Capítulo 28
Teu nome na História
Contando a história:
A Senhora (Fernanda Montenegro)
Marcelo (André Gonçalves)
CENA
1/ CASA DE JEAN/ DIA/ INTERIOR
Jean,
caminha sala para o quarto com um copo de bebida na mão direita, veste apenas
shorts branco curto e uma camisa de botões aberta, a janela do quarto recebe um
vento forte e gelado vindo do lado de fora.
Jean – A minha chegada aqui, não foi fácil! Enfrentei bandidos, enfrentei a morte, perdi amores e não ganhei a guerra.
Deita-se sobre a cama e olhando para as lâmpadas no teto, diz:
Jean – E tenho a impressão que
nunca vou ganhar.
CENA
2/ ARRAIAL DO CABO/ DIA/ INTERIOR
Na
casa de madeira à estrada de chão batido onde vivia, Jean com a mãe e Ritinha,
uma figura de vestimentas largas, calças dobradas acima do tornozelo, camisa
cinza com os botões abertos a meio peito, uma mochila surrada jogada nas costas
e uma expressão de cansaço no rosto e nos ombros, devido ao sol, ou as horas de
caminhada. Bate três palmas, bate palmas fortes.
Marcelo – Oh de casa!
A
porta se abre lentamente, e uma mulher já de idade avançada coloca a cara na
porta.
Marcelo – Bom dia!
Senhora – Bom dia só se for
pro senhor! O que quer aqui?
Marcelo – Eu estou buscando
informações sobre o senhor, Jean Ribeiro.
Calmamente,
a senhora abre toda a porta, encara Marcelo, limpa o rosto suado joga o pano de
prato no sobre o ombro, que segura numa das mãos e diz:
Senhora – Já não mora mais
aqui moço, tem mais de 12 ano. Comprei essa terra assim que mataram a mãe e a
muié dele lá pro Mato Grosso. Acho até que paguei barato demais, dizem que o
moço é rico praqueles lados.
Marcelo – A senhora o conheceu
então? Por favor me conte tudo que sabe sobre, Jean Ribeiro, o que fazia como
viveu aqui e o que o fez se tornar quem é hoje.
Senhora – E o senhor é da
polícia é?
Marcelo – Sou Jornalista,
Marcelo Trento – estende a mão a senhora
– É a matéria da minha vida senhora, preciso saber quem é esse pequeno homem
tão temido e admirado nas fronteiras desse país.
CENA 3/
ARRAIAL DO CABO/ DIA/ INTERIOR/ EXTERIOR
A
senhora, puxa um banco para que o jornalista sente-se e abanca-se a sua frente
numa confortável cadeira de balanço.
Senhora – Aceita um suco?
Marcelo – Aceito sim.
Senhora – Então depois o
senhor vai lá no pé de laranjeira e apanha uma meia dúzia que
eu faço um suco
pro senhor.
Marcelo – Eu vou... Sim.
A senhora ajeita-se na cadeira
limpa o rosto suado mais uma vez e ri alto, sozinha.
Senhora – Jean Ribeiro, era
danado demais... Quando ele tinha uns 5 pra 6 aninho, Dona Ivone pegou Ritinha
pra criar, Jean, cuidava tanto daquela menina, tinha que ver corriam o dia
inteiro nesse chão rachado, sonhavam, brincavam, brigavam. Era bonito de se
ver. (emocionada, quase chora)
Marcelo, emocionado pega da
mochila um caderninho pequeno de anotações e constrói no papel e no pensamento
as histórias de Jean Ribeiro.
Senhora – Ligue não moço! Essa
veia é uma chorona, chora por bobagem, por lendas. (Retoma a compostura) Nunca achei que Jean, tivesse escolha mesmo,
passou tanta fome, tanto frio, sem pai, com uma mãe que não tinha o mínimo para
viver, e eu acho que D. Ivone fez e muito, deu foi muito amor pros filhos. Uma
pena que depois de tudo que Jean conquistou ela não conseguiu viver perto dele.
CENA
4/ CATIVEIRO DE IVONE E RITINHA/ DIA/ INTERIOR/EXTERIOR
Dois capangas desamarram,
Ritinha e D. Ivone e as levam para fora do cativeiro.
Ritinha - O que está acontecendo? Pra onde estão nos levando?
Ao ver, Jean, Ritinha, grita e sai correndo em sua direção. Júlio,
grita e a alveja.
Ritinha - Jean, é uma armadilha vão matar todos nós.
Jean - Rita, não.
Júlio - Desgraçada.
A troca de tiros começa, D. Ivone, é atingida pelos capangas de
Julio, e cai próximo de Ritinha, já morta.
D. Ivone - Jean, meu filho.
Julio, é morto com um tiro na cabeça, Jean, protege-se dos tiros,
jogando-se atrás de um contêiner. Todos os homens de Julio, são mortos. Jean,
levanta-se tira o casado e os explosivos que trazia no corpo e se joga diante
do corpo de Ritinha.
Jean - Rita, Rita, levanta, você não pode morrer agora.
Chorando, segura D. Ivone, morrendo em seus braços.
Jean - Mãe, mãezinha, não pode morrer, não me deixe sozinho, por
favor.
D. Ivone - Me perdoa se não fui uma boa mãe, meu filho.
CENA 6/ ARRAIAL DO CABO/ DIA/ INTERIOR/ EXTERIOR
Após a conversa com
Marcelo, a senhora serve-lhe o suco das laranjas e diz-lhe:
Senhora – Vocês da
cidade são engraçados. Olha só caminhou tanto para vir aqui e escutar os mesmos
boatos que correm por lá.
Marcelo toma o suco e
larga o copo na ponta do banco em que está sentado e encarando a senhora, diz:
Marcelo – Eu sei que
Jean Ribeiro não é um boato, ele já entrou para história.
Senhora – Jean Ribeiro,
pode ter feito tudo errado moço, mas eu sei que ele sempre teve um bom coração,
sempre ajudou toda gente que precisava, cuidou mais dos outros que dele mesmo.
É ele já entrou sim para a história (olhando para o céu), não fique triste não
menino você já entrou pra história.
CENA 8/
ESCONDERIJO DE ARMANDO CARDONA/ EXTERIOR/ DIA.
E ali no esconderijo do pai, Carol fica sem palavras, sem
choro, sem emoção, diante do corpo do pai sem vida. Vida que fora tirada por
Bartô Galeno, forasteiro que não só roubara o próprio algoz como também o que
fez de Jean Ribeiro, sua carne e seu combustível de sobrevivência.
Bartô – Acabou... Já
acabou.
Bartô – Olha para o lado e joga a arma aos pés de Bruna
Vitória que lhe rende.
Bruna – Bartô Galeno,
você está preso.
Continua...
congelamento final de capítulo, Bartô Galeno.
0 Comentários