DESTINO - Capítulo 49 : Relações Consanguíneas (PENÚLTIMO CAPÍTULO)


Tatiana: Mãe, essa história não tem nexo.
Tiago: Eu entendi tudo, dona Vera.
Vera: Entendeu o que se eu não expliquei...
Tiago: Você pra dar o troco no Marcos acabou transando com o Eugênio, não é? Parabéns, mãe, eu nunca nutri um amor por esse pai que nunca conheci e hoje sei que não é meu pai, mas eu sempre tive respeito por você, até saber que você é uma...
Vera desfere um tapa em Tiago.
Vera: Você nem ouse dizer o que estava pra dizer, seu piá ignorante! Eu nunca esperava que você ia pensar isso de mim!
Lívia: Tiago, olha o que você está falando! Você está sendo injusto com a sua mãe!
Tiago: Então me diz como que ela engravidou dele? Foi por wi-fi ou por bluetooth? Já existia isso em 1992? (debochado e chorando de ódio)
Vera: Tiago, eu fui estuprada pelo Eugênio!
Todos ficam perplexos. Tiago instantaneamente muda o tom ao falar.
Tiago: Estuprada? Como?

Vera: O Eugênio me estuprou para dar o troco no Marcos. Eu nunca tive nada com aquele canalha e nunca teria e bem entendo como devia ter sido difícil pra Helena aguentar aquele bosta como marido e ter se envolvido com o Marcos.
Tatiana: Mãe... ele não tinha o direito! Eu sou filha desse canalha! Não é possível.
Vera: Eu tenho certeza que sim.
Tiago: O Mateus sempre soube disso?
Vera: O Mateus sabia que havia algo de errado entre a gente e o doutor Eugênio, mas ele não sabia do estupro. Ele descobriu mais tarde, com uns 10 anos, quando ele pegou eu e a Terezinha tocando nesse assunto. Desde então ele só pensava em se vingar do Eugênio.
Tiago: Mas, como a senhora tem certeza de que ele é nosso pai? Não poderia ser o Marcos?
Vera: Eu fiquei meses sem...vocês sabe...
Tatiana: Transar?
Vera: É...isso mesmo! Por que estava chateada com a traição. Não é porque eu o perdoei que eu voltaria a tratá-lo como antes normalmente. Ao contrário do Marcos, eu nunca trai!
Iná: Estou chocada! Não há limites mesmo pra a maldade humana. Estupro?
Vera: Você como mulher imagina como foi a minha dor, não apenas física, mas moral?
Iná: Sim, eu posso imaginar a sua sensação de não poder fazer nada. Que desgraça isso tudo.
Vera: Eu não tive coragem de ir na delegacia.
Ellen: Se eu bem imagino na delegacia iam insinuar que você pediu, que você tava de caso com ele.
Priscila: Se hoje com delegacia da mulher, lei Maria da Penha e todos os direitos da mulher alcançados até aqui já é assim, imagina no início dos anos 90.
Tatiana: A verdade é que só se sabe o quão é difícil ser mulher quando se é mulher. Eu senti exatamente isso quando comecei a apanhar do Bruno.
Vera: E pra piorar tudo, depois veio a gravidez. Eu pensei em me matar, mas tinha um lado moral em mim que, apoiado pela sua tia Terezinha, me fez levar a gravidez adiante e criar vocês. O Mateus, mesmo depois de saber de tudo, nunca deixou de amar vocês como irmãos, mas em compensação passou a nutrir essa vontade de acabar com a vida do Eugênio, fisicamente e financeiramente.
Lívia: E por isso eu fui o alvo dele.

