliados, e os prováveis. Julio,
circula pelo ambiente, sem desgrudar do celular.
Julio – Me mantenha informado, esse
desgraçado não pode ter fugido sozinho, alguém o tirou de lá e é sua missão
descobrir e acabar com a vida do miserável que fez isso.
Walter, aproxima de Nathan, que parece
se sentir bem a vontade com o ambiente.
Walter – Nathan! O advogado de ouro…
Nathan – Bela festa, Sr. Pernas.
Walter – (ORGULHOSO) Uma reunião para os amigos
mais íntimos e poderosos claro. Perdemos um grande aliado hoje, nada melhor que
alguém faça as honras da casa, estes senhores estão todos preocupados com o
futuro de seus negócios, o meu papel hoje é apenas tranquilizá-los, é a vida
que segue meu caro.
CENA 4/ ENTRADA DA FESTA/ INTERIOR/ NOITE
Na entrada da festa, os convidados
ficam surpresos com a chegada de Jean, vestindo terno preto, caro. De
expressão serena, passos largos, postura ereta. Olhar altivo. Nathan o vê na
porta de entrada, e chama atenção de Walter.
Nathan – Pois me parece que mais alguém chegou
para tranquilizar seus aliados.
Jean, pega uma bebida e se aproxima dos dois.
Jean – Obrigado – ao garçom. Boa noite senhores. Walter,
bela festa, não?
Walter, fecha a cara e retira-se.
Nathan – (sorridente, desafiador) Então esse é o famoso, Jean
Ribeiro?
Jean – Famoso, eu?!
Nathan, lhe estende a mão.
Nathan – Nathan de Oliveira, seu
advogado. Esperava uma visita sua hoje a tarde.
Jean - Era uma desistência que você esperava? Não vai ter!
Nathan - (admirado) Era esse Jean Ribeiro que esperava conhecer.
CENA 5/ FESTA/ INTERIOR/ NOITE
Walter e Julio, sentem-se
incomodado com a presença de Jean.
Walter – Está guerra não vai ser das
fracas.
Julio – O que ele faz aqui?
Walter – Mostrar poder, subestimamos, Armando
Cardona e sua cria. Esse muleque é peixe grande, mas nada vai atrapalhar os Pernas nesta empreitada. (olhar de ódio sob Jean).
CENA 5 / FESTA/ INTERIOR/ NOITE
De longe, Luis, delegado da Polícia Federal, encara Jean.
Jean – Quem é aquele?
Nathan – Luís Rubens, é delegado da
Polícia Federal.
Jean- Aqui?
Nathan – Neste negócio há aliados por
todas as partes.
Jean – E inimigos também.
Nathan – Mas se saber jogar as cartas
certas não há inimigo que não se renda.
Jean – (encarando Luis) Acha que não sei jogar?
Cumprimenta Luis, com o
levante do copo e o mesmo o segue até a parte externa da casa.
Luis - (confiante) Jean Ribeiro, o dono da porra toda.
Jean – Delegado.
Luiz e Jean conversam na varanda. Julio
os observa, e finalmente se convence que Armando Cardona instruiu muito bem seu
substituto.
CENA 6/ FESTA/ INTERIOR /NOITE
Na biblioteca, Walter, conversa com um
de seus empregados, quando Júlio, entra.
Júlio – Pai.
Walter – Estamos conversados, pode ir.
– empregado sai.
Júlio – (gesticulando, grandiosidade na fala) Todos os convidados estão impressionados, boquiabertos e você viu pareciam brigar pela atenção dele? É
meu pai sangue novo na área. Parece que o senhor vai ter dificuldades nessa
escalada pro topo.
Walter – Não tá morto quem peleia. Vai
cozinhando, com calma, banho maria, não são assim da noite para o dia que se
fazem as coisas.
Júlio – Eu quero descobrir quem o tirou
daquela toca.
Walter – Como é um ingênuo, Júlio. Não
precisa ser muito inteligente pra perceber que Fano Cardona está metido nisso.
Júlio – Acha que seria capaz de nos
trair?
Walter – Pode ter se inteirado dos
planos.
Júlio, dá um soco sobre a mesa.
Júlio – Desgraçado!
CENA 7/ FESTA / INTERIOR/ NOITE
Jean, conversa com Aroldo Portela,
um senhor, cabelos grisalhos, fala mansa, aliado de Cardona há muitos anos, e
agora se alia a ele nos negócios e na vida.
Aroldo – Fico muito satisfeito em
conhecê-lo, Jean. Há algum tempo que já ouço falar de um rapaz valente,
destemido, inteligente, certamente chegaria aonde chegou. Conte comigo.
Jean - (forte aperto de mão) Para o que der e vier meu caro. (feliz) e como me sai hoje?
Aroldo - Perfeito, soberano, eu diria que todos estes homens estão admirados, de joelhos ao seus pés. É um rei, Jean. Armando Cardona, definitivamente escolheu a dedo seu sucessor.
CENA 8/ FESTA/ EXTERIOR/ NOITE
Saindo da Festa, Jean é seguido por Nathan.
Jean – (continua caminhando, olhando para trás) O que foi? Vai ser meu advogado
ou meu guarda-costas agora? (vira-se de braços abertos na altura do quadril)
Olha Jean dos pés a cabeça.
Nathan – (fala mansa) Seu advogado e o que mais você
precisar.
Jean – (surpreso) Caramba!
Nathan – (convicto) Jean, pode contar comigo para
tudo mesmo.
Jean – Olha, Nathan, eu não sei quem é
você, não sei que ligações você tinha com Armando Cardona e não sei que tipo de
merda de relação você tem com os homens que estão aí dentro (apontando para a mansão Pernas). Mas eu queria
estar fora dessa merda toda.
Nathan – (Muito sério, pouco de raiva) Mas não está! Essa é a sua
vida agora. Boa noite!
Deixa Jean, sozinho, boquiaberto.
CONTINUA...
congelamento final de capítulo Jean Ribeiro.
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