CENA 01.
Noite -
HOSPITAL/ INT.
O médico conversa com Patrícia e Fábio sobre o estado de saúde de Maurício.
MÉDICO —Ele continua muito debilitado, mas apresenta uma rápida reação. Olha, recomendo que os senhores o levem a uma clínica de reabilitação. Dessa vez, ele se salvou por um milagre!
FÁBIO —Sim doutor, pode deixar. Assim que ele tiver alta, vamos conversar com ele e procurar um centro de ajuda.
PATRÍCIA —Quando podemos vê-lo?
DOUTOR —Logo! Qualquer coisa eu venho imediatamente informá-los.
PATRÍCIA —Obrigado doutor!
O doutor sai.
Fábio fica pensativo.
FÁBIO —Eu vou atrás de informações, se for verdade que foi o Charles que deu aquela droga ao meu filho e armou todo um plano para prejudicar outras duas pessoas…
PATRÍCIA —Não pense nisso agora meu amor. A saúde nosso filho é o mais importante agora!
Fábio abraça Patrícia.
CENA 02.
DIA SEGUINTE
Manhã -
RUA
Amélia encontra Julián na rua.
AMÉLIA —Olá!
JULIÁN —Hola! Estás bien? (TRADUÇÃO: Olá! Está bem?)
AMÉLIA —Sim e você?
JULIÁN —También.
AMÉLIA —Dia de fazer compras né? —Diz vendo Julián com uma caixa.
JULIÁN —No, son unas cosas que pedí a mi mamá. Fue a buscarlo en lo correo, estabas volviendo. Y la señora? Estabas haciendo compras? (TRADUÇÃO: Não, são umas coisas que pedi a minha mãe. Fui buscar no correio, estava voltando de lá. E a senhora? Estava fazendo compras?)
AMÉLIA —Não, eu estava indo a padaria. Já tomou café?
JULIÁN —No, me fue imediatamente al correo. (TRADUÇÃO: Não, fui imediatamente ao correio.)
AMÉLIA —Eu também não! Muito bem. Vamos tomar café juntos na padaria!
JULIÁN —No, señora. Estoy bien, no te preocupes. (Não, senhora. Estou bem, não se preocupe.)
AMÉLIA —Por favor, filho. Você não imagina a simpatia que tenho por você.
JULIÁN —Yo también por ti. Entonces… yo acepto. Vámonos! (TRADUÇÃO: Eu também por você. Então… eu aceito. Vamos!)
Julián e Amélia vão para a padaria.
CENA 03.
ESCOLA/ INT./ CORREDOR
Alexandre encontra Maria Fernanda no corredor.
ALEXANDRE —Oi, tudo bem?
MARIA FERNANDA —Depois do terror que eu vivi naquele ônibus, eu achei que nunca mais eu ficaria bem, mas eu tô melhor sim depois de ir na psicóloga. Enfim, tá tudo bem.
ALEXANDRE —Que bom!
MARIA FERNANDA —Quem não parece nada bem é você. Está acontecendo alguma coisa?
ALEXANDRE —Você conhece a Ária há um tempo já né…
MARIA FERNANDA —Muito tempo!
ALEXANDRE —Você estudava com ela no ano passado né? —Maria Fernanda confirma que sim. —Sabe se ela teve alguma coisa com o Charles?
MARIA FERNANDA —Parece que eles tinham um lance sim.
ALEXANDRE —Sabe com eles terminaram?
MARIA FERNANDA —Por favor me diga de uma vez, o que está havendo? Charles te disse que eles terminaram sem explicação por parte da Ária?
ALEXANDRE —Por que? Foi isso que aconteceu?
Maria Fernanda pensa por uns minutos.
MARIA FERNANDA —É, foi isso… —Mente por impulso mesmo sabendo a verdade.
ALEXANDRE —Meu Deus! —Diz revoltado dando uma cotovela num armário.
Ária aparece.
Maria Fernanda sai.
ALEXANDRE —Você ficou comigo mesmo sem terminar formalmente com outro? E pior, com o Charles… meu amigo!
ÁRIA —Foi a Fernanda que te contou isso? Olha, as coisas não foram como ela te disse. Eu não sei o que ela pretende, mas não foi assim.