Na penitenciária Mateus recebe uniforme para ficar lá e após passar por todos os procedimentos ele entra numa cela não destinada para pessoas com ensino superior e é hostilizado pelos demais presos.
Agente penitenciário: Vai ter que ficar por aqui até vagar lugar lá na cela dos “brother do Cunha”.
Preso 1: Carne nova no pedaço.
Preso 2: Olha só, cambada, o playboyzinho tem cheirinho de perfume importado.
Demais presos: Huuuuuuuum.
Preso 2: Qual perfume que é? “Doce e Bacana” ou é aqueles vendidos na “Rui Barbosa”? (debochando cheirando o pescoço de Mateus.
Preso 1: Ow, playboy, tá aqui por que, heim?
Mateus: Assassinato.
Os demais presos ficam com uma cara de surpresa e param de mexer com Mateus que lembra do dia em que assassinou Eugênio.

*FLASHBACK*

Mateus e Eugênio estão dentro do carro indo em direção à casa de Eugênio para um jantar.
Mateus: Olha, doutor Eugênio, não entendi o porquê desse jantar hoje. É aniversário de alguém?
Eugênio: Não. Vamos falar sobre o seu noivado com minha filha, Lívia.
Mateus: Mas já teve o jantar de confirmação do meu pedido. Continuo a não entender. E que rua mais mal iluminada é essa em pleno bairro Seminário?
Eugênio para o carro.
Mateus: Onde estamos?
Eugênio: Mateus, você achava mesmo que eu iria deixar alguém se aproximar da minha filha sem pesquisar a vida desta pessoa antes?
Mateus: Não estou entendendo sobre o que o senhor está...
Eugênio dá um soco na cara de Mateus.
Eugênio: Não me faça de idiota seu moleque insolente! Eu sei que você é filho daquele zeladorzinho que deu em cima da minha mulher no passado!
Mateus: Você não deveria ter feito isso, Eugênio.
Eugênio: Você vai hoje mesmo, neste jantar, desfazer esse noivado e vai pedir demissão do hospital e nunca mais aparecer nas nossas vidas. O seu pai não aproveitou a oportunidade e deu no que deu. Seja mais esperto, rapaz.
Mateus: Quem vai dizer adeus à Lívia hoje é você, seu bosta.
Mateus retira uma arma de dentro da jaqueta.
Eugênio: O que é isso, Mateus. Baixa esse negócio agora ou você vai se dar mal.
Mateus: Será que eu vou me dar mal mesmo?
Eugênio reage e tenta tomar a arma de Mateus. Eles travam uma batalha de poucos segundos até que Mateus dispara e acerta Eugênio no estomago.
Eugênio: Mateus, pelo amor de Deus, chame a ambulância.
Mateus começa a dar uma risadinha demoníaca enquanto Eugênio perdia muito sangue.
Mateus: Eu estou me divertindo com essa cena. Seu verme. Seu lixo.
Eugênio: Mateus...por favor...
Eugênio morre de hemorragia e só então Mateus se dá conta de que precisa de ajuda pra se livrar daquela situação.
Mateus: Alô, Bruno? Preciso que você me ajude a se livrar da arma que tu me vendeu.
Bruno: Desistiu?
Mateus: Deu merda e eu tive que fazer o serviço antes do pensado.
Bruno: Caralho, cara! Onde você está.
Mateus: Numa rua aqui no Seminário. Perto de uma pracinha. Tá vazia, mas eu tenho que chamar logo a polícia dizendo que fomos assaltados e balearam o Eugênio.
Bruno: Estou indo pra aí. Não chame a polícia ainda.

Mateus diz a si mesmo na penitenciária.
Mateus: Faria tudo de novo. Pelo menos livrei o mundo desse lixo!

