Uma novela escrita por: Deivid Damasio
Uma
produção: Web Mundi
Personagens:
Antônia
– Lília Caral
Américo
– Tony Ramos
Elis
– Cássia Kiss
Samuel
– Luiz Melo
João
– Rafael Vitti
Eugênia
– Vera Mancini
Fabrício
– Cauã Reymond
Verena
– Ivete Sangalo
Kátia
– Leona Cavalli
Marieta
– Elizabeth Savalla
Josefa
– Rosi Campos
Lídia
– Flávia Garrafa
Moreira
– Arlete Salles
Joana
– Suely Franco
Josué
– Marcelo Novaes
FADE IN:
Antônia
acorda abruptamente, repara rapidamente em Américo, que permanece
dormindo enquanto ronca. Seus pés encostam o chão e ela saí do
quarto. Esbaforida como está, tropeça em alguns objetos, que não
fazem tanto barulho.
FADE OUT.
FADE IN:
FADE IN:
Respira
fundo e dá um gole, ainda com seu corpo estremecido, vozes de sua
irmã a deixam angustiada, a fazendo colocar o copo no balcão.
Corta
para/
Cena
4. Casa família Anastácio. Sala principal. Noite. Interna
Sonoplastia:
Música de tensão que permanece até a abertura.
Ao
chegar na sala, Antônia se apoia no sofá, e observa com cautela o
quadro de seus pais, cujo permanece ao lado da porta de saída.
Breves
ventos entram por algumas brechas de janelas, Antônia se lembra de
memórias, que preferia esconder até o último grão de areia.
Corta
para/
Flash
Back on:
Elis
e Antônia estão sozinhas na casa. Antônia está com a mão apoiada
na sofá, enquanto Elis caminha para todos os lados da sala.
Elis
– Como você pode ter feito esse tipo de coisa comigo… Olha na
minha cara! (Grita) Eu confiei em você, exatamente… Ou não
devia ter confiado? É difícil pra mim ter que dizer, ou te lembrar
que nós duas eram como unha e carne. Contávamos quase tudo uma pra
outra, segredos e… tudo mais, e agora você… Simplesmente esquece
tudo que passamos e me esconde essa barbaridade!
Elis
pega um jarro de vidro e joga na parede, fazendo Antônia se
assustar
Antônia
– Pelo amor de Deus, para com isso Elis, vai chamar a atenção de
todo mundo. (Sussurra na última frase) Daqui a pouco a polícia vai
parar aqui.
Elis
– Você quer Deus? Tá clamando por Deus? Você de fato quer Deus?
Então ajoelha pra porcaria desses seus santinhos aí, e reza!
(Grita) Reza até seus últimos dias, pois eu… Eu… Sabe,
Antônia, eu cansei de ser deixada pra trás, e se depender de mim,
essa casa, que cedi pra você morar com o vagabundo do seu marido,
será minha. Minha! (Grita)
Antônia
– Por tudo que é mais sagrado, eu tô carregando um filho no
ventre, não posso ficar sem um teto. Pensa em mim… Como vai ser
daqui pra frente?
Elis
– E quem disse que vai ficar sem teto? Seu marido vai se candidatar
a prefeito, vai desviar não sei quantas verbas… Mas, eu acho que é
isso. Você já tá ciente do que eu sou capaz. Agora tudo é uma
questão de tempo, aguarde e verá.
Elis
arranha o quadro dos pais.
Elis
– Eles… nossos pais, devem tá sambando no túmulo…
Elis
abre a porta e saí, Antônia observa a irmã saindo com um semblante
apavorado.
Corta
para/
Flash
back off:
Américo
chega a sala e assusta Antônia.
Américo
– Tá fazendo o que aí parada, essa hora…
Antônia
demora alguns segundos para responder.
Antônia
– Perdi o sono.
Américo
– Simbora pra cama, então.
Close
em Antônia.
