Lívia
saiu no meio da manhã do hospital e, munida do endereço de Maria do Socorro que
pegou junto à terceirizada, acabou indo em direção à casa da zeladora.
Lívia: Vamos ver se ela vai
ter coragem de me ignorar cara a cara e somente nós duas.
Chegando
lá, ela toca a campainha e um rapaz de pouco mais de 20 anos .
Lívia: Boa tarde, eu
gostaria de falar com a Maria do Socorro.
Rapaz: Não tem ninguém com
este nome aqui, moça.
Lívia: Sério? Bom... você
mora aqui faz tempo?
Rapaz: Na verdade nos
mudamos faz poucos dias. Deve ser a moradora antiga. Ela tinha uns cinco gatos,
não é?
Lívia: Não sei, mas
obrigado pela atenção. Tenha um bom dia.
Lívia
não desiste de procurar e acaba ligando para o celular de Maria do Socorro,
este que não é falso.
Lívia: Número inexistente?
Ela já deve ter excluído o número pra eu não encontra-la!
Vera
e Terezinha conversavam sobre o que Manoel havia dito a esposa na noite
anterior.
Vera: Então, Tere, o Manoel
me disse que a Bárbara deu a entender que sabe da filha desaparecida dele.
Terezinha: Eu estou falando
que esta mulher é uma cobra! Com certeza deve saber.
Vera: E sabe no que eu
pensei?
Terezinha: O que?
Vera: Investigar ela.
Tentar ver os passos dela as vezes. Agora que ela está sozinha na casa dela,
não tem ninguém pra vigiar ela, mas ela está nos vigiando, inclusive sabe até o
nome da minha filha que ela nunca viu.
Terezinha: Não é arriscado,
Vera?
Vera: Arriscado é, mas eu
me sinto na obrigação de ajudar o Manoel.
Terezinha: Obrigação por
que? Tudo bem que ele é seu marido, mas não entendi.
Vera: Ele tem sido tão bom
pro Tiago, tem sido um referencial de pai. Acho que eu devia ajudar.
Terezinha: É só isso mesmo?
Me parece que tem algo que você sabe e não quer me contar.
Vera: Credo, comadre. Para
com isso.
Terezinha: Vera, eu te
conheço a mais de 30 anos. Nós nem sabíamos da existência do Marcelo e do
Marcos e já nos conhecíamos. Eu sei quando você está com algum mistério.
Vera: É, mas agora sua
intuição falhou. E vamos parar com o papo, pois já está na hora de abrir o
restaurante e entregar as marmitas embaladas.
Terezinha: Sei... vou
fingir que acredito.
Enquanto
uns corriam atrás de uma suposta mãe e outros cozinhavam, na casa de Iná tudo
era tranquilo e na hora do almoço estavam Ellen, Priscila e Vitor à mesa. Iná
estava trabalhando no momento.
Ellen: Como será que é a
nossa irmã, heim pessoal?
Priscila: Se for igual a
minha mãe deve ser lindíssima.
Ellen: Se for igual ao meu
pai também, tá bom?
Vitor: Vocês duas foram
engraçadas agora. Até doeu a minha barriga.
Priscila: Claro que o
senhor Manoel é bonito, mas minha mãe é “top”.
Ellen: Meu pai lacra mais
que a sua mãe! (diz Ellen em tom de brincadeira)
Vitor: Ai... gurias...
Priscila: Alguém quer suco
de uva?
Vitor: Eu não to me
sentindo bem...
Ellen: O que foi, Vitor.
Priscila: De novo aquelas
dores no estomago? Você já experimentou diminuir comidas ácidas?
Vitor: Já, mas não tem
adianta...aaaaaai...
Ellen: Quer um remédio pro
estomago.
Vitor
não tem tempo de falar e acaba expelindo sangue pela boca, o que deixa Ellen e
Priscila desesperadas.
Vitor: Pelo amor de Deus! Me ajudem!
Priscila: Eu vou ligar pra
ambulância.
Ellen: E nem vamos à
faculdade, sem condições hoje. Liga pra sua mãe e avisa ela.
Em 15
minutos a ambulância chegou e Vitor foi levado para um hospital público.
Lívia
liga para um outro número de Maria do Socorro que ela conseguiu pela Ângela
(atendente) e insiste em falar com a zeladora.
Lívia: Por favor, não
desliga.
Vânia: Eu já não te disse
que não quero falar com você, Lívia? Você vai querer estender mais ainda esta
história?
Lívia: Olha, eu só quero
ter uma última conversa. Depois disso eu prometo que nunca mais te incomodo.
Vânia: Não! Com licença.
Vânia
desliga o telefone e deixa Lívia no vácuo, anda por alguns metros e retorna a
ligação. Lívia vê o telefone celular tocar com uma sensação de esperança.
Vânia: Alô, Lívia? É a
Maria do Socorro.
Lívia: Claro, pode falar.
Vânia: Onde podemos nos
encontrar? Pode ser agora?
Lívia: Claro. Vou te passar
o endereço de uma confeitaria ali no Champagnat.
Vânia: Ok. Vou demorar pra
chegar porque estou no Pinheirinho.
Lívia: Venha de Uber. Eu
pago a corrida quando você chegar aqui.
Vânia: Combinadas.
No
hospital, Vitor passava muito mal e não era atendido. Iná chegava desesperada.
Iná: Filho?! O que aconteceu?
De novo o estomago?
Vitor: Sim, mãe, mas desta
vez eu senti gosto de sangue vindo do estomago.
Iná: E o que é?
Priscila: Só tiraram a
temperatura dele e mandaram aguardar.
Iná: Aguardar? Ele está
sangrando pela boca e só mediram a temperatura dele? Que absurdo é esse?