*FIM DO FLASHBACK*

Vera: Eu não estou aguentando de dor de cabeça. Eu preciso ir para casa.
Manoel: Eu te levo.
Lívia: Eu só queria dizer uma coisa antes de todos vocês irem embora. Na verdade eu ainda não disse o que queria.
Vera: Pois fale, Lívia.
Lívia: Nós vamos fazer os respectivos exames de DNA. Vamos exumar o corpo do meu pai e vamos oficializar Tatiana e o Tiago como herdeiros.
Tiago: Olha, eu não quero nada...
Vera: Tiago, deixa ela terminar de falar.
Lívia: Tiago, eu entendo que você não queira, mas você tem direito. Vamos deixar as coisas claras? Se você não quiser a sua parte na herança você passa pra Tatiana ou vende e vai estudar. Não sei, mas pela minha consciência eu quero dar a vocês tudo o que vocês tem de direito.
Tatiana: Nossa, estou surpresa com essa atitude.
Lívia: Eu não posso exigir justiça para tudo o que o Mateus fez sem ser justa com vocês que também foram vítimas de toda essa situação.
Tiago: Tudo bem, mas só depois que tudo se confirmar.
Lívia: Iná e Manoel, em relação a nós três, eu vou marcar o mais urgente um exame e depois vamos à clínica. Quero acabar logo com todas estas “quase certezas”. Acho que isso tem sido angustiante tanto pra mim quanto para vocês.
Iná: Claro. Quando você quiser nós vamos lá.
Manoel: Tudo bem, Lívia. Até lá fique com o meu cartão. Quando precisar é só ligar.
Lívia agradece Manoel e todos vão embora. Lívia chora com Bernardo no colo.

Manoel deixa Vera e os filhos dela em casa e entra para tomar uma água. Quando Vera volta da cozinha com o copo percebe que Manoel está chorando.
Vera: Está chorando, Manoel?
Manoel: Sabe, Vera. Eu tenho uma filha que não me chama de pai. Você viu como a Lívia tem sido fria comigo e com a Iná? Nós fomos tão vitimas quanto ela de tudo o que minha mãe e a Bárbara fizeram com ajuda do Eugênio e da Vânia. Eu queria ao menos ser bem tratado.
Vera: Manoel, eu te entendo, mas a Lívia já foi muito enganada nesta vida recentemente. Ela estava ansiosa para encontrar os pais, mas dado os últimos acontecimentos ela está cheia de mágoa. Dê tempo a ela e assim que o exame de DNA confirmar que vocês são pais dela ela vai mudar. Eu acredito nisso.
Manoel: Será?
Vera: Tenho certeza que sim.
Manoel: Bom, eu vou para o hotel. Se precisar de mim é só me ligar.
Vera: Não, por favor. Fique. Você está muito mal. Todos estamos. Deixa eu cuidar de você, ao menos hoje?
Manoel: Você está certa disso?
Vera: Claro.
Manoel: Então eu fico.
Manoel e Vera se abraçam.

Já na casa de Iná...
Ellen: O que nós vamos comer?
Priscila: Não faço a mínima ideia. Acho que é melhor pedirmos. Não estamos com cabeça pra cozinhar.
Ellen: Eu vou pedir algo, mas veja com a sua mãe o que ela quer.
Vitor: Eu vou lá no quarto falar com a mãe.
Vitor bate na porta, Iná autoriza a entrada do filho.
Vitor: Mãe, queremos saber se a senhora tem alguma preferência sobre a comida hoje? Vamos pedir comida pra entrega mesmo.
Iná: Eu não estou com fome não, filho. Obrigada.
Vitor: Está chorando, mãe?
Iná: Estou triste. A Lívia em nenhum momento esboçou uma alegria em conhecer os pais dela. Fiquei meio decepcionada em conhecer a minha filha. Não que eu não tenha gostado dela, mas pensei que ela teria outra reação.
Vitor: Mãe, olha todo o contexto! Ela descobre que o pai não presta, que o marido a enganava, que o marido matou o pai porque antes o pai tinha matado o sogro dela. É muita coisa pra cabeça. Fora que ela já se decepcionou com aquela tal de Vânia. Dê um pouco mais de tempo que ela vai se abrir a vocês.
Iná: Assim espero, meu filho. Mesmo não tendo criado ela, ela é minha filha, já a amava antes mesmo dela nascer.
Vitor: Claro, mãe. Vou te deixar descansar, mas na hora que a comida chegar eu vou te chamar pra ir comer com a gente.
Iná: Tudo bem.

