

Manoel e Iná
saem do berçário e Tiago entra para ver o sobrinho.
Tiago: Vou lá.
Manoel: Seu sobrinho é lindo, parabéns, Tiago.
Iná: É mesmo.
Tiago: Deve ter puxado a minha mãe.
Mateus ainda
tem tempo de ver Manoel e Iná saírem do berçário e questiona a mãe.
Mateus: O que eles estavam fazendo aqui?
Vera não
responde nada, apenas olha feio para o filho.
Aproveitando a
brecha, Vera vai ao quarto de Lívia.
Vera: Posso entrar para dar os parabéns para a mais nova mamãe de
Curitiba?
Lívia: Claro, Vera.
Vera: Está bem, Lívia?
Lívia: Sim, o parto, apesar de prematuro, foi tranquilo. Acredito
que vou ter uma boa recuperação. Não é minha área a obstetrícia, mas o pouco
que sei me leva a crer que em breve estarei novinha em folha.
Vera: Que bom. Olha, eu engravidei três vezes, contando com aquela
gravidez antes do Mateus nascer e a única que foi mais complicada foi a dos
gêmeos. Tatiana e Tiago me deram um trabalhão, mas o Mateus e a irmã dele não.
Mas, bem... queria te pedir uma coisa.
Lívia: Pode falar, Vera.
Vera: Não comenta com o Mateus sobre a nossa reunião que era pra
ter ocorrido hoje. Ainda quero fazer a surpresa, mas com um pouco de atraso em
relação ao aniversário. Quero que você esteja recuperada.
Lívia: Claro. Não contarei nada. Seguimos como o combinado
anteriormente.
Vera: Obrigada, Lívia. Bom, vou deixar você descansar e vou lá dar
mais uma bajulada no meu neto.
Lívia: Vai lá, vó coruja.
Vera sai da sala
de Lívia e aproveita para falar com Manoel e Iná antes de todos irem embora.
Vera: Manoel e Iná, posso conversar com vocês? É bem rápido.
Iná: Por mim, pode ser.
Manoel: Pode sim.
Vera leva Iná e
Manoel para uma área mais afastada da sala de espera do hospital.
Vera: Posso marcar com vocês amanhã de novo na minha casa naquele
mesmo horário?
Manoel: Bom, eu vou estar lá de qualquer jeito.
Iná: Amanhã eu só tenho uma diária no final da manhã e início da
tarde. Posso sim.
Vera: Então perfeito. Amanhã conversamos os três juntos.
Manoel: Você não pode adiantar o assunto? Estou ficando
apreensivo.
Iná: Eu também, Vera. Que enrolação chata essa.
Vera: Queria muito ser direta, mas não dá. O assunto exige um
pouco mais de sigilo. Esperem e logo vão saber. Eu vou indo agora, estou super
cansada e amanhã tenho que tocar o restaurante. Você vem Manoel ou eu peço um
taxi ou Uber?
Manoel: Vou sim. Vou chamar o Tiago pra ir embora conosco.
Iná: Eu vou embora com meus filhos e a Ellen. Eu preciso estar bem
porque a faxina de amanhã é meio pesada. Uma casa grande. Vai exigir muito da
minha coluna.
Vera: Então boa noite, Iná. Até amanhã. Descanse pra não piorar
sua coluna.
Terezinha
chega.
Vera: Só agora, Terezinha?
Terezinha: Desculpa, mas só agora eu consegui chegar.
Vera: Bom, você consegue pegar taxi ou Uber pra voltar?
Terezinha: Consigo sim. Só vou dar um oi para o Mateus e a Lívia e
ver o meu sobrinho-neto.
Vera: Bom, nós vamos indo. Faz horas que estamos aqui. Daqui a
pouco tenho que estar em pé para abrir o restaurante.
Iná: Então até amanhã.
Manoel: Até.
Vera: Até.
Enquanto estava
na cantina do hospital, Mateus recebeu uma ligação de Bárbara.
Bárbara: Pode falar comigo?
Mateus: Bem rápido. O que você quer?
Bárbara: Podemos conversar amanhã?
Mateus: Olha, meu filho acabou de nascer e eu preciso estar junto
com ele. Acho que vai ser meio difícil...
Bárbara: Vou ser mais clara. Precisamos conversar amanhã.
Mateus: Por que?
Bárbara: Por que eu quero.
Mateus: Você acha que a vida gira ao seu redor?
Bárbara: E você pensa que pode me ignorar, Mateus?
Mateus: Não estou te ignorando, estou dando atenção para o meu
filho. Você nunca fez isso com a Ellen não?