Antônia
– Tudo bem. Me dê cinco minutos.
Américo
– Nem dois, nem quatro e nem cinco. Vai pra cama agora, porque
hoje… Eu quero te usar!
Corta
para/
Cena
5. Externa
Cenas
variadas nas serras de Vila Dourada, onde a lua lentamente se põem,
e o sol adentra com sua intensa luz.
Feirantes
tiram suas frutas em cestos de caminhões e combis, e as posicionam
em suas barracas de madeira.
Trabalhadores
e fazendeiros se dirigem aos seus afazeres, cuidando de animais e
plantas.
Uma
velha senhora prepara um café.
Corta
para/
Cena
6. Caminho Vila Dourada.
Estrada de terra. Dia.
Externa
Elis,
Samuel, João
e o motorista passam
por bonitas plantações de milho.
Elis
– Essas terras bem devem ser do desgraçado do Américo… Esses
trabalhadores de baixo desse sol quente, ele deve pagar os direitos.
Samuel
– Do que é que cê tá falando, Elis? Logo um prefeito não
pagaria os direitos de seus eleitores?
Elis
– Deve tá por
debaixo dos panos… Como
tudo que ele faz.
Samuel
– Você deveria tá preocupada com outra coisa… Com a hora! Por
causa desses seus caprichos chegaremos atrasados. (Resmunga)
Elis
– E qual o motivo de
chegar cedo? A Audiência é só de tarde… Mas se está tão
apressado, saiba que estrelas chegam por último, meu bem. (Ela
encara o filho com rispidez) Para de ler esse livro. Menino
antissocial, o dia todo com essa porcaria nas mãos… Quem ler livro
em carro, em ônibus, desloca a retina. E quando você ficar cego, eu
vou dizer “bem feito”.
João
– Tô lendo pra ver se chega mais rápido.
Elis
– Então interaja com as pessoas a sua volta, uma boa conversa
passa o tempo mais rápido que um livro. Vamos, gente, alguém cria
um assunto interessante.
O
motorista, que já possui uma idade acima dos noventa, decide falar.
Motorista
– Vocês viram a notícia que o Orkut vai acabar? Por onda anda
esse mundo, viu…
Corta
para/
Cena
7. Cassino. Quarto de casal. Dia. Interna
Fabrício
e Eugênia estão na cama, ambos suados e com o lençol os cobrindo
até o peito.
Eugênia
– Eu quero mais! Mais! (Grita enquanto se contorce) Meu Deus, a
anos não chegava no céu e voltava. Eu te pago, te pago mais duas
horas…
Fabrício
– Olha, dona Eugênia, a senhora vai me desculpas, mas eu… Eu.
Eu. Fabrício Guilherme, adoraria esse dinheiro. O problema… Bem, o
problema é o amiguinho aqui de baixo.
Eugênia
– Não vejo problema, trouxe de São Paulo um remedinho azul, que
vai ajudar… Garantir por, pelo menos, umas… Quatro horas.
Fabrício
se levanta e se enrola nas cobertas. Eugênia
enfia suas unhas nas cobertas e morde os lábios, enquanto encara
firmemente Fabrício.
Fabrício
– Eu acho que não precisa… (Sussurra)
Dona Eugênia…
Eugênia
– Eu já disse que não precisa me chamar de dona, pra você eu sou
sua cachorrona, ou prefere gatos? Miau… (Arranha o ar)
Fabrício
– Tudo bem… Dona cachorrona. Eu preciso de descanso.
Foi ótima as quatro vezes seguidas e sem interrupções, mas eu, eu,
oficialmente, decreto greve!
Eugênia
– Então te dou um aumento. Vem logo pra cama! (Grita)
Fabrício
angustiado, vai lentamente na cabeceira.
Fabrício
– É nessa bolsa que a senhora guardou o tal do remedinho azul?