Na casa de Vera...
Tatiana: Sabe, Tiago. Eu sempre quis tanto ter muito dinheiro, mas agora que estamos próximos disso eu desejaria tanto continuar pobre, mas filha do Marcos.
Tiago: Eu não queria ser filho nem do Eugênio e nem do Marcos. Nem sei se eu queria ser quem eu sou. Estou me sentindo tão ruim. O que fizeram com a nossa mãe é nojento e inaceitável. Posso ter muitas diferenças com o Mateus, mas eu partilho da raiva que ele tem com esse tal de Eugênio. Se ele tivesse vivo eu ia querer matar ele também.
Tatiana: Tiago, você nunca foi assim.
Tiago: Eu fico imaginando como deveria ser duro para a nossa mãe ter que ficar olhando pra gente e a cada vez que olhava lembrava do momento que ela viveu. E eu falei aquelas palavras tão duras pra ela lá na casa da Lívia.
Tatiana: Agora já foi, Tiago. Vamos esperar os ânimos se acalmarem.
Tiago: Será que a mãe vai me perdoar?
Tatiana: Eu tenho certeza que vai.

No dia seguinte, Vera e Manoel estão na cozinha logo pela manhã. Vera preparava um café, quando Manoel recebia uma ligação. Ao final da ligação ele solta um palavrão.
Manoel: Filha da puta!
Vera: O que foi, Manoel?
Manoel: A Bárbara não foi detida. Não há nada que prove concretamente que ela está associada ao Mateus ou ainda que tem algo a ver com a morte da Vânia. Ela negou todas as acusações do Mateus.
Vera: Não é possível! E o vídeo?
Manoel: Ela disse que foi coagida pelo Mateus e por mim. Ainda vai sobrar pra mim! Disse que foi vitima de uma armação. Disse que não encontrou a Vânia nos últimos anos. O advogado dela é bom e conseguiu fazer ela ser liberada. A única coisa que ela vai ter que fazer é doar cestas básicas porque ofendeu o delegado.
Vera: Eu não acredito! Tanto trabalho pra nada? E o Mateus está preso e ela não. Eu estou falando que justiça neste país é só pra rico mesmo e neste caso é injustiça.
Manoel: O Mateus confessou tudo. É bem diferente. Eu vou visitá-lo.
Vera: Pra que?
Manoel: Ele pode me ajudar a encontrar um furo no depoimento da Bárbara.