Ellen: Eu estava pensando
em uma coisa.
Iná: O que, minha filha?
Ellen: Pedir pro meu pai
ajudar a colocar o Vitor no Ângela Veríssimo.
Iná: Mas ele não tem
obrigação nenhuma, Ellen. Entendo a preocupação, mas..
Ellen
interrompe Iná:
- Não se trata de
obrigação, se trata de consideração. Meu pai e a dona Vera são amigos da
senhora. Nós somos amigos do Vitor também. Nós somos uma única família agora.
Priscila: Concordo
plenamente. O que você acha, Vitor?
Vitor: Eu quero que tudo
isso passe logo. Parece que estão arranhando meu estomago.
Iná: Vocês estão certas,
meninas. Ellen, você liga para o Manoel? Quero ficar o máximo com o Vitor.
Ellen: Tudo bem. Já vou
ligar.
Manoel
está em casa vendo futebol com Tiago, quando seu celular toca.
Manoel: Filha?
Ellen: Pai. Tudo bem?
Precisamos de uma ajuda sua.
Manoel: Nossa, que voz
estranha. Pode falar.
Ellen: O Vitor está
passando mal. Estamos em um hospital público, mas ele ainda não foi atendido e
estamos com muita pressa, pois a dor dele não passa. Será que não tinha como
bancarmos ele no Ângela Veríssimo, nem que depois a gente devolvesse esse
dinheiro?
Manoel: Claro, minha filha!
E não se preocupem com o dinheiro, o foco agora é a saúde do Vitor.
Tiago: O que aconteceu com
o Vitor?
Manoel: Só um momento,
Tiago... Ellen, me encontre no Ângela Veríssimo com o Vitor. A Iná e a Priscila
estão aí?
Ellen: Sim. Vamos para lá
então. Obrigada, pai.
Manoel: De nada. Beijos.
Manoel
desliga o celular.
Tiago: O que aconteceu com
o Vitor?
Manoel: Está passando mal.
Deve ser o problema do estomago. Vou levar ele pro Ângela Veríssimo. Você vem
comigo?
Tiago: Claro. Vou mandar
mensagem pra minha mãe avisando que estaremos lá.
Enquanto
Manoel e Tiago iam ao hospital, Vera, que recebeu a mensagem do filho aproveita
para dar uma saída.
Vera: É agora. Vamos ver se
eu descubro algo sobre a cascavel hoje!
Correndo
às pressas para encontrar Maria do Socorro, Lívia estava saindo correndo do
hospital, quando acabou esbarrando em uma senhora.
Lívia: Me perdoe, eu
realmente estava correndo. Foi culpa minha.
Iná: Não foi nada, eu
também estou com muita pressa e acabei não te vendo.
Lívia: Tudo bem com a
senhora
Iná: Sim. E com você. Não machucou
nada?
Lívia: Não... preciso ir. Até
mais.
Iná: Até.
Iná
e Lívia se olham profundamente, mas a pressa de Lívia fez com que ela ignorasse
o fato e fosse ao encontro de Maria do Socorro.
Já
Iná teve a sensação de ter visto aquela moça em alguma outra ocasião e deduziu
que deveria ter sido na última vez em que esteve com Manoel no Ângela
Veríssimo.
Iná: Aquela moça...
Priscila: O que foi, mãe?
Iná: Senti algo tão forte
ao trombar com aquela moça.
Priscila: Deve ter
machucado algo. Vamos ver depois.
Iná: Não é isso. Enfim ...
Vera
vai de Uber até a casa de Bárbara, fica por lá um tempo e nada de anormal
acontece.
Vera: pode voltar, motorista.
Vera
fica frustrada com a falta de acontecimentos.
Manoel
e Tiago chegam ao hospital e procuram por Iná e os demais.
Manoel: Boa tarde, você
saberia me informar se um rapaz com dores no estomago deu entrada aqui no
hospital?
Ângela: Sim, ele estava com
a mãe e as irmãs?
Manoel: É...irmã e cunhada,
mas sim, deve ser ele. Vitor Vieira.
Ângela: Ele já está sendo
atendido.
Iná
avista Manoel e chama por ele.
Iná: Manoel?
Manoel: Como o Vitor está,
Iná?
Iná: Dores fortes no
estomago, mas já está sendo submetido a exames. Eu nem tenho como te agradecer.
Ah, oi, Tiago. Desculpa não ter te visto.
Tiago: Tudo bem. Onde estão
as meninas?
Iná: Esperando no outro
andar, pode ir lá, eu tenho que terminar de passar os dados pro pagamento dos
exames.
Manoel: Você sabe que eu
vou arcar com tudo, não sabe?
Iná: Mais uma vez,
obrigada.
Manoel: Você não tem plano
de saúde?
Iná: Não.
Manoel: Depois a gente vê
um pra vocês.
Mateus
volta pra casa depois de passar no supermercado e comprar comidas diferentes,
pois estava praticamente querendo comemorar o fato de que Lívia poderia
esquecer da história de procurar os pais dela.
Mateus: Amor? Já chegou do
hospital? Trouxe aquele queijo que você adora.
Lívia: Oi, amor. Estou aqui
na sala de jantar. Já encomendei o jantar para esta noite.
Mateus
vai caminhando em direção à sala de jantar.
Mateus: Nossa, o que vamos
comemorar hoje?
Quando
chega à sala de jantar Mateus deixa as duas sacolas caírem no chão (inclusive
um vidro de suco de uva)
Lívia: Amor, eu e a Maria
do Socorro conversamos e resolvemos nos conhecer melhor.
Vânia: Olá, doutor Mateus.
Que prazer em vê-lo.
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GANCHO: HIGHWAY TO HELL (AC/DC) ---------------------------------
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