Eugênia
– Exatamente. É no bolsinho da direita, em baixo de alguns
pacotinhos brancos de lenço…
Fabrício
abre a bolsa, pega a chave do quarto e corre em direção a porta.
Eugênia
– Que é isso? (Grita) Vai me deixar presa nesse quarto? Sozinha?
Olhe… Que meu fogo não vai se apagar, e eu vou causar um incêndio
nessa porcaria de Cassino… Um incêndio!
Fabrício
– Adeus!
Fabrício
fecha a porta.
Corta
para/
Cena
8. Cassino. Corredor de quartos. Dia. Interna
De
olhos fechados, Fabrício encosta sua cabeça na porta, enquanto
respira fundo. Verena e Kátia se aproximam, o jovem não nota a
aproximação.
Verena
– Então quer dizer que já estão íntimos? (Risos)
Fabrício
se assusta.
Kátia
– Que estavam íntimos eu já sabia. Já faz mais de uma semana que
essa cama não para quieta… Agora, que o gostosão metido a besta
usava viagra, eu não sabia.
Kátia
e Verena riem.
Fabrício
– Não é nada disso.
Verena
– Ah não? E o que é então, queridinho?
Eugênia
dá fortes batidas na porta, fazendo com que Fabrício se afaste.
Eugênia
– Me tirem daqui. Abre a merda dessa porta. Cachorrão, volta pra
minha cama. Eu prometo que te pago em dólar… Euro… Eu faço tudo
pra você voltar… Mas não me deixem nesse quarto, sozinha…
Fabrício
– Não ousem abrir essa porta. (Sussurra)
Kátia
– Ah é, bonito?
(Cruza os braços)
E se essa doida que coloca fogo pelo rabo decidir nos processar por
cárcere privado? Você vai pagar uma Fernanda Montenegro em
Babilônia pra gente?
Fabrício
– Dona Eugênia…
Eugênia
– Dona cachorrona, meu bem.
Fabrício
– A senhora pode aguentar uns quinze minutos nesse quarto? Eu vou
ali no bar, encher um pouco a cara. Quando eu voltar… Bem, quando
eu voltar… Eu serei o médico psiquiatra, e a senhora…
Eugênia
– A esquizofrênica vagabunda… isso mesmo!
Verena
e Kátia riem.
Fabrício
sai apressado e esbarra nas duas…
Cortar
para/
Cena
9. Frente do Cassino. Dia. Externo
Fabrício
sai do Cassino ofegante, e encara as pessoas a sua volta,
principalmente para as beatas que estão na escadaria da igreja, elas
fixam seus olhares no peitoril do moço, que está apenas com uma
calça.
Corta
para/
Cena
10. Escadaria da igreja. Dia. Externo
Marieta,
Josefa e Lídia estão com seus terços e bíblias em mãos.
Josefa
– Que Deus me perdoe, mas com um homem desses eu nem precisava vir
a igreja. Eu decretava que era uma religiosa Grega, e tinha um Deus
grego do meu lado… (Lambe os beiços)
Lídia
– Eu simplesmente
decretava que estava em jejum da carne pela Coresma, e viveria a base
de peixe. Imagina comer esse peixão do Fabrício diariamente, regado
de muito molho madeira.
Marieta
– Mas que pouca-vergonha
é essa? Que imundice esses palavreados dúbios na frente da igreja,
a casa do nosso senhor
Jesus.
Vocês deveriam se preocupar apenas nos ensinamentos de nosso Deus,
e quando esses
sentimentos pecaminosos chegarem, abram suas bíblias e leiam o
versículo do apocalipse.
Lídia
– E viramos santa agora?
Freira? Maria de
Madaleta? Deus que me
livre. Eu sou humana, e como todos, tenho desejos. Mas vai me dizer
que a senhora não sonha em ter um homem desses ao seu lado? Acordar
todo dia com um desse do lado da tua cama?
Marieta
– Virgem santíssima. Dona Lídia, tenha modos. Atualmente eu sonho
em encontrar apenas um homem… E o nome dele é Samuel.