Tiago chega na cozinha e dá bom dia para Manoel e Vera.
Manoel sai da cozinha para se trocar e ir ver Mateus.
Tiago: Mãe, podemos conversar?
Vera: Acho que precisamos.
Tiago: Eu vou ser direto.
Vera: Você sempre foi. Me lembra muito seu avô, meu pai.
Tiago: Eu espero ser mais parecido com a sua família do que...
Vera: Você nunca me lembrou o Eugênio. As vezes a sua irmã, neste jeito meio ambicioso dela e arrogante muitas vezes, mas mesmo assim, não me lembrava tanto.
Tiago: Eu queria te pedir desculpas.
Vera: Você me disse palavras duras, meu filho. Palavras que até agora estão ecoando na minha cabeça.
Tiago: Mãe, eu fiquei abalado. Eu fiz interpretações erradas. Eu errei. Eu sei que as palavras não voltam mais, mas acredito que eu posso ao menos ter o seu perdão.
Vera: E eu consigo ficar muito tempo brava com vocês? Eu amo vocês. Os três. Vocês não são filhos do Marcos ou do Eugênio. Vocês são os meus filhos.
Tiago: Mãe, eu te amo.
Os dois se abraçam e ambos soltam lágrimas de emoção.
Tiago: A senhora nunca pensou em...sei lá, abortar ou nos dar para adoção?
Vera: Eu pensei nisso durante os nove meses de gravidez. Você lembra daquela minha prima do Rio de Janeiro, a Janaína?
Tiago: Lembro mais ou menos. Mas o que tem ela?
Vera: Até hoje ela não fala com os meus tios. Sabe por que?
Tiago: Por que?
Vera: Quando ela tinha 16 anos ela engravidou de um namoradinho que ao saber da gravidez sumiu no mundo. Ela então decidiu abortar, pois não tinha condições de criar a criança. Os pais dela ficaram sabendo, mesmo ela tendo ido numa clínica muito escondida lá mesmo no Rio. A expulsaram de casa e ela morou um tempo na rua e só quando arranjou um emprego alugou um quarto. Você entende o meu medo na época em que eu soube que estava grávida de vocês?
Tiago: Medo de ser rejeitada pela família?
Vera: Exatamente. Do que os outros iam pensar se soubessem. Quando vocês nasceram eu não tive coragem de dar vocês a algum orfanato. Eu via vocês frágeis e para diminuir a minha dor eu apenas considerava vocês como meus filhos, como se vocês não tivessem pai.
Tiago: Mãe, nem sei o que dizer.
Manoel volta para a cozinha.
Manoel: Estou saindo. Volto assim que conseguir o que eu quero.
Vera: Vá bem.
Manoel: Até mais.
Tiago: Até.
Vera: Até.
Tiago: Aonde ele foi?
Vera: Ele foi ver se consegue falar com o Mateus pra ver se encontra algum furo no depoimento da Bárbara. Acredita que ela não foi presa?
Tiago: Que absurdo. Parece que esta mulher consegue o que quer sempre. Não tem como acreditar em justiça nesse mundo. Não tem!
Vera: Vamos torcer para que o Mateus possa nos ajudar.

Na penitenciária:
Carcereiro: Visita pra você, Mateus.
Mateus: Deve ser a minha mãe.
Mateus sai da cela e vai para a sala de visitação.
Mateus: Manoel?
Manoel: Mateus, preciso da sua ajuda.
Mateus: Aconteceu algo com a minha mãe ou com o Bernardo?
Manoel: Não. Eu preciso que você me ajude a colocar a Bárbara na cadeia.
Mateus: Mas nós já não fizemos tudo o que era possível? Vai me dizer que ela não foi presa?
Manoel: Exato.
Mateus: Como assim?
Manoel: Ela negou tudo, disse que você havia a coagido para que ela falasse aquilo tudo. Ela disse que não tinha contato com a Vânia nos últimos anos e que nada tem a ver com você, além do fato de vocês terem tido um envolvimento sexual.
Mateus: Eu não acredito que esta mulher vai ficar livre!
Manoel: Mas ainda há uma chance. Já que ela depôs, tem alguma maneira de encontrarmos um furo no depoimento dela? Isso ia levar o delegado a chamá-la a depor de novo e fazer ela explicar o porquê de ter mentido.
Mateus: Eu sei como fazer isso. Você tem papel e caneta?
Manoel: Tenho aqui na minha pasta...toma.
Mateus: Aqui está o endereço de onde a Vânia morava. Tinha câmeras nas áreas externas do condomínio. Aqui estão dois dias em que eu tenho certeza que a Bárbara esteve lá porque estive com ela. Além disso, tenho certeza que ela já pediu Uber tanto para ir quanto para voltar desse condomínio. Cruzando as informações, será relativamente fácil de acusá-la de mentir.
Manoel: Excelente! Isso vai ajudar muito. Se ela não for presa, ao menos vai dar inconsistência no que ela disse com o que a polícia vai descobrir. Bom, era isso que eu precisava. Vou embora agora.
Mateus: Manoel, como está a minha mãe?
Manoel: Mal. Foi bem tensa a conversa ontem com seus irmãos e a Lívia, mas já está tudo esclarecido. Eu vou te visitar mais vezes para falarmos sobre seu julgamento.
Mateus: Ok.
Manoel: Até mais, Mateus.
Mateus: Até.

