Pedras que Cantam | Segundo Capítulo: "Preso injustamente"




Uma novela escrita por: Deivid Damasio

Uma produção: Web Mundi

Personagens:
Antônia – Lília Caral
Américo – Tony Ramos
Elis – Cássia Kiss
Samuel – Luiz Melo 
Verena – Ivete Sangalo
Kátia – Leona Cavalli
Moreira – Arlete Salles
Enil - Mateus Solano 

Participações especiais:
Jornalistas: 

Amanda - Sophia Abrahão 
Flávio - Rodrigo Simas 
Lúcia - Aline Dias


No capítulo anterior de Pedras que Cantam:


Antônia ao acordar de madrugada, recorda lembranças da briga com sua irmã há vinte anos atrás. Ressuscitando frases que a assombram até hoje.

Elis, Samuel e seu filho João, estão no caminho até Vila Dourada.

Os moradores da cidadezinha comentam o embate entre as duas famílias rivais.

Américo arquiteta para Samuel não se candidatar a prefeitura da cidade.

Frederico Hans, opositor do governo de Américo, é assassinado brutalmente.

Antônia descobre os planos do marido, esconde seus medos e decide o enfrentar.

Delegada Moreira e Enil vão investigar o caso em seu primeiro suspeito: Américo Anastácio.

Fique agora com o capítulo de hoje:


Flash back on:

Cena 1. Redação. Central principal. Noite. Interna

A câmera mostra a redação por total, com os jornalistas trabalhando e correndo para todos os cantos em busca de informações, e lentamente dá um close em um grupo de jornalistas que conversam entre si.

Amanda – …Mas esse é o problema, não tem como esconder isso por muito tempo.

Flávio – E o Marcelo deixou bem claro que não pode esconder.

Lúcia – É, o jornalismo trabalha com a notícia atual, o que chegou na redação deve ser noticiado.

Flávio – Então…

Amanda – Então não tem como parar isso, mesmo sendo difícil, precisamos noticiar.

Lúcia – O povo precisa saber…

Corta para/

Cena 2. Redação. Estúdio de gravação. Noite. Interna

Amanda, Flávio e Lúcia chegam com receio no estúdio de gravação, onde o jornalista principal se prepara para entrar no ar. 

Lúcia tem uma pasta em mãos.

Close no relógio que marca 18:00

Lúcia – Faltam vinte minutos, é melhor a gente esperar.

Flávio – Esperar? O plantão é o momento onde todo mundo para o que tá fazendo e cola o olho na TV. Quem ainda assiste ao jornal local?

Lúcia – É melhor esperar…

Amanda que visualizava a discussão, pega rapidamente a pasta e corre na direção do diretor.

Lúcia – O que ela tá fazendo? (Diz apreensiva)

Flávio – Salvando o jornalismo…

O diretor se assusta com a aproximação abrupta da jovem.

Diretor – O que foi, menina?

Amanda – Eu tenho uma notícia urgente em mãos, um furo de reportagem, e ele precisa entrar agora no ar.

Diretor – Espera os vinte minutos que faltam.

Amanda – O senhor é diretor e ainda não percebeu? O jornal derruba a audiência da emissora. O ideal seria interromper a programação e iniciar um plantão.

Diretor – Você só pode tá brincando comigo. Interromper uma programação vai muito além que um simples chamado, envolvem outras coisas e…

Amanda – Interrompa! Depois do que for noticiado nesse exato momento, a emissora jamais será a mesma. Se você preza pelo seu emprego, e não quer ser demitido e deixar seus dois filhos sem amparo. Eu sei do que eu estou falando… Eu sei!

Close no rosto indecifrável do diretor. 

Diretor – (Grita) Ok, pessoas, mudança de planos…

As equipes de sons e filmagens param o que estão fazendo e encaram o diretor, um repentino silêncio.

Corta para/


Cena 3. Vila Dourada. Externo


A música de plantão começa a tocar em todas as casas, produzindo um eco.

Corta para/


Cena 4. Vila Dourada. Interna

Takes diversos de pessoas chamando seus familiares, amigos e afins para verem a notícia que o plantão tem a dar.

Foco na televisão de uma família humilde, dando um close lento.