Josefa
– Ah, é aquele que chega hoje em Vila Dourada com toda a família?
Dizem as más-línguas, que a Dona Elis é o verdadeiro capeta
encarnado na terra…
Lídia
– Mai o que a senhora quer falar com o Samuel, ele já é casado,
tem filho e tudo mais, e
se ele se engraçar com uma beata inter-religiosa,
o filme iria queimar para os dois. Eu
já imagino a manchete: Beata com fogo se envolve com capitão das
terras altas.
Lídia
e Josefa riem.
Corta
para/
Cena
11. Frente da delegacia. Dia. Externo
A
delegada Moreira e sua fiel assistente Joana, estão sentadas.
Moreira está com seu chapéu cobrindo sua face, roncando. Joana
segue em alerta, observando a cidade.
Um
grupo de crianças passam gritando pela frente da delegacia.
Moreira
se levanta bruscamente e assustada.
Moreira
– Quem foi? Quem é? Elis? Antônia? Elis atirou na Antônia, ou
Antônia atirou na Elis? Américo matou Samuel? Anda, Joana! (Grita)
O mundo acabando em Vila Dourada e você aí sentada que nem uma
mosca morta!
Joana
– Pode ficar tranquila, chefa. (Diz calmamente) Foram só as
crianças brincando. E quem são esses aí que a senhora disse?
Moreira
– Ah, minha filha… É uma longa história…
Joana
– Então se senta aqui do meu lado. Respira e fala. Essa cidade
nunca teve nada, não é hoje que vai ter. Me conta…
Moreira
se senta.
A
câmera vai dando um Close lentamente na delegada.
Moreira
– Você vai querer mesmo saber? É quase uma bíblia.
Joana
– Para de enrolar e conta isso logo.
Moreira
– Aqui em Vila
Dourada, há muito tempo, haviam duas irmãs… Antônia e Elis,
ambas se casaram com políticos de alta patente, mas não tinham
ideia, que o pior poderia acontecer…
Corta
para/
Flash
Back on:
Cena
12. Antiga casa de Elis e
Samuel. Sala de jantar.
Dia. Interna
Elis,
Antônia, Américo e Samuel estão se abraçando com muita alegria,
diante de uma farta mesa de jantar.
Moreira:
Era noite de festa naquela família. Américo fora prefeito na última
eleição, que ali havia feito exatamente quatro anos. Ele estava no
fim de seu mandato, e precisava tomar uma decisão, se candidatar
novamente, ou fechar mais parcerias em seu partido… E como disse
antes, Samuel também era um político de alta patente.
Eles
brindam.
Moreira:
O tempo de fato foi passando na medida do planejado. O Samuel,
muito engajado em seus trabalhos, estava animado a voltar a ativa, e
principalmente em uma eleição. Aquele momento era único e bastante
esperado, pois era ali que ele provaria para todos a sua capacidade.
Corta
para/
Cena
13. Antiga casa de Elis e Samuel.
Escritório. Dia. Interna
Samuel
está debruçado em uma escrivaninha, assinando documentos diversos,
enquanto toma uma xícara de café.
Moreira:
Era fato. A maioria
dos trabalhadores daquele partido, já preparavam slogans, músicas e
até mesmo os
discursos. Samuel
passava horas estudando propostas e se preparando para os debates que
viriam. Elis e Antônia, andavam sorrindo para todos os lados e
cantos daquela cidade,
afinal era uma união que todos queriam. Mas como nem tudo são
flores, e o mundo não é jardim de rosas coloridas… A alta cúpula
do partido fazia frequentes reuniões. Reuniões estas, que nem o
próprio Samuel sabia de
sua existência.
Corta
para/
Cena
14. Prefeitura.
Sala altamente privativa.
Dia. Interna
Américo
está no centro da mesa, com os demais assessores ao seu redor.
