

Enquanto Bárbara quebrava parte do seu patrimônio num acesso de raiva, Ellen chegava à casa de Priscila.
Priscila: Mãe, chegamos.
Iná: Olá, meninas. Tudo
bem, Ellen?
Ellen: Tudo, dona Iná (diz
a menina com um pouco de vergonha).
Iná: Deixe suas coisas aqui
e venha jantar conosco. Preparei strogonoff de frango, você gosta?
Ellen: Claro, gosto muito.
Todos
se sentam à mesa e Iná percebe um pouco de vergonha da parte de Ellen com toda
aquela situação.
Iná: Ellen, você está um
pouco estranha. Está com vergonha?
Ellen: Ah, dona Iná, não
vou mentir não, estou sim. Não planejava isso agora, mas a situação lá em casa
estava insustentável. Depois do que a minha mãe fez aqui na casa de vocês eu
não conseguia mais manter um convívio civilizado com ela.
Iná: Ellen, a partir de
agora você também vai ser tratada como minha filha. Se você faz bem à Priscila,
também faz bem a mim e quero que você se sinta bem aqui.
Ellen: Obrigada, dona Iná.
Prometo que vou me comportar.
Iná: Pode me chamar de Iná.
E seu pai, já sabe que você está aqui?
Ellen: Vou contar a ele
ainda, mas quero fazer isso pessoalmente. Daqui a pouco vou na casa do Tiago
conversar com ele.
Iná: Casa do Tiago? É
aquele amigo de vocês?
Priscila: Sim. O Manoel
está namorando a mãe dele, a dona Vera.
Iná: A Vera que eu conheci
aquele dia na casa da Bárbara?
Priscila: Ela mesmo.
Iná: Eles começaram a
namorar naquela época?
Priscila: Não, parece que
eles se conheceram totalmente de forma aleatória.
Iná: Gente, o destino é
curioso mesmo, não é? Eu adorei a Vera, achei ela bem honesta e pelo pouco que
vi é trabalhadora.
Ellen: É sim, Iná. Criou os
três filhos sozinha, perdeu o marido cedo, abriu o próprio restaurante junto
com a cunhada. Tiago sempre fala da mãe com orgulho. Ela é igual a senhora, uma
guerreira.
Iná: A gente faz o que
pode, né? Ao menos pra ver se os filhos tem um destino melhor do que o nosso.
Vitor: Gente, desculpa
interromper o papo de vocês, mas o Tiago me mandou mensagem no whatsapp
perguntando o porquê de nenhuma de vocês terem respondido ele ainda.
Priscila: Meu celular está
descarregado.
Ellen: Eu não vi meu
celular desde a hora em que cheguei. Deixa eu ver aqui... ele perguntou que
horas a gente vai chegar lá.
Priscila: 08h. É só o tempo
de terminarmos e sairmos.
Ellen: Já confirmei a ele.
Priscila
e Ellen terminam de jantar e se deslocam em direção à casa de Tiago, Vera e
agora Manoel também.
- MÚSICA DE TRANSIÇÃO COM IMAGENS DAS AVENIDAS VISCONDE DE GUARAPUAVA E CÂNDIDO DE ABREU À NOITE EM CURITIBA - DON'T STOP THE MUSIC (RIHANNA) -
Chegando
lá, Ellen vê uma cena inusitada: Tiago e Manoel jogando vídeo game juntos.
Ellen: Pai?
Manoel: Filha! Venha cá.
Tudo bem com você?
Ellen: Tudo. Estou
atrapalhando algo?
Manoel: Imagina, claro que
não. Estávamos jogando vídeo game e...
Vera: Ellen! Priscila! Tudo
bem com vocês?
Priscila: Tudo bem, dona
Vera. Minha mãe mandou um abraço pra senhora.
Vera: Mande outro pra ela.
Vocês querem jantar?
Ellen: Já jantamos, muito
obrigada.
Vera: E uma sobremesa,
aceitam? Fiz pudim de leite condensado.
Ellen: Bom, neste caso eu
aceito. Você quer, Pri? Posso pegar pra você também.
Priscila: Pega lá. Eu já
vou com vocês.
Priscila
chama Manoel num canto e pergunta:
Priscila: Manoel, você já
contou pra Vera sobre o seu passado com a minha mãe?
Manoel: Eu tenho que
contar?
Priscila: Não sei, você
combinou com a minha mãe de não sair por aí divulgando coisas sobre a busca por
esta filha que vocês tiveram?