ALEXANDRE —Fernanda não tem nada haver com isso, foi o próprio Charles que me disse isso. Ele está num estado depressivo, Ária.
ÁRIA —Você está culpando a mim por isso? É isso?
ALEXANDRE —Não, claro que não. Quero ouvir sua versão.
ÁRIA —Eu e ele nunca namoramos de verdade. Estavamos apenas ficando, eu terminei com ele antes de te conhecer. Ele que nunca aceitou. O que eu posso fazer?
ALEXANDRE —Ária…
ÁRIA —Você não acredita em mim não é? Me deixa em paz então!
Ária sai brava.
ALEXANDRE —Ária!
CENA 04.
Noite -
MANSÃO VIELAS/ INT./ QUARTO DE BERNARDO
Bernardo olha uns livros antigos que há em seu quarto e deixa cair um desenho que estava entre as folhas.
BERNARDO —Meu Deus, o desenho do Tato. Há quanto tempo… achei que havia perdido.
Bernardo se aproxima do guarda roupas e pondo a mão debaixo de uma roupas pega uma chave.
Ele se dirige a última gaveta de sua escrivaninha e a destranca.
Bernardo retira cordão.
Ele aperta contra o objeto contra o peito lembrando do amigo.
BERNARDO —Por onde você anda Tatuzinho? —Chora emocionado.
CENA 05.
Meia Noite -
MANSÃO ANGELIS/ INT./ QUARTO DE MEW
Mew se revira pela cama tendo uma lembrança em sonho.
SONHO/ FLASHBACK
—Eu não queria que você fosse embora!
—Nem eu.
Os dois amigos dão as mãos chorando.
—Leva pelo menos meu cordão da sorte, pra nunca esquecer de mim! —Retira o cordão e põe na mão do amigo.
—Eu não esquecerei você nunca,jamais! E já que me deu seu cordão, fica com minha pulseira preferida. Eu amo muito ela e quero que você sempre lembre de mim quando olhar pra ela. —Diz tirando a pulseira e colocando no pulso do amigo.
A mãe deles chega.
—Seu pai chegou para irmos. Vamos!
Os meninos se abraçam chorando.
—Vamos, já deu tempo de vocês se despedirem. —Pega no braço do garoto já o levando.
—Eu não quero ir! —Grita sendo levado.
—Badu! Baduzinho! —Berra desespersdo vendo o amigo partir.
ATUALMENTE
Ao ouvir os gritos de Mew, Charles vem correndo ver o que está acontecendo.
CHARLES —Mew, acorda! —Diz sacudindo-o para desperta-lo. —Acorda!
Mew acorda assustado.
CHARLES —Tá vendo o que dá ficar assistindo esses filmes de terror de noite? Fica tendo pesadelo... Desse jeito vou ter que contar pra mãe e o pai.
MEW —Faz o que quiser! —Diz bravo.
CHARLES —Vou dormir aqui perto. Assim, qualquer coisa eu tô aqui.
Mew se vira pro lado e se cobre todo.
Charles deita na outra cama do lado.
Mew acorda assustado.
CHARLES —Tá vendo o que dá ficar assistindo esses filmes de terror de noite? Fica tendo pesadelo... Desse jeito vou ter que contar pra mãe e o pai.
MEW —Faz o que quiser! —Diz bravo.
CHARLES —Vou dormir aqui perto. Assim, qualquer coisa eu tô aqui.
Mew se vira pro lado e se cobre todo.
Charles deita na outra cama do lado.
CENA 06.
Dia Seguinte -
Quase Tarde|
MANSÃO ANGELÍS/ INT./ SALA
STELLA —Está bem Afrodite. Estaremos aí às 18 horas, até mais! —Desliga o telefone.
ARMANDO —O que Afrodite queria?
STELLA —Convidarnos para o jantar na casa dela.
ARMANDO —Não poderei ir.
STELLA —Isso convém a todos nós.
ARMANDO —Ok!
Armando vai para o banho.
Stella começa a subir as escadas quando Mew vem descendo.
STELLA —Hoje… —Ela é interrompida.
MEW —Sim, já escutei. Não quero discutir, então tá tudo certo. Estarei pronto na hora.
STELLA —Ótimo!
Stella sobe para avisar Charles.
CENA 07.
