DESTINO - Capítulo 33: Pia cheia de louça



Lívia dá uma bronca em Mateus pela sujeira que ele fez ao quebrar as garrafas deixando-as cair no chão.
Lívia: Meu Deus, Mateus! Olha só a sujeira que você fez no chão!
Mateus: Desculpa, amor. Maria do Socorro?
Lívia: Tudo bem, eu vou lá na lavanderia pegar um pano e já venho. Fique fazendo companhia pra Maria enquanto isso.
Lívia sai da sala de jantar.
Mateus: Você ficou louca, mulher? O que pensa que está fazendo?
Vânia: Conhecendo a minha filha e...
Mateus: Para de me fazer de idiota! O combinado era você sumir das nossas vidas e você aparece pra jantar na minha casa?!
Vânia: Se você não falar nada nós dois continuamos com os nossos objetivos intactos. Eu vou sair da vida da Lívia, mas agora eu quero ganhar mais um pouco com isso e você não ouse me atrapalhar.
Mateus: Você vai colocar tudo a perder, sua ameba!
Vânia: Não se você continuar de bico calado!
Lívia volta.
Lívia: Desculpa te deixar esperando, Maria. Mateus, sente-se. Vamos jantar.
Vânia: Deixa que eu limpo essa sujeira. Meu trabalho é este mesmo.
Lívia: Negativo! Hoje você é minha convidada aqui.
Mateus: Eu me lembrei que esqueci minha carteira na sala do hospital. Eu vou lá e já volto.
Lívia: Sério? Não dá pra pedir pra alguém trazer?
Mateus: Não gosto das pessoas mexendo nas minhas coisas. Eu vou lá.
Lívia: Ok. Volte bem, amor.
Mateus dá um beijo em Lívia. Olha torto para Vânia e sai de casa.

No hospital, Iná era chamada pelo médico que atendeu Vitor.
Iná: E então, doutor? O que o meu filho tem.
Médico: Vocês são os pais?
Manoel: Eu sou apenas um amigo da família.
Médico: Bem... Eu ainda vou precisar de mais alguns exames, mas tudo leva a crer que ele é portador da doença celíaca.



Iná: O que é isso? É grave.
Manoel: É quando a pessoa não pode ingerir glúten. Eu tive uma amiga na infância que tinha intolerância a glúten mesmo. Vivia com intestino preso.
Médico: Sim, estes são sintomas da intolerância, mas o que ele tem é a doença celíaca, ou seja, ele permanentemente não pode ingerir glúten. Não pode comer coisas com farinha de trigo, por exemplo. Pães, bolos e tortas são os principais alimentos.
Iná: E agora? Como vai ser a alimentação dele?
Manoel: Vai ter que ser controlada, Iná. Vai ter que passar por avaliação nutricional.
Iná: E isso vai custar, não é?
Médico: Sim, mas o plano de saúde cobre.
Iná: Pois é...
Manoel: Bom, obrigado pela atenção, doutor. Vamos fazer tudo o que for recomendado.

Bárbara atende a campainha de sua casa.
Bárbara: Mateus? Não entendi o porquê da sua ligação.
Mateus: Bela cumplice você foi nos arranjar.
Bárbara: A Vânia? O que tem ela?
Mateus: O que tem é que ao invés de ela desaparecer do mapa, passou a ter contato com a Lívia. Agora mesmo está lá na minha casa jantando com a Lívia e estão “se conhecendo melhor”.
Bárbara: O que? Aquela acéfala fez isso? Ela não tem medo de brincar com o perigo?
Mateus: Pelo jeito não. Eu quero saber o que vamos fazer agora. Ela pelo jeito quer tirar mais proveito desta história.
Bárbara: Não temos o que fazer agora, mas eu vou pensar em algo. Que vontade de matar aquela infeliz!
Mateus: Imagina eu quando a vi na minha casa. Olha, não gosto nem de lembrar.
Bárbara: Bom, preciso comer algo. Já jantou?
Mateus: Eu ia jantar, mas depois que vi aquela cena...
Bárbara: Quer jantar? Pedi filé argentino e pudim de doce de leite.
Mateus: Eu vou aceitar. Depois eu dou uma desculpa pra Lívia.
Bárbara: Vou preparar a mesa.