Américo
– Então será essa a nossa ideia. Ainda resta alguma dúvida
sobre?
Frederico
– Mas, Américo… Isso que você está fazendo é uma completa
infidelidade com o Samuel. Estou acompanhando os últimos dias, ela
anda… Estudando os temas, lendo os discursos e também tá bastante
participativo com toda a equipe. Qual o problema com ele? Não acha
que é suficiente ou capaz de assumir a prefeitura? Ou acha que seu
reino e império será ameaçado quando o povo notar que o Samuel é
melhor que você?
Américo
bate o punho na mesa e encara Frederico com repugnância.
Américo
– Por que tá falando
comigo desse jeito? Não
me importa o que o Samuel tá fazendo. Besta é ele em acreditar em
tudo que eu digo. Tá
mais no que na cara que isso não vai pra frente.
Frederico
– Eu entendo o seu posicionamento, mas o que não passa na minha
cabeça, é o motivo desse jogo infantil com o Samuel. Eu acho que
você deveria zelar o seu ofício como prefeito, e marcar uma reunião
urgente com o Samuel, anunciando essas séries de medidas que está
fazendo.
Moreira: Depois de alguns dias, o clima entre Américo e Hans não foi dos melhores. Ambos se bicavam durante as reuniões, e alfinetadas partiam das duas partes. Até que no vinte e três de julho…
Corta para/
Cena
15. Frente da delegacia.
Dia. Externa
Moreira
– Depois de tudo isso, matarem o Hans e desfalcarem o
principal defensor do Samuel, ainda tinha coisa pra acontecer… Meu
marido ainda era vivo nessa época, e como éramos os únicos
policiais, iniciamos uma investigação.
Joana
– E o que aconteceu? Não me diga que…
Moreira
– Você não está
nem aí pra investigação? Tudo bem! A
Antônia estava mais
perto de descobrir do que nunca… E não sabia o Américo, que a sua
própria esposa poderia se tornar sua maior inimiga.
Corta
para/
Cena
16. Bar do
Josué. Salão principal. Dia.
Interna
Josué
está no outro lado do balcão e Fabrício sentado em um banco, em
frente para Josué.
Fabrício
– Então fala logo. Como
a Antônia descobriu?
Josué
– Foi assim…
Corta
para/
Flash back on:
Cena
17. Casa
família Anastácio. Sala
principal. Dia. Interna
Antônia
está sentada em sua poltrona, esperando o marido sair do banho.
Josué:
Ela não fazia ideia do plano malfeito do marido, mas sentia que
havia algo de errado. Nas últimas noites daquela
semana, Américo apenas chegava tarde em casa, e eram raras as vezes
que ele olhava para a mulher… E claro, ela desconfiou.
Américo
sai do banheiro já com sua roupa e vai até o quarto, Antônia o
segue.
Corta
para/
Cena
18. Casa
família Anastácio. Quarto
de casal. Dia. Interna
Antônia
– Quem é a rapariga
que tá passando essas noites contigo?
Américo
– Não tem rapariga nenhuma. Não existe, se é que você quer
saber.
Antônia
– Olha, Américo, eu juro, juro. Eu juro que não aguento você
mentindo. Tá nos seus olhos a mentira. Quem é ela?
Américo
se aproxima de Antônia lentamente, enquanto a encara com um
semblante furioso. Ao chegar bem próximo, ele acaricia o queixo da
esposa.
Antônia
– Fala!
Américo
dá um tapa em Antônia.
Américo
– Para com isso!
(Grita)
(Pega Antônia pelos
braços e a joga bruscamente na cama)
Pensa que pode falar como quer comigo? (Deita
em cima de Antônia e tapa sua boca com as mãos)
Eu tô mesmo transando com uma outra mulher. Ela é bonita, é
gostosa… Ela é tudo a mais que você. Satisfeita? Agora dá graças
a deus de eu não ter te estraçalhado e quebrado essa tua cara
agora, porque era isso
que eu deveria fazer.
Antônia
permanece chocada.
Américo
se levanta e sai de casa. Antônia se senta, e observa a gaveta do
marido, com olhos borbulhando em raiva.
Josué:
Naquele
instante, Antônia queria saber o que havia naquela gaveta, na qual
Américo preferia esconder aos sete ventos. A
relação dele com sua gaveta, era de vida e morte. Documentos e
papéis aleatórios ali residiam, e Antônia sabia muito bem que boa
coisa não era.
(Cenas
de Antônia procurando pela chave, desbravando gavetas, vasculhando
roupas e conferindo bolsos)
Josué:
Todos os locais que
havia procurado, eram de fácil acesso, mesmo sendo o terceiro bolso
da calça bege meio vinho, enrolado em algodões no fundo do bolso…
Era previsível.
Antônia
chega em uma caixa velha, que já estava a muitos meses abandonada em
cima do guarda-roupa do quarto dos fundos.
Ela
abre a caixa e retira rapidamente todas as bugigangas, medalhas
falsas, estátuas baratas, fotos estranhas, e quanto tudo isso é
retirado e a caixa fica vazia, ela nota que a mesma existe um fundo
falso.
Puxando
o tecido que reveste o fundo falso, ela encontra a chave, e abre um
intenso sorriso.
Corta
para/
Cena
19. Casa
família Anastácio. Quarto
de casal. Dia. Interna
Antônia
pressiona a chave na fechadura da gaveta e abre rapidamente.
Close
no rosto de Antônia, que começa a vasculhar.
Sonoplastia:
Efeito sonoro de
impacto e música de tensão que permanece até o fim do capítulo.
Corta
para/
Última
cena. Casa família Anastácio.
Sala principal. Dia.
Interna
A
câmera passeia pela sala, foca em Antônia que aguarda sentada na
poltrona, e para num relógio de parede, que marca exatas uma e meia
da madrugada.
A
porta se abre lentamente, uma forte luz adentra a sala. Américo bufa
ao ver Antônia sentada. Coloca seu chapéu e casaco nos suspensórios
ao lado da porta e passa direto.
Antônia
– Por que não me disse?
Américo
para na porta do quarto e retorna a sala.
Américo
– Vai querer mesmo voltar com esse assunto?
Antônia
se levanta e esconde algo atrás de si.
Antônia
– Não é disso que estou falando. (Diz devidamente abalada) Estou
falando… Disso (Mostra os papéis que escondia)
Américo
– Como você…
Antônia
– Eu… Eu não
consigo nem entender o quanto você pode ser simplesmente um monstro
quando o assunto é política. Fala, por que você não simplesmente
não disse pro Samuel que ele não iria se candidatar, era simples.
Agora, enganar ele durante todos esse tempo, e além do mais fingir
que estava tudo bem? Você não tem um pingo de verdade nessa tua
cara… Pois amanhã mesmo, eu farei questão de contar pra Deus e o
mundo essas suas tramoias infantis. Todos vão saber… Seus
crimes, assassinatos, tudo. Exatamente
tudo! Tudo que você
fez pra chegar onde chegou… Tudo!
Moreira
e o delegado Enil entram bruscamente na casa dos Anastácios.
Moreira
– Vai contar o que, dona Antônia? Américo, temos uma
notícia que pode te trazer impacto… Frederico Hans, do seu gabinete, foi
morto a facadas, e… O senhor é o nosso primeiro suspeito. Dona
Antônia, conte tudo que contaria amanhã, agora! Américo, Enil vai
te interrogar em outro cômodo da casa…
Enil
– Vamos, senhor prefeito?
Enil
e Américo se retiram.
Moreira – Eu sei que a senhora sabe que teu marido tá envolvido… É só questão de tempo pra a primeira-dama me dizer. Não é?
Close
no rosto de Antônia
Sonoplastia:
Efeito de impacto.
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