Há uma passagem de tempo de um mês e meio e na semana anterior ao natal, saem os resultados dos exames de DNA de Lívia, Iná e Manoel e Tiago, Tatiana e o corpo exumado de Eugênio.

Lívia pega o primeiro envelope.
Lívia: Neste envelope estão os resultados sobre eu ser ou não filha de vocês. Tatiana e Tiago, estes envelopes são referentes à paternidade de vocês (Lívia entrega os envelopes aos cunhados).
Manoel: Abre logo então, Lívia.
Iná: Vamos acabar com essa espera.
Lívia abre o envelope, lê tudo o que está escrito e olha com uma cara estranha para Iná e Manoel.
Manoel: O que foi, Lívia?
Iná: Não vai me dizer que...
Lívia: Pai... Mãe...
Iná e Manoel caem no choro e Lívia os abraça fortemente. 
(MÚSICA DE FUNDO: “Ode to my Family” - The Cranberries).
Lívia: Vocês são meus pais! Eu procurei tanto por vocês.

Tiago e Tatiana abrem seus respectivos envelopes.
Tiago: Nós somos mesmo filhos do Eugênio...
Tatiana: A nossa mãe nunca mentiria com algo tão sério.
Lívia: Vocês vão ter tudo o que lhes é de direito. Eu prometi fazer justiça. Não por que o Mateus pediu, mas sim porque é o certo.
Tiago: Eu não sei ainda como digerir tudo isso.
Tatiana: Eu acho que vou aproveitar esse dinheiro e investir em algum curso.
Lívia: Isso, Tatiana. Nós não podemos reverter todo o mal que o Eugênio fez à sua mãe, mas podemos construir um destino melhor para nós. Eu mesma vou fazer isso daqui pra frente com os meus pais.
Iná: Eu esperei tanto pra você me chamar de mãe.
Manoel: Precisamos comemorar!
Tiago: Vamos comemorar lá em casa. Vou mandar um áudio para a minha mãe.
Tiago manda o áudio para Vera e todos se dirigem à casa dela.

Na prisão, Mateus, que já havia sido transferido para a cela das pessoas com curso superior, começa a passar mal.
Preso 1: Carcereiro! O Mateus está passando mal de novo.
Carcereiro: O que foi agora, Mateus?
Mateus: To com dificuldade de respirar de novo.
Carcereiro: Que merda, cara. Terceira vez em uma semana. Vou te levar pra enfermaria.
Mateus é levado para a enfermaria e lá o medico é muito claro em seu diagnóstico.
Médico: O Mateus está com princípio de pneumonia. Ele precisa se tratar no hospital, se ficar aqui ele corre o risco de morrer.
Mateus é transferido para um hospital, sob a supervisão de um policial. O hospital nada mais é do que a ala pública do Ângela Veríssimo.

Vera é avisa de que Mateus está sob cuidados hospitalares e fica aflita com o filho.
Lívia: Não se preocupe, dona Vera. Ele vai ser bem cuidado lá. Não fazemos distinção entre o atendimento na ala particular e pública do Ângela Veríssimo.

Na casa de Vera, todos comemoram as histórias que enfim pareciam estar resolvidas. Porém, Manoel chegava com uma péssima notícia.
Manoel: Pessoal, desculpa estragar a festa, mas eu preciso contar algo para vocês.
Vera: É com o Mateus?
Lívia: O Mateus está bem, a Ângela me disse que ele melhorou muito só hoje com um lugar mais arejado e recebendo uma alimentação melhor.
Manoel: Não é sobre o Mateus. É sobre a Bárbara. Usaram as informações que o Mateus me passou sobre a Bárbara já ter ido várias vezes à casa da Vânia e quando foram a interpelar sobre o porquê de ela ter mentido, ela fugiu. Ninguém sabe onde ela está.
Vera: Mas, como fugiu?
Manoel: De certo tinha alguém a informando dentro da delegacia. Olha, a corrupção é uma bosta mesmo! Sei como é isso, já trabalhei ao lado de gente que se corrompe facilmente e a Bárbara tem conhecidos da época em que a família dela tinha mais prestígio social.
Ellen: E agora, pai?
Manoel: Agora é torcer para a sua mãe ser encontrada. Por enquanto ela é tida como foragida.