Mateus janta com Bárbara e volta pra casa tarde e é questionado por Lívia.
Lívia: Mateus, porque demorou tanto?
Mateus: Olha, Lívia... vou ser sincero. Eu fui jantar num barzinho perto do hospital e fiquei por lá mesmo. Não gostei dessa presença da Maria do Socorro.
Lívia: Mas, Mateus, por que? Ela é minha mãe.
Mateus: Por que ela se negou a te ver e agora vem na nossa casa normalmente? Ela está te fazendo de palhaça. E mãe você só pode ter certeza depois de um exame de DNA!
Lívia: Calma, amor. Vamos dar tempo a ela e a mim. Tudo vai se ajeitar.
Mateus: Tá. Vamos ver... agora só quero me deitar.
Lívia: Eu também. Só estava te esperando. Mas antes vou terminar de ler o capítulo de hoje de "Como Curar Seu Coração".
Mateus: É aquela webnovela das 19h do Webmundi, não é? Mas você tá viciada nela, não é?
Lívia: Já mostrei pra Maria do Socorro e ela maratonou tudo.
Lívia e Mateus dão uma risada. Da parte de Mateus era uma risada sincera, diante de um mar de falsidade que ele transformou a própria vida.


No dia seguinte, na casa de Iná.
Priscila: Vitor, já está melhor?
Vitor: Estou sim. Ainda dói minha barriga, mas nada comparado a ontem.
Priscila: Eu vou comprar alguma coisa sem glúten pra você.
Vitor: Não acredito que não posso mais comer o pão francês da padaria do bairro. Que saco.
Priscila: Pois é, mas agora é se cuidar.
Ellen: Bom dia para vocês.
Vitor: Bom dia, Ellen. Você disse que tinha um remédio pra aliviar dores abdominais decorrentes de ingestão de glúten. Você pode me dar um pouco?
Ellen: Sim, eu tenho uma intolerância à glúten, mas não sou celíaca como você. Mas esse remédio tá lá na casa da minha mãe.
Priscila: Então não precisa pegar. Nós compramos.
Ellen: Amor, ele é caro. Não me custa nada passar lá. Assim eu também vejo como a dona Bárbara está. Apesar de tudo, ainda me preocupo com ela.
Priscila: Bom, se isso não for te atrapalhar, tudo bem.
Ellen: Eu passo lá e depois te encontro na faculdade.
Vitor: Obrigado, Ellen. É só pra estes próximos dias, pra eu não sentir tanto com estas dores.

Mateus chega ao hospital e logo é abordado por Bruno.
Mateus: Ah não, lá vem você entrando na minha sala sem avisar.
Bruno: E aí, qual vai ser.
Mateus: Qual vai ser o que?
Bruno: Tá me tirando? Você sabe do que estou falando.
Mateus: Eu já decidi.
Bruno: E então?
Mateus: Eu vou aumentar seu salário. 50%, pode ser?
Bruno: Poderia dobrar, não?
Mateus: 70% e não se fala mais nisso.
Bruno: Me parece razoável.
Mateus: Agora, não fica espalhando pra ninguém isso aí, pois vão achar estranho esse aumento repentino.
Bruno: Pode deixar. Eu sei cumprir acordos e você bem sabe disso.
Mateus: Agora, pode sair da minha sala?
Bruno: Claro, cunhadinho. Com licença.

Ellen vai até a casa de Bárbara e entra sem bater na porta.
Bárbara: Mas o que é isso? Por que não apertou a campainha?
Ellen: Ué, eu ainda tenho a chave.
Bárbara: Bom, ao menos você veio me ver. Achei que tinha esquecido que tem mãe.
Ellen: Não exagera, você sabe muito bem que só está isolada porque quer.
Bárbara: Queria que eu convivesse com a sapatona e aquela família dela? Obrigada, mas não.
Ellen: Olha, não vou responder pra não começarmos a discutir. Só vim ver um remédio que eu tinha pra reação à glúten.
Bárbara: Teve aquelas crises de intolerância de novo? Você sabe que quando isso acontece você tem que ficar tempos sem comer glúten, não sabe?
Ellen: Sim, mãe, mas não é pra mim. É pro Vitor, o irmão da Priscila.
Bárbara: Aquele que me chamou de burra por tabela quando eu fui lá?
Ellen: Sim. Ele mesmo. Descobriu ter a doença celíaca, bem mais grave que o meu problema.
Bárbara: Imagino a Iná que não tem onde cair morta tendo filho pobre com doença de rico. Vai ter que lavar panela em dobro.
Ellen: Tá aí a explicação do porquê de eu nunca vir aqui, não é? Além do mais o pai está disposto a pagar um plano de saúde pra Iná, Vitor e Priscila.
Bárbara: Oi? Eu ouvi direito? Pagar um plano?
Ellen: Sim.
Bárbara: Ele nem tem nada com aquela lá. Resolveu fazer caridade?
Ellen: Ele se sente culpado pela forma como tratou a Iná no passado. E quer saber? Tá certo ele. É um belo jeito de pedir desculpas. E você deveria fazer o mesmo. Tratou muito mal a Iná indo na casa dela aquela vez.
Bárbara: Não brinca comigo com essa história de eu pedir desculpas pra Iná.
Ellen: Mãe, que louça toda é essa na pia?
Bárbara balbucia por um momento.
Bárbara: Ué, a minha louça.
Ellen: É muita louça.
Bárbara: Você nem mora mais comigo e vai fiscalizar a minha louça? Quer lavar? Não? Então pega logo o que você veio pegar e saia.
Ellen: Já encontrei na gaveta dos remédios. Com licença, dona Bárbara.