Manoel: Sim. Só vou contar
para Vera quando a Iná autorizar. Afinal de contas, esta história é de nós
dois.
Priscila: Espero que ela
entenda que vocês não tem mais nada hoje em dia.
Manoel: A Vera tem uma
cabeça boa. Ela vai entender. E como a Iná recebeu a Ellen na casa de vocês?
Priscila: Recebeu bem.
Minha mãe apesar de simples é desprendida de preconceitos.
Manoel: Já a Bárbara...
Priscila: Esta aí deve
estar possessa e odiando todo mundo naquela casa de vocês.
Enquanto
isso, Bárbara chama Mateus para sua casa.
Bárbara: Você sabe onde
fica, já te disse outras vezes.
Mateus: Ir aí pra seu marido
chegar e me ver? Tá louca?
Bárbara: Não tem ninguém
aqui, estou morando sozinha temporariamente.
Mateus: O Manoel te deu um
pé na bunda? Até que demorou.
Bárbara: Pare de falar
bobagens e venha logo, garotão.
Mateus: Ok, mas espero que
seja algo importante, tenho muito o que fazer ainda.
Enquanto
isso, Ellen conversava com Vera na cozinha.
Ellen: E como está você e o
meu pai?
Vera: Estamos nos dando
bem. Foi tudo meio repentino, mas deixar passar muito tempo nesta altura da
vida acho meio desnecessário pra mim.
Ellen: Mas a senhora está
super bem.
Vera: Obrigada, minha
filha.
Ellen: O Tiago pelo jeito
se deu super bem com meu pai.
Vera: Você está com um
pouco de ciúmes, né?
Ellen: Está tão na cara
assim?
Vera: Uhum.
Ellen: Me perdoa, dona
Vera. É que eu nunca tive que dividir meu pai com ninguém e pelo visto meu pai
viu no Tiago o filho que ele não teve. Juro que não é por maldade minha.
Vera: Tudo bem, Ellen. Eu
te entendo. Mas, olha... fica despreocupada, o Tiago não quer em nenhum momento
que o Manoel preencha o lugar que era pra ser do pai dele. Eles apenas são bons
amigos e estão se aproximando.
Ellen: Sim, eu entendo, é
apenas um sentimento diferente com o qual nunca tive que lidar. Mas, eu conheço
meu pai e conheço o Tiago e acho que eles devem mesmo se conhecerem e terem uma
boa amizade.
Vera: Ellen, você disse que
nunca teve que dividir seu pai com ninguém, mas, engraçado que quando conheci
seu pai ele me disse que tinha duas filhas. Você teve alguma irmã que morreu
quando jovem?
Ellen: Não, sou filha única
e a minha mãe nem queria mais engravidar depois de mim. Tem certeza de que o
meu pai disse isso?
Vera: Absoluta. Inclusive
cheguei a achar que era filha de algum outro casamento, mas esqueci de
perguntar e só me lembrei agora.
Mateus chega na casa de Bárbara.
Mateus: Quando você me ligou eu não pude acreditar. O que eu viria fazer na sua casa a esta hora?
Bárbara: Entra logo que tá entrando vento.
Mateus: Ok. O que você quer?
Bárbara: Conversar. Quer alguma bebida?
Mateus: Conversar sobre?
Bárbara: Quer ou não?
Mateus: Me serve qualquer coisa aí.
Bárbara: Qualquer coisa não tem. Tem vinho branco, merlot, espumante...
Mateus: Quer saber? Me serve um energético. Pronto. Ou vai dizer que não tem?
Bárbara: Tem sim, a Ellen gosta disso. Nossa, você é suburbano raiz mesmo, né? Quer uma 51 pra misturar com o energético?
Mateus: Você tem Velho Barreiro?
Bárbara: Melhor eu parar de fazer perguntas e trazer logo o energético porque a conversa só piora.
Manoel
e Priscila adentram novamente a cozinha de Vera e ela dispara a pergunta.
Vera: Manoel, lembra de
quando a gente se conheceu?
Manoel: Claro, eu derrubei
um monte de papel naquele dia.
Vera: Lembra da nossa
conversa?
Manoel: Inteira não, não
tenho a memória que você tem, por que?
Vera: Você me disse que
tinha duas filhas. Uma é a Ellen. Quem é a sua outra filha?
Manoel
fica pálido com a pergunta.
----------------------- MÚSICA DE ENCERRAMENTO: LINGER (THE CRANBERRIES) ---------------------------------
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