Quem Conta Um Conto Aumenta Um Ponto | 'Teresa Regina: Mulher Nos Anos 80': Os altos e baixos da vida feminina em uma década #QuemContaUmContoNoWebMundi


Teresa Regina: Mulher nos anos 80.


Escrita por  Letícia Santos 
Direção de Lídia Buonfiglio
Autor original: Erick Santos 

Teresa Regina: Mulher nos anos 80.


Eu, Teresa Regina, casada, tenho um filho e sou moradora do Apartamento Elisa, na Tijuca. Eu como mulher na década de 1980 sou uma espécie de frígida, mas ao mesmo um símbolo sexual e empoderado. Grande fã de Elis Regina, ao qual meu segundo nome minha mãe colocou, e Rita Lee, ao qual escuto no rádio agora "Cor de Rosa Choque", a qual é minha predileta depois de outras canções da mesma.

Hoje acordei disposta a fazer a minha vida com diferença. Estou cansada do meu casamento com Elias, meu marido de sexo frágil que não consegue largar do meu pé… eu tenho uma grande insegurança comigo mesma, querendo conhecer outra pessoa legal pra minha vida, mas me preocupo com meu filho Thomas. Ele é o quem mais sofre vendo repentinas vezes a briga entre mim e o Elias.

(Noite Anterior)

  • Você prometeu que ia passar a vida comigo! - responde Elias.

  • Eu não sou obrigada a viver no mesmo canto que você! - Teresa empurra Elias para a parede.

(Volta a cena).

A insegurança vive comigo. Perpetrando nas paredes… às vezes acho que vou morrer.

//Jornal Pasadena Brasil//

Teresa off - Escritor On.

Teresa entra no Jornal atarefada.

Tânia, sua chefe discute com César, o homossexual estilista da redação.

  • Eu não já te pedi pra não colocar aquele tipo de conteúdo na revista? - Tânia para César. 

  • Já, mas eu tenho todo o direito de escrever. 

Teresa entra na discussão.

  • Posso saber qual é o motivo da briga?

  • Isso não é da sua conta, Teresa. Vá trabalhar! - Tânia responde.

  • Acredito que podemos escrever o que quiser. Ainda mais num jornal de vanguarda.

  • Esse não é um jornal de vanguarda qualquer. É o mais requisitado!

  • Então que tenha representatividade. As pessoas precisam parar com o preconceito descabido entre gays, lésbicas e bissexuais.

Tânia não consegue discernir o que Teresa diz e ri com entusiasmo.

  • Quer saber? Desisto desse jornal. Estou indo embora.

Teresa sai da redação e pega o carro.

  • Bom, vou deixar a vida me levar!

//Teresa on - Escritor off//

Sabe qual é a sensação de poder escapar de uma gaiola e voar? Se já sentiu isso se considere com sorte. Decidi sair daquele lugar com preconceitos e viver a minha vida. Fui me encontrar com Jorge, o cara que eu estava namorando escondido.

Vocês podem dizer que eu estou traindo o meu marido, ou que sou uma imoral sem limites, mas sou mulher, tenho direitos. Mesmo que eu esteja me rebaixando ao nível deles.

// Hotel Plaza //

Quarto 15

Bato na porta e espero.

Ele aparece com aquele sorriso maroto de ser.

  • Oi, meu amor! - Ele me abraça e me beija.

  • Oi, querido. - retribuo com gosto.

  • Veio me visitar mais cedo hoje? - pergunta ele me fazendo entrar em seu quarto.

Ele se servia de chá e bolo de fubá seco.

  • Bom, vim aqui pois senti a necessidade de te ver. Faz 3 dias que não te vejo. - respondo sentando na cama.

  • Não me vê por causa do seu marido agressivo. Por que se fosse por mim, você me teria o quanto quisesse. - ele me envolve em seu corpo e o beijo.

  • Sabe que é perigoso, não sabe? Elias é um homem agressivo e tenho medo do que ele poderia fazer com você…

  • Não tenho medo. - diz ele todo confiante.

  • Eterno guerreiro. Sempre ao meu lado.

Me levanto e olho para a vista do Rio de Janeiro a cada canto. Sol queimando a pele, o pessoal curtindo uma bela praia… e eu com o amor da minha vida.

  • Me faz sua hoje? - pergunto a ele com desejo de agarrá-lo e fazê-lo meu.

  • Claro que sim! 

Ele me envolve ao seu encontro, me agarra sem pudor algum e nos escondemos entre os lençóis buscando algum refúgio nesse mundo.

Depois de algum tempo volto pra casa realmente feliz. Ele me ilumina, me acende, me faz bem e não tenho do que reclamar.

Chego em casa até que vejo Elias bebendo e vendo tv.

  • Onde esteve, querida?

  • Fui trabalhar.

  • Mentira. Eu fui no seu trabalho te fazer uma surpresa.

  • Você foi é? - digo guardando minhas coisas. 

  • Fui. E não minta quanto ao horário. Você saiu bastante cedo. O que fez todo esse tempo? Por quê não buscou nosso filho? - Ele se levanta e com aquele olhar de louco me fuzila pelos olhos.

  • Isso não é da sua conta. 

De repente sinto o tapa forte que ele toca no meu rosto. Caio no chão atordoada.

  • Você anda me traindo, não é sua vagabunda?! Anda enroscada com outros homens! - ele grita com a ira pulsando o seu corpo.

Ele vive disso. Ira, ódio e masculinidade frágil. Eu tento me levantar pra revidar mas não consigo. Ele é forte.

  • Agora você vai sentir o meu cinto te chicoteando nesse seu corpo indigno e de puta!

Ele começa a me agredir com o cinto de sua calça como se eu fosse uma escrava. Não grito para não demonstrar o gostinho de que ele é quem domina.

De repente, Gladys aparece e joga um balde de água suja no rosto dele.

Eu no impulso me levanto e eu avanço pra cima dele, o enforcando.

  • Quem é a puta agora?! Quem é a imoral, indigna, a destruidora de lares?! Babaca hipócrita! Você me traiu primeiro!

Ele tenta se desvencilhar de mim, mas com todas as forças quero matá-lo. Me livrar do espírito agourento dele.

Thomas logo aparece me fazendo voltar a razão. 

  • Thomas! Volte para o quarto!

  • Mãe! Não faça isso! Solte-o!...

Eu o solto. Não por mim, mas por meu filho. Não o queria vê-lo órfão de pai morto e de mãe presidiária. Não iria sujar as mãos matando Elias.

  • Desgraçada! Ousaria me matar! E você Gladys está despedida! DESPEDIDA!

Eu o confronto outra vez. 

  • Gladys não irá! Quem sai dessa casa é você! Hoje mesmo! 

  • Como ousa me expulsar da minha casa?! Você não tem o direito!

  • Ela tem sim! - Gladys responde o confrontando.

  • Eu saio. Mas fique sabendo que não darei nenhum tostão a você! Somente ao meu filho. Irá pagar as prestações sozinha, sem mim! Ninguém irá te querer e se quiserem, será só pelo seu corpo de puta!

Ele cospe na minha cara com raiva e sai.

Não o vi durante 3 dias. Quando soube dele, estava morto em uma vala podre num lugar longe. Estava finalmente livre.

1989. Eu e Jorge estamos casados. Meu filho estava cursando a segunda série do ensino médio e namorava uma garota chamada Laila. 

Eu me sentia feliz por estar livre, estar com o amor da minha vida e dar conselhos ao meu filho para ele não seguir os mesmos passos do pai dele. Sinto orgulho de ser mãe, esposa e acima de tudo uma mulher empoderada. 

Fim.


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