Bárbara: Não mude de assunto. Amanhã às 18h naquela confeitaria. A
Lívia não deve sair tão já assim do hospital, então, por favor, não me faça
esperar. Tchau. (desliga Bárbara antes que Mateus pudesse falar algo).
No dia
seguinte, Manoel e Iná estavam reunidos junto à Vera, como ela pediu.
Manoel: Pronto, Vera. Estamos aqui.
Iná: E aí, você vai contar para nós o que deseja falar com a gente
há dias ou vai nos matar do coração?
Vera: Não, eu serei direta com vocês. Sentem-se. Vou fechar as
portas.
Manoel e Iná se
olham de maneira estranha.
Mateus ao mesmo
tempo se encontrava com Bárbara.
Bárbara: Que bom que você chegou no horário.
Mateus: Espero que seja rápida. A Lívia a qualquer momento pode
receber alta, ela está tendo uma ótima recuperação.
Bárbara: Não me interessa o que acontece com essa bastarda. Eu
quero saber como vamos neutralizar sua mãe. Outra coisa também: você viu o
noticiário policial? Pois bem, a Vânia foi encontrada morta.
Mateus: Não, eu não sabia disso. Eu fiquei totalmente off nas
últimas vinte e quatro horas.
Bárbara: Devia estar devendo pra alguém ou deve ser aquele
ex-marido dela.
Mateus: Por que você está preocupada com isso?
Bárbara: Como por que? Por que ela teve contato com a gente. E se
a polícia chega até a gente?
Mateus: Bárbara, você acha que eu sou algum idiota? Eu sei que foi
você que matou a Vânia.
Bárbara fica
paralisada e tensa.
Bárbara: Que? Está louco, guri? Eu nunca ia sujar minhas mãos com
aquela ratazana.
Mateus: Bárbara, eu posso não ter como provar, mas sei que foi.
Não faz três dias completos que mandamos a Vânia sumir do mapa e você ficou
responsável por ela. Eu sei que foi você. Você não me engana.
Bárbara: Bom, levando em consideração sua experiência com
assassinatos, devo confiar no que você diz.
Mateus: O que você está sugerindo?
Bárbara: Vamos então ser sinceros e sem falsidade um para com o
outro. No mesmo noticiário que diziam encontrar o corpo da Vânia, diziam
encontrar o corpo do Bruno. Aquele funcionário do hospital que namora a sua
irmã.
Mateus: Vai dizer que foi eu só porque eu conhecia? Você é
ridícula, Bárbara.
Bárbara: Olha, eu não diria nada, se não fosse por um detalhe.
Mateus: Não tem detalhe algum. Ou você se refere ao fato de ele
ser namorado da minha irmã?
Bárbara: Me refiro ao fato de talvez ele ser a única pessoa que
sabe, ou melhor, sabia que foi você que matou o doutor Eugênio Veloso. Só
gostaria de saber o porquê de você ter feito isso agora e não ter feito isso
antes. Foi por ele ter te exigido mais dinheiro?
Mateus fica
surpreso com o que ouve de Bárbara e não sabe o que responder.
Vera: Vocês
querem beber algo?
Manoel pega Vera pelo ombro e a faz sentar: Vera, para. Você está suando frio e nos enrolando.
Iná: Vera, o
que aconteceu? Tem a ver com algum de nossos filhos?
Vera: Eu
comecei a prestar muita atenção na história de vocês sobre a filha
desaparecida. A época em que ela nasceu e as circunstâncias.
Manoel: E o que
você pensou a respeito disso.
Vera: A minha
nora, a Lívia. Sabem?
Iná: A esposa
do Mateus que vimos ontem.
Vera: Ela
mesma. A alguns meses atrás, pouco tempo antes da mãe dela morrer a mesma
revelou pra ela que ela na verdade era uma garota adotada.
Manoel:
Adotada? De qual família.
Vera: Aí é que
está. Pelo que ela disse ao Mateus, a mãe dela tinha perdido uma criança que
nasceu com alguma deficiência que eu não me lembro agora. Ela nem chegou a
enterrar esta criança, pois já estava traumatizada com as gestações que perdeu
antes e a Lívia tinha sido abandonada pela mãe após o parto. Olha, o que eu
estou falando eu não tenho certeza. Eu tenho quase certeza.
Iná: Você vai
me dizer que...
Vera: Eu tenho
suspeitas muito fortes de que a Lívia seja a filha de vocês.
Manoel deixa o copo cair no chão.
Iná bota a mão na boca, incrédula com o que ouve de Vera.
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GANCHO: MARIA, MARIA! (Milton Nascimento) ----------------------------
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