HORAS MAIS TARDE/
Noite-
MANSÃO DOS VIELAS/ INT./
SALA DE JANTAR
Afrodite, Horácio, Stella, Armando, Ária, Bernardo e Mew esperam a chegada de Estephanie.
AFRODITE —Elá tá demorando heim?
HORÁCIO —Falta um pouquinho de tempo, não está atrasada.
Emburrados, Bernardo e Mew evitam olhar um para o outro.
STELLA —Afrodite, Charles infelizmente não pode vir. Teve um mal estar e achamos melhor deixá-lo em casa.
AFRODITE —Não se preocupe amiga.
Estephanie chega.
Graça a leva até a mesa.
Ária vai recebe-la.
ÁRIA —Ainda bem que você chegou, tá um tédio isso aqui menina! —Rir colocando a amiga para sentar perto dela.
ESTEPHANIE —Obrigada. —Sorri.
AFRODITE —Então essa é a amiga de vocês? —Fala desdenhando.
BERNARDO —Algum problema? —Rebate.
AFRODITE —Eu só imaginava que ela era mais… —Fala apontando para a pele.
ESTEPHANIE —Mais o quê senhora? —Pergunta mesmo sabendo do que se trata.
AFRODITE —Não… Nada.
ARMANDO —Imagino que você não seja desse bairro. Onde você mora é perigoso?
MEW —Pai, por favor…
STELLA —Gente, acalmem-se!
ARMANDO —Eu só quero saber de que comunidade ela vem ué, se vai estar perto dos meus filhos, o mais natural é conhecer. Estou errado?
MEW —Por que você supõe que ela vem de uma comunidade? Aliás, desde quando vir de uma comunidade é algo vergonhoso? Por que fala com tanto desprezo e superioridade?
BERNARDO —Vocês se acham superior a todo mundo né? Eu tenho dó de vocês.
Horácio envergonhado se mantém calado.
STELLA —Não estamos fazendo nada. É normal querer conhecer a pessoa que se relaciona com nossos filhos. E se o que vocês supõem é que falamos essas coisas só por ela ser moreninha… —Ela é interrompida.
ESTEPHANIE —Isso se chama racismo! Desde o momento em que eu cheguei aqui vocês não pararam de fazer comentários e perguntas desnecessárias inferiorizando alguém claramente pela cor da pele. Essa senhora (Afrodite) mesmo tocou na pele incluindo no comentário. E se vocês querem saber, eu amo minha cor e felizmente tenho orgulho de dizer que não tenho preconceito algum.
Todos se mantém calados.
ESTEPHANIE —E pra senhora saber, minha mãe me fez uma mulher negra maravilhosa demais pra ser chamada de “moreninha”. —Dispara para Stella. — Enfim, eu só peço que aprendam a ter mais empatia pelo próximo e mais respeito. O mundo precisa disso.
Estephanie se levanta, pega sua bolsa e sai um pouco triste porém de cabeça erguida.
BERNARDO —Que dó de vocês!
Bernardo corre atrás de Estephanie.
MEW —Vocês foram longe demais!
Mew também vai atrás da amiga.
ÁRIA —Vocês se merecem. Vergonha alheia! —Diz e sobe para o quarto.
Enquanto isso Bernardo tenta alcançar a amiga.
Mew vem logo atrás.
BERNARDO —Estephanie! —Grita enquanto ela entra no ônibus.
MEW —Perdemos!
Bernardo chora com toda a situação.
BERNARDO —Meu Deus, como é que eles podem ser tão maus? Eu deveria ter imaginado que isso aconteceria e impedido que ela viesse… —Se lamenta.
MEW —Você não tem culpa de eles serem tão escrotos. Gente racista infelizmente ainda existe muito, mas juntos nós podemos tentar mudar pelo menos um pouco o mundo. Acredite! —Fala abraçando Bernardo.
Mew nota um cordão no pescoço de Bernardo.
MEW —Esse cordão… —Diz pensativo.
BERNARDO —O que tem?
Mew dobra metade do mangão de sua jaqueta e mostra uma pulseira em seu braço.
BERNARDO —Não, não é possível. —Emociona-se. —Tato?
MEW —Meu Baduzinho! —Chora alegre.
...Continua...

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