William – Uma notícia urgente pode mudar os rumos das investigações referentes ao Frederico Hans, morto na noite desta sexta feira com dez facadas espalhadas por todo o corpo. Um crime que chocou toda a população de Vila Dourada. Chega em nossa redação nesse exato momento, o laudo principal da polícia… Atenção, quem matou o economista e político Frederico Hans, foi…





ALGUMAS HORAS ANTES


Corta para/

Flash back off

Cena 5. Fachada da delegácia. Dia. Externa


Moreira – Na noite onde eu e meu marido fomos interrogar o prefeito, a mulher dele tava falando umas coisas estranhas, ouvimos isto antes de entrar bruscamente na casa. Era fato que ela sabia de, pelo menos, alguma coisa. Decidimos interrogar os dois, ao mesmo tempo, em cômodos diferentes. Era uma proposta audaciosa, porém necessária…



Corta para/
Flash back on:

Cena 6. Casa família Anastácio. Sala principal. Noite. Interna 

Antônia – …Eu não sei do que a senhora está falando. O que disse com meu marido, apenas é uma conversa particular… Pertence apenas a nós.

Moreira – Mas é que existe uma investigação em volta dessa cidade, e as suas palavras fazem jus ao que estamos procurando… Olha, senhora primeira-dama, entendemos que é difícil pra uma esposa entregar os crimes do marido, mas a senhora mesmo disse que amanhã contaria exatamente tudo para a polícia e principalmente para sua irmã… Então por qual motivo não pode adiantar esta informação pra agora?

Antônia encara a policial que aguarda alguma informação ser emitida. O silêncio dura alguns segundos.

Antônia – Eu tenho um suspeito…

Moreira – E quem é?

Antônia – Tenho provas na gaveta do meu quarto.


Corta para/


Cena 6. Casa família Anastácio. Quarto dos fundos. Noite. Interna 

Américo - … Eu não tenho nada a ver com isso. Inclusive achei uma situação difícil a morte do Hans… Era um homem muito inteligente e…

Enil – Senhor Américo, o seu discurso de político não se aplica aqui… É que na verdade recebemos alguma informação paralela, e ela comprova que você tem, pelo menos algumas coisas com o assassinato.

Américo – E de onde elas vem? Se for uma pessoa com pouco prestígio… Não me serve de nada.

Enil – A questão não é essa, o que estamos falando é sobre um assassinato, e qualquer informação, vindo até do mendigo, tem muito prestígio.

Corta para/

Cena 7. Delegacia. Sala de investigação. Noite. Interna 

Moreira e Elias estão em frente do quadro de acusações, recheado de papéis e fotos que complementam a investigação.

Moreira – A gaveta não tinha nada. Nada de útil… Era só revistas de moda e…

Enil – Tudo indica quem foi. Chegou a hora de dar o decreto final! Quem matou Frederico Hans? Achamos!

A câmera se afasta dos dois, destacando a delegacia escura e vazia. Eles perecem pensativos.

Corta para/

Cena 8. Fachada família Ribeiro. Noite. Externo

Enil bate duas vezes na porta, encarando seu relógio que indicam 23:47

Elis a abre lentamente, vestida com sua camisola.

Elis – Oi, senhor delegado, alguma coisa?

Enil – Chame seu marido, ele está preso pelo crime de homicídio cometido contra o Sr. Frederico Hans.

Samuel chega em segundo plano, inteiramente chocado com as acusações.

Close no rosto de Elis que permanece assustada.

Elis – Mas eu vi no… No-no-no… No plantão que falaram que tinha sido o Tobaldo... 

Enil – Jornalistas… Agora, Samuel, vire-se, chegou a hora do senhor conhecer o xilindró.

Enil adentra a casa e coloca um par de algemas na mão de Samuel, que passa por toda a situação com um semblante pensativo e assustado.

Sonoplastia: Total eclipse of the heart 

Corta para/ 

Cena 9. Vila Dourada. Externa

Samuel algemado é guiado pelo policial, que possui um semblante firme e de Moreira.

Elis vem logo atrás, aos prantos, suplicando para o policial.

Elis – Pelo amor de Deus! Pare com isso… Que tanta humilhação é essa contra o meu marido? Parem! (Grita) Parem já com tudo isso.

Enil – É o meu trabalho… Dona Elis.

Os moradores saem de suas casas com suas roupas de dormir, observando a cena e fazendo cochichos com os vizinhos.

Elis – Pelo amor de Deus. Meu marido é inocente!