* Há mais uma passagem de tempo de uma semana e é chegada a hora de comemorar o natal. *

Na casa de Vera estão reunidos Vera, Iná, Manoel, Ellen, Priscila, Tiago, Vitor, Tatiana, Lívia, Terezinha, Lucas e Bernardo.
Priscila: Então esse é o famosos Lucas?
Lucas: Eu? Famoso?
Tiago: É que assim, primo... nós sempre falamos de você, mas eles nunca tinham te visto, então você é meio que uma lenda aqui no nosso grupo.
Vitor: Só sabíamos que a Tatiana tinha uma queda por você na adolescência e...
Tatiana: Vitor, para de ser inconveniente, piá.
Ellen: Que linguarudo, heim, Vitor.
Lucas: Nada a ver, somos bons amigos.
Priscila: Eu também sou bem amiga da Ellen.
Tatiana: To vendo que a habilidade em gerar climão é coisa de família.
Lucas: Pessoal, preciso mandar um feliz natal para a família com quem eu moro lá em Minas Gerais.
Vitor: Você mora com outra família lá?
Lucas: Na verdade eu morava em república, mas fiz amizade com um veterano do curso e a família dele ficou sabendo das minhas dificuldades financeiras e resolveu que eu iria morar com eles até o fim da faculdade. Eles tinham um quarto sobrando que era da irmã mais velha desse meu amigo e ela casou e então eles me deixam morar lá sem pagar nada.
Vitor: Que bom que ainda existem pessoas generosas por aí.
Lucas: Pois é, foi uma sorte e tanta. Bem, mas eu vou lá fora ligar, porque o sinal aqui dentro é péssimo.
Tiago: Por que tu não usa o whats e usa nosso wi-fi?
Lucas: Perdi os contatos na última vez que meu telefone deu pau e só tenho o número da mãe do meu amigo e ela não tem whats. Então, já sabe.
Tiago: Sei que o senhor tem que salvar as coisas na nuvem da próxima vez.
Lucas: Dá licença, sermão agora não.
Todos dão risada e Lucas vai para fora de casa a fim de fazer a ligação.

Enquanto tentava fazer a ligação, Lucas é abordado por uma mulher.
Bárbara: Olá, meu jovem. Aqui é a casa da Vera, não é?
Lucas: Sim, ela é a minha tia. E a senhora?
Bárbara: Eu sou a Regina. Sou uma velha amiga da Vera e da sua mãe, a...
Lucas: Terezinha.
Bárbara: É que eu sempre achei que o nome dela fosse Teresa. Enfim, queria dar um feliz natal antes de ir ver meus pais. Acabei de vir do interior para celebrar o natal com a minha família daqui e gostaria de dar um oi para a Vera.
Lucas: Claro, minha tia vai gostar muito. Vou te levar lá pra dentro, vem comigo.

Lucas conduz Bárbara até dentro da casa de Vera.
Lucas: Tia Vera, surpresa pra senhora.
Vera, que estava conversando com Iná e Terezinha, se vira.
Vera fica assustada. Bárbara tira uma arma de dentro da bolsa.
Vera: O que esse demônio está fazendo aqui?
Bárbara: Olá, família. Acredito que meu convite para o natal em família tenha se extraviado pelo correio. Mas agora que eu cheguei a festa vai começar de verdade!

------------------------------------ GANCHO: HIGHWAY TO HELL (AC/DC) --------------------------------------------------------

PRÓXIMA SEGUNDA (DIA 15/10) ESTREIA A NOVA NOVELA DAS 21H: 
FALSO REFLEXO.

Postar um comentário

0 Comentários