ANTERIORMENTE: Tobias conta toda a verdade a Adamastor, e o amarra vestido de mulher na praça da cidade.
CENA 01 / PRAÇA / EXTERIOR / DIA.
O dia amanhece, aos poucos a praça vai se enchendo de gente, que vê Adamastor vestido de mulher e olham as cartas. Ele é zombado pelos populares.
HOMEM - Então a coisinha ai gosta de fazer veadagem!
Todos riem.
LAURIANA - Que vergonha, e pensar que eu era amiga de vosmecê! Sodomita!
Os guardas da intendência chegam e levam Adamastor á cadeia.
ADAMASTOR - Piedade!
LAURIANA - Esse ai só morrendo para pagar todo o pecado que fez!
CENA 02 / CASA DE MABEL / INTERIOR / SALA / DIA.
MABEL - Dona Lauriana, o que deseja?
LAURIANA - Vim lhe contar toda a verdade!
MABEL - Do que está falando?
LAURIANA - (Grita), Do vosso marido, o viado!
MABEL - A senhora vê lá como fala de meu marido!
LAURIANA - Cala a boca sua Jezabel, de certo deve ser tão pecadora quanto o marido!
MABEL - Olha aqui, se a senhora veio me ofender vá embora! Só não lhe meto a mão na cara pela idade!
LAURIANA - Eu vim aqui para contar tudo e vou contar. Vosso marido foi encontrado vestido de mulher no meio da praça, estava amarrado, e em volta dele tinha umas par de cartas que ele escrevia para o escravo dele, seu marido não é o homem que tu pensa, o que ele gosta é de homem, ele transava com o escravo e toda a cidade agora sabe!
MABEL - É mentira, isso é calunia!
LAURIANA - Vá agora mesmo á intendência e veja, ele está presso!
MABEL - Eu vou, más eu sei que é mentira, eu vou voltar e vou lhe matar sua velha desgraçada!
CENA 03 / INTENDÊNCIA / INTERIOR / DIA.
Mabel vê com os próprios olhos Adamastor vestido em roupas femininas. A ela é entregue uma das cartas que ele escrevia ao escravo.
MABEL - Então é verdade? Era tudo verdade Adamastor? Me diga!
ADAMASTOR - Já não está vendo?
MABEL - Sim, eu estou. Más eu preciso ouvir de sua própria boca para acreditar, é verdade ou não é? Me diga! Acabe logo de uma vez por todas com isso!
ADAMASTOR - (Grita). É, é ,é verdade sim!
MABEL - (Grita), Eu não acredito, seu desgraçado, depois de tantos anos de casamento tu me faz isso, como tu podes me fazer isso? sabe o que eu sinto de ti? Eu sinto nojo! Um homem como tu não é digno do que tens no meio das pernas. Seu lixo, és um lixo, fizeste o que há de mais nojento e repugnante no mundo.
ADAMASTOR - Eu nunca lhe amei, eu sempre escondi os meus verdadeiros desejos por medo, por medo do que iriam pensar, por medo de matarem, me casei com tu para provar para mim mesmo que eu estava engando sobre mim, que eu era homem e que isso tudo não passava de uma bobagem minha; más agora eu vejo que esconder foi pior , só piorou tudo, eu não deveria ter feito isso com tu, me perdoe, más a verdade é que eu sou o que sou e nada pode mudar isso.
MABEL - Sabe o que sinto por ti? Nojo! Eu tenho nojo de gente com tu. És um indigno, tens que morrer, gente como tu são o lixo do mundo! Como é que eu vou olhar na cara dessa cidade depois disso tudo? Hein? Me diz! Tu estragou a minha vida.
ADAMASTOR - Pouco me importa! Eu agora só me arrependo por não ter dito antes!
MABEL - Eu também me arrependo, me arrependo de ter vivido metade da minha vida ao teu lado, achando que tu era gente, até esses negros são mais dignos que tu.
PITÁGORAS - Vamos dona Mabel, já disse muito por hoje.
MABEL - Eu não saio daqui sem lavar a minha honra.
PITÁGORAS - O que pretende?
MABEL - Quero cortar o pênis dele! Eu não abro mão disso!
PITÁGORAS - Faça o que quiser!
O pênis de Adamastor é cortado, ele grita muito!
MABEL - Ele vai ser julgado?
PITÁGORAS - Vai!
MABEL - Espero que seja condenado e enforcado em praça pública!
LADO DE FORA
Ela mostra o pênis dele e diz:
MABEL - Cortei sim! De agora em diante ninguém mais nessa cidade vai poder dizer que eu aceitei o que ele me fez, minha honra e a de minha família está lavada!
CENA 04 / MATA / EXTERIOR / DIA.
UBIRAJARA - Chuva já parou, e dia já clareou o bastante, vamos seguir!
XICA - Vamos, finalmente estou chegando!
MAIS TARDE...
CENA 05 / CASA DE REGINA E MIGUEL / EXTERIOR / DIA.
Xica chega com os índios, Regina os vê e manda os escravos ficar á postos para lutarem.
XICA - Olha, ela mandou os escravos tudo aqui para a frente!
UBIRAJARA - Apontar flechas!
Os índios apontam suas flechas, os escravos de Regina com medo saem correndo.
XICA - (Risos), Os escravos ficaram tudo com medo. Agora ficou ainda mais fácil, vamos entrar!
Eles invade a casa, Regina vai até Xica.
REGINA - Saia daqui. isso é invasão, essa casa é minha!
Xica dá um tapa na cara de Regina e diz:
XICA - Cala a boca, eu vou resgatar Miguel, e quero ver quem há de me impedir!
Um índio segura Regina, os outros vão para o segundo andar e pegam Miguel.
XICA - Me amor, eu te salvei!
UBIRAJARA - E mulher? O que fazer com ela?
XICA - Amarra ela!
Ela assim o faz.
XICA - Perdeu Regina, ele é meu e sempre vai ser, vosmecê fique ai com seu veneno e vossa barriga de espuma!
Continua...



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