Moreira – Senhora, Elis. Se controle. Se não está gostando de tudo isso que tá acontecendo, deveria calar a boca e seguir em silêncio… Ou prefere aumentar toda esta humilhação?

Elis – Sabe o que eu quero? Eu quero que vocês morram… MORRAM! Ele não é culpado… Quem matou esse homem foi o Américo. Está na cara! 

Corta para/

Cena 10. Fachada casa família Anastácio. Noite

Antônia e Américo observam na frente de sua casa.

Américo – Tá vendo aí como são as coisas… Jamais esperaria.

Antônia – Como você é sínico… (Risos)

Américo – O que disse pra delegada?

Antônia – Disse que sabia quem tinha matado ele…

Américo – Quem?

Antônia – É fácil… Só olhar quem tá com algemas!

Antônia emite um breve sorriso irônico. 

Corta para/

Cena 11. Fachada casa família Hans. Externa. Noite

Verena – Meu Deus… Como pode ter sido?

Kátia – Para de mentir. Tanto eu como você sabe que quem matou o teu marido não foi esse daí. Armaram pra colocar a culpa nesse homem.

Verena – Tu acha?

Kátia – Claro que acho. Olha a situação da Elis, eu não entrego isso nem pro meu pior inimigo. E agora olha pra cara da Antônia, essa sim é uma vagabunda, tá rindo com tudo isso em vez de ajudar a irmã.

Verena – Eu só queria paz. Sentar no meu lugar e parar em pensar em tudo isso. E agora? O que será de mim? Ele que me sustentava com tudo.

Kátia – Eu tenho uma ideia... Pega o dinheiro que ele te deixou e abre alguma empresa…

Close lento em Verena pensativa e triste. 

Corta para/

 Cena 12. Delegacia. Sala de Enil. Noite. Interna 

Samuel – Eu sou inocente, não fiz nada… Tudo o que estão fazendo comigo.

Elias – O senhor pode ficar em silêncio, tudo que disser pode ser usado contra você no tribunal. Dona, Elis?

Elis – O que?

Elias – Vocês precisam de um advogado! Moreira, prepare os papéis.

Elis - Amor, preciso ir pegar o número daquele nosso amigo. Fica bem!
Elis sai,

Close lento em Elis.

Corta para/

Cena 13. Redação. Noite. Interna 

Amanda – …Eles adulteraram o que tínhamos dito.

Flávio – Trocaram tudo…

Lúcia – Eu prefiro pedir demissão. Continuar em uma empresa desse tipo me dá náuseas.

Flávio – Eu também!

Amanda – Só isso? Vocês vão pedir demissão e só? Mas e as pessoas que estão sofrendo nesse exato momento com tudo isso?

Flávio – Mas é o Tobaldo, um forasteiro. Não é o primeiro crime que ele comete, se fosse pelo menos uma família…

Nilza, uma outra amiga de longa data do grupo chega abruptamente na sala onde estão.

Nilza – Vocês não vão acreditar. Prenderam o Samuel por aquele crime lá. Eu tô chocada com tudo isso! (Risos) A Elis tá nos prantos, chorando até a alma. Tá rolando o maior burburinho na praça, e vocês ai sentados e lamentando a vida.

Nilza pega sua bolsa em sua bancada e sai.

Nilza – Hoje a noite promete!

Amanda – E agora estão satisfeitos? O Samuel é uma pessoa digna agora pra vocês? Ele tá pagando por um crime que não cometeu, vai passar não sei quantos anos na cadeia… Isso não pode ficar assim.

Flávio – Concordo, precisamos fazer alguma coisa.

Sonoplastia: Música de tensão que permanece até o final do capítulo.

Cena 14. Fachada família Ribeiro. Noite. Externa

Elis está abrindo a porta da casa, quando o grupo de jornalistas chegam.

Amanda - Dona, Elis!

Elis se curva e os encara.

Elis - Se quiserem tirar relato meu pra publicar naquele jornal horrendo, vão para o inferno e me deixem em paz.

Flávio - Não é isso. O que estamos falando é que sabemos que seu marido é inocente. 

Lúcia - Sabemos quem é o culpado... Sabemos quem matou o Frederico Hans. 

Verena chega rapidamente no grupo.

Verena - Sabem? Então me contem, pois eu como mulher dele, preciso saber!


Close lento em Elis.





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