Ângela bate na porta da sala de Mateus.
Ângela: Posso entrar, senhor Mateus?
Mateus: Pode.
Ângela: Com licença.
Mateus: Algum problema na recepção?
Ângela: Não. E também estou no meu intervalo. Eu vim aqui porque tem um assunto que há dias me incomoda.
Mateus: Bom, então fale. O que seria?
Ângela: Há alguns dias eu sinto a Tatiana estranha. Sabe? Não sei explicar.
Mateus: Bom, não vou negar. Eu também. Mas não sei o que é.
Ângela: Olha, não quero me intrometer, mas pela reação dela eu acho que ela está com o mesmo problema que a minha irmã estava no passado.
Mateus: E qual seria?
Ângela: Eu acho que ela está sendo vítima de violência doméstica.
Mateus muda seu comportamento instantaneamente.
Mateus: Como? Aquele merda do Bruno batendo na minha irmã?
Ângela: Eu não estou afirmando isso, mas ela tem um comportamento muito parecido com o que minha irmã tinha. Olha, eu gosto muito da Tatiana. Ela quando entrou aqui era alegre, solar, radiante. Agora parece que está num velório constante. Não estou garantindo que seja isso, mas eu acho que o senhor deveria ver o que é. Tem algo de estranho nela.
Mateus: Eu vou ver sim, Ângela. Obrigado pela amizade. Não se preocupe, não vou comentar nada.
Ângela: Com licença.
Mateus: Toda.

Mateus aproveita e convida Tatiana para almoço.
Mateus: Vamos almoçar, Tati?
Tatiana: Vamos. Eu vou chamar o Bruno enquanto você chama o a Lívia.
Mateus: Não. Vamos só nós dois. Tenho que conversar sobre a nossa mãe.
Tatiana: Aconteceu algo grave?
Mateus: Não, mas não é assunto para Bruno e Lívia estarem perto.
Tatiana: Tudo bem. Vamos lá então.
Tatiana e Mateus vão a um restaurante e começam a conversar sobre o passado deles, mas Tatiana queria saber o que tinha acontecido com Vera para Mateus querer falar da mãe.
Tatiana: Então, Mateus. O que aconteceu com a nossa mãe?
Mateus: Na verdade nada. Eu quero falar sobre você.
Tatiana: Sobre mim? Como assim.
Mateus: Tatiana, quando o nosso pai morreu eu jurei que nunca deixaria ninguém fazer algo de mal para a mãe ou pra você e o Tiago.
Tatiana: E nunca deixou. Lembro que queriam zoar o Tiago por ele ser sempre CDF e nerd e você sempre o defendeu e nunca deixou que fizessem mal a ele.
Mateus: Pois é. Você eu nunca precisei, pois sempre foi independente, forte e soube se virar.
Tatiana: Sim, mas aonde você quer chegar?
Mateus: Eu tenho te notado nas últimas semanas. Você está apagada. Cadê aquela Tatiana forte que eu sempre conheci? Você está apagada. Cadê seu brilho?
Tatiana: Estou cansada por causa do trabalho. Mas logo eu me acostumo.
Mateus: Vamos ser sinceros como você sempre foi comigo? O Bruno está te batendo? Ele está fazendo algo com você e te ameaçando?
Tatiana mexe os lábios, mas não responde. Olha para o irmão fixamente e começa a chorar aos poucos, num choro que vai crescendo a cada segundo, que é quando Mateus a abraça.
Mateus: Aquele filha da puta está te tratando mal, Tati?
Tatiana: Eu juro que não queria. Ele não era assim no começo.
Mateus: Minha irmã, olha pra mim. Quanto tempo isso já?
Tatiana: Algumas semanas. Ele ameaça me bater se eu o deixar. Na verdade ele já me bateu algumas vezes, mas ameaça fazer algo contra a nossa família. Eu não sei o que fazer, Mateus. Como ele é seu amigo, eu pensei que...
Mateus: Ele é só meu conhecido.
Tatiana: ... eu pensei que ele fosse de confiança. Eu não sei o que fazer. Me ajuda meu irmão. Não quero dar mais dor de cabeça pra nossa mãe.
Mateus: Eu vou te ajudar. Esse bosta vai se arrepender de encostar a mão em alguém da minha família!
Mateus abraça Tatiana e a moça fica meio assustada com as palavras do irmão (foco na cara de ódio de Mateus para o gancho)

------------------------------- GANCHO: FÉ CEGA, FACA AMOLADA (EMMERSON NOGUEIRA) ------------------------

Postar um comentário